Locked escrita por Miss Hana


Capítulo 9
O8 - Sincero


Notas iniciais do capítulo

Gente... eu não tenho o que dizer. Ou melhor, tenho muito o que dizer, mas não vou dizer nada. Só quero pedir perdão pelos quase quatro meses sem postagem. Ocorreram alguns problemas e uma agenda lotada, que acabaram por me afastar de vez do site...
Se ainda estiver alguém aí, saiba que agradeço de coração pela permanência e que prometo estar organizando minha volta para o Nyah!... Mais uma vez, me desculpem...



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LOCKED

Por: Miss Hana

Sin.ce.ro: Que se expressa de modo direto;

que denota confiança;

que apresenta carinho, cordialidade.

L-I-S-A-N-N-A

Tudo aconteceu em cerca de cinco segundos. Em um minuto eu estava sendo engolida pelas chamas do portal, e em outro estava em queda livre, com o corpo pegando velocidade em uma queda que parecia ser infinita. Engoli em seco, olhando para baixo. Um breu. Não dava para enxergar absolutamente nada. O vento passava ruidoso pelos meus ouvidos e, mesmo que eu tivesse gritado o mais alto que pudesse, ainda assim não seria capaz de ouvir minha própria voz.

Demorei dois segundos para realizar que, se não tomasse alguma providência, só restaria o meu bagaço no chão. O corpo Asgardiano era forte, mas nem tanto. Principalmente o meu.

O vento soltou brutalmente o elástico que prendia meus cabelos, fazendo-os se agitarem loucos atrás da minha cabeça. Olhei desesperada para baixo, procurando por Thor – ou algum lugar que serviria de auxílio para evitar minha morte iminente. Tudo o que eu vi foi uma plataforma metálica flutuante, que parecia estável e emanava uma luz interior, vinda da parte de trás. Foquei meus olhos ali, estranhando ao ver um borrão vermelho e dourado sair voando, deixando um fio rastro de fumaça para trás. Segurei o laço frontal da capa, para que não desprendesse.

Alguns segundos depois, meus pés tocaram a superfície da nave, que acreditei ser, na verdade, o teto.

O vento chicoteou meu corpo, dificultando a movimentação, mas, em pouco tempo, cheguei até a abertura da nave, jogando-me agilmente para dentro no instante seguinte. As pessoas que provavelmente estariam ali dentro poderiam me dar alguma informação sobre o paradeiro de Thor.

Planejei cair calmamente de pé, no piso da nave, mas algo me impediu. Senti o impacto do meu corpo contra algo bem mais duro do que eu, na beirada da nave. Fiz um rápido calculo mental, concluindo debilmente que meu corpo seria empurrado para trás e eu cairia novamente, indo em direção ao bagaço que eu tentaras tanto evitar.

Procurei por algo em que me segurar, encontrando uma superfície estável e forte. Abaixei o rosto, fechando os olhos com força. Esperei a provável queda, mas o que senti foram dois braços fortes me segurando com força e me puxando para trás, para onde era seguro. Ofeguei.

Levantei lentamente o rosto, encarando duas orbes extremamente azuis. Mas eram de um azul forte. Apesar de serem da mesma cor, nem se comparavam com as de Thor, que mais me pareciam um azul diluído em água. Era um homem. Musculoso, deduzi em retardo. E muito bonito. Seus cabelos eram loiros, perfeitamente alinhados e seu rosto perfeitamente desenhado. Franzi o cenho, ao perceber a situação em que estávamos. Tirei rapidamente os braços de seu pescoço, porém ele continuou a me segurar. Olhei-o sugestivamente.

Depois de alguns minutos, percebeu que ainda me segurava, soltando-me logo em seguida. Olhei ao redor. Uma mulher ruiva me encarava com uma sobrancelha arqueada.

— Vocês, por acaso, não teriam visto um loiro alto, forte e com uma provável expressão de raiva passar por aqui, não é? — falei rápido, mexendo as mãos nervosamente na frente do corpo.

— Sim — respondeu, pigarreando logo em seguida — Ele passou por aqui. E levou o nosso pacote...

— Eles foram por aqui? — perguntei, iminentemente desesperada pelo nome que cruzou minha cabeça. Loki.

Olhei para baixo, vendo as árvores pontudas. Uma densa mata verde se estendia até onde meus olhos conseguiam ver. Senti o homem segurando meu braço, falando em seguida com uma voz preocupada:

— Senhorita, tome cuidado... você pode cair — pus a mão em cima da sua, tirando-a gentilmente do meu braço. Desamarrei o laço da capa e amarrei-o novamente, dessa vez em um nó mais forte. Daquele jeito ele não se desfaria.

— Consigo me virar sozinha. — sorri, tomando distância.

Eu conseguiria cair sem morrer em uma queda calculada. Se eu fosse com suavidade, poderia formar o escudo abaixo de mim e procurar por Thor e Loki.

— Quem é você?! — ele gritou, ao ver-me pegar impulso.

— Uma amiga — sorri novamente, jogando-me do avião.

O vento arrepiou minhas pernas, que ficaram completamente descobertas, depois que a saia do vestido voou.

— Sjköldur! — gritei, vendo uma placa acobreada se formar sob meus pés.

Ajeitei-me melhor, equilibrando-me sobre a placa que brilhava. Guiei-a para frente, passando os olhos pela mata, procurando algo que indicasse a passagem de Thor por ali.

Não demorei a enxergar uma clareira, com árvores de troncos quebrados ao meio e folhas que chamuscavam. Clarões de luz podiam ser vistos ao longe e, vez ou outra, a movimentação de uma árvore desabando. Rolei os olhos. Típico de um luta de Thor. Com um oponente de mesma força.

Fui seca na mesma direção, diminuindo gradativamente a minha altura. Desviei da copa de uma árvore, descendo cada vez mais rápido. Vi dois vultos brigando intensamente, mas ainda assim não notando minha presença ali. Foquei meus olhos em um homem de metal, vermelho e dourado, preparando-se para ir em direção a Thor com o punho erguido. Trinquei o maxilar, jogando-me entre os dois.

Não desfiz o escudo, apenas moldei-o para que ficasse entre mim e o punho do homem de metal, protegendo Thor do impacto. A grande placa acobreada tremeluziu e sumiu. Ofeguei.

Eu já sabia desde o princípio que a reação de Thor ao me ver em Midgard não seria nada, mas nada boa. Porém eu já havia aceitado esse fato. Considerando tudo o que estava passando, podia lidar com algumas reclamações. Mesmo que elas viessem de Thor. E ele também, aparentemente, não tinha nada o que fazer contra a minha estadia ali, de qualquer maneira.

Demorei a encará-lo, mesmo depois que a poeira abaixou. Apesar de saber o que aconteceria, o receio não me abandonou.

“Deixe de ser ridícula, Lisanna” Minha cruel eu interior gritou, com uma voz indignada. Franzi o cenho para ela. “Ele mentiu para você, omitiu que seu amigo poderia estar vivo e ainda te pediu em casamento sem você saber. E ainda estás preocupada com a reação dele? Pff...”. Ela estava certa. Me convenci disso.

— ...Lisanna? — escutei-o sussurrar. Sua voz me soou confusa e, com relutância, ergui os olhos, encarando suas assustadas orbes azuis.

Sua expressão passou de confusão, para desespero e, por fim, mesclou-se com raiva. Trinquei o maxilar. COMO naquela situação toda ele não tinha o bom-senso de ver que era para EU estar com raiva?

— Como você che... — *SLAP* —...gou aqui?

Não segurei. Em um segundo, minha mão coçava, no outro, ela já estava indo de encontro com a face do loiro.

— Você realmente tem a cara lavada de mentir para mim, depois vir aumentar o tom de voz? — estreitei os olhos.

— Eu vou te mandar de volta para Asgard. Agora. — segurou com força em meu braço e, em um ato desesperado, tentou começar a me arrastar, como se eu fosse uma criança birrenta. Bufei.

— Eu gostaria de saber como — livrei-me de seu aperto rudemente, rindo em ironia — Eu sei muito bem que, sem o Tesseract, nem você tem como voltar para lá. O qual, eu tenho certeza, de que você não tem a mais remota ideia de onde esteja.

Olhou-me como alguém que não tem saída. Alguém que correu, correu, mas acabou caindo em um buraco. Me perguntei o porquê de seu olhar.

— Ou talvez saiba — continuei — Mas se souber, tenho certeza de que ele está com Loki. E, caso eu esteja realmente certa, isso me leva a uma outra pergunta: Onde Loki está?

— Como você sabe disso tudo? — franziu o cenho. Só mais tarde percebi que ele desviara da minha pergunta.

— Eu apenas sei — obviamente não iria citar o nome de Heimdall — Mas isso realmente não é importante agora... eu quero saber como você teve a coragem de...

— Quem são vocês?! — uma voz recentemente conhecida soou pelo local, interrompendo-nos.

Virei-me para trás, dando de cara com o loiro forte da plataforma metálica flutuante. As mesmas roupas coloridas, mas dessa vez ele usava uma máscara que deixava seu nariz e sua boca amostra.

— Somos aliados — Thor respondeu — Eu sou Thor. E ela é Lisanna.

L-I-S-A-N-N-A

Depois da discussão inacabada e da intervenção do loiro-colorido, fomos guiados até outra daquelas naves, que chamaram de aviões. Percebi que não era a mesma em que eu havia visto Steve Rogers – ou Capitão América, como se apresentou – por que, além de ser um pouco menor, a ruiva que pilotava não estava mais lá.

Não fazia questão de refrear os olhares estreitos que eu dava para Thor. Percebi que ele fingia que não os via, por que sempre engolia em seco e desviava os olhos para qualquer lugar que não fosse eu.

Eu estava ficando nervosa sentada naquele banco, acompanhada de três homens que, por nada no mundo, quebravam o silêncio constrangedor.

Para organizar meus pensamentos, fiz um review de tudo o que tinha feito até ali, de quais seriam os meus objetivos e o que perguntaria para Thor, quando tudo estivesse mais claro. Preferi deixar o que eu achava sobre aquilo tudo de lado. Toda vez que eu envolvia minhas opiniões, acabava com mais e mais dúvidas. Discordava que daquela vez fosse ser diferente.

— Então... — o homem com uma armadura de metal, agora sem o capacete, que se apresentara como Anthony, ou Tony, Stark, começou, quebrando a aura estranha que se instalara no local. Seus olhos vinham direto para mim — O que vocês são? Um para o outro.

Mandei-o um olhar amargo, não demorando a responder:

— Amigos.

— Noivos.

Como se ensaiado, nossa voz saiu em um uníssono. Olhei-o, estalando a íngua. Ele se virou para mim como se não compreendesse. Revirei os olhos.

— Ela é minha noiva — apontou para mim, depois olhou para o homem.

— Então tome cuidado, parceiro — Anthony riu — Pelo que me parece, você não está muito bem.

Suspirei, deixando as costas baterem no encosto do banco. Preferi não contradizer Thor. Não seria saudável naquele momento. Limitei-me a mudar de assunto:

— Por que não viemos naquele mesmo planador? — franzi o cenho, atraindo a atenção dos três.

Percebi que Thor ao meu lado endureceu a postura, encarando a parede atrás do Capitão América. Ele não iria me responder, então encarei os dois no banco à frente do que estava sentada. O homem de metal deu de ombros.

— Natasha teve que voltar para... — arqueei a sobrancelha. Quem era Natasha? — A ruiva. A moça que estava pilotando aquele outro avião. Ela é Natasha. Ela teve que voltar para Fury.

Ri fracamente. Quando ele tentava explicar quem era alguém, acabava mencionando outro que não conhecia.

O silêncio se instalou de novo. Aquilo incomodava. Eu tinha tanto para falar com Thor, mas não me parecia correto falar na frente de dois estranhos coisas tão pessoais quanto um noivado. E pedir explicações sobre tudo. Sobre Loki. Pedir informações que me eram omitidas. Aquilo realmente incomodava.

Prendi os lábios entre os dentes, reprimindo um ruído de frustração. Não fazia ideia de para onde estava sendo levada, o que faria em relação a Thor, a Loki, não sabia por que aquele homem se vestia com roupas tão chamativas e olhava para todos como se tivesse que por ordem no caos.

Tudo o que eu sabia era que tinha que parecer o mais forte possível, já que ultimamente eu havia derramado lágrimas demais. Também sabia que tinha que me focar em encontrar respostas, principalmente sobre Loki e resolver minha situação com Thor depois. Mas estava sendo estranhamente difícil. Na minha cabeça, tudo estava sendo ruim demais para escolher qual eu teria que dar prioridade.

Respirei fundo. Tudo a seu tempo...

T-H-O-R

Não, não, não... Aquilo estava errado. Muito errado. O que Anna fazia em Midgard? Como ela chegara ali?! Como ela sabia de todas aquelas coisas sobre o Tesseract? Sobre Loki, sobre mim? Sentia que ela estava a um passo de descobrir tudo, enquanto eu apenas dava o nó da corda da minha própria forca. Estremeci.

A única vantagem que eu achava que tinha era o fato de ela estar em Asgard, inocente, sem saber de nada, esperando por mim. E, quando eu menos espero, quem aparece para me defender de uma briga?! Pois é. O universo me odeia.

E eu não tinha como manda-la de volta. Como ela e Loki afirmaram, eu precisava dele para mandar-nos de volta. E, até encontra-lo, minha maior preocupação era manter Lisanna longe de Loki. Se ela o visse, poderia desencadear uma série de memórias prejudiciais a sua própria cabeça, e eu não sabia até quão ruim isso poderia ser. Quase me arrependi de ter feito aquilo com ela. Quase. Ela já corria riscos demais apenas estando em uma mesma nave – por maior que fosse, imagina se eles ficassem cara-a-cara?

Mesmo entre tudo isso, uma parte de mim – a mesma que não se arrependia de absolutamente nada – dizia para eu não ter remorso nenhum, já que, graças a isso, eu tinha o que descobrira recentemente o que mais queria na vida: Ter Lisanna apenas para mim. E a outra parte gritava o quanto egoísta eu era por pensar em mim, enquanto minha noiva tinha uma crise interna, enquanto eu tentava esconder meu irmão – que, por acaso, era o amor da mesma – dela. Que linda a minha situação.

Quando Lisanna chegou, estava em uma briga irracional com o homem de metal, que afirmava que eu poderia levar Loki assim que recuperasse o Tesseract. Paramos a briga, um homem de vestes coladas e coloridas chegou e voltamos de onde havíamos saído.

Palavras não eram suficientes para descrever o meu pedaço de desespero quando constatei que teríamos que voltar pelo mesmo planador que Loki estava. O único pensamento que corria pela minha cabeça era: “Não... isso não pode acabar tão rápido! Nem tive tempo de pensar em alguma solução para o problema...”.

Em um momento de distração, em que Anna falava com Steve Rogers, vi que Anthony recebeu uma mensagem, que dizia que Natasha Romanoff – como a mulher se apresentou, ao ligar o comunicador – já havia pegado Loki e o levado para a “Base”. O alívio tomou conta de mim,

Já no outro avião, Lisanna perguntou e ele deu alguma desculpa e, quando Stark perguntou o que nós éramos, ela falou que éramos amigos. Não tive coragem para questiona-la. Algo me dizia que, se eu o fizesse, isso arrebataria em uma enorme discussão.

Alguns minutos depois, finalmente chegamos ao que chamaram de “base”. Era outro planador, milhares de vezes maior do que o que estávamos antes.

— É aqui — Stark comentou, depois de longos minutos de silêncio. Levantou-se, fazendo um som metálico e caminhou até a saída, sendo seguido por Steve Rogers.

Acenei para ele, levantando-me e estendendo a mão para Anna. Ela me encarou, depois virou o rosto, caminhando até onde os dois haviam recentemente passado.

Tinha que segura-la por ali até que colocassem Loki em algum lugar inacessível para ela, e foi o que tentei fazer.

— Anna — chamei-a, pondo a mão por sobre seu braço — Nós precisamos conversar.

— Então converse — olhou-me amargurada e não soube como reagir.

— As coisas estão estranhas entre nós — falei a primeira coisa que me veio a mente.Preferi acreditar que ela não revirou os olhos.

— Você acha? — me deu um sorriso sarcástico e inclinou a cabeça, como se me analisasse.

Respirei profundamente. Tudo o que eu queria era poder amá-la sinceramente... E que seu amor para comigo fosse tão sincero quanto. Mas parecia que quanto mais eu tentava endireitar as coisas, mais tudo parecia sair de seus eixos.

— Anna, por favor — fechei os olhos, soltando o aperto em seu braço, tornando-o apenas um leve toque, parecido com uma rendição — Acidez não combina com você. Eu sei que errei e que talvez ainda esteja cometendo os mesmos erros, porém você sempre passou por cima de toda a minha estupidez. Você sempre foi aquela que me falava a verdade e que me trazia para o mundo real. Você era a única que não e dizia o que eu queria escutar, mas sim o que eu precisava escutar. Você sempre foi sincera. Eu te peço, não mude...

Seus olhos castanho-esverdeados me fitaram, pela primeira vez tão profundos em todos aqueles meses, me lembrando dos tempos de antes, quando tudo era tão simples. Meu coração aqueceu.

Quando percebi, seu braço estava estendido em minha direção, com a ponta dos seus dedos quase encostando a pele da minha bochecha. Prendi a respiração, cheio de esperanças. Mas como que contradizendo todas as minhas expectativas, seus olhos escureceram e sua mão se afastou de mim. Junto com o resto do seu corpo.

– Você me conhece tão bem, Thor. Mas como você, ainda assim, conseguiu? — olhei-a confuso — Como você conseguiu me machucar tão profundamente? Você omite fatos sobre mim, para mim, mente sobre tudo e todos...

— Eu nunca menti sobre o que sinto por você! — me apressei em falar e dar um passo para frente. Ela, instintivamente, pulou para trás, enquanto lágrimas brotavam dos seus olhos. Meu coração afundou.

— Esconde a possibilidade de meu amigo, seu irmão, estar vivo, pede minha mão em noivado sem cogitar a possibilidade de me perguntar o que eu achava sobre isso e ainda tem pachorra de vir com a cara lisa dizer que “As coisas estão estranhas entre nós”?! — continuou, antes que eu pudesse interrompê-la novamente.

Se eu não fazia ideia de qual era o tamanho de sua indignação para comigo, ela desempenhou muito bem o papel de me mostrar. Preferi não pensar sobre qual seria sua reação ao descobrir o que eu fizera. Fechei os olhos com força, lembrando-me do que Loki me dissera:

Eu estava afundando cada vez mais. Chegaria um ponto em que não conseguiria mais subir e ninguém estaria lá para me jogar uma corda. A realidade me assustava quase tanto quanto a raiva de Lisanna.

— Eu jamais tive a intenção de... — comecei, mas ela me impediu de continuar.

— Claro que não teve! — aumentou o tom de voz e agitou os braços para cima, como fazia toda vez que estava nervosa — Você nunca tem! Aliás, eu nem sei quais são as suas intenções, por que, pasme, você nunca me diz nada! Ninguém nunca me diz nada!

Ela estava certa. Me era incômodo ter que escutar tudo aquilo. A verdade doía. Mas pelo menos ela estava conseguindo passar o tempo necessário em que levariam Loki para uma cela.

Como, pelos céus, eu conseguiria mantê-la alheia a ele, quando o foco de centenas de pessoas naquela nave era único: Loki?

— Oh, Anna... — fechei os olhos, balançando a cabeça de um lado para o outro — Eu jamais quis te magoar de tal modo. Tudo o que fiz foi na simples e pura intenção de protegê-la.

Encarei uma das muitas paredes de vidro atrás de Anna, vendo meu próprio reflexo patético nela.

— Eu tenho que te contar uma coisa — chamei sua atenção, com uma voz mansa e encarando-a direta e profundamente nos olhos — Sei que errei muito no caminho até aqui, e me pesa demais omitir coisas de você. Mas, antes de qualquer coisa, saiba que tudo o que eu fiz foi pelo seu próprio bem e nada mais.

Respirei fundo, lutando contra a vontade de desviar o olhar. Juntei suas mãos entre as minhas, levando-as até meu peito, respirando profunda e pausadamente.

— Por isso peço que não reaja antes de eu explicar tudo por que — fiz uma longa pausa, antes de continuar: — minha parte nessa história também é importante.

Seus olhos brilharam e soube que não havia mais volta. Mesmo sem ter muita certeza de como iria tentar impedi-la, continuei:

— Loki está vivo — sua expressão não se modificou muito na primeira afirmação, ao contrário da segunda, quando seus olhos arregalaram e sua respiração ficou entrecortada — E está nessa nave.


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Notas finais do capítulo

Anna finalmente chega à Midgard. O que será de sua relação com Thor a partir de agora? E o pequeno fascínio de Steve para com a nossa protagonista? Adooro...
Bjobjo!



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