Dear Madness escrita por M Lawliet


Capítulo 4
Presciências à parte


Notas iniciais do capítulo

Olá, aqui é a Lady Watson falando ^u^ *1, 2, 3 testando*
Como prometemos, os capítulos serão postados uma vez por semana, maiores - na medida do possível -, em todas as quartas, podendo haver imprevistos de vez em quando hehehe
Não tive tempo de revisar com calma, então qualquer erro, perdoem x)
Boa leitura.



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Desacreditando em si mesma, a garota voltou para casa à pé.
Os ruídos da cidade a seu redor pareciam ecos distantes: sem vida, sem cor. Sentia a cabeça latejar insistentemente de vez em quando, o que lhe causava certos acidentes no meio do caminho - quase havia sido atropelada por um carro quando uma das pontadas lhe atingira de súbito.

Decidiu, então, parar por um instante, de olhos fechados, encostando-se à parede do estabelecimento mais próximo. Sua respiração descompassada constrastava com a fumaça espessa dos carros nas ruas. O som agora tornava-se mais alto e agudo, como milhares de buzinas ao mesmo tempo dentro de sua mente. Tapou os ouvidos, mesmo que continuasse a ouvi-los.

Era estridente e agonizante, mexendo com seus pensamentos de tal forma que a garota soltou um grito involuntário, sentindo tudo cessar de repente. Abriu os olhos e levantou a cabeça, vendo algumas pessoas passarem e a fitarem com curiosidade, mas ignorou os olhares e, respirando fundo mais uma vez, tentou localizar-se.

O lugar era calmo, com veículos passando distraidamente vez ou outra enquanto alguns transeuntes caminhavam, conversando de forma aleatória ou falando ao telefone. Nathalie observou o estabelecimento ao lado, notando que não era, de fato, algo comercial.

"Desvende seus sonhos e seus segredos... Gostaria de dar uma olhada no futuro?", lia-se na plaquinha de cores escuras com nuances de dourado.

Nathalie mordeu o lábio inferior por um instante, pensativa. Nunca parara para acreditar em coisas do tipo, mas os últimos acontecimentos lhe pareciam tão fantásticos que começava a repensar sobre seus conceitos. Seriam apenas peças pregadas por sua mente ou havia algo mais por trás daquilo tudo?

Decidida, encaminhou-se vagarosamente até a pequena lojinha, empurrando a porta de vidro com calma. No mesmo instante, foi recebida pelo aroma de incenso e canela, junto à estantes cheias de objetos da sorte e penduricalhos coloridos. No centro, havia uma mulher de longos cabelos escuros encaracolados e olhos verdes profundos sentada atrás de uma mesa redonda.

Usava um - aparentemente longo - vestido de cor rubra, tal como o batom, e pulseiras grandes nos dois braços, dando a ela um som metálico quase hipnótico todas as vezes em que se movia.

– Bom dia, querida - a mulher proferiu, esticando os braços para a mais nova um pouco antes de indicar o assento à sua frente. - Por favor.
Nathalie atendeu ao pedido e sentou-se, brincando com os próprios dedos em um nervosismo contido.

– Eu... - começou a falar, mas foi interrompida pela dona da loja.

– Não se preocupe, docinho - a morena sorriu. - Você quer saber seu futuro... não é? Entender seu passado e seu presente. Seus sonhos... ou seriam pesadelos? A maioria vem para saber sobre o amor, mas você... seu olhar parece confuso, distante. Um pouco assustada, eu diria.

A jovem assentiu, ainda relutante.

– Você pode... - Nathalie começou, pensando um pouco antes de completar a frase. - ...me ajudar?

– Estou a seu dispor - a morena falou com um sorriso, pegando um dos incensos sobre a mesa e brandindo-o no ar com uma graça distinta. Logo em seguida pegou uma pilha de objetos no canto da mesa e os espalhou pelo tampo, para então cruzar as mãos e encarar sua cliente, como se a avaliasse da cabeça aos pés. - Escolha três objetos, por favor.

Nathalie olhou para cada um deles, perguntando-se o que poderiam significar: uma vela, ampulheta, corda, relógio de bolso, boneca, faca, bússola, caneta, batom vermelho, moeda, carta e rosa. Analisou cada um deles, escolhendo ao acaso o que mais lhe chamava a atenção: o relógio de bolso, a faca e o batom vermelho.

A mulher puxou os três objetos para si, observando-os com minúcia, como se nunca houvesse dado atenção a eles antes.

– Interessante - murmurou mais para si mesma do que para a menina. - Muito interessante.

– O que é assim tão interessante? - Nathalie indagou com o cenho franzido. O tom duvidoso.

– O relógio possui milhares de significados - respondeu a outra. - Pode indicar algo que já aconteceu ou que ainda está para acontecer - Nathalie engoliu em seco. - É algo importante. Que, provavelmente, mudará muito sua vida.

Nathalie sentia-se mal ouvindo aquilo. Mexer com previsões sempre lhe parecera insconstante e errado demais: o futuro sempre seria incerto, e nada poderia ser feito se ela decidisse mudá-lo. De uma forma ou de outra, o controle sempre seria dela e de ninguém mais.

– Agora a faca - avaliou o objeto, passando a lâmina na ponta dos dedos com delicadeza. - Você poderá sofrer uma perda muito abruptamente. Ou... poderá causar a perda - seu olhar prendeu-se ao da menina, como se tentasse descobrir se ela era mesmo capaz de causar dano a alguém. - É perigoso, realmente perigoso. E então temos o batom vermelho: fatal. Tudo está claramente ligado a uma mulher, ou menina. Vejo intenções malignas por trás de seus planos. Vejo tramas sangrentas como carmesin. Vidas humanas em jogo. Vejo... sangue.

A adolescente se levantou com brusquidão, arrastando a cadeira. Tratou de tirar um punhado de notas de sua mochila e entregou-as à dona da lojinha, recebendo um sorriso enigmático em troca.

– Acho melhor tomar cuidado pequena - ela sussurrou. - Seu futuro é nublado demais para uma garota tão frágil.

– Não sou frágil - Nathalie replicou, da forma mais educada que conseguiu. - E além do mais... por que eu deveria acreditar em uma pessoa que cobra dinheiro para ler meu destino? Se você realmente pudesse, com certeza não estaria nesta lojinha tão medíocre.

A mulher guardou o maço de notas no decote do vestido, balançando os cabelos distraidamente.

– Eu não preciso provar nada a ninguém - sorriu. Parecia que o sorriso jamais se apagaria de seu rosto. - Sou feliz do jeito que estou e, se algum dia eu quiser, farei muito dinheiro com meu dom.

– Obrigada, de qualquer forma - Nathalie aquiesceu de leve, ignorando o resto das palavras da vidente e saindo porta afora.

Precisava ir para casa de uma vez por todas.


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