Gatos! escrita por Miss Hana


Capítulo 3
O2 - Quase uma Valquíria


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora... juro que não foi minha culpa TT.TT
Cá está o novo capítulo de Gatos! Espero que gostem



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GATOS!

Quase Uma Valquíria

Por: Hana

“Eu realmente preciso comentar novamente o quanto isso foi sua culpa?” – perguntou o de pelos negros, enquanto lambia a própria pata. Estremeceu ao notar o que estava fazendo. Havia pegado aquele hábito repugnante nas poucas horas em que assumira involuntariamente aquela forma.

Era de manhã e a grande rua já estava cheia de gente.

“Loki, faça-me um favor” – esbravejou o outro, que se movia de um lado para o outro, ainda tentando descobrir onde era uma ‘feira’ – “E cale essa boca. A última coisa que eu preciso agora é de sua irritante voz ecoando em minha mente”.

“Admita que você está ou com inveja, ou se corroendo em culpa, por que quem estragou tudo dessa vez foi você, não eu” – sua voz cínica ecoou novamente e o olhos azuis do mais velho flamejaram – “Mas eu não o culpo, afinal. Você só está retornando aos velhos hábitos”.

O branco virou a cabeça e, no instante seguinte, estavam ambos no chão, arranhando-se com as gigantes garras.

“Será possível que, nem quando estamos na mesma situação, você não contem sua língua dentro da boca?” – esbravejou, com as patas no que deveria ser o pescoço do irmão.

“Não quando eu estou me sentindo na necessidade de te provocar” – não perdeu o tom, fazendo o aperto aumentar – “Quando dessa vez eu sou a vítima”.

“Vítima” – quase que bufou – “Querendo você, ou não, vai ter que me ajudar a achar Jane. Caso o contrário, vamos ficar um longo tempo presos aqui”.

“Discordo plenamente” – o outro recompôs-se – “A essa hora, seu pai deve estar movendo céus e terras para te encontrar”.

“Se ele estivesse fazendo isso, Heimdall já teria nos visto” – retrucou.

“Ou a magia que Surtur usou foi forte o suficiente para nos esconder até mesmo dele” – Loki revirou os olhos verdes – “De qualquer forma, eu concordo com você no fato de que temos que achar sua humana e aquela outra com quem estava”.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas ponderando sobre o que deveriam fazer a seguir. Podia ser difícil de admitir, mas os dois estavam mais perdidos do que cego em tiroteio. Definitivamente não faziam ideia do próximo passo.

“Tem outra possibilidade” – comentou o mais novo, quando o rumo de seus pensamentos desviou sem que percebesse – “Talvez Odin não esteja te procurando por que não saiba que você sumiu”.

“Como assim?” – indagou o de pelos brancos – “Quer dizer, por que Fandral, Sif e Volstagg não falariam nada?”.

“Exatamente” – deu um salto para cima de uma lata de lixo encostada no muro do fundo do beco em que se encontravam – “Surtur pode ter matado os três para que não falassem nada...”.

“Isso era para me deixar melhor?” – perguntou, com ironia

“Nada que eu faço é para te deixar melhor, meu caro” – riu com desdém, balançando a cabeça felina – “Mas não descarte essa possibilidade”.

“Prefiro simplesmente ignorá-lo”

“Repito, isso é por que sabe que eu estou certo” – ia continuar a provocar Thor, mas algo atraiu sua atenção.

Pelo ângulo de visão de onde estava – no chão – não conseguia ver o que estava acima da movimentada avenida perpendicular ao beco em que se encontravam, mas depois de subir na lata de lixo, pôde ter uma visão melhor. Inclinou a cabeça, pulando na escadaria que rangeu com o movimento.

Eram aquelas escadas de emergência das construções residenciais mais antigas de NY. Daquelas que ziguezagueavam, passando pelas janelas de todos os apartamentos até, finalmente, chegar no topo.

“Loki?!” – chamou o mais velho, ao ver o gato preto subindo agilmente degrau por degrau, em uma velocidade impressionante.

O preto não o respondeu, somente continuou subindo determinado. Será que aquela estranha magia havia afetado também sua mente? Só havia visto o rosto daquela humana uma vez e já se sentia capaz de reconhece-lo em qualquer lugar.

Poucos segundos depois, chegou ao topo do prédio. Deu um salto e parou em cima de um batente que tinha ali, exatamente de frente para o que tinha visto:

Uma GRANDE imagem de uma mulher esbelta de longos cabelos castanhos, deitada em um divã com a armação dourada, trajando somente um sutiã cravejado de pedras que cintilavam e uma calcinha que combinava, em conjunto com um robe aberto, espalhado pelo cenário, deixando todo o resto do corpo amostra. No canto inferior esquerdo, conseguiu ler “Victoria’s Secret” em um rosa berrante.

Seus olhos castanhos encaravam-no compenetrados, como se o chamasse para lá. Inclinou a cabeça novamente. Ela parecia uma Valquíria1, pronta para vir busca-lo no campo de batalha.

“Nossa!” – escutou a voz de seu irmão ecoar em sua mente, tirando sua atenção da morena.

Sem que percebesse, Thor também já admirava a mulher à sua frente.

“Ela não é...” – continuou Thor, mas suas palavras se perderam.

“A mulher que estava com sua humana?” – perguntou, convicto, sem desviar os olhos verdes dos olhos castanhos da estranha – “Sim, é ela”.

“Se parece com Jane...” – lembrou-se de sua amada, que há muito não via.

Imaginou o quão chateada ela devia estar pela sua falta de presença.

“Devem ser parentes” – falou, como se afirmasse que o céu sobre eles era azul.

Olhou para baixo, para o grupo de pessoas que se amontoava na calçada, apontando para cima e tirando fotos da a grande imagem da mulher.

“Acho que eles chamam isso aqui de outdoor” – falou Thor, lembrando do que uma vez Jane lhe dissera.

“Ela parece ser conhecida” – ignorou o comentário inútil do irmão postiço, enquanto algo formulava em sua mente – “Podemos tirar proveito disso. Vamos”.

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– Então, Jay? – a mais nova sentou-se confortavelmente no sofá, aproximando o copo dos lábios – O que você tem feito ultimamente?

As duas irmãs estavam sentadas à mesa da cozinha, tomando um pequeno café da manhã, considerando que eram para ter, supostamente, ido ao supermercado, mas ambas concordaram que preferiam ir para casa.

– O mesmo de sempre – suspirou, prendendo os cabelos e posicionando-se em frente ao ventilador – Estudando, pesquisando e fazendo anotações. Mas agora estou trabalhando pelo governo!

– Que ótima notícia! – o rosto de Jennifer se iluminou, enquanto dava outra golada no suco.

– Pois é! – concordou – No começo do ano passado fui transferida para uma unidade de estudos lá em Londres e-

Ia continuar a contar sobre sua estadia na terra da rainha durante a batalha de Nova Iorque, em que seu namorado de outro planeta veio e nem sequer fez uma visita – óbvio que omitiria algumas partes – mas foi logo interrompida por uma mão batendo estalada na mesa, dando um susto na mais velha.

– Você morou em Londres e não veio me visitar? – pegou uma almofada e jogou na irmã – Que vaca!

– Eu juro que ia – Jane riu, afastando o objeto – Mas fiquei tão atolada que nem tive tempo de visitar a cidade! Imagine!

A mais nova fez um bico, torcendo o nariz, em um forçado drama. Jane gargalhou, levantando-se e caminhando em direção à cozinha, deixando Jenn sozinha com seus pensamentos.

Encarou a TV ligada em um canal aleatório, que passava um documentário sobre animais em apartamentos. Escutou a voz do repórter ao fundo, comentando o quanto isso podia ser incômodo aos vizinhos, seguida de uma série de fotos de cachorros latindo, defecando no tapete da frente e um gato branco arranhando a porta de entrada de um apartamento.

Suspirou, lembrando-se do intrigante animal que vira no dia anterior e de seus profundos olhos azuis, encarando-a como se a conhecesse há muito tempo. E também o elegante gato preto, que a encarava com uma perturbadora face curiosa. Sentiu que deveria tê-los pego e trazido consigo. Não sabia por que não havia sugerido aquilo na hora.

– Pensando em quem? – Jane voltou, atraindo a atenção de Jennifer, que balançou a cabeça.

– Só em umas coisas estranhas – deu de ombros, tentando não dar muita importa aos animais que ficaram em sua mente – Mas, então, o que vamos fazer hoje?

– Você, eu não faço a menor ideia – riu – Não sei se percebeu, mas estamos em plena quinta-feira e uma de nós tem muito trabalho a fazer.

A mais nova revirou os olhos, apoiando os cotovelos sobre o tampo da mesa.

– Para o seu governo, eu tenho muitas coisas na minha lista de afazeres – retrucou, apertando os dedos – Falar com minha agência, para dizer que cheguei a salvo, resolver alguns problemas do banco, para transferir minha conta francesa para a americana, resolver as pendências com o consulado, comprar um chip americano, falar com alguns amigos que moram aqui, ir para algumas festas, procurar um apartamento e comprar um carro. Não necessariamente nessa ordem.

– Tem realmente tanta pressa em arrumar um apartamento para morar? – Jane fez um muxoxo. Sabia que a irmã arrumaria um lugar só para ela, mas não esperava que fosse tão rápido.

– Sim, Jay – Jennifer deu um sorriso singelo – Me desculpe, mas seu apartamento é longe de tudo! Pitoresco e pouco seguro!

A mais velha tentou não se sentir ofendida. Sabia que o apartamento não era lá essas coisas e que não chegava nem perto do flat cinco estrelas que Jenn estava acostumada a morar, mas era o que ela conseguia com seu salário.

– Não estou dizendo que vou te largar aqui – negou – Simplesmente estou te convidando a procurar um apartamento para nós duas morarmos! É um de meus desejos mais profundos morar em um apartamento duplex com vista para o Central Park! Imagina que foda seria morar em um com a minha irmã?!

A mais velha negou, com a cabeça baixa. As duas, apesar de serem irmãs de sangue, criadas no mesmo espaço, muito cedo tomaram caminhos extremamente diferentes na vida. Uma se acostumou à bagunça e coisas simples, enquanto a rotina da outra era repleta de luxo e coisas modernas.

Quer dizer, Jane queria sim sair daquele apartamento, mas se tivesse que fazê-lo, seria por conta própria. Com seu próprio dinheiro e por suas próprias escolhas, não por que sua irmã mais nova quis comprar um duplex novo com vista para o Central Park. O orgulho também contava.

– Jenn... – replicou, severa.

– Para de ser tão careta, Jay – Jennifer retrucou incomodada.

Qual era o problema de sua orgulhosa irmã em aceitar um pedido daqueles? Queria muito morar com sua irmã, mas parecia que ela não deixava. E também não era como se não tivesse gostado do apartamento de Jane – se encaixaria perfeitamente caso Jenn fosse uma estudante de universidade que trabalhasse em uma loja no shopping do centro, mas ela não era!

Não tinha condições de uma pessoa que trabalhava indo de estúdio a estúdio, empresa a empresa, boates a boates morasse em um lugar como aquele.

Não tinha vergonha nem nojo do lugar de onde viera, muito pelo contrário, tinha orgulho de dizer que saiu de uma família de classe média baixa para chegar onde chegou, mas tudo era questão de circunstâncias. Não queria, precisava de um lugar melhor. E dividi-lo com sua irmã tornaria tudo ainda mais perfeito.

Porém, por mais que soubesse que não conseguiria adiar aquilo por muito tempo, balançou as mãos no ar, dando um pequeno sorriso:

– Olha, não tem por que nós discutimos isso agora, não é? – balançou os ombros, levantando-se e ajudando a irmã a recolher o resto que ficara sobre a mesa – Vamos simplesmente deixar isso para depois, certo?

A mais velha encarou-a. Não estava muito feliz em saber que aquele assunto seria adiado. Preferia que se acabasse de uma vez, mas tinha que dar um pouco de razão à irmã.

– Certo – deu um meio sorriso, enquanto voltava para a pequena sala – O que você está pretendendo fazer agora de manhã?

– Acho que, de primeira, vou comprar o chip novo. Não me sinto bem sem ter contato com os outros...

– Então aproveita e faz feira? – franziu o cenho, mexendo na carteira e tirando dali o cartão de crédito – Sei que falei que faríamos juntas, mas, já que eu tenho que trabalhar, poderia fazer esse favor?

Estendeu o fino objeto para a irmã, que balançou negativamente a cabeça.

– Eu vou, mas guarde o seu dinheiro – riu, saltitava até a porta do que fora designado seu quarto – É o mínimo que eu posso fazer pela sua hospitalidade.

Jane encarou-a duramente. Sabia que estava certa, mas queria evitar outra discussão com a irmã. Suspirou resignada, deixando o braço cair. Balançou a cabeça.

– Você é impossível, Jenn.

– Se eu não fosse, minha cara, não haveria a menor graça – falou, antes de bater a porta do cômodo.

Já dentro do quarto, a garota encarou a mala disposta em cima da cama. Torceu os lábios. Precisava de roupas novas. Não havia trazido tudo o que tinha de Paris, para não ter o trabalho de ficar carregando quatro bolsas gigantes e pagar uma multa para a companhia aérea.

Trouxe apenas o que julgou ser necessário, mas, ao abrir a mala, viu que não estava muito certa. Não pensou que os Estados Unidos estariam sofrendo uma miserável onda de calor, por isso encheu a bagagem de calças e moletons.

Revirou os olhos, adicionando outra coisa à sua lista de afazeres. Teria que comprar alguns vestidos, saias e shorts enquanto Claire – sua amiga com quem dividia o apartamento enquanto morava em Paris – não enviasse o resto de suas roupas que eram, em sua maioria, caros presentes de estilistas.

Vasculhou um pouco, procurando algo que servisse minimamente, encontrando apenas uma calça skinny preta, com uma blusa regata branca e um par de sandálias rasteiras. Piscou. Teriam que servir.

Vestiu-se rapidamente , pendurando a bolsa por sobre o ombro e saindo rapidamente do cômodo.

– Aqui está uma listinha de algumas coisas que estão faltando – a mais velha sorriu amarelo, estendendo um papel para a irmã, que pegou-o com prontidão – Desculpe por isso.

– Desencana – Jenn deu de ombros, beijando a bochecha da irmã, para logo se dirigir à porta – Ei, Jay, onde eu posso pegar um taxi?

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Não lembrava que Manhattan era tão grande. Para começar, pegar o taxi já fora um sacrifício, depois o engarrafamento e, para finalizar, a corrida, que dera mais caro do que puder imaginar. Suspirou, ao, finalmente, pisar na calçada, em frente à grande loja do Walmart.

Tirou do bolso o pequeno papel dado por Jane e entrou na loja, desviando de algumas pessoas que a encaravam.

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“Elas, com certeza, são parentes” – deduziu o mais velho, lembrando de ter escutado uma mulher comentar o nome da moça no outdoor.

“Nossa, Thor” – ironizou Loki, sentindo pena do leve retardo na mente de seu irmão postiço – “Como eu não havia pensado nisso antes?!”

“Jennifer Foster” – repetiu o nome pela enésima vez, vasculhando em sua mente se alguma vez sua amada comentara que tinha uma irmã.

O gato de olhos verdes encostou-se o mais próximo que pôde da parede que era a faixada de um pequeno restaurante italiano. Estavam os dois parados na calçada, encarando a multidão que se movia em sua frente.

A pressa no plano de encontrar a humana de Thor foi tão grande, que não permitiu que Loki pensasse nos outros detalhes que eram, pelo menos um pouco, importantes. Como o que Surtur tinha em mente? Como ele conseguiu aquele cetro e quem seria estúpido o suficiente para confiá-lo logo ao demônio do fogo? Sentia que não obteria as respostas tão cedo.

Encarou os automóveis metálicos que carregavam os humanos em suas vidas apressadas e sofridas. Hora andavam, hora ficavam parados. Conseguiria entende-los por completo, se ao menos se desse ao esforço de tentar. Porém suas vidas pareciam medíocres e sem significância demais para ocuparem um milésimo de segundo em sua mente que ainda tinha mais de mil anos de vida.

Foi correndo os olhos por cada um, analisando cada rosto, até que viu. Dentro de um carro amarelo, os olhos castanhos, pele pálida e lábios vermelhos.

#1 – Valquírias são tipos de divindades que trabalham para Odin, que pairam sobre os campos de batalha, resgatando os soldados mais bravos, para lutarem ao lado do rei durante a batalha do Ragnarok. São lindas, algo como anjos.


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Notas finais do capítulo

Gente, postei uma nova fanfic! Ela é interativa!
Deem uma olhada e, se interessar, por favor, me mandem uma fichinha ;D
Quando a Convicção Vai Embora: http://fanfiction.com.br/historia/499076/Quando_a_Conviccao_Vai_Embora_Interativa/

E capítulo novo de Locked!: http://fanfiction.com.br/historia/492095/Locked/