A Nova Geração - Hogwarts ano I escrita por Nah


Capítulo 1
Santuário




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Desde que chegaram a Hogwarts Rose Weasley e Alvo Potter eram vistos sempre juntos. Ambos tinha ido para a Grifinória, mas apesar da festa que participaram na noite da seleção a presença dos dois era rara em outros eventos da escola. Alvo tinha sido convidado para o teste para o novo apanhador do time da Grifinória, mas ainda não havia confirmado se participaria.

– Uma hora você vai ter que dizer a eles que não que ser apanhador. – disse Rose caminhando com o primo para o jardim do castelo. – Já pensou em contar a verdade?

– Talvez eu faça o teste Rose; talvez até passe. – respondeu o garoto se sentando embaixo de uma árvore.

– Você não gosta de ser apanhador Alvo! Você gosta de ser goleiro como meu pai! Tiago não teve problemas em dizer que queria ser batedor.

– Tiago não é a cara do meu pai. Todo mundo que me olha vê a imagem de Harry Potter! Já me disseram até para não pentear o cabelo.

– Não faça isso. O seu corte de cabelo é bem melhor que o do tio Harry.

O primo riu e se ajeitou para ler.

– Você entende o que estou falando Rose. Até agora foram poucas as aulas que algum professor não lhe fez alguma pergunta esperando a resposta certa. A aula praticamente não começa sem isso! Por sorte você sabe tudo.

– Eu não sei tudo! Eu estudo como você e os outros!

Ouviram passos; Tiago Potter os encontrou.

– Oi sumidos! Como estão?

– Muito bem Tiago. – respondeu Rose. – O que faz por aqui? Você não tem aula agora?

– Tenho, mas o dia está pedindo um descanso. A brisa, essa garrafa de suco de abóbora gelado... Tiago se jogou na grama, abriu a garrafa e quase tomou tudo num gole só. – Em nome de todos os alunos que morrem de tédio na sala do prof. Binns! – disse dando um enorme arroto.

– Você está cabulando. – concluiu Rose. Alvo não disse nada.

– Minha primeira aula hoje foi História da Magia; não tenho força para mais nada hoje. Talvez quadribol se não estiver muito calor mais tarde. Escute Alvo: não consigo mais desculpas para você não aparecer nos testes para apanhador! Sabia que ainda não escolhemos nenhum? Enquanto você não confirmar sua ilustre presença o capitão do time suspendeu todos os testes.

– Você é amigo dele Tiago; você disse a ele que eu faria o teste sem me consultar!

– E você está atrasando todo o esquema de treinamento. Sabe que os alunos do primeiro ano não podem fazer o teste. Papai foi uma exceção e consegui que você fosse a segunda! Como não pode dar importância a isso?

– Você da importância por nós dois.

– Eu também sofro com comparações, mas não dou a mínima!

Rose encarou o primo e disse sem rodeios:

– Você não liga porque gosta de ser comparado ao seu avô, tio Jorge e Fred. Senão fosse por isso você estaria na aula agora.

– Você gosta de estudar, mamãe sempre diz isso.– disse Alvo sorrindo.

– Blasfêmia. Eu sou um Maroto e um Weasley! – respondeu Tiago com rispidez.

– Bom, temos que voltar... – disse Alvo pegando os livros.

– Não se preocupe em perder o próximo teste mano. Eu mesmo o avisarei.

– Ok, estarei esperando...

Os primos pegaram o caminho para o castelo.

– Obrigado pelo apoio Rose.

– Talvez ele tenha razão Alvo, talvez se a gente não ligar as coisas melhorem.

Quando chegaram as masmorras a turma da Sonserina com quem dividiam a aula de Poções já tinha entrado. O professor ainda era Slughorn. Rose e Alvo sentaram na última fileira. Encostado na parede quase escondido estava Escórpio Malfoy.

– A Poção do Morto Vivo, um clássico das poções; Srta. Granger poderia dizer os ingredientes da poção?

– Weasley. – disse Rose corando quando todos se viraram para olhá-la.

– Perdão?

– Srta. Weasley. – repetiu Rose.

– Deus é verdade! Granger é o nome da sua mãe. Vocês são tão parecidas. Agora os ingredientes, por favor, e fique de pé. Rose se levantou e disse pausadamente o nome de cada ingrediente. Para sua surpresa alguns colegas realmente prestavam atenção em suas palavras. Durante toda a aula passaram a consultar Rose para toda e qualquer duvida. Quando a sineta tocou a garota mal terminara sua própria poção mesmo assim Slughorn lhe deu cinco pontos. Alvo esperava a prima, mas Rose deu meia volta e foi conversar com Slughorn.

– Sobre a aula de hoje... os pontos que o senhor me deu.

– A senhorita ajudou pelo menos a metade da classe a terminar. Levei isso em consideração Srta. Granger.

– Weasley, Srta. Weasley!

– Achou a pontuação baixa?

– Senhor, acontece que não terminei a minha poção. Slughorn encarou Rose sem entender. – Bobagem minha cara; essa poção você tiraria de letra!

– Só quero ter certeza de merecer os pontos que ganhar. – disse Rose impaciente.

– Está questionando meu julgamento Srta. Weasley? Rose corou levemente e Slughorn completou: – Pois seria o que sua mãe teria feito se achasse que houve uma injustiça. Dez pontos para Grifinória. Tenha uma boa tarde.

– Eu disse Srta. Granger...

– Cale a boca Alvo! Sr. Potter...

Com algumas exceções as aulas seguiram com Rose em pé explicando passo a passo alguma coisa ou dando alguma informação adicional.

– Não ligue, você se acostuma. – Alvo continuou a brincar com a prima.

No dia seguinte os primos deixaram o Salão Comunal logo cedo.

– Temos um período livre. – disse Alvo. – Vamos à biblioteca?

– Você sabe que é o último lugar onde Tiago vai estar. Não adianta se esconder dele, vocês se encontram no dormitório, não?

– Eu finjo que estou dormindo. Depois que eu o mordi feio no braço ele não se atreveu mais a me acordar de repente. Não sei porque fiz aquilo, mas funcionou... – Alvo respondeu rindo. – E você como se livra de Victoire?

– Lendo. Ela está sempre rodeada de amigos; todos mais velhos. Eu não tenho o que conversar com eles e se falam comigo logo perguntam da minha mãe.

Rose olhou para a mesa da Grifinória no Salão Principal. Vários grupos se formavam; alguns olhavam para ela e Alvo, mas ninguém legal os convidava para sentar.

– Vamos à biblioteca então – disse desanimada apanhando uma maçã da mesa. Àquela hora do dia havia poucas pessoas na biblioteca. Dois ou três alunos da Lufa-Lufa e dois da Corvinal; a surpresa para os garotos foi encontrar Escórpio Malfoy lendo em uma das mesas. Rose e Alvo viram um grupo de alunos mais velhos da Sonserina entrarem apressados e formarem um circulo em volta do garoto. Filch, o eterno zelador de Hogwarts, entrou logo atrás aos berros e nem Madame Pince conseguiu fazê-lo falar mais baixo. O grupo da Sonserina desapareceu e Filch pegou Escórpio pelas vestes.

– Eu sabia que você estava tramando alguma coisa com esses seus amigos!

– Eu? Não fiz nada. – respondeu Escórpio tentando se livrar.

– Seus amigos estouraram vasos no banheiro lá de baixo. Foi por ordem sua? Não minta pra mim seu rascunho de comensal!

– Ah, sim claro. É assim que começamos. Estourar privadas faz parte do currículo de qualquer bruxo das trevas que se preze. Rose e Alvo riram; era a primeira vez que ouviam a voz de Escórpio. Filch, mais zangado ainda, o arrastou para fora da biblioteca. Madame Pince saiu apressada atrás deles. Quando saíram para o corredor Rose e Alvo a encontraram voltando com o livro que Escórpio estava lendo na mão.

– Ele saiu e carregou o livro sem autorização. – explicou a crianças.

– Ele está bem? – perguntou Rose espantada com os modos de Filch.

– Não sei menina! Fui atrás do livro! Filch o levou para sala da diretora McGonagall. Ele terá o que merece lá.

– Escórpio estava aqui antes de chegarmos.

– Rose, ele pode ter mandado os capangas fazerem o serviço. – disse Alvo.

– Não sei. Ele pareceu muito surpreso.

– Provavelmente aqueles idiotas estouraram a privada, foram pegos e vierem pedir cobertura. Deixa isso pra lá! – disse Alvo.

Depois de um rápido almoço Rose e Alvo voltaram ao jardim decorar nomes de duendes pra aula de Historia da Magia.

– Como pode haver tantos duendes em todas as partes de Historia da Magia? – Alvo perguntou a prima. – Eles são tão pequenos! Como alguém os notou a ponto de escrever um capitulo inteiro sobre eles? Rose ouviu alguma coisa bem perto deles. – Acha que é um duende? – brincou Alvo.

– Só se ele achou graça no que você disse. Ouvi um riso...

– Ah, fui eu. De trás de uma árvore um braço acenou para Rose e Alvo.

– E você é...? – Alvo perguntou, mas Rose reconheceu a voz.

– Escórpio. Como foi com McGonagall?

– Ela não acreditou muito em mim, mas como não tinha provas me deixou ir.

– Você fez? – perguntou Rose.

– Não.

– Você diria se tivesse feito? – perguntou Alvo.

– Seria uma coisa idiota de fazer... Estourar uma privada do banheiro do meu dormitório.

– De qualquer forma não nos interessa. – disse Alvo e olhou para Rose pedindo que encerrasse a conversa.

– Vimos você na biblioteca. – continuou a garota.

– Vi vocês também. E também já os vi por aqui.

– É nosso lugar favorito depois da casa do Hagrid, é claro.

– O meio gigante...

– Hagrid é o Guardião das Chaves e Terrenos de Hogwarts!

– Eu sei.

– Se sabe por que não disse? Por que o chamou de meio gigante primeiro?

– Você não me deixou terminar! O Guardião das Chaves e Terrenos! Ele é mesmo meio gigante, não é?

– Sim... Depois daqui a casa dele é nosso lugar favorito!

– Você já disse isso. Alvo levantou a cabeça só para ver a expressão desconcertada de Rose com a resposta de Escórpio.

– Ele tem mesmo um Hipogrifo? – perguntou Escórpio.

– Asafugaz, mas ele está na Floresta Proibida agora; época de acasalamento.

– Podemos voltar ao que estávamos fazendo, por favor, Rose? – pediu Alvo e Rose reabriu o livro de Historia de Magia em silêncio. Após alguns minutos perguntou a Escórpio em que parte do dever o garoto estava.

– Ah, Rose, puxa vida... – murmurou Alvo.

– Primeiro parágrafo da Batalha de Lester, o rançoso. – respondeu Escórpio depressa. – Ele é quase invisível de tão pequeno!

– Página quarenta, estou vendo! Sabia que Lester tinha medo de besouros d’água?

– Está perguntando pra mim ou pra ele? – Alvo resmungou.

– Desculpe... – Rose abaixou a voz – mas ele é a primeira pessoa que fala com a gente hoje que não fez perguntas idiotas sobre mamãe ou o tio Harry. Alvo fez uma expressão de duvida muito engraçada.

– Por que será? Ah, já sei! Ele é filho de Draco Malfoy! Não sei você, mas eu acho que ele não se interessa em saber dos nossos pais.

– Eu gostaria de conversar com outra pessoa pra variar...

– Obrigado Rose!

– Você sabe o que eu quis dizer!

– Eu sei, mas de todas as pessoas do mundo! Qual é?

Após algum tempo Rose parou novamente de ler e ficou observando o vento nas folhas das árvores. Esticou o pescoço e viu Escórpio se movimentando embaixo da árvore; uma pilha de livros do lado. O garoto colocou Historia da Magia de volta a pilha e pegou o Guia da Transfiguração para Principiantes.

– Já acabou História da Magia? – Rose deixou escapar. Escórpio se virou e Rose se encolheu.

– Vou começar os deveres de Transfiguração só para você saber! – anunciou Escórpio.

– Bom pra você! – respondeu Rose corada. Alvo a olhava zangado, mas quando a prima se virou para prestar atenção no que Escórpio estava dizendo começou a rir.

– Não é minha matéria favorita. – disse Escórpio.

– É a melhor matéria! O professor Kassin ensina muito bem!

– Se ele fosse o professor de Feitiços, essa seria sua matéria favorita?

– Não!

– Acho que Kassin pode dar aulas de como depenar galinhas que todas as garotas da escola fariam fila na porta da sala dele. – disse Alvo. Escórpio deu uma gargalhada.

– Ah sim! Agora você quer conversar? – perguntou Rose zangada ao primo.

– Foi só um comentário oras... – respondeu Alvo encolhendo os ombros.

Rose se esticou de novo para ver Escórpio. O garoto tentava transfigurar uma pedra pequena. De repente ele se virou e ela não conseguiu voltar para o lugar a tempo.

– Se você quiser alguma dica é só dizer!

– Não preciso de dicas, muito obrigada!

– Desculpe, você ainda deve estar no dever de Historia da Magia. Quando começar Transfiguração avise. Alvo deu uma tossida para disfarçar outra risada.

– Como você sabe que eu não terminei meu dever de Transfiguração? – perguntou Rose.

– Por que é melhor começar pelo pior e não tem nada pior do que Historia da Magia.

– Verdade. – disse Alvo. – Será que Binns sabe que está morto? Será que ele nunca percebeu que nunca mais sentiu fome ou vontade ir ao banheiro?

– Talvez ele já fosse assim quando estava vivo. – disse Escórpio. Os três começaram a rir.

– Dá pra você sair daí para conversarmos direito Escórpio! – Rose disse impaciente.

– Venha até aqui você. Escórpio estava sentado muito à vontade e ficou surpreso quando Rose apareceu em sua frente. A primeira coisa que lhe veio à cabeça quando a garota o encarou foi explicar.

– Não mandei aqueles idiotas fazerem aquilo.

– O que eles faziam de volta de você então?

– Queria que eu os ajudasse a escapar. Pela honra da nossa Casa.

– Eu disse. – Alvo surgiu atrás da prima.

– Queriam instruções.

– Por que não os ajudou?

– Minha Casa não merece um vaso explodido em seu nome. Eu nem converso com aqueles idiotas.

– Por que não os entregou?

– Não sou dedo duro! Filch que descubra sozinho se é tão esperto!

– Podemos dizer a McGonagall que vimos você na biblioteca. Você chegou antes de nós lá. Alvo balançou a cabeça reprovando a intenção da prima.

– Não precisa. – respondeu Escórpio sem graça. – Eu me viro.

– E seus colegas de Casa?

– Eu me viro com eles também, obrigado.

– Ótimo, vamos Rose.

Os primos deixaram Escórpio embaixo de sua árvore.

– Que ideia é essa de ajudar o Malfoy?

– Ele disse a verdade. Não ajudou aqueles idiotas.

– Como você sabe?

– Ele está com as mesmas roupas de ontem. Com certeza teve problemas no dormitório com aqueles idiotas.

Alvo olhou para trás, mas não disse nada. Trocar algumas palavras com Escórpio Malfoy não era grande coisa, mas oferecer ajuda já era pedir demais. Alvo carregou a prima para estudarem em outro lugar nos dias seguintes. Rose o seguia protestando.

– Mas aquele é nosso lugar favorito!

– Não é mais o nosso lugar.

– Toda vez que alguém chegar vamos nos mudar?

– Se for preciso, a escola é bem grande! Rose... Eu sei que está chateada; eu também esperava fazer amigos, mas todo mundo aqui nos trata esquisito. Vamos achar outro lugar para podermos praticar e ficar em paz, está bem?

Durante a semana todas as aulas que Grifinória e Sonserina tiveram juntas; Rose e Alvo observaram que Escórpio não estava passando por bons momentos. O garoto tentava de todo modo esconder o amassado de suas roupas. Durante a aula de Transfiguração Escórpio fez dupla com uma garota loira e muito grosseira de sua Casa chamada Helgie. No final da aula a menina derrubou um tinteiro de propósito em Escórpio. O garoto foi até o banheiro mais próximo tentar remover a mancha roxa do uniforme. Enquanto usava um feitiço para isso Alvo entrou e parou ao seu lado na pia.

– O que? – Escórpio perguntou mal humorado.

– Conseguiu tirar a mancha? – perguntou Alvo entrando em um dos reservados.

– Não foi tão difícil.

– Ela podia ter usado um feitiço fixador daria mais trabalho.

– Sorte minha ela não ser a garota mais inteligente do nosso ano.

– Por que ficou com ela?

– Devem estar perguntando a mesma coisa para ela. Escórpio entrou no reservado ao lado. A porta do banheiro se abriu e Tiago entrou e esperou o irmão sair.

– O seu teste será amanha às onze. Sem desculpas ou atrasos.

– Não Tiago.

– Você é o apanhador desse ano! Não sei por que está fazendo tanto drama!

– Sou melhor goleiro do que apanhador. Ano que vem eu faço o teste para posição que... Tiago abaixou a voz e se aproximou do irmão.

– Todos esperam que você jogue como apanhador. Consegui dispensar os melhores candidatos pra você poder fazer o teste sossegado. Vai ser fácil.

– Você fez o que?

– Eles não iriam entrar no time de qualquer maneira! As garotas eram muito feias ou os caras muito esquisitos.

– Isso é desonesto! Não vou participar disto!

– Não seja um bebê. Será que pode parar de se esconder e encarar alguma coisa?

– Você está fazendo isso só para ser popular. Como tio Fred e Jorge! Como vovô! Alvo se afastou do irmão, mas Tiago o pegou pelo braço.

– Escrevi a papai afirmando que você vai jogar de apanhador esse ano. Você não vai furar comigo ou pior... com ele! Quando Tiago saiu do banheiro deixou Alvo encarando demoradamente seu reflexo no espelho. Todo mundo dizia o quanto era parecido com o pai. Na plataforma, no dia do embarque, o pai disse que não faria diferença se ele fosse para Sonserina, mas seria tão compreensivo se soubesse que ele estava evitando os testes? A imagem de Escórpio se formou do lado dele. De cabeça baixa Alvo começou a lavar as mãos. Era óbvio que Escórpio ouvira a conversa. Não deixava de ser irônico; os filhos de dois antigos rivais ambos em momentos constrangedores. Nessas horas não se diz nada além de coisas banais.

– Então você gosta de ser goleiro? – perguntou Escórpio enxugando as mãos. – Eu sou batedor.

– Seu pai não foi apanhador também?

– Foi, mas eu não quis.

– Ele não se importa?

– Não, ele até gostou. Acho que ele não era muito bom, sabe?

Alvo riu, mas logo a conversa com irmão voltou aos seus pensamentos; ele imaginou se Escórpio não diria a alguém que o teste para apanhador estava armado e o quanto isso prejudicaria Tiago.

– Você e sua prima não voltaram mais para o jardim.

– É estamos...

– Me evitando.

– É, quero dizer, estamos evitando todo mundo.

– Tudo bem. Alvo se sentiu pior com a resposta de Escórpio. Não estava tudo bem, aliás, nada ia bem.

– Rose comentou que você foi a primeira pessoa que trocou mais de duas palavras com a gente sem mencionar meu pai ou os pais dela.

– É, e vocês também não me perguntaram como é ter um pai ex-Comensal da Morte. Por que é igual a ter um pai que não é um ex-Comensal da morte. Entende?

– Claro. Deve ser parecido como ter um pai que não participou da Ordem da Fênix. Os dois garotos começaram a rir.

– Bom, a gente se vê por aí. – disse Escórpio empurrando a porta do banheiro.

– Espere, depois que você saiu o Kassin deu mais algumas instruções e Rose pode dizer a você; ela sabe tudo o que ele diz.

– É, seria legal.

– Legal. Então, escute sobre meu irmão. Eu não vou participar seja do que for que ele armou.

– Esquece, não é da minha conta e sua prima se ofereceu para falar com McGonagall pra livrar minha cara. Então... esquece.

– É diferente! Você era inocente e meu irmão não! – Alvo disse muito sério.

– Vamos lá pra fora... Preciso de ar puro.

Os dois garotos mal saíram no corredor e Rose apareceu afobada entre eles.

– O que aconteceu? – perguntou Alvo.

– Uma turma está atrás de mim para formar um grupo de estudo. Virei uma biblioteca ambulante! Ah, olá Escórpio.

– Oi. – respondeu o garoto.

– Que idéia daquela garota jogar tinta em você! – disse Rose ofegante. – Ainda por causa da explosão do vaso?

– Ainda...

– Que besteira! Estamos quase no jardim então podemos correr.

– Você corre? – Escórpio perguntou a Rose.

– Minha mãe sabia correr se é o que está pensando! Você acha que não posso acompanhá-lo? Te dou até uma vantagem se quiser espertinho!

– É porque eu sou muito rápido! – justificou Escórpio.

O grupo que vinha atrás dos garotos foi interceptado por uma monitora da Grifinória e eles puderam andar mais devagar.

– Vamos apostar até o carvalho então! – disse Alvo – Quem chegar lá primeiro... O garoto saiu correndo deixando Rose e Escórpio pra trás.

– Ei, isso não vale! – Rose gritou para o primo. Ela e Escórpio dispararam atrás dele pelos jardins de Hogwarts.

O professor de Herbologia e diretor da Grifinória, Neville Longbottom gostava de verificar as estufas todas as manhas deixando tudo preparado para as aulas do dia. Naquele dia, no entanto, ele resolveu demorar um pouco mais. Fazia exatamente um mês que sua avó falecera deixando para o único neto todo seu dinheiro; mesmo assim Neville decidiu continuar vivendo e ensinando em Hogwarts. Seus pais continuavam no St. Mungus e recebiam sempre a visita filho assim como dos amigos Harry, Gina, Rony e Hermione. Luna quando estava no país também não deixava de acompanhá-lo. Apesar disso Neville se sentia solitário e começava a refletir sobre o futuro. Embora faltassem muitos anos, não se via numa situação diferente de sua mentora, a professora Sprout, que passara a vida em Hogwarts e agora aposentada parecia completamente perdida.

Durante as férias de verão Neville viajou até o Peru em busca de sementes de uma das flores mais raras do mundo bruxo: as Flores Astrais. Conseguiu uma caixa de sementes na cidade de Iquitos que chegaram a Hogwarts sob seus cuidados. Enquanto examinava pela milésima vez as sementes e os vasos em que ficariam teve a sensação de não estar sozinho. Em Hogwarts onde circulavam muitos fantasmas era até comum não estar realmente sozinho, mas a sensação foi acompanhada de um estranho barulho. Neville olhou por de baixo das bancadas, mas não viu ou ouviu mais nada; chegou a pensar que fosse seu estomago já que ainda não tinha tomado café. Com um aceno de varinha abriu as janelas; o belo dia de sol pareceu ainda mais claro. No Salão Principal ocupou seu lugar. No centro a diretora McGonagall; os antigos e os novos professores de Hogwarts. Angus Kassin substituto de Minerva McGonagall em Transfiguração; ao lado dele a mais jovem professora a entrar para o quadro da escola em séculos: Elizabeth Duggan professora de Defesa Contra Artes das Trevas. Ambos estavam em Hogwarts há pouco tempo e já eram muito populares entre os alunos. Kassin conseguira o feito de ser o único professor não formado na escola a dar aulas para todas as Casas do primeiro anos juntas. Depois do café McGonagall pediu que Neville fosse a sua sala para e explicar como os alunos iriam cuidar das Flores Astrais.

– Uma curiosa flor que só abre a noite em cores diferentes dependendo da Lua e com grande poder medicinal diretora. Cada ano estudará um estágio do desenvolvimento. Neville reparou que a atenção da diretora se voltou para o jardim do castelo – é importante lembrar que essas flores não podem ser tocadas durante o dia.

– Ótimo. Alvo Potter fará o teste para apanhador hoje.

– Eu quero estar presente.

– Não sei se fiz certo em permitir isso – disse a diretora ainda olhando o jardim. – Não conversei com o menino ainda ou com a prima...O capitão do time de é Aaron Wood sobrinho de Olivio Wood; sinceramente achei isso um tanto simbolico.

Por um momento veio à mente de Neville o lembrol que Harry ajudara a recuperar das mãos de Draco Malfoy no primeiro ano; Harry se tornara apanhador depois desse episódio. Só então Neville se lembrou que o filho de Draco também freqüentava a escola; a imagem de Draco em miniatura não era uma boa lembrança. Neville evitava qualquer contato com o garoto durante as aulas. A diretora McGonagall ainda observava o jardim e dizia alguma que, Neville perdido em pensamentos e lembranças, não prestou atenção.

– Enfim, o salário de professor não é nem nunca foi um atrativo.

– É verdade. – Neville disse automaticamente.

– Em breve teremos novas matérias e novos livros especialmente sobre criaturas mágicas.

– Luna está felicíssima. Hermione também! O trabalho de ambas, embora com suas diferenças, é extraordinário.

O Prof. Kassin entrou na sala.

– Bom dia diretora McGonagall. Olá Neville! Estava pensando se os alunos podem ser dispensados para acompanhar o teste de Alvo Potter para apanhador. Estão todos muito agitados.

– Alunos ficam sempre agitados com a idéia de matar aula Kassin. – respondeu a diretora. – Não se deixe influenciar por eles. Só os alunos da Grifinória acompanharão o teste.

– Sim senhora.

– Me dêem licença agora cavalheiros. O ano está só começando e Filch e Pirraça já estão... Tenham um bom dia com boas aulas.

Neville e Kassin saíram em silêncio. Quando chegaram ao corredor onde os alunos estavam fazendo hora antes de entrarem para as aulas. Kassin perguntou:

– Por que será que McGonagall não gosta de mim?

– Talvez seja porque você goste de matar aula tanto quanto os alunos! – Neville respondeu rindo.

– Será porque não estudei em Hogwarts?

– McGonagall não tem esse tipo de preconceito Kassin. Se você não fosse muito bom ela não permitiria nem que se candidatasse a vaga. Lançaria uma azaração na sua ficha de inscrição.

– Não sou bom o bastante pelo que parece.

– Você dá a aula que ela deu por anos. Talvez ela sinta falta, sei lá.

– Ela tem ciúmes das minhas aulas?

– Não sei, talvez ela simplesmente não goste de você afinal.

– Obrigado Neville. Você vai assistir o teste?

– De camarote.

– Sortudo. Ninguém vai prestar atenção em nada que eu disser hoje.

– As garotas sempre prestam atenção em você.

– Só uma que não: Elizabeth. Neville riu sem graça. Kassin vivia dizendo que Elizabeth Duggan tinha uma queda por ele, mas nunca tiveram um encontro ou muito menos uma conversa a respeito. A professora não era exatamente bonita, mas tinha alguma coisa que a tornava interessante pensou Neville. Talvez os belos olhos castanhos, a inteligência, ou, o fato de ser a única mulher em Hogwarts com menos de cinqüenta anos.

– A convide para um passeio em Hogsmeade. – sugeriu Kassin.

– Não sei. Você iria junto?

– Sim, claro! Vou convidar McGonagall e faremos uma farra na pousada de Madame Rosmerta!

– Feito! – disse Neville rindo e apertando a mão do amigo.

– Quer ver o teste de apanhador também para conferir se Alvo Potter voa tão bem como o pai?

– Só sei que Harry Potter voa bem de ouvir falar. Você conhece o menino, o que acha?

– Convivemos pouco; só o vi em visitas a casa dos Potter. Ele era uma criança e eu não pude fazer muita coisa a não ser tentar não derrubá-lo. Depois só poucas conversas sobre...

– Plantas? Como as estufas são legais? E que você praticamente mora dentro delas?

– Posso conversar sobre outros assuntos! – protestou Neville.

– Tente mudar um pouco o foco quando estiver falando com Elizabeth.

– Não sei exatamente o que dizer a ela.

– Pense! Ela está vindo! Neville olhou para trás, mas não havia sinal da professora; só alunos a caminho das estufas para a primeira aula do dia. Ouviu a gargalhada de Kassin ao fundo.

– Está certo sobre McGonagall!

Às onze horas Alvo estava no centro do campo de quadribol nervoso e confuso. Se entrasse para o time não seria por mérito algum. Rose e Escórpio conversaram muito tempo sobre possíveis alternativas para livrá-lo desse dilema, mas não chegaram a nenhuma conclusão. Tiago estava reunido com Madame Hooch e o capitão da Grifinória. Quando a reunião acabou veio em sua direção.

– Madame Hooch convocou os candidatos que ajudei a dispensar! Ela achou que os candidatos que ajudei o capitão a selecionar para o teste de hoje muito fracos. Acho que ela duvidou da minha imparcialidade.

– Então o teste será pra valer?

– Ainda posso ajudá-lo. Vou me posicionar bem ali e posso azarar o cara que vai voar com você.

– Fique fora disso Tiago!

– Tá bom, seu ingrato! Você vai ter que usar uma das vassouras tartaruga da escola. Tente não quebrar o pescoço!

Alvo correu até Rose para contar que a armação de Tiago não tinha dado certo.

– Madame Hooch sacou a dele... Acho que ele me acha um fracassado.

– Não diga isso! Afinal você vai tentar!

– Vou! E vou fazer o possível. – disse Alvo ansioso.

Depois de desejar boa sorte ao primo Rose foi falar com Tiago na beira do campo.

– Que idéia é essa de trapacear no teste? – perguntou zangada.

– Lembra que meu pai contou ter colocado Félix Felicis no suco do seu pai e era mentira? – Lembro.

– Tio Rony jogou muito bem aquele dia, não foi? Eu disse a Alvo que armei o teste, mas é Madame Hooch é que têm supervisionado os testes para justamente evitar protecionismo dos capitães. Você deveria estar mais atenta ao que acontece na escola. Está no mural no Salão Comunal desde o começo do ano.

– Não acredito que fez isso com Alvo!

– Alvo voa bem e se levar a serio pode até se dar bem nos testes. Acredito nele.

– Então porque não disse a ele? Você o pressionou esse tempo todo! Disse que escreveu para o tio Harry!

– Para deixá-lo como ele está hoje! Fulo da vida comigo e doido pra mostrar serviço. Agora que sabe que todos têm chances iguais ele vai tentar pra valer!

– Você é doido Tiago. Tiago abraçou Rose a caminho da arquibancada.

– Doido por quadribol prima!

Madame Hooch avisou que o teste era simples: localizar o pomo e trazê-lo até as mãos dela. Dois apanhadores de cada vez; os melhores de cada bateria ficariam para a final. No campo só ela e os quatro candidatos a apanhadores. Alvo e um garoto muito alto do terceiro ano seriam os primeiros. Alvo olhou para arquibancada e viu Victorie e Rose sorrindo para ele. Tiago estava com elas, mas não lhe fez nenhum sinal. Alvo montou a desconfortável vassoura que a professora lhe passou. A montada pelo seu adversário não parecia melhor.

– Vou abrir a caixa, e quando soar o apito vocês decolam. Assim que Madame Hooch abriu a caixa o pomo parou na frente dos garotos e sumiu de vista num segundo. – Já! Alvo subiu bem mais alto que o adversário. Ambos ficaram parados no alto olhando o campo. O garoto herdara a boa visão da mãe; observava a paisagem atentamente e não demorou muito para avistar um pequeno ponto luminoso a uns quinze metros de distancia a poucos metros do chão. Deu impulso na vassoura para partir em direção ao pomo, mas a vassoura era lenta demais. Isso deu tempo para que o outro garoto conseguisse localizar o pomo e sair em sua captura. Felizmente o pomo não ficou parado e logo sumiu de vista novamente. Tiago na arquibancada disse um palavrão. Alvo percebeu que a vassoura não ganhara velocidade porque ficou parado nela muito tempo. Entendeu que devia se movimentar e começou a dar voltas no campo enquanto o outro garoto ficava parado.

– Como ele vai ver o pomo desse jeito? – perguntou Victorie.

– O que ele está tentando fazer? – perguntou Hagrid e Rose o localizou embaixo da arquibancada. A tática de Alvo estava dando certo; já conseguia dominar a vassoura alterando velocidade e altura. Bastava localizar novamente o pomo; subiu mais um pouco e viu do outro lado do campo, em cima da linha, a pequena esfera de asas.

– Agora e apontar e descer. – disse a si mesmo. Mas seu adversário já disparara em na mesma direção. Alvo puxou a vassoura para o lado contrario e passou num rasante assustador por cima dos espectadores na arquibancada.

– Que ele está fazendo? – se espantou Neville do lado da diretora McGonagall. Foi por pouco que o adversário de Alvo não chegou ao pomo; que voltou a se movimentar e subiu. Alvo que vinha descendo freou a vassoura e num movimento de goleiro se esticou inteiro preso a vassoura pelas pernas e o pegou.

– Ele pegou! Ele pegou o pomo! – Tiago gritou pra todos. – Foi a captura mais incrível até agora! – disse puxando o irmão do meio de todos.

– Venha tomar um pouco de água! Daqui alguns minutos você vai voar de novo. – disse Rose ofegante.

Tiago encarava o irmão e parecia querer dizer muitas coisas ao mesmo tempo. Madame Hooch chamou Alvo e um garoto de cabelos espetados do segundo ano chamado John. O garoto estendeu a mão para ele.

– Mesmas regras. Boa sorte meninos! Ao som do apito Alvo e o garoto e decolaram. Ficaram quase na mesma altura. E viram o pomo subir e os dois partiram atrás. Já passava do meio dia e quanto mais subia mais quente ficava; sem contar que o pomo fez questão de ir em direção ao Sol deixando os olhos de Alvo ardendo. Ele só conseguia ver uma pintinha a sua frente. John vinha bem do seu lado com o braço estendido, então as vassouras simplesmente pararam num tranco fazendo que os dois se soltassem delas. Abanando os braços os dois se viram soltos no ar; Alvo conseguiu se segurar, mas John despencou em queda livre. Já montado Alvo desceu e o pegou pelas vestes e conseguiu acomodá-lo a sua frente na vassoura. O pomo de ouro estava parado a frente deles, mas Alvo estava ocupado segurando John; garoto seguro por Alvo simplesmente estendeu a mão livre e o pegou. Assim que desceu John entregou o pomo a Madame Hooch, mas contou tudo o que acontecera no céu. A professora então se juntou a diretora McGonagall e para decidir o que seria feito. Alvo não quis ficar para saber o resultado e foi andando com Tiago e Rose atrás.

– Você salvou a vida dele! – gritava Tiago.

– A regra era quem entregasse o pomo para Madame Hooch ele entregou. Ele é o apanhador.

– Você foi incrível Alvo! – Rose disse andando e saltando ao lado do primo.

– Não importa.

– Tiago tem razão: você salvou a vida dele! Foi tão corajoso quanto...

– Não diga! – Alvo se virou para a prima. – Não diga que fui igual meu pai. Não você Rose!

– Desculpe, eu não queria...

Neville os mandou parar.

– John disse que você merece a vaga Alvo. Parabéns! Você é o apanhador da Grifinória!

Enquanto todos, principalmente Tiago, comemoravam. Alvo tentou conversar com o Neville.

– O senhor tem certeza professor? Quero dizer...

– Absoluta! Não há duvida nenhuma e você ainda ganhou cinqüenta pontos pra a Grifinória. A família de John também vai querer lhe agradecer com certeza. Você tem fibra moral igual a seu pai! Alvo não esperou por outros cumprimentos puxou a prima na direção dos jardins.

– Espere Alvo, você tem que conversar com Tiago. Ele tem uma coisa importante para te dizer. Quando chegaram ao jardim Alvo parou pra tomar fôlego e só ali percebeu que ainda segurava a vassoura apertada na mão; se encostou numa árvore e sentiu o estômago começar a doer. Escórpio o aguardava e Rose contou como o primo tinha sido incrível.

– Vamos até o Hagrid. – disse Alvo não querendo esticar o assunto. Escórpio hesitou, mas Rose fez questão que ele os acompanhasse. A recepção de Hagrid não foi das melhores, aliás, passou muito longe de ser ruim. Foi péssima. Aos berros xingando a família Malfoy nem chegou a abrir a porta para os garotos. Rose disse a Escórpio que era uma questão de tempo Hagrid se acostumar com ele.

– Amanha tentaremos de novo. – disse Alvo. Ele, Rose e Escórpio voltaram para junto das árvores onde haviam se conhecido.

– E se ele me expulsar de novo?

– Então voltaremos no outro dia e assim por diante. – disse Rose convicta.

Os três acabaram se divertindo montando a vassoura que Alvo sem querer trouxe com ele e mal levantava voo. Passaram o resto da tarde despreocupados no único lugar que gostavam em Hogwarts.


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