Anthony podia conhecer muito bem o amigo, mas nunca poderia imaginar o que ele poderia fazer em uma situação dessas.

– Tem alguma ideia de para onde ele pode ter ido Maggie? – perguntou Isabelle

– Não tenho a mínima ideia, isso não é uma coisa que acontece com muita frequência, nem se conversa sobre.

– Vamos nos separar – disse Megan – o primeiro que achar tenta leva-lo para dentro do castelo

– Por que acha que ele está do lado de fora? – perguntou Anthony

– Não tem lugar para ficar escondido lá dentro...

– E agora ele só quer um lugar silencioso

Eles se separaram, Belle foi procurar nas estufas, Megan perto do campo de quadribol e Anthony na floresta.

Ele não tinha certeza se Peter iria gostar de ser achado, se fosse com Anthony, ele gostaria de ficar sozinho para o resto da vida, dentro de uma arvore oca, mas Peter já tinha passado muito tempo com Anthony, para que ele soubesse que ele sem dúvida queria companhia naquela hora.

Ele correu pela mata fechada, procurando qualquer vestígio de vida ou de Peter. As arvores deixavam Anthony nauseado desde o ataque do professor Moody contra ele no ano anterior, a floresta o deixava demasiado assustado por causa do escuro, ele nunca tinha dito isso antes, mas o medo era de muito antes da floresta.

Em todos os lugares que Anthony pensou que encontraria o amigo, o ultimo era em cima de uma arvore com um caderno, Peter não gostava de escrever e vê-lo com um caderno foi um pouco chocante.

– Oi cara – disse Anthony

Peter olhou para ele surpreso, com as mãos tremendo enquanto segurava a pena perto da folha, ele parecia ter chorado, pois seus olhos estavam vermelhos e molhados.

– Como me achou?

– Onde mais você se esconderia? Eu cresci com você, seu lugar favorito era o telhado

– Foi comigo que aprendeu a subir em um – disse Peter, voltando a atenção para o caderno

– Eu sei – Anthony parou em baixo da arvore, procurando como subir – como subiu ai?

– Te ensinei a subir em telhados, não em arvores

– É justo – disse Anthony, sorrindo

– O que você quer?

– Saber de você, eu sinto muito pelo que aconteceu

– Tanto faz – ele mentiu

– Sei que é mentira, não consegue mentir. Como se sente?

– Um buraco

– Muito fundo?

– O suficiente. Você tem sorte Tony

– Por quê?

– Seus pais morreram quando ainda era pequeno, não os conheceu o suficiente para chorar as mortes

Anthony não respondeu, aquele foi um golpe forte, para ele

– Agora estou sozinho

– Não está. Você tem a mim, Remo e a Megan! Ela ama você, está te procurando

Peter parou de escrever e engoliu em seco, tentando não recomeçar a chorar.

– Eu fui um idiota. Tanto tempo reclamando deles e querendo eles longe e agora isso está acontecendo

– Não por culpa sua. Te prometo que vou estar sempre por aqui, pode sempre contar comigo, principalmente agora

– Obrigado. Me faz um favor?

– Qualquer um

– Dê valor a tudo que tem agora, sempre lute por aquilo de acredita e nunca, nunca se afaste de Isabelle, ela é a melhor coisa que já aconteceu na sua vida

– Eu prometo. Eu amo ela Peter

– Já disse isso para ela?

– Não sei – ele pensou um pouco – não, nunca disse

– Então vá logo

– Só se fizer a mesma coisa com a Megan

– Não preciso pensar para dizer isso. Não tenho dúvidas e não vou mais atrasar essas palavras até que ela não esteja mais aqui

Peter pulou da arvore com seu caderninho e passou por Anthony com a cabeça baixa e o Potter nunca se sentiu tão mal pelo amigo na vida.

Anthony levou Peter até uma sala de aula vazia, onde Megan e Isabelle já esperavam. Megan correu direto para Peter e o abraçou, ele apoiou seu queixo no ombro da garota e abraçou de volta.

– Onde você estava? – ela perguntou, sem solta-lo

– Eu te amo – ele sussurrou

– Eu também te amo – ele disse, com um sorriso de alivio

– Ele vai ficar o.k? – perguntou Isabelle, se afastando dos dois com Anthony

– Vai sim – disse Anthony, vendo que Peter não queria soltar a loira

– Onde ele estava?

– Eu te amo

Ela voltou os olhos azuis de volta para ele, que sorria

– Eu... também te amo – ela disse, sendo puxada pela cintura para um beijo

***

A semana não foi um festival de sorrisos, Peter parecia mais quieto que o normal e alguns professores até pediram para que ele atrapalhasse a aula, somente por estarem acostumados com o Peter falante de sempre.

Pelo contrário, Peter continuava quieto, recatado e triste, muitos o viam sentado em salas vazias ou na orla da floresta proibida com a pena e o caderno, sempre escrevendo sem parar.

Anthony estava com esperanças que uma visita a Hogsmeade talvez alegrasse o amigo, todas as informações seguintes que foram reportadas no Profeta Diário não trouxeram tranquilidade ao menino, Anthony sempre tentava esconder o jornal antes que o amigo visse, mas sempre perdia discussão para Peter, segundo ele, queria ficar a par de tudo sobre os acontecimentos.

Todos saíram cedo do castelo para ir até Hogsmeade, Peter ainda estava com o caderno em baixo do braço, parecia que lhe trazia tranquilidade e ele não deixava que ninguém lesse.

O Três Vassouras não estava muito cheio, parecia que todos os alunos foram para lá, os quatro pegaram uma mesa só para eles, enquanto apareciam mais e mais gente. Anthony foi buscar as bebidas, as garotas ficaram na mesa com Peter, que parecia procurar um fantasma de tanto que olhava pela janela e o balcão.

– Tudo bem Peter? – perguntou Megan a ele

– Sim

De cinco em cinco minutos parava um aluno na mesa dos meninos para dizer a Peter que sentia muito pela sua perda e claramente isso o estava irritando, não parecia que ele se importava com todas aquelas pessoas e ele sabia que só diziam por dizer.

– Eu vou voltar para o castelo – ele disse, interrompendo um segundoanista parado ao seu lado

– Ele ainda tem algum parente? – perguntou Megan, depois que ele saiu

– Somente um tio, Chase. Mora no Brasil

– Ele ainda é de menor – lembrou Isabelle – de alguma maneira ele ainda precisa de um responsável legal

– Eu sei, mas que não seja aquele tio – disse Anthony

– Por quê? – perguntou Megan, tomando um gole da cerveja amanteigada

– Ele e o pai do de Pete se odiavam, não sei por que, mas ele é tudo que Peter não é. Já o conheci quando ele veio visitar Carl, foi a pior experiência da minha vida e olha que nem sou da família.

– Não sabe por que de odiavam? – perguntou Megan

– Não

– Chase é bruxo? – perguntou Isabelle

– Sim, mas tenho certeza que não é por isso, tem mais alguma coisa, aquela família é horrível, o único que se salva é o Peter

– O que acontece se Chase for eleito responsável pelo Peter? – perguntou Megan

– Ele vai leva-lo para o Brasil, ele odeia a Inglaterra e nunca deixaria Peter ficar aqui. Ele tentou roubar a custodia dele quando era pequeno

– Que horror! – exclamou Megan

– Eu sei – disse Anthony, tomando um gole da cerveja amanteigada – por isso eu não reclamo da minha família

Os três voltaram para o castelo mais cedo, estavam preocupados com Peter e o fato dele não gostar de ficar sozinho foi mais um motivo.

– Vejo vocês mais tarde – disse Anthony, dando um selinho em Isabelle e indo para a torre da Grifinoria

Não tinha muitos alunos na torre, todos deveriam estar no vilarejo. Ele subiu para seu dormitório, mas também estava vazio, mas o que lhe chamou a atenção foi a cama arrumada de Peter e seu caderno misterioso em cima da cama. Anthony pegou o caderno e se sentou na cama para lê-lo. Era de couro e com o nome de Peter escrito na contra capa.

Se estiver lendo isso eu já tive o terrível encontro com Chase Watson.

Era a primeira frase escrita.