No embalo Dela escrita por Titta


Capítulo 42
Encaixe Perfeito


Notas iniciais do capítulo

Oee gente. Primeiramente sinto muitíssimo pela demora do capítulo e por demorar a responder aos comentários, de verdade.
Mas como prometi, hoje estou postando e agora meus horários estão mais tranquilos, então vou ter mais tempo para postar os capítulos :)
Boa leitura e obrigada a todos que estão lendo e esperaram pacientemente (ou talvez nem tanto)



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– Peeta

Havia se passado uma semana, desde que dormi na casa de Katniss. As palavras dela ainda ecoavam pela minha cabeça, mas não toquei no assunto depois, já que não achei sábio de minha parte.
– Peeta? - Sua voz me chamou e olhei aqueles olhos azuis claros por baixo da franja desajeitada.
– Sim?
Ela riu, fazendo meu estômago encher de borboletas - Você está bem? Parece que está sonhando acordado.
Sorri para ela e lhe dei um beijo no nariz - E estou. Vamos? Temos aula agora.
Ela assentiu e peguei sua mão, ajudando-a a levantar da arquibancada de onde estávamos com Cato, Delly e Thresh.
Seguimos juntos para a aula de artes, uma nova matéria que haviam colocado a pouco tempo, e, se nos saíssem os bem, todos ganhariam pontos extras para o boletim, o que era perfeito para todos. Katniss havia perdido uns bons dias de aula e estava se atualizando com Delly, já eu, bem... Era natural que nem sempre tinha boas notas.
– o que acham que vão passar nessas aulas? - Cato questionou mastigando seu bolinho que trouxera de casa.
– Trabalhos. Pelo que entendi vão ser feitos em duplas e só vão valer alguns décimos. - Delly disparou acertando o óculos que descia por seu fino nariz.
– Você é minha dupla! - Peguei Katniss pela cintura e ela riu.
– Como assim? Vai me trair? - Cato se fingiu de ofendido.
– Claro que não, mas pode ir com Delly ou Thresh - Falei sorrindo
– Valeu cara, mas tava falando com a Katniss - Cato gargalhou puxando-a para perto dele
– Para loirão, é só nessa matéria. - Ela piscou para ele e voltou para perto de mim.
Bufei baixo e praticamente a carreguei no colo até a sala lotada de alunos e materiais coloridos.
– Ciúmes? - Katniss olhou pra mim e depois para o chão, de onde já quase não tocava os pés.
Nem havia reparado que a puxei tanto para mim.
– Não sou de sentir ciúmes. - Sorri e a soltei no chão, guiando pela sala até o fundo, onde haviam duas mesas de duplas.
– Quero sentar na janela - Ela anunciou e colocou sua mochila pendurada na cadeira sentando-se.
Logo atrás vinham Cato e Thresh discutindo.
– Onde está Delly? - perguntei
– Só permitem alunos com algumas notas baixas. E ela não tem.
Olhei a morena ao meu lado e ela torceu o nariz, tornando-se óbvio que ela tinha algumas notas vermelhas.
Peguei sua mão e um homem moreno entrou na sala, apresentando-se como Cinna. Trajava calças escuras e uma jaqueta de couro preta fechada.
– Bem, pelo visto todos aqui estão precisando de uns décimos hein - Ele sorriu, com dentes incrivelmente brancos.
Alguns da turma soltaram uma risada baixa, outro fez uma piada e Cinna riu, mas não pude ouvi-la.
– Como puderam ver, farão trabalhos em duplas envolvendo todo tipo de material. Desde o barro e a argila até as tintas e pincéis.
Ele tirou a jaqueta mostrando a camisa branca com o símbolo da paz.
– Serão trabalhos em duplas, mas quero o empenho de ambas as partes entenderam?
A turma consentiu e ele se pôs a discorrer sobre a arte e cultura durante uns vinte minutos, para então separar algumas partes da argila, colocando cada pedaço em uma tábua, a qual distribuiu entre as duplas.
Katniss se mostrou feliz ao enterrar os dedos da argila gelada e macia, me fazendo rir.
– Parece até que nunca pegou argila antes - Comentei, fazendo furos na massa com o dedo.
– E nunca peguei mesmo. É a primeira vez e já amei.
Ela sorriu, me trazendo outra vez a sensação gostosa das borboletas no estômago. Como nunca havia percebido esse sorriso antes?
Cinna tornou a frente da sala, dizendo que deveríamos modelar a argila de maneira que represente algo que a dupla tem em comum entre si.
Vi Katniss me olhar, pensando a mesma coisa que eu: O que tínhamos em comum?
Ela gostava de estudar, eu não. Eu sabia política, história e geografia, ela preferia ser ignorante à esses assuntos. Eu amava moto, e então notei que nunca havia a colocado em minha moto, mas cuidaria disso logo, logo.
– Acho que seria melhor pensarmos do que ambos detestamos, o que acha? Quem sabe compartilhamos o desgosto por algo - Ela propôs, e soube que uma coisa eu não tinha em comum com ela. Não sabia resolver problemas rápido assim, a não ser que envolvesse política e uma boa mentira.
– Ótima ideia - Concordei, ajeitando-me melhor na cadeira para pensar.
Ela sugeriu insetos, fazendo uma careta engraçada, mas eu os achava interessantes. Pensei em falar de cálculo, coisa que eu repudiava, mas sabia que ela gostava bastante.
Quando sugeri o brócolis, a morena riu alegando que gostava, assim como vagem, alface, couve flor e outras que eu detestava. Depois veio a sugestão da altura, ela tinha medo enquanto eu sonhava em pular de para quedas um dia.
Paramos alguns minutos para pensar, e fiquei nervoso ao ver que uma das duplas já havia acabado, tendo feito um coração, mostrando que eram apaixonados um pelo outro. Estremeci ante a cena e descartei a ideia de fazermos um coração também, tornando a relacionar o que tínhamos em comum.
Ela gosta de Cato, e isso temos em comum.
Ou quase...
Pensei, me sentindo um tanto enciumado ao lembrar do carinho que ela tinha por meu amigo.
Afastei o pensamento, quando ela me chamou.
– Gosta de Arco e Flecha? - Vi seus olhos brilharem e abri um sorriso quase instantaneamente.
– Amo. Mas nunca tive a oportunidade de usá-los - Encolhi os ombros me sentindo um trouxa.
Ela riu - Então temos o arco e flecha em comum, por que também amo - Passou a separar um pedaço da argila - Mas diferente de você, eu sei usar um. Meu pai me ensinou.
Vi seus olhos tornarem-se cinzentos, como num dia nublado. Lembrar do pai ainda doía nela, e a ver assim me doeu.
Passei um braço por seus ombros - Então vai me ensinar a usar um também.
Sorri e ela me acompanhou. Ao menos eu servia para algo.
Ela se pôs a modelar um pedaço da massa gelada, fazendo-a ter uma forma roliça e então curvada. Seus olhos correram pela mesa e ela pegou um barbante e uniu as duas pontas ao semi círculo formado.
– Quer fazer a flecha? - Ela perguntou, ainda retocando o arco.
Assenti e peguei a argila, modelando uma flecha do tamanho do meu antebraço, para que ficasse proporcional ao arco que a morena fazia.
Peguei alguns pedaços que havia sobrado da argila e fiz uma ponta o mais fina possível, tentando aperfeiçoar cada detalhe.
Pode-se dizer que sou um tanto perfeccionista, mas não a ponto de ser um doente. E só parei de aperfeiçoar a flecha quando me dei por satisfeito.
Katniss elogiou meu trabalho, afirmando que nunca faria melhor do que eu, e juntou a flecha ao arco, num encaixe perfeito.
Olhei para o lado e vi Cato e Thresh fazendo as linhas das portas de um carro. Quando tiraram as mãos, se mostrando satisfeitos com o trabalho bem feito, vi uma pequena Picape com rodas grandes e bem detalhadas, e precisei rir, fazendo Katniss avaliar o trabalho dos dois.
– O deles ficou perfeito - Sorriu, não se mostrando abalada por nossa simplicidade da pequena arma, comparada ao carro deles.
Precisei concordar, eles eram muito bons.
– Vamos lavar as mãos - Sugeri já me levantando e ela me seguiu. Logo vi nossos dois amigos nos seguirem até o corredor da sala, onde havia uma pia com três torneiras, da qual dividi uma com Katniss.
– O que fizeram com a argila? - Cato perguntou secando as mãos na calça.
– Um arco e flecha - Katniss respondeu parecendo orgulhosa.
Meus amigos riram, sabendo que eu gostava memo, apesar de nunca ter pego um.
Cato se aproximou de Katniss e beijou sua testa, entre suas sobrancelhas e a abraçou, sussurrando alto o suficiente para que eu ouvisse - Já está melhor?
Ela assentiu com as mãos em volta da cintura de meu amigo.
Senti o ciúme subir, mas o guardei.
Sabia que ele era um de seus melhores amigos, se não o melhor, e seu confidente. Ele mesmo havia me contado que ela estava mal pela mãe, que ainda seguia internada numa clínica especializada em depressão e ainda era proibida de ir visita-la. Só Blaine a via, agora apenas três vezes na semana devido aos medicamentos que alteravam seu humor.
Segui os dois de volta para a sala e nos sentamos aglomerados na mesa em que estávamos apenas eu e Katniss.
Thresh começou a falar do quanto Cinna parecia ser legal e poderia ser professor de outras matérias, Cato e Katniss concordavam com ele e eu me senti excluído da conversa, mas por que eu quis.
Notei que ne sentia pleno naquele momento. Parecia que tudo estava muito bem, estava feliz e sem problemas, então me perguntei quando eles viriam.
Fitei Katniss. Ainda usava as roupas largas que a deixavam gorda, com a franja no rosto e o cabelo num coque desarrumado. Mas ainda estava linda. Ainda tinha os olhos mais penetrantes que já vi, um sorriso cativante e uma risada gostosa.
A sensação das borboletas voltou, já não me deixava enjoado como antes, agora me trás cócegas e me deixa bem.
Passei as mãos em sua cintura e a fiz apoiar as costas em meu peito, coisa que ela aceitou de bom grado, deixando suas mãos por cima das minhas, enquanto eu apoiava minhas costas na parede.
Meu ato não pareceu incomodar nenhum dos três, vendo que todos ainda conversavam animadamente, agora sobre o jogo do final da semana.
Senti os dedos da morena acariciarem minha mão e beijei seu ombro, exposto pelo suéter um pouco caído e o arrumei.
– Está bem Peet? - Ela perguntou
– Sim - Sorri genuinamente. Eu estava realmente bem ali.
– Parece. Até sonha acordado - Ela riu e reparei que Cinna estava dispensando a turma.
Olhei o relógio e já eram 16:03. Estava naquela aula há pouco mais de 40 minutos.
– Quer ir lá pra casa? Vou ficar com minha avó hoje - Ofereci pegando sua mochila e a minha do chão.
– Aceito. Mas só se tiver biscoitos.
– Sempre tem - Ri e a guiei até meu carro.
Cato e Thresh se despediram entrando no carro do moreno, e Katniss entrou no banco do passageiro ao meu lado.
Passamos o caminho todo conversando sobre coisas banais, desde comentários da aula de Cinna até receitas de lasanha. Essa última, ela prometeu que faria para mim ainda nessa semana.
– Podemos sair, ir ao supermercado e comprar os ingredientes. Depois vamos lá pra casa e você me ensina - Sugeri.
– Pode ser - Ela sorriu me olhando com satisfação.
Passamos num mercadinho perto de minha casa e compramos todos os ingredientes, incluindo o queijo ralado que ela amava. Mais uma coisa que temos em comum, amávamos queijo ralado.
Já na casa de minha avó, a mesma se encontrava dormindo, mas havia ligado e avisado que ficaria por lá e usaria sua cozinha. Ela permitiu desde que estivesse tudo limpo e houvesse um pedaço separado para ela.
– Certeza de que ela não se incomoda? - Katniss perguntou inquieta quando atravessamos a sala.
– Absoluta. Ela está dormindo, mas por causa dos remédios ela fica com um sono bem pesado.
A vi se encolher e colocar as compras na mesa da cozinha com o maior cuidado possível.
Me pediu uma panela para a carne e outra para um molho especial, uma travessa e os talheres necessários.
Me coloquei às suas costas com o peito colado nela e minhas mãos em sua cintura, em um encaixe que parecia ser tão confortável para ela como para mim.
– Só me diga o que fazer - Sussurrei, com a voz mais rouca do que imaginava.
Engraçado como um simples ato de carinho se transformava numa imagem erótica em minha mente.
Ela afastou minhas mãos rindo e as bochechas coradas - Pode pegar a carne e socar o alho.
Me desvencilhei dela e procurei os ingredientes, afastando as imagens pervertidas de minha mente.

Não era tão difícil quanto imaginava, bastava apenas ter atenção. Tomei cuidado para não queimar o alho que dourada numa panela, enquanto Katniss preparava o molho, que logo descobri ser de queijo. Montamos tudo na travessa com presunto e fatias de queijo, unindo o molho, massa e uma fina camada de tomate no meio.
Por fim, colocamos a travessa no forno e arrumamos a cozinha, antes que minha avó acordasse e resolvesse arrumar tudo sem aceitar nossa ajuda.
– Que tal vermos um filme? Ainda vai demorar um pouco pra lasanha ficar pronta - Ela sorriu
Concordei e peguei sua mão, levando-a até a sala e ligando o aparelho.
– O que quer ver? - Perguntei me jogando no sofá e a puxei para que deitasse em meu peito.
– Qualquer coisa - Deu de ombros e levantou o tronco sentando-se, para então tirar o suéter que usava.
Por Deus, aquela garota me provocava.
Por baixo do suéter largo, estava uma blusa branca lisa de alças e bem justa, que marcava bem sua cintura mais fina do que aparentava e os seios robustos.
– Está calor - Ela se explicou e afundou o rosto em meu peito, tornando sua atenção à TV.
Aquela posição me deu uma visão incrível de seu colo, mas me contive. Estava há uma semana sem ter relações, não estava me matando, na verdade, nem sabia que havia se passado tanto tempo.
Procurei ser um homem melhor, tanto que não saia mais para as baladas, ou bebia com tanga frequência, nem mesmo saía com ninguém. Me privei somente a Katniss, apesar de ainda não termos um relacionamento assumido ou algo assim.
Mas logo trataríamos disso.
Sua mão ficou espalmada por meu peito e a segurei, beijando os nós de seus dedos com carinho.
Até mesmo naquela posição, parecia que seu corpo havia sido feito para mim, proporcional apenas ao meu corpo, mesmo ela sento poucos centímetros mais baixa.
Deus, o que essa mulher estava fazendo comigo?


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Notas finais do capítulo

"Aaaaaahhhh ela não postou o que a Katniss falou" , é por que sou má.
Mentira, é segredo ainda, mas imagino que já tenham uma ideia.