Locked escrita por Miss Hana


Capítulo 8
O5 - Desespero


Notas iniciais do capítulo

Comoassim? O capítulo O5 depois do capítulo O7? Pois é, gatinhas e gatinhos... descobri que eu tenho algum tipo de retardo mental, minha gente... eu não postei o capítulo O5! E só reparei isso hoje! Então, para dar algumas explicações que podem ter ficado em branco, vos trago o capítulo cinco! Perdoem-me



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LOCKED

Miss Hana

De.ses.pe.ro: Estado de angústia e impaciência.

L-I-S-A-N-N-A

E quase uma semana se passara desde que eu tivera aquela conversa com Heimdall. Resumindo-a em poucas palavras: As minhas amigas só falavam do casamento (cujo o mesmo eu não tivera coragem de contradizer, para o meu total desespero), toda vez que eu via Thor só conseguia pensar nas mentiras que ele me contou sobre Midgard e Loki, portanto, mal conseguia encará-lo nos olhos, o que, eu creio, que o deixou desconfiado. A rainha Frigga passou mais tempo do que nunca na minha casa, falando com a minha mãe sobre o casamento.

Por mais que eu pedisse, ninguém fazia questão de manter discrição sobre aquele casamento. Eu sabia que, para o resto da cidade, aquilo era apenas um boato, mas não me sentia confortável perto de pessoas que me olhavam com raiva/inveja/idolatria e outros só por causa de uma informação que nem tinham certeza.

E, além disso tudo, Heimdall não me dissera muita coisa sobre a viagem de Thor e eu estava ficando desesperada, já que, levando em conta as minhas contas, o prazo de uma semana estava se esgotando. E eu não fazia ideia de como abordar o assunto. Nem com Thor, nem com ninguém. A única certeza que eu tinha era de que queria ir para Midgard para tirar toda aquela história a limpo. Mas se Heimdall não me desse informações, aquilo não seria possível.

Contando direito, o dia seguinte seria o que completaria o prazo de uma semana e eu estava desesperada para falar com Heimdall. Mas era claro que eu não podia fazer quilo em plena luz do dia.

– Lisanna?! – escutei a voz de minha mãe, seguida de leves batidas na porta.

Depois dos últimos acontecimentos, preferia deixar a porta trancada. Ninguém me contradisse, então mantive o costume. Murmurei algo ininteligível, com o rosto virado para o travesseiro. Eu realmente não estava querendo sair de casa.

– Você faz ideia de que horas são? – ela esbravejou e eu apertei mais o objeto contra minha cabeça, na tentativa falha de abafar o som de sua voz, para que meus ouvidos descansassem em paz – Que eu me lembre, você tem treino com Thor daqui a exatos cinco minutos.

– Em uma escala de 0 a 10 – falei alto, desgrudando o rosto do travesseiro – A minha vontade de ir não chega a 1,5.

– Então não envergonhe os outros 1,4 – gritou na mesma intensidade, aumentando também a força no punho contra a porta – E vá se arrumar!

Grunhi e continuei deitada. Não tinha nada planejado para aquele dia, então tudo o que eu tinha na cabeça era esperar até anoitecer para eu ir importunar o pobre Heimdall. Eu só sabia que as anciãs iriam fazer um ritual para mandar Thor para Midgard, mas não tinha ideia de como, onde e quando isso aconteceria. Por isso eu estava tão ansiosa para falar com O Guardião. Se ele não me dissesse nada, eu perderia a oportunidade de seguir Thor. E, com isso, as minhas chances de saber o que realmente estava acontecendo.

Mas uma parte de mim me mandou agir feito uma pessoa normal. Sair de casa e esfregar na cara dos outros toda a minha felicidade por causa desse bendito casamento. “Yay!” pensei ironicamente, arrastando-me para fora do meu aconchegante casulo, que alguns tinham a ousadia de chamar de cama. “Toda a minha felicidade!”.

L-I-S-A-N-N-A

– Você me parece um pouco abatida – o loiro comentou, jogando um bastão em minha direção, cujo o mesmo eu, obviamente, deixei cair no chão. Fiz uma careta – Ou com sono. Me desculpe se você não queria estar aqui.

Abaixei-me debilmente para pegar o objeto, sentindo-o sob o calor de minhas mãos. Encarei-o um pouco estranha.

– Eu não dormi a noite inteira – posicionei-me, exatamente do jeito em que ele havia me ensinado.

– Preocupada com algo?

– Pode se dizer que sim – dei de ombros, empunhando o bastão com as duas mãos – Desesperada, seria a palavra mais correta.

– Posso saber por quê?

Trinquei os dentes, avançando para cima dele, mesmo sem estar preparado. Queria esquivar-me de sua pergunta. Ela me deixara nervosa. Ataquei e ele bloqueou com o outro bastão.

– Presumo que isso tenha sido um não – comentou, usando o atrito entre as peças de madeira para me empurrar para trás. Equilibrei-me com a ponta do bastão, encostando-a no chão – O que me leva a outra pergunta: Por que não?

– Para alguém que só está desempenhando o papel de professor – sorri, endireitando o corpo novamente – Você está fazendo perguntas demais.

Ele riu sonoramente e partiu para cima. Esquivei no último segundo, fazendo com que trocássemos de lugar na arena. Sorri.

– Não se esqueça – avançou novamente. Pensei que ele atacaria por cima, então meu primeiro instinto fora desviar para a direita, mas no último segundo ele fez o mesmo movimento, atravessando a ponta do bastão por entre meu braço, passando pelas costas e atravessando o vão do outro braço, prendendo-me entre ele e o bastão. Aproximou o rosto do meu ouvido e sussurrou lentamente – Não se esqueça de que, além de seu treinador, sou seu noivo. E tenho o direito de fazer perguntas.

Estremeci, apertando a arma para que ela não escorregasse das minhas mãos. Em um movimento rápido, me afastei e apontei o objeto para ele.

– Não é como se isso quisesse dizer alguma coisa – resmunguei, fazendo força para não encará-lo.

Não sabia o que pensar sobre aquilo. Ele queria que eu o contasse a verdade, mas nem falar que havia uma possibilidade de o meu amigo estar vivo depois de uma morte brutal ele queria me contar. Trinquei os dentes.

– Quando é que você viaja mesmo? – mudei de assunto, deixando meu interesse pelo assunto transbordar em minhas palavras.

– Amanhã – respondeu, indiferente. Analisei-o com cuidado e notei um certo tipo de hesitação, quando ele me olhou de esguelha, ao responder – Ou depois. Não tenho certeza.

Soltei o ar pelo nariz, querendo esquecer aquilo. Eu não conseguiria pensar em nada antes de conversar com Heimdall.

– Por que a pergunta? – olhou em meus olhos e eu sorri ironicamente.

– Não se esqueça que, além de sua aluna, sou sua noiva – estreitei os olhos e ele fez o mesmo. Apesar de eu tê-lo deixado claramente chateado, não me arrependi do meu tom de voz – E tenho o direito de fazer perguntas.

Encarou-me duramente e fiz questão de devolver à mesma altura. Talvez eu estivesse sendo infantil, mas não me importava nem um pouco. Por que eles podiam colocar para fora tudo o que os chateava e eu tinha que reprimir o sentimento? Aquilo não fazia o menor sentido na minha mente. Eu precisava dizer o que sentia, mas tinha algo em mim que dizia que ninguém se habilitaria a escutar. E aquilo me machucava.

L-I-S-A-N-N-A

Saí do treino com Thor o mais rápido que consegui. Para o bem da minha própria sanidade, seria melhor que eu não fizesse absolutamente nada enquanto não anoitecia. Não podia ir para casa, senão minha mãe me encheria de coisas eufóricas e sufocantes sobre o casamento, não podia encontrar minhas amigas, se não o resultado seria o mesmo.

– Lisanna! – escutei meu nome ser chamado e me virei instintivamente na direção da voz. Era Kazzio. Sorri.

– Olá! – acenei de volta, esperando-o chegar até mim.

– Lembra daquele dia que você foi até a biblioteca para me perguntar sobre o Tesseract? – assenti e ele prosseguiu – Depois que você saiu, comecei a procurar melhor sobre ele, e descobri umas coisas realmente interessantes.

Sorri. Eu tinha que matar o tempo até poder falar com Heimdall e não tinha nada para fazer até que chegasse essa hora. Além de que seria ótimo escutar um pouco mais sobre aquele Tesseract. Kazzio não podia ter aparecido em melhor hora.

– Sério? – sorri, encarando-o animada – Que bom! Eu realmente quero saber um pouco mais sobre ele.

– Você tem um tempo para conversar? – perguntou, quase cauteloso. Sorri novamente.

– Tenho a tarde inteira! – segurei seu braço e guiei-o até um banco afastado da praça, sentando-me logo em seguida – Pode tomar o tempo que quiser!

Ele riu e se sentou, olhando para mim. Seu sorriso foi, aos poucos, morrendo, até sua face se tornar algo inexpressivo.

– Eu vou te contar tudo o que eu sei – falou, com a voz dura – Mas antes você tem que responder qual é o motivo de todo esse interesse.

Endureci as feições. Eu realmente era muito grata por toda a informação que Kazzio havia me dado, mas estava fora de questão pô-lo em toda essa situação.

– Eu estou curiosa, Kazzio – pisquei – Apenas isso.

– Não acredito que todo esse interesse seja só “curiosidade” – comentou e eu revirei os olhos.

– Você está certo – encarei-o – Não é apenas curiosidade.

– Então o que é?

– Se eu disser que você vai descobrir muito em breve, você ficaria satisfeito? – franzi o cenho e ele estreitou os olhos – Mais cedo do que imagina.

Encarou-me por alguns segundos, até suspirar resignado.

– Promete?

– Alguma vez eu já quebrei alguma promessa com você?

Ele negou e eu sorri. Não estava mentindo quando disse que ele iria descobrir em breve.

– Eu fiz uma pesquisa um pouco além dos livros da biblioteca – falou, um pouco evasivo. Como se não quisesse me contar de onde ele conseguiu as outras informações. Não pude conter a minha curiosidade, mas, dada a minha situação em relação à Kazzio, achei melhor não fazer perguntas – E achei alguns escritos que falavam vagamente sobre as propriedades do Tesseract. Não diziam muita coisa, mas repetiam que ele era feito de pura energia...

Se o meu objetivo era passar a tarde, devo comentar que Kazzio desempenhou muito bem aquele papel. Ficamos sentados ali até começar a anoitecer. Ele me contou sobre tudo o que descobriu sobre o Tesseract e sobre o que ele era capaz de fazer. Abrir portais no espaço, controlar mentes e, até mesmo, fazer pessoas saberem de um futuro vago. Aquilo, de certa forma, se encaixou direito em minha cabeça, como se fizesse sentido.

Explicava por que Odin o queria de volta, explicava por que Loki estaria envolvido com ele e até como o Pai de Todos estava esperando trazer os filhos de volta para Asgard. Quando Kazzio falou que tinha que voltar para arrumar algumas coisas na biblioteca, foi minha deixa para nos despedirmos.

...

Mesmo de pois de o moreno ter ido embora, fiquei algum tempo sentada no banco, apenas encarando o céu escurecer. Não queria exatamente voltar para casa. Não me animava muito a ideia de ficar na companhia de minha mãe. Eu sabia que ela ficaria preocupada, mas me sentia um pouco no direito de chegar atrasada. Como se colocasse tudo em uma balança, eu estava no prato mais leve.

Observei as poucas nuvens se moverem lentamente para longe e o céu ficar completamente limpo, passando de tons alaranjados para um azul claro, até ficar completamente escuro, com milhares de pontinhos brancos brilhando. Sorri. Amava as estrelas. Eram como algo para que eu pudesse sempre olhar quando precisasse.

Divaguei sobre tudo até me dar conta de que já estava ficando na hora de ir ver Heimdall e o alívio correr por todo o meu corpo.

Levantei-me um tanto quanto apressada e fui caminhando a passos largos em direção à costa, vendo cada vez mais a estrutura metálica da ponte erguer-se sobre mim. Olhando de um lado para o outro, pus-me a andar até a parte superior de sua estrutura, caminhando calmamente em direção ao final da ponte.

Em alguns muitos minutos, finalmente consegui enxergar a silhueta grande e forte de Heimdall ao longe. Outros muitos passos e, finalmente, já estava ao seu lado.

Senti meu coração acelerar, na expectativa de quais teriam sido suas possíveis descobertas – se é que, de fato, houve alguma descoberta.

– Heimdall – fechei fortemente os olhos, deixando o ar entrar e sair livremente. Tudo o que eu queria naquele momento era que ele tivesse algo para me dizer. Apenas aquilo.

– Mesmo que inesperada – falou, apoiando a pontada grande espada no chão, como de costume – Sua visita veio na hora certa.

– Temia que se não viesse hoje, amanhã seria tarde demais – trinquei os dentes, sentindo o vento agitar meus cabelos.

– E você estava certa, afinal – respondeu e eu estremeci – Não lhe enviei nenhuma mensagem antes, por que acabei de descobrir como Thor vai para Midgard.


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Notas finais do capítulo

Espero que não me matem... x.x
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
A partir daqui, prometo que vou tomar mais cuidado!