A Nova Geração - Hogwarts ano I escrita por Nah


Capítulo 2
Sumiços




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Nos dias seguintes a euforia da Grifinória com o desempenho de Alvo era imensa. Até alunos de outras Casas o cumprimentavam. Alvo não gostava de toda aquela atenção; principalmente quando garotas simplesmente o agarravam no corredor. Nessas horas Rose e Escórpio o deixavam sozinho e riam muito quando o garoto aparecia todo vermelho e com as roupas amassadas.

Quando não estava treinando com o time Alvo passava o tempo treinando com Escórpio e Rose na vassoura escondida no jardim. Voavam baixo, mas o bastante para Alvo apanhar maçãs e pedras enfeitiçadas por Rose e arremessadas por Escórpio. Alvo entendeu a vontade de Escórpio em ser batedor; o garoto tinha um canhão no braço direito. Hagrid os observava de longe. Como não permitiu Escórpio entrar em sua casa nem Alvo e Rose voltaram para visitá-lo. Alguns minutos depois de entrar em sua cabana bateram a porta. Era Rose.

– Aconteceu alguma coisa?

– Não Hagrid; eu só estava pensando se podia...

– Pode claro. Entre.

Hagrid não sorriu, embora quisesse, e saiu da frente para a menina passar.

– Onde estão os meninos? Eles não querem usar o banheiro também?

– Ah, eles se viram por lá mesmo. Rose saiu do banheiro com uma expressão bem mais leve. – Obrigada Hagrid. Onde está Grope?

– Na floresta. Já deve chegar.

– Diga oi a ele por mim. Tenho que ir!

– Já? – Estão me esperando tenho que correr!

– O que andam fazendo?

– Estudando. – respondeu Rose encolhendo os ombros.

– Estão brincando isso sim!.

– Ah, também.

Depois que Rose saiu Hagrid resolveu procurar pelo irmão. Grope estava perto da cabana e arrastava algumas árvores.

– Para que trouxe essas árvores para cá? Você não pode arrancá-las assim! Grope apontava para os galhos e folhas, mas Hagrid o interrompeu. – Sabe quem veio me visitar? Rose!

O gigante abriu um grande sorriso.

– Pequena Hermi!

– Ela mesma Grope!

– Pequeno Arry?

– Eles estão brincando perto das árvores. Ei! Grope! Grope!

Por pouco Grope e Hagrid não levaram uma pedrada rebatida por Escórpio. O garoto ficou parado admirado com Grope, mas Rose e Alvo correram até ele.

Hagrid colocou Rose sobre seus ombros.

– Traga os outros dois Grope e vamos pra casa.

Num segundo Grope pegou Alvo e Escórpio e colocou um em cada ombro.

– Grope é tão seguro quanto uma vassoura! – disse Alvo para Escórpio. Depois de alguns passos Escórpio começou a gostar da carona.

– Acho que já estou pegando o jeito. – disse se arrumando melhor no ombro de Grope.

– Ótimo! Corra Grope! Corra! – gritou Alvo. Grope passou por Hagrid e Rose com os dois meninos chacoalhando em seus ombros. O chão tremia e Rose ouviu os gritos dos garotos.

– Sou a próxima!

Como as Casas ficavam separadas nas salas de aulas Escórpio, Rose e Alvo trocavam bilhetes durante as aulas que tinham juntos; logo pegaram o jeito de como fazer os bilhetes atravessarem a sala por de baixo das carteiras. A aula de Herbologia era a mais fácil porque a bancada era mais alta tinha que ficar em pé. Neville explicava que as Flores Astrais ficariam em redomas para evitar o contato humano.

– O que acontece se forem tocadas durante o dia? – perguntou uma garota da Grifinória chamada Cinthia Oleson vizinha de cama de Rose no dormitório.

– Podem piorar os sintomas que a pessoa já está sentindo, inclusive matar, mas se a pessoa ingerir uma poção com apenas uma pétala pode se curar de inúmeras doenças. É a ironia da natureza... – respondeu Neville.

– As cores fazem diferenças professor? – continuou a garota.

– Cores claras são eficazes para gripes, crises de asma,...

– Já pensou alguém morrer de dor de barriga? – Alvo comentou com Rose.

– Essa Cinthia se tocar uma flor dessas vai morrer de convencimento. Está completamente contaminada – Rose respondeu enquanto lia um bilhete de Escórpio.

– Achei que vocês seriam amigas.

– Ela falou comigo depois da cerimônia de seleção; queria ser minha amiga porque juntas seriamos as melhores da turma. É uma imbecil.

– Ela deve ficar bem zangada porque os professores a ignoram e sempre fazem perguntas a você.

– Não sou a única que pode responder como preparar a poção do morto-vivo. Não me importo dela saber as respostas e me importaria menos ainda se os professores me ignorassem por causa da inteligência suprema dessa garota.

– Até o prof. Kassin?

– Ele não tem preferência entre os alunos.

– Justo ele hã? Que azar...

– Cala a boca!

Escórpio mandou outro bilhete para Alvo e Rose dizendo que mais uma vez Helgie o estava perturbando; a garota começou a empurrá-lo cada vez mais para a ponta da bancada e reparou quando recebeu o bilhete com a resposta de Rose. Levantou a mão na mesma hora e num tom choroso disse que Escórpio a estava atrapalhando rindo baixinho de alguma coisa que escondia nas vestes. Neville foi até o garoto, pegou os bilhetes e os queimou na frente do garoto.

– Obviamente o Sr. Malfoy deve saber muita coisa sobre Flores Astrais para se dar o luxo de não prestar atenção na aula, sabe?

– Bem professor...

– Fique de pé, por favor. – mandou Neville com rispidez. Alunos da Grifinória e Sonserina davam risadinhas pelas costas de Neville. Alvo levantou a mão, mas Neville o ignorou. – De onde vêm estas flores Sr. Malfoy?

– Peru, da Amazônia peruana senhor. – Escórpio respondeu corando levemente.

– Quem as descobriu?

– Um bruxo chamado Luján.

– Em que ano?

– Há relatos desde 1800 sobre elas, mas Luján as chamou de Flores Astrais oficialmente em 1848.

– Quantas cores as pétalas podem formar?

– A quantidade é infinita.

– Diga-me três cores e pra que servem?

– Prof. Longbottom! O prof. Kassin estava na porta da estufa.

– Um momento Kassin. Então Sr. Malfoy em quantas...

– Neville... – o prof. Kassin insistiu – a sineta acabou de tocar.

A profª Duggan se juntou a Kassin a espera de Neville.

– Cinco pontos a menos para Sonserina. Dispensados.

A turma saiu rápido; Rose e Alvo aguardavam Escórpio na porta ao lado dos professores. Neville saiu afobado da sala.

– Esse garoto é igual ao pai! – disse zangado aos colegas quando se afastaram do grupo de alunos.

– Chega a dar arrepios. – respondeu Kassin

. – Você conhece Draco Malfoy? – Neville perguntou.

– Já o vi... – respondeu Kassin observando Escórpio, Rose e Alvo saírem olhando para trás.

– O que ele faz na companhia dos filhos de Harry, Hermione e Rony? Vocês já os tinham vistos juntos?

– Já os vi conversando. – disse Elizabeth surpresa com reação de Neville.

– Eles estão bem, vamos almoçar. – Kassin disse aos dois, mas os deixou no meio do caminho do Salão Principal.

– Você está bem Neville? – Elizabeth perguntou.

– Sim, só fiquei um pouco... Não sei. Estou um pouco...

– Deprimido? Por causa de sua avó? Neville não respondeu nem sabia o que responder; em parte era verdade, mas também se sentia incomodado pelo filho de Draco o deixar zangado.

– Eu também fui criada por parentes que também já... se foram. – disse a professora. Neville sabia que a colega não conheceu o pai e que só vira a mãe uma vez. Ouvira alguns professores comentando sobre o caso. Sabia pouco mais do que isso a respeito dela.

– Nada será como antes; por isso decidi ficar em Hogwarts.

– Eu também decidi ficar aqui. – disse Elizabeth. – Depois que terminei a escola não demorei muito para voltar; percebi que tinha pouca coisa lá fora pra mim.

Hogwarts sempre acolhera os que a ela recorrerem. Alvo Dumbledore dizia isso.

– É verdade. – disse a professora segurando a mão de Neville.

A aula de Transfiguração era a única que Rose, Alvo e Escórpio faziam questão de sentarem nas primeiras carteiras. O prof. Kassin andava pela enorme sala e a maioria das garotas os seguia com o olhar; Rose era uma delas. Kassin tinha um porte elegante, alto, cabelos castanhos escuros; costumava usar um colete azul combinado com a calça, camisa branca com as mangas enroladas.

– Hoje além de transfigurar objetos os faremos funcionar. Um objeto transfigurado pode ser útil durante algum tempo, mas nunca deixa de ser um objeto transfigurado. Por isso concentração é tudo. Dizendo isso Kassin conjurou uma caixa de maçãs e as distribuiu para a turma toda. – Peguem as varinhas. Na aula anterior transformamos as maças em penas. Agora vocês irão transformá-las em penas de repetição. O feitiço que vou passar a vocês faz o objeto transfigurado funcionar corretamente. Primeiro transformem as maças como na aula anterior. Se concentrem na maça a sua frente; visualizem a pena, a cor, e o tamanho. Todos posicionaram as varinhas. A maioria das maçãs se transformou em penas, mas nenhuma totalmente branca como Kassin pedira. Alvo mostrou a pena para Escórpio do outro lado da sala. A de Escórpio tinha ficado com a ponta vermelha.

– Façam até conseguirem a pena branca.

Minutos depois todos levantaram as penas.

– Muito bem pessoal! Agora ela deve funcionar, ou seja, deve escrever tudo o que vocês disserem. Vamos lá repitam comigo: Utilius.

Os alunos formaram um coro.

– Agora apontem a varinha para pena e concentração no que desejam! Vamos! A maioria das penas ficou na posição correta para escrever. Na terceira tentativa todos tinham conseguido. – Muito bem agora ditem para sua pena alguma coisa. Qualquer coisa. Num tom baixo para não atrapalhar o colega ao lado. Aprendam: não é necessário berrar se mantiverem a concentração!

Rose disse o nome da mãe; no pergaminho com uma letra de criança se formou.

– Funciona? – perguntou Kassin observando a menina escrever o nome do pai e do irmão

. – Sim professor... – respondeu Rose sentindo o rosto corar.

– Olhe para o pergaminho agora. Sobre o pergaminho a pena voltara a ser uma maça. – Concentração Srta. Weasley. Concentração é tudo em magia. – disse Kassin gentilmente à menina. – Tente de novo, ficou muito boa da primeira vez.

– Obrigada.

– Continuem, está muito bom.

O restante da aula as penas de repetição da turma foram melhorando e escrevendo mais e mais.

– Continuem praticando. Logo a letra sairá igual a de próprio punho, mas não se esqueçam...

– Concentração! – repetiu a sala em coro.

Quando sineta tocou os alunos lotaram o corredor. Alvo e Rose esperavam Escórpio sair da massa verde da Sonserina

– Não vejo a hora de poder transfigurar algum animal. – disse Rose animada.

– Ela vai transformar todas as aranhas do mundo em gatos. – disse Alvo a Escórpio .

– Eu transformaria todos os gatos em Hipogrifos. – disse Escórpio.

– Não me diga que não gosta de gatos?

– Gosto Rose, mas Hipogrifos são mais legais – respondeu Escórpio – não dá pra voar neles.

– Hipogrifos gostam de brincar com bolinhas de lã? – perguntou Alvo.

Os garotos foram se espremendo e rindo entre os alunos que saiam e outros que chegavam para assistir a aula. Rose conseguiu sair da multidão e quando olhou pra trás a procura dos meninos viu que eles estavam parados rodeados por um grupo de alunos da Sonserina. Rose os reconheceu; eram os mesmos que cercaram Escórpio na biblioteca.

– Você anda se escondendo de nós Malfoy. Tem dormido embaixo da cama? – disse o garoto mais alto chamado Neff. O grupo riu e Escórpio cutucou Alvo pra que continuassem a andar para tentar saírem dali, mas Neff o puxou pelo ombro. – Você se acha grande coisa Malfoy; se acha importante demais

. – Comparado a você? Definitivamente sim.

– Ah é? – o garoto o soltou, mas empurrou Alvo que caiu no chão entre risadas da turma da Sonserina.

– Deixem-nos em paz! – disse Escórpio para o grupo e estendeu a mão para ajudar Alvo a levantar. Tiago veio com um grupo da Grifinória para a aula de Transfiguração e quando viu Alvo no chão sendo seguro por Escórpio correu até os dois.

– Tire as mãos do meu irmão Malfoy! – gritou atirando Escórpio contra a parede.

– Muito bem Malfoy acaba com o Potter! – disse o Neff.

– Tiago! – gritou Alvo ficando de pé.

– Não foi ele que empurrou Alvo! – gritou Rose ao chegar ao grupo. – Escórpio é nosso amigo!

– O que? O que está dizendo?

– Escórpio é nosso amigo. – confirmou Alvo.

– Ele é um Malfoy! Filho de Draco Malfoy... da Sonserina! O que você está dizendo Alvo? Rose?

– Talvez eles queiram fundar uma Casa só pra eles já que se acham bons demais para as que estão no momento. – disse Neff.

– Cale a boca Neffasto! – disse Tiago puxando a varinha e Neff também puxou a dele, mas o prof. Kassin desarmou os dois com tanta facilidade que ambos continuaram a apontar as mãos vazia uma para o outro.

– Nada de magia nos corredores. – disse tranquilamente colocando a varinha no bolso do colete. Neville abriu caminho entre o grupo de alunos.

– O que está acontecendo?

– Uma desavença entre esses cavalheiros. Dez pontos a menos para Sonserina.

– Muito bem Kassin. – alegrou-se Neville.

– Dez a menos para Grifinória.

– Eles empurraram meu irmão. – disse Tiago ao prof. Kassin.

– Tiago empurrou Escórpio também! – respondeu Neff.

– Escórpio não fez nada a ele! – gritou Rose. – Eu já lhe disse Tiago: Escórpio é nosso amigo.

– O que? – perguntou Neville como se também não tivesse ouvido claramente.

– É verdade professor. – Rose tornou a dizer e Alvo confirmou.

– Você está dizendo que vocês são amigos desse garoto? – exclamou Neville. – Sabia que ele toma chá todas as tardes sobre a masmorra que sua mãe foi torturada?! Rose ficou parada encarando Neville.

– Vocês já terminaram? – Kassin disse apontando para a turma do primeiro ano. – Então vão andando. E vocês entrem, agora!

Alvo e Escórpio saíram correndo em direções opostas. Rose saiu para os jardins a procura dos amigos e acabou matando a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. De volta a Salão Comunal da Grifinória encontrou Tiago e tentou convencê-lo a consultar o Mapa do Maroto a procura de Alvo, mas ele se recusou e subiu pra o dormitório lançando um olhar zangado a prima. A garota foi até a biblioteca para uma ultima olhada; um grupo de garotas da Grifinória cochichava e apontava para ela. De volta aos corredores encontrou Kassin; o professor sorriu parae Rose sentiu mais uma vez o rosto esquentar.

– Hogwarts é imensa; eles devem estar esfriando a cabeça em algum lugar.

– Não sei por que o prof. Longbottom foi dizer aquelas coisas horríveis. – Rose disse de repente.

– Provavelmente nem ele. Olhe srta. Weasley , eles devem aparecer até a hora do jantar. Não mate mais aula, está bem? Isso só piora as coisas. – Kassin recomendou a garota.

De volta ao Salão Comunal da Grifinória Rose finalmente encontrou Alvo.

– Onde você esteve?

– Andando por ai...

– E Escórpio?

– Não sei, não o vi.

– Estava preocupada com vocês.

– Não precisava Rose, estou bem. Vamos procurar Escórpio. Tiago entrou com um grupo de amigos e Victorie.

– Precisamos conversar. Se papai souber... Nem sei o que fará... – disse ao irmão.

– E se ele souber que você pretendia trapacear nos testes para apanhador?

Tiago olhou para o grupo que o cercava.

– Sobre isso eu posso explicar.

– Você anda com quem você quiser Tiago e eu com quem eu quero.

– Eu estava brincando quando falei que você poderia ir para Sonserina. Você é um de nós, vocês dois! – Tiago acrescentou para Rose. – Vamos deixar isso pra trás.

– Vamos cuidar de vocês mais de perto a partir de agora. Vocês terão amigos da sua própria Casa. – disse Victorie tentando abraçar Rose.

– Vamos Rose, vamos encontrar Escórpio. – disse Alvo puxando a prima.

– Os deixe ir Tiago! – o grupo da Grifinória começou a dizer.

– Estou falando serio Alvo. Escute-me bem...

A diretora McGonagall entrou no Salão Comunal acompanhada de Neville, da profª Duggan e Kassin.

– Sr. Potter, o senhor faltou deliberadamente a duas aulas. Está suspenso do jogo inicial da temporada. – disse a diretora com firmeza. Houve um silêncio incômodo.

– Tudo bem, você não se importa não é mesmo? – disse Tiago virando as costas para o irmão e acompanhando Victorie e o grupo de amigos para o outro lado da sala.

– Vocês dois nos acompanhe. – pediu a diretora McGonagall apontando para Rose também. O grupo saiu da torre da Grifinória. Assim que entraram na sala; Filch apareceu segurando Escórpio pelo pescoço.

– Acabei de encontrá-lo. Ele pegou! Foi ele!

– Solte-o Filch. – ordenou McGonagall. – Pegou o que?

– Acabou de acontecer! Um roubo em Hogwarts. Venham comigo. Na Sala de Troféus o zelador apontou para o lugar onde deveria estar a Taça da Grifinória. O vidro estava aberto e o espaço vazio.

– Não pequei nada diretora! – disse Escórpio.

– Eu o vi rodeando a sala.

– Eu estava passando e pensando em entrar, só isso!

– Silêncio Filch! Óbvio que a taça não está com Sr. Malfoy nesse momento. – disse McGonagall impaciente.

– Ele escondeu!

– Não escondi nada! Eu estava só passando.

– Ele estava comigo. – disse Alvo. – Demos uma volta pela escola e eu resolvi voltar à torre da Grifinória.

– Eu vi você também! – berrou Filch. – E estava sozinho garoto Potter!

– Escórpio tinha ido ao banheiro.

– Vamos dar um busca na sala da Sonserina. – disse Neville.

– Espere Neville. – pediu a diretora.

– Estou dizendo a verdade diretora. – insistiu Escórpio. – Por que eu faria isso?

– Posso pensar em centenas de motivos. – disse Neville encarando o menino. – Um deles é que tiramos essa taça das mãos da Sonserina.

– Vocês farão uma busca no Salão Comunal da Sonserina. Filch vá chamar Horácio; como diretor da Casa ele deve estar presente.

– Diretora, Escórpio Malfoy será hostilizado por parte dos colegas de sua Casa se eles souberem do que se trata essa busca. – disse Kassin. – E há chance do garoto ser inocente.

– Por que você o está defendendo? – perguntou Neville.

– A questão é: por que você o está acusando? Não há provas que o garoto tenha feito essa besteira.

– Você disse que conheceu Draco. Explique melhor.

– Eu o vi assim como já vi Harry Potter e Hermione Granger uma vez. O que está querendo dizer Neville?

– Parem os dois! – mandou a diretora.

– Se o prof. Longbottom vai acusar Escórpio terá que me acusar também porque estávamos todo esse tempo juntos! – Alvo disse aos professores.

Slughorn chegou acompanhado de Flitwick, diretor da Corvinal.

– Que idéia de revistar o Salão Comunal da Sonserina?

– A escola toda será revistada. Vamos achar a taça! – avisou McGonagall.

– A sala de troféus não é protegida? – perguntou a profª Duggan.

– É uma sala de exibição Elizabeth. Só é protegida contra feitiços simples. – explicou McGonagall zangada.

– Mesmo assim esses garotos não têm conhecimento para burlá-los – disse Slughorn olhando o relógio. – Isso vai levar a noite toda Minerva.

– Se for preciso levará. Podem ir meninos, Kassin os acompanhe. Kassin fez sinal para que o seguissem, mas foram em direção a Ala Hospitalar.

– O senhor acredita em Alvo e Escórpio não é? – perguntou Rose ansiosa olhando o primo. Alvo acabara de contar a ela que não havia visto Escórpio.

– Acredito que vocês terão problemas quando essa historia vier à tona. Por isso vou convencer Madame Pomfrey a deixar vocês dois passaram a noite na Ala Hospitalar. O professor conversou em particular com a enfermeira e para surpresa dos garotos ela foi pegar pijamas e preparar duas camas. – Disse a ela que vocês não estão passando bem do estômago porque comeram muitos doces. Ela vai trazer algumas vitaminas. Não é ruim como parece, então, tomem tudo. Não pensem que isso os livra de terem matado aula. Srta. Weasley, vou acompanhá-la de volta até a torre da Grifinória. Escórpio e Alvo se despediram de Rose e foram para a cama que Madame Pomfrey indicou.

– O senhor conhece minha mãe? – Rose perguntou quando saiu com o professor.

– A vi uma vez. Li todos os livros que ela escreveu. Diga-me Rose: vocês tem tido problemas em suas Casas?

– Mais ou menos. Só me procuram para falar deveres e Alvo nem queria fazer o teste para apanhador. Mas não é nada comparado com que Escórpio tem passando ultimamente.

– E os professores?

– Bem, em algumas aulas mesmo que alguém esteja de mão levantada eu acabo sempre tendo que responder. Eu gosto de estudar, mas mamãe disse para eu não me concentrar só nos estudos.

– Ela tem razão. – disse Kassin sorrindo.

– Mamãe só se esqueceu de dizer isso pro resto da escola. Tudo mundo acha que eu tenho a resposta certa na ponta a língua. Que já nasci sabendo ou sei lá...

O retrato da mulher gorda girou e Tiago apareceu. Kassin se despediu e os primos entraram no Salão Comunal da Grifinória. Rose começou a contar o que tinha acontecido e onde Alvo iria passar a noite, mas o primo ouviu por ouvir e foi se deitar em silêncio. Rose passou a noite pensando se Alvo ou Escórpio, zangados como ficaram pelo que Neville disse, poderiam ter feito a idiotice de pegar a Taça.

Na sala da diretora McGonagall; Neville Longbottom e Horácio Slughorn continuavam a discutir.

– Estamos falando do filho de Draco Malfoy! – Neville disse zangado. – Draco fez um Armário Sumidouro funcionar e encheu a escola de Comensais da Morte pelo amor de Deus. Se encontrarem a taça no dormitório da Sonserina eu vou...

– Já chega! – disse a diretora com firmeza. – Ah Kassin! Por favor, entre; vamos nos revezar na busca.

– Não achamos nada no dormitório da Corvinal e Lufa-Lufa. – disse Flitwick entrando na sala.

– Vamos para o da Grifinória então. Alguma objeção Neville? – perguntou Slughorn nervoso.

– Acompanhem-me. – Neville retrucou com rispidez. Kassin ia saindo com os outros quando a diretora McGonagall pediu que ficasse mais um minuto

. – Recebi um recado de Madame Pomfrey. Foi uma boa idéia mantê-los afastados de suas Casas no momento.

– Creio que eles já estão afastados delas há muito tempo diretora. – respondeu Kassin deixando a sala sem olhar para trás.

Na Ala Hospitalar Escórpio e Alvo conversavam baixinho. As vitaminas que Madame Pomfrey foram jogadas na pia do banheiro. Os dois acabaram comendo as maças da aula de transfiguração que guardavam nas mochilas.

– Se a maçã se transformar em pena nas nossas barrigas? – perguntou Escórpio rindo.

– E nos matar de cócegas? Se acontecer já estamos na Ala Hospitalar mesmo. – respondeu Alvo.

– Alvo, por que disse que estava comigo?

– Já estava encrencado mesmo e você também.

– Não peguei a tal taça... eu nunca sequer a vi. Você acredita em mim?

– Você não faria uma coisa burra dessas Escórpio. E a propósito eu também não peguei nada. – disse Alvo se ajeitando na cama. – Você também ficou com raiva do Filch e do Longbottom?

– Fiquei com raiva do Neff, o nefasto.

– E do meu irmão? Tudo bem se ficar, eu estou com raiva dele agora.

– Fiquei com mais raiva do Neff. Gostaria de poder dar um soco bem no meio da cara dele.

– E transformá-lo num verme e dar de comida para as corujas! Escórpio... você já desejou não ser um Malfoy?

– Quando Longbottom disse aquilo sobre a mãe de Rose eu desejei. E você? Já desejou não ser um Potter.

– Só quando me comparam com meu pai e querem que eu seja como ele. Eu não posso... Sabe, eu tinha medo do Chapéu Seletor me mandar pra Sonserina, mas se eu tivesse ido seriamos amigos há mais tempo.

– É, seria ótimo. Pelo menos Neffasto nos deu uma idéia: vamos fundar nossa própria casa em Hogwarts! Nossa mascote será um hipogrifo.

– E só teremos aulas com o Kassin. E talvez com a profª Duggan. Sem Historia da Magia, por favor!

– Rose pode entrar para nossa Casa? – perguntou Escórpio.

– Se passar pela iniciação pode.

– Qual é a iniciação?

– Não sei... Vou pensar em alguma coisa bem nojenta! Alguma coisa que garotas não gostem de fazer de jeito nenhum.

– Como arrotar?

– Rose sabe arrotar.

– Sério? Uau, isso é realmente legal!– disse Escórpio surpreso.

Os dois ficaram rindo das próprias idéias até pegarem no sono. Pela manha Madame Pomfrey serviu chá com torradas para os dois. Rose chegou e ficou aliviada em saber que nenhum dos dois tinha mesmo pego a tal taça. Enquanto os garotos terminavam de comer; a garota começou a organizar as aulas do dia para Escórpio.

– Temos DCAT e você Feitiços. Depois teremos Transfiguração e Herbologia juntos.

– Preciso dos meus livros. – disse Escórpio comendo a última torrada do prato.

Madame Pomfrey apareceu acompanhada da monitora da Grifinória que impediu um bando de estudantes alcançarem Rose dias atrás.

– Crianças você serão acompanhadas a sua primeira aula pela monitora da Grifinória, Camile. A garota se apresentou; morena bem clara de cabelos lisos castanhos escuros iguais aos olhos

. – Escórpio estava falando em pegar os livros no dormitório da Sonserina. – disse Rose sorrindo para Camile.

– Daremos um jeito. – ela respondeu.

– E a taça? – perguntou Rose. – Acharam?

– Ainda não, mas deve aparecer logo; não existe magia em Hogwarts que McGonagall não possa detectar. Provavelmente foi uma brincadeira; e quem fez isso logo será descoberto.

– Espero que sim... – disse Escórpio chateado.

– Se já terminaram vamos andando. Os quatro saíram de a Ala Hospitalar por um corredor lateral. – Vamos dar a volta; o corredor até a sala de DCAT é caminho pra outras salas; deve estar lotado. Caminhavam por um corredor mais longo meio vazio. Poucas pessoas passaram por eles, mas o bastante para soltarem piadas ou insultos a Alvo e Escórpio.

– Não liguem pra isso. – disse Rose séria. – São as mesmas pessoas que no começo do ano nos convidavam para sentar a mesa com eles.

– Rose tem razão. – confirmou Camile. – Sempre vão existir pessoas assim.

Na entrada da sala de aula a profª Elizabeth Duggan acompanhava a entrada da turma da Grifinória e Corvinal. Sorriu quando Alvo e Rose entraram.

– Tenham um bom dia. – disse Camile quando se afastou com Escórpio.

– Até mais tarde. – disse Escórpio.

– Agora vamos falar com Slughorn, ele pode pegar seus livros.

– Você pode usar um feitiço para isso. – disse Escórpio.

– Posso, mas se o diretor da Casa for pessoalmente pode intimidar aqueles idiotas. – respondeu Camile e Escórpio acabou concordando. Slughorn pediu que esperassem do lado de fora de sua sala enquanto foi, via Pó de Flu, buscar os livros das matérias do dia para Escórpio.

– Ele podia ter nos deixado esperar lá dento. – reclamou Escórpio cansado de ficar de pé.

– Slughorn não deixa nem outros professores sozinho na sala dele. Tive que praticamente implorar para que fosse pessoalmente buscar seu material.

– Desculpe todo esse trabalho.

– Tudo bem Escórpio, sou monitora. É o meu trabalho.

– Monitora da Grifinória. Não é sua obrigação me ajudar.

– Por que não disse aos monitores da sua Casa que tinha alunos te perturbando?

– Na Sonserina não entregamos uns aos outros.

– Os monitores estão nessa também, não é? Não precisa ser todos basta um: o monitor chefe.Escórpio não respondeu e Camile continuou a falar. – Um dos favoritos de Slughorn...o Neffasto. É quase impossível Slughorn puni-lo. – admitiu Camile.

– O Neffasto é sobrinho de Don Lancey amigo de Slughorn. – comentou Escórpio.

– Lancey? Da Lancey & Twain? A loja de ingredientes para poções em Hogsmeade?

– Eu e papai vimos Slughorn lá no feriado de natal ano passado; cheio de pacotes conversando com Don Lancey.

– Hogwarts tem todo o tipo de ingredientes... Por que Slughorn iria comprá-los fora? Ainda mais numa loja quase falida?

Escórpio encolheu os ombros; tinha outras preocupações naquele momento:

– Camile, você não vai contar sobre Neff, vai? Que ele anda me enchendo! Quando estiver mais experiente em magia resolverei isso sozinho. Por favor...

A porta atrás deles se abriu e Slughorn entregou os livros de Escórpio. O professor parecia um pouco agitado. Ao fundo na sala Camile e Escórpio viram uma sombra.

– Mais alguma coisa? – perguntou Slughorn impaciente.

– Não senhor, obrigada... – Camile disse em resposta ao olhar de Escórpio. Slughorn dispensou os dois e tornou a fechar a porta.

A caminho da aula de Transfiguração, já acompanhado de Rose e Alvo, Escórpio comentavam sobre Neff.

– Se eu tivesse que apostar ele estaria no topo da minha lista pra afanar a taça. Ele odeia o pessoal da Grifinória.

– Tudo bem, nós o odiamos também. – respondeu Rose.

– Como foi a aula de vocês com a Srta. Duggan?

– Tirando as caras feias e uns cochichos nada de divertido aconteceu. – respondeu Alvo. – E você?

– Flitwick evitou feitiços em duplas. Acho que os professores estão preocupados com a gente.

– Um pouco tarde pra isso. – Alvo disse zangado. – Afinal já estamos na escola há quase dois meses! Nunca repararam que não temos outros amigos ou que todo mundo se aproxima de nós é por algum interesse? O que você acha Rose?

Rose observava o prof. Kassin do lado de fora da sala cumprimentando os alunos.

– Você ouviu o que estamos falando? – perguntou Escórpio.

– Ouvi e concordo. Sabiam que Kassin é um nome árabe? – a garota comentou quando passaram pelo professor e entraram na sala.

– As chances dela entrar para nossa casa diminuíram bastante agora. – disse Alvo para Escórpio fazendo uma careta.

– Até mais. – disse Escórpio indo se sentar na fileira que o pessoal Sonserina costumava ocupar na sala. Parou por um instante e chamou os amigos: – Esperem. Vou sentar com vocês. Quer dizer... tudo bem se eu fizer isso?

– Claro, mas tente não distrair mais Rose. – disse Alvo.

– Cala boca Alvo! – respondeu Rose corando. Escórpio sentou do lado de Rose. A maioria da turma da Sonserina olhava feio para o garoto. Kassin reparou na mudança de lugar.

– Muito bem Sr. Malfoy. Aposto que muitos de vocês têm amigos em outras Casas. Se quiserem mudar de lugar fiquem a vontade. Houve um minuto de comentários e olhares entre os alunos. E quando alguns alunos da Lufa-Lufa se levantaram e passaram para o lado da Corvinal; Rose sorriu para Escórpio que parecia surpreso.

– Já é um começo. – disse animada.

Na aula de Herbologia as Flores Astrais já começavam a brotar nas redomas. A turma se juntou perto das bancadas; Rose ficou entre Escórpio e Alvo.

– Por favor, mantenha seus lugares originais. – pediu Neville. Rose levantou a mão.

– Na aula do prof. Kassin pudemos mudar de lugar.

– Não aqui; os lugares estão marcados. Grifinória de um lado Sonserina de outro. – respondeu Neville friamente.

– Vai ser sempre assim? – perguntou Rose.

– Sempre o que Srta. Weasley?

– Essa separação. Vamos sempre conviver juntos sem ficarmos juntos?

– Rose não force. – disse Escórpio se levantando e indo para junto da turma da Sonserina.

– Não haverá mudanças de lugares, mas se houvesse seriam feitas por mim. Compreendido? Comecem a anotar as pequenas mudanças; não são diferentes de uma flor comum. Rose não disse nada até o final da aula; às vezes olhava para Escórpio do outro lado e sentia um certo vazio. Com exceção de Camile, Hagrid e Kassin ninguém tinha sido gentil com eles em Hogwarts. Seus olhos se encheram de lagrimas, pensou na mãe e na conversa que tiveram em seu quarto na noite anterior ao embarque “Hogwarts será mais que uma escola será seu lar”.

– Quero ir pra casa... – murmurou.

– O que? – Alvo perguntou a prima. – Não ouvi o que você disse.

– Nada, não disse nada.

– Rose, você está bem?

– Sim, estou bem. Só me distrai por um instante. Alguma novidade sobre essas flores idiotas?

– Não, continuam idiotas.

– Alvo, vamos fugir de Hogwarts?

– Vamos sim! Depois do almoço arrumamos nossas coisas, queimamos os uniformes e fugimos pras montanhas.

– Achei que o prof. Longbottom seria nosso amigo. Ele esteve em nossa casa tantas vezes; parecia tão legal.

– A culpa é de Tiago. Mamãe pediu que ele transmitisse afeto a Longbottom e ele disse que "esqueceu". Vai ver ele é um idiota porque não recebeu as lembranças da minha mãe. Alvo sorriu, mas parou; a prima parecia muito triste. – Rose, as coisas vão melhorar.

– Ainda temos as montanhas, Escórpio deve ir com a gente.

– Nossos pais passaram meses atrás das Horcruxes, podemos sair à procura do campo perfeito de quadribol. Alvo tentou animar a prima de todas as maneiras durante o resto da aula. Quando se encontraram com Escórpio sugeriu tentar convencer Hagrid a levá-los pra ver o Salgueiro Lutador. Escórpio contou aos amigos sobre Slughorn estar meio agitado quando voltou do Salão Comunal da Sonserina.

– Você acha que Slughorn encobriria se tivesse encontrado a taça da Grifinória lá? – perguntou Alvo.

– Não sei, mas é estranho, não?

– Segundo Camile não tem como escapar de McGonagall por muito tempo. – disse Rose quando iam para os jardins. – Ela deve conhecer centenas de feitiços pra descobrir coisas.

– Segundo meu pai nem Dumbledore sabia todos os segredos de Hogwarts. E se um professor tão talentoso quanto McGonagall tivessem escondido a taça? Demoraria mais para achar não é?

– Pode ser, mas Slughorn arriscaria o pescoço assim? Ele é o diretor da Sonserina.

– Escórpio disse que é conhecido a família do Neffasto. Será coincidência esse cara ser monitor chefe?

– Não, com certeza não. – admitiu Rose.

Quando estavam pra cruzar a porta Camile surgiu à frente deles pregando um baita susto nos três.

– A profª Duggan está atrás de vocês para entregar suas detenções. Voltem para o Salão Principal, senão ela vai querer saber por onde estão andando. Vão!

Os garotos deram meia volta e encontraram a professora carregando três envelopes.

– Estava mesmo indo procurar vocês. Aqui estão suas detenções. Estejam na biblioteca amanha às nove horas.

Camile apareceu assim que ela saiu.

– Muito ruim? – Péssimo! Sábado e domingo enfiados na biblioteca! – reclamou Alvo.

– Metade da escola vai para Hogsmeade, anteciparam a primeira visita devido ao calor. Quem não for vai ficar o dia todo nos jardins da escola. – disse Camile aos garotos desanimados. – Ah, vamos pessoal! Apesar da detenção vocês ainda podem ter um final de semana tranquilo.

No sábado de manha a profª Duggan mostrou aos garotos uma pilha de livros.

– Sem usar magia vocês vão colocá-los nas prateleiras indicadas em ordem alfabética. Muito simples.

– Deve ter uns mil livros aí.

– Mil e sete para ser exata Sr. Malfoy. Não abram os livros, principalmente os novos; não chamem Madame Pince em hipótese nenhuma; ao meio dia podem sair para almoçar. Virei liberá-los às seis horas.

Os garotos se olharam deprimidos; o céu estava azul perfeito para voar. Duas horas depois nem cinquenta livros tinham sido colocados no lugar; alguns simplesmente não aceitavam serem postos nas prateleiras fazendo com que os garotos perdessem muito tempo andando pela biblioteca labiríntica para recuperá-los.

– Enquanto a escola toda se forma estaremos aqui. – disse Alvo saindo de trás de uma das prateleiras.

– Depois do almoço podemos jogar uma partida de xadrez. – disse Rose.

– É. Provavelmente será a coisa mais emocionante que faremos hoje. – respondeu Alvo.

– No Salão Comunal da Sonserina tem uma grande mesa de xadrez, mas eu nunca a usei. Talvez fosse a naturalidade de Escórpio ao contar esse detalhe ou talvez porque Rose e Alvo passassem o menos tempo possível em seu próprio Salão Comunal os primos trocaram olhares deprimidos.

– Já é quase meio dia; vamos almoçar e depois jogar xadrez no Salão Comunal da Sonserina. – disse Alvo.

– Não é quase meio dia Alvo! Ainda falta uma hora. – respondeu Rose.

– Concordo com Alvo, é quase meio dia. – Escórpio disse largando os livros que segurava em cima da mesa. – E Madame Pince? O que fazemos com ela?

– Tenho uma idéia; meu irmão me ensinou uma coisa. Os três fizeram uma muralha de livros e enfeitiçaram os livros pra ficarem se movendo da mesa onde estavam até as prateleiras. Mesmo sendo o mesmo movimento e os mesmos livros acharam que pelo menos por algum tempo daria certo. Poderiam sair para almoçar rapidamente e fazer um pouco de hora no jardim. Talvez até dar uma volta na vassoura escondida entre os arbustos. Madame Pince, enfiada em uma pilha de livros nem notou a saída dos garotos. Foram até as masmorras e seguiram por um longo corredor; quando chegaram numa parede Escórpio disse a senha (carranca); a parede deslizou e ele, cordialmente, convidou Rose e Alvo a conhecerem o Salão Comunal da Sonserina.

– Nossa! É muito bonito Escórpio! – disse Rose admirada com o luxo da decoração da sala

. – E o melhor! Está vazia! – respondeu Escórpio.

– Nem tudo é bonito. Alvo apontou uma estátua no canto da sala. Um dragão coberto de espinhos montado por uma mulher segurando um espelho.

– E uma das peças mais valiosas do salão: O Dragão da Babilônia e sua dona. Meu pai disse que todo mundo gosta de pendurar casacos nesses espinhos no inverno. Rose e Alvo acharam muita graça. Escórpio mostrou a mesa de xadrez feita de mármore; a superfície nas cores preto e verde claro. No dormitório Alvo e Rose sentaram na cama de Escórpio enquanto o garoto procurava no malão as peças de xadrez de bruxo.

– Camile tinha razão. Slughorn vir buscar meus livros fez a diferença! Não preciso mais esconder minhas coisas.

– Ela é legal, a Camile. – respondeu Rose.

– Guardei as peças bem no fundo do malão. Fiquei com medo que alguém as pegasse; papai me deu de presente. Vejam novinhas!

– Belas peças Escórpio. Essa rainha tem uma cara bem severa, não? Vamos chamá-la de rainha McGonagall. – disse Alvo.

– Legal. – respondeu Escórpio rindo.

Rose sentou do lado do primo e Escórpio iniciou a partida.

– Uma covardia esse pessoal do Neffasto – Alvo comentou – na nossa Casa tem mais gente esquisita do que valentões.

– Aquela Cinthia Oleson vive tentando chamar a atenção do prof. Kassin.

– Isso é horrível ainda mais quando sabemos que ele só tem olhos pra você Rose!

– Ah, cala a boca Alvo. – disse Rose.

– Agora o pessoal do Neffasto não vem mais aqui; descobriram o pessoal do segundo ano. Eles estão evoluindo! – disse Escórpio. Rose riu.

– Esses são seus pais? – a garota perguntou apontando para um retrato no fundo da caixa onde as peças estavam guardadas.

– Sim, Draco e Astoria Malfoy. Rose se demorou observando o rosto de Draco Malfoy. Sempre ouvira falar dele, mas não o imaginava daquele jeito; abraçado a esposa, muito bonita por sinal, sorrindo e acenando para o filho. O mesmo sorriso melancólico de Escórpio. Escórpio venceu Alvo.

– Minha vez! – disse Rose trocando de lugar com o Alvo.

– Não espere nenhuma moleza Escórpio, aliás, não espere vencer. Rose é campeã da família; só perde para o tio Rony e suas peças adestradas.

– Só agora você me avisa! Que tipo de amigo você é?

Rose realmente herdara o talento do pai para o xadrez e derrotara os dois. Entre Alvo e Escórpio o jogo era mais equilibrado. As peças novas não os atendiam; era preciso repetir várias vezes para que avançassem. Um peão em particular resistia ao máximo às ordens de Alvo. Com o dia bonito e a visita da maioria dos alunos a Hogsmeade ninguém apareceu para pertubá-los e a hora foi passando

. – Sabe... – disse Alvo se distraindo do jogo – essa lareira... Slughorn deve usar para vir aqui. É a lareira principal.

– E? – perguntou Rose bocejando.

– Podíamos dar uma olhada na sala dele. Aposto que se pegou a taça aqui do Neffasto a guardou lá.

– Não da pra ir lá sem Pó de Flu e não temos nenhum. – disse Rose observando as peças de xadrez.

– Só professores usam Pó de Flu aqui em Hogwarts? – perguntou Escórpio.

– Funcionários de Hogwarts em geral podem usar. Hagrid deve ter na cabana dele! – disse Alvo animado. – E ele não deve estar lá; ele ia começar a replantar todas aquelas árvores que Grope arrancou. A cabana está vazia! Podemos pegar um pouco e repomos depois, é claro. Só um rápido empréstimo.

Escórpio e Rose se olharam por um momento.

– Você e Camile viram que ele voltou daqui agitado e viram que não estava sozinho na sala. Podia ser o Neffasto.

– Podia, mas é muito arriscado Alvo. – respondeu Rose.

– O que acha Escórpio?

– Seria legal achar a taça. – respondeu Escórpio começando a comprar a idéia de Alvo. – Temos uma boa chance com a escola vazia. Por mim tudo bem! Rose?

– Você não precisa participar. – disse Alvo em tom exageradamente compreensivo.

– Engraçadinho, você sabe que eu vou!

Foram correndo até a cabana de Hagrid e pela janela localizaram o pote com o Pó de Flu do lado da lareira. Nenhum dos três era bom ainda no feitiço convocatório e derrubaram metade do conteúdo do pote no chão.

– Tudo bem; só teremos que repor um pouco mais do que imaginávamos. – disse Alvo tentando tranqüilizar os amigos. Na volta encontraram Filch logo no corredor de acesso ao Salão Comunal da Sonserina. O zelador os observou entrar; provavelmente nunca vira alguém da Grifinória visitar o lugar. O salão ainda estava vazio; os três entraram na lareira e disseram juntos:

– Sala de Slughorn! Num segundo depois estavam amontoados no centro da sala.

– Tudo bem, não tenham pressa para saírem de cima de mim. – disse Alvo quase sem fôlego.

– Desculpe Alvo. – disse Escórpio ficando de pé e dando a mão para Rose se levantar.

– Vamos começar. – disse Alvo. – Cada um de um lado; se encontrarem alguma coisa muito estranha me chame e eu farei o mesmo. Coisas estranhas não faltavam na sala de Slughorn. Havia uma coisa que se parecia com uma maquina de asas; pergaminhos velhos, livros sobre poções em idiomas que nenhum dos três conhecia. Um armário cheio de capas de guarda chuva e maçanetas de portas. Uma coruja marrom dormiu boa parte do tempo que estavam revirando a sala.

– Onde você esconderia uma taça? – perguntou Escórpio a Rose.

– Talvez a encolhesse!

– Boa idéia! Vamos olhar as gavetas.

– Logo a profª Duggan estará na biblioteca para nos liberar. – disse Rose consultando o relógio.

– Se Madame Pince tivesse notado que saímos Filch teria nos pego quando nos viu. – disse Alvo revirando uma almofada.

– Vocês acham que esse tanto de Pó de Flu é suficientes para nós três? Desperdiçamos muito para entrar aqui. – disse Rose mostrando apenas um punhado para os garotos.

– Deve ter mais por aqui; impossível Slughorn levar tudo com ele! – disse Alvo – Mas acho melhor irmos andando. A sala da Sonserina ainda deve estar vazia!

Os três entram na lareira, Alvo jogou o pó e fecharam os olhos. Quando apareceram na lareira no Salão Comunal da Sonserina Escórpio e Alvo olharam para os lados.

– Não foi o bastante! – disse Escórpio aflito. Rose ficara pra trás.

– O que faremos? Alvo?

– Vamos até o Hagrid pegar mais Pó de Flu! Muitos alunos já vinham voltando do passeio e paravam para conversar e se sentar no jardim antes de escurecer. Alvo e Escórpio os assustaram quando saltaram sobre eles correndo o mais rápido que podiam em direção cabana de Hagrid. A cabana ainda estava trancada e por nervosismo os garotos não conseguiram fazer nenhum feitiço útil pra a situação. Tentaram abrir a porta e até quebrar as janelas de todo jeito. O Pó de Flu que tanto precisavam estava espalhado pelo chão.

– Tem uma janela na sala de Slughorn! Rose pode sair por ali! – disse Escórpio.

– É tão alta que pode não estar enfeitiçada! Vou pegar a vassoura! Você corre e diz pra Rose abrir a janela. Escórpio voltou correndo e localizou a janela da sala de Slughorn; jogou pedras pra chamar atenção de Rose. Fez sinal para que abrisse a janela, mas garota respondeu que estava trancada com um cadeado. Não podia quebrá-la, chamaria muita atenção. Do jardim Escórpio viu o grupo de professores chegando e Alvo parou do lado de fora da sala montado na velha vassoura escondida nos jardins.

– Rápido os professores já estão no salão principal! – Escórpio gritou para Alvo. – Em minutos a profª Duggan irá até a biblioteca nos liberar!

– Não tem jeito! Tenho de quebrar o vidro. Afasta-se Rose!

– Espere Alvo tive uma idéia. Rose tocou o trinco da janela com a varinha e o transformou numa pena; abriu a janela e subiu na vassoura com o primo.

– Genial Rose!

– Brilhante! – ouviram a voz de Escórpio no chão.

– Vamos direto para a biblioteca. – disse Alvo pousando a frente de Escórpio.

Com Alvo carregando a vassoura os três dispararam pelos corredores até chegarem à biblioteca. Deram de cara com Camile.

– Rápido! A profª Duggan está chegando.

– Onde estão os livros? – Escórpio perguntou surpreso. – Deixamos todos aqui!

– Madame Pince deve tê-los recolhido. – disse Rose confusa.

– Estão na prateleira. Sentem-se! – mandou Camile.

– Mas quem foi que os arrumou na prateleira? Foi você Camile? – perguntou Alvo empurrando a vassoura de baixo da mesa.

– Não se anime; não estão todos ai. Vocês ainda terão muito trabalho pela frente. Agora sentem e se acalmem. Não digam a profª Duggan que estou aqui.

Camile se escondeu atrás de uma das colunas; quando a profª Duggan entrou ficou satisfeita com o trabalho dos garotos.

– Vejo que souberam se organizar e fazer o tempo render. Podem ir; amanha vocês continuam. Senão fosse uma detenção eu até daria pontos a vocês pelo bom trabalho. Quando a professora saiu os três respiraram aliviados.

– Não acredito que não encontramos nada na sala de Slughorn. – disse Alvo. Escórpio fez sinal para que se calasse; Camile saiu de trás da coluna, mas não tinha uma expressão aliviada.

– Obrigado Camile! Salvou nossas vidas. – disse Rose sorrindo.

– Ainda não acabou. Fiquem calmos. – respondeu Camile voltando a se esconder. Na porta da biblioteca Filch acompanhado da diretora McGonagall e Neville apontavam para os garotos.

– Acompanhem-nos, por favor. – disse a diretora aborrecida.

– De novo? – perguntou Alvo.

– É Sr. Potter! De novo! – respondeu a diretora. – E quantas vezes forem necessárias! Na sala de McGonagall. A profª Duggan, Kassin, Flitwick, Neville e Slughorn os aguardavam.

– A profª Duggan acaba de me dizer que liberou vocês três depois cumprirem boa parte da detenção.

– Sim senhora. – responderam juntos.

– No entanto o Sr. Filch os viu andando pelo castelo.

– Indo na direção do Salão Comunal da Sonserina. – Filch disse com um sorriso maldoso.

– Isso é verdade? – perguntou Neville dirigindo a pergunta a Alvo e Rose.

– Estivemos lá sim. – confirmou Alvo.

– Fazendo o que?

– Escórpio nos convidou para conhecermos. – respondeu Rose.

– Vocês por acaso chegaram ver a estátua do Dragão da Babilônia? – perguntou o prof. Flitwick.

– Sim, o dragão montado por uma mulher. – respondeu Alvo. Rose se perguntava quando Slughorn e McGonagall diriam que estavam expulsos. Então percebeu que se isso acontece não parecia ser tão ruim aquela altura. Só sentia por Camile que os ajudara.

– Srta. Weasley? – insistiu McGonagall.

– Ah, sim é muito feia aquela estátua. Com exceção de Neville, Filch e Slughorn todos na sala olharam para o chão disfarçando a vontade de rir.

– A beleza da peça não esta em discussão aqui. – Slughorn disse zangado. – O fato é que ela sumiu.

– E vocês confirmaram que estiveram lá. – guinchou Filch.

– A que horas estiveram lá? – perguntou a profª Duggan.

– Saímos para almoçar e passamos por lá. – respondeu Alvo.

– Crianças, a profª Duggan nos disse que vocês cumpriram boa parte da detenção, mas sabemos que foram mais de uma vez ao Salão da Sonserina. – disse Flitwick.

– Eles pegaram. – Filch gritou agitado. Alvo se lembrava bem da estátua, mas não tinha reparado nela quando voltaram da sala de Slughorn. Escórpio parecia pensar a mesma coisa.

– Os senhores pensam que a pegamos? O que faríamos com ela? – Alvo perguntou a diretora e aos professores.

– A mesma coisa que fizeram a taça da Grifinória! – gritou Filch.

– Diretora, é óbvio que a visita de Alvo e Rose ao Salão da Sonserina é influência de Escórpio Malfoy. No mínimo ele queria tirá-los do cumprimento da detenção. – Neville disse olhando desconfiado para Escórpio.

– Elizabeth, você confirma que eles cumpriram boa parte da detenção?

– Confirmo diretora. – a profª Duggan disse com firmeza.

– E Madame Pince? Ela não deveria estar aqui pra confirmar isso também? – perguntou Neville ainda olhando fixo para Escórpio.

– Madame Pince é mais ligada aos livros do que a pessoas. – respondeu a diretora. – Podem ir. Não contém o que aconteceu para ninguém estão ouvindo? E isso não é um pedido.

– A senhora não vai nem tirar pontos deles? – perguntou Filch surpreso.

– Não por enquanto. Kassin os acompanhe até o Salão Principal e volte o mais rápido possível.

– Outra busca! – bufou Slughorn.

Acompanhados por Kassin os três entraram no Salão Principal cheio de alunos trocando informações sobre a visita a Hogsmeade. Alvo viu Victorie desembrulhando muitos doces e distribuindo para os amigos. Não conseguiu localizar o irmão e nem Camile.

– Sentem-se um minuto. – pediu Kassin.

– Não acredito que suspeitam que pegamos aquela coisa feia! O senhor acredita em nós, não é? – Rose perguntou.

– Srta. Weasley aquela coisa feia é uma peça valiosa e está desaparecida junto com a Taça da Grifinória são peças muito importantes para escola! No começo até suspeitaram que vocês dois tivessem pegado a taça para se vingarem de um dia ruim.

– Mas não conseguiram achar e acabaram mudando de idéia. – disse Rose sorrindo.

– Vocês não pegaram a taça, pegaram? – perguntou Kassin encarando os meninos.

– Não professor! – respondeu Escórpio. Alvo nem disse nada.

– Viram alguma coisa estranha nos outros lugares do castelo que andaram hoje? Alguma coisa fora do normal?

– Estivemos no Salão Comunal e o resto da tarde na biblioteca professor. – disse Alvo.

Kassin arrepiou os cabelos do garoto.

– Ah é? E desde quando quem passa a tarde na biblioteca fica suado desse jeito? Alvo tentou ajeitar os cabelos; gostava que ficassem no lugar. – Sei que não pegaram a taça, mas também sei que não fizeram exatamente o que disseram que fizeram.

Alvo se sentiu culpado. Convenceu os amigos a roubar Pó de Flu de Hagrid e a entrarem na sala de Slughorn e quase foram pegos. Flitwick chamou por Kassin.

– Tomem cuidado... – disse o professor saindo ao encontro com miudinho professor de Feitiços. Camile apareceu depois de algum tempo e os garotos, contrariando as recomendações de McGonagall, contaram o que tinha acontecido. A garota ouviu a tudo em silêncio observando a mesa quase vazia dos professores.

– Deve ter acontecido mais alguma coisa depois que vocês saíram. Prestem atenção no Longbottom e na profª. Duggan juntos dos outros professores.

– Parecem zangados – observou Rose – um com o outro?

– Ouvi boatos que os dois se encontraram hoje em Hogsmeade; na pousada Madame Rosmerta. – Camile disse rindo, mas parou diante do olhar confuso dos garotos.

– O que tem isso? – Alvo perguntou.

– Nada... A Srta. Duggan deve ter ficado uma fera quando Longbottom não acreditou que vocês passaram a tarde na biblioteca cumprindo a detenção.

– E vejam Slughorn. – comentou Escórpio. – Ele estava mal humorado na sala, mas agora parece tranqüilo.

– Slughorn é assim em público; já ouvi mamãe e papai comentando sobre isso. – respondeu Rose.

– Camile, mais uma vez obrigado! Você foi incrível! – disse Alvo. – Se tiver alguma coisa que possamos fazer por você...

– Sim, tem uma coisa bem simples: estejam na biblioteca amanha para acabarem de cumprir a detenção e dessa vez não saiam de lá!

– Faremos o possível... – disse Rose.


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