A Beautiful Lie escrita por Letys


Capítulo 9
Heal


Notas iniciais do capítulo

KOE GALERA
Seguinte: perdão milhões e milhões de vezes porque eu MORRI basicamente no Nyah. Não faço nem ideia de quanto tempo tem que eu desapareci, não sei nem se ainda tem leitores querendo saber alguma coisa de ABL (pfvr que ainda tenham) mas eu basicamente estava MUITO OCUPADA e sem ideias boas. Tava segurando esse capítulo e mais um flashback que eu já tinha escrito porque eu não sabia se merecia continuar a escrever. Eu tava sem inspiração, sem tempo e sentindo que a história estava sem graça.
Esse capítulo não vai ser enorme, mas informações bombásticas estão chegando, aguentem seus corações.
Mais informações sobre o futuro de ABL no final, bjs de luz



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Depois de muita insistência (muita mesmo) consegui convencer Seneca a me levar até o quarto de Katniss. Eu estava muito nervoso, meu corpo todo doía a cada passo que eu dava e comecei a me arrepender de ter recusado a cadeira de rodas que o Crane ofereceu. 

Foram poucos corredores até que chegamos em frente ao quarto 305. Na porta, tinha uma plaquinha que indicava "Everdeen, Katniss".

Era isso. 

Estava na hora de vê-la.  

— Pode entrar, Peeta – Seneca diz – Eu avisei às enfermeiras que outro paciente a visitaria, mas elas insistiram que você não ficasse muito tempo. Consegui 5 minutos. Seja rápido. 

— Obrigada, doutor. De verdade. 

E com isso, eu abro a porta. 

Procuro ser o mais silencioso possível, mas meu nervosismo não permite que eu perceba a mala da Katniss que estava no chão, e então, com um estrondo, eu tropeço e vou ao encontro de uma mesa de metal. Apesar do impacto (que eu muito me arrependo, não só por estar com medo de acordar ela, como também pela dor excruciante que sinto em todo o meu dorso) Katniss nem se move. 

Começo a ficar assustado, e não posso evitar pensar que ela pode estar muito dopada de remédios e que acabaríamos não conversando. 

Continuo meu caminho até a cadeira do acompanhante de couro preta, e fico um pouco triste por ela, já que não tem ninguém sentado lá. Sei que a mãe dela e Prim deveriam estar ocupadas, o amor naquela família era imensurável e elas não teriam outro motivo para não estar aqui. 

Quando sento, procuro não fazer barulho. Percebo após alguns minutos encarando ela que eu não me importo se não chegarmos a trocar algumas palavras, até porque eu não faço ideia do que eu diria. Aquele jantar foi um dos melhores momentos da minha vida que em poucos minutos quase se tornaram os últimos da mesma, e eu tenho consciência de que o estado dela, apesar de não ser grave, é bem pior que o meu, como o Seneca informou.

No momento, só quero que ela descanse. Só quero encarar a expressão de serenidade de Katniss enquanto ela dorme, tão tranquila que nem dá pra acreditar que é a dona daquela carranca toda de quando está acordada. 

Nunca tive tanta certeza em minha vida que eu a amo. 

Deus, como a amo. 

Quando a vontade de diminuir a distância entre nós aumenta a ponto de eu não aguentar mais, decido encostar em seus cabelos. Pego uma mecha e faço movimentos com os meus dedos para cacheá-los, do mesmo jeito que eu a vi fazer durante nossas brincadeiras, há tanto tempo atrás. 

Eu continuo fazendo os movimentos, me sentindo o cara mais sortudo do mundo, e ao mesmo tempo, lamentando por tudo que aconteceu. 

Katniss é linda. É um tesouro, é a melhor pessoa que já conheci. E não posso acredit...

Então, ela abre os olhos. 

Lentamente, eles se ajustam à luminosidade e ela eleva as mãos a fim de esfregá-los. Quando eu retiro a minha mão de seu cabelo, ela percebe que havia alguém ali e joga todo o seu corpo para o lado oposto de tamanha surpresa. 

— O que você estava fazendo? – Ela parece estar realmente assustada, e eu não a culpo. Teria acontecido a mesma coisa comigo, já que Seneca me disse que todo esse tempo ela dificilmente acordou, e por causa das reclamações de dores, a dopavam novamente. Mas Katniss continua me encarando, e os seus batimentos cardíacos acelerando em um "bip bip bip" do monitor ao lado da cama dela.

— Me desculpe, não foi minha intenção te assustar, Kat.

E então, algo estranho acontece: ela me olha confusa. Muito confusa. 

— Por que está me chamando assim? Só minha irmã me chama assim. 

O quê? 

— Ah, oi? Na verdade, muita gente te chama assim, Katniss... – Ela continua me encarando, e percebo que ela balança o pressiona o indicador impacientemente ao lado da cama – Eu não posso te chamar desse jeito?

— Deveria? Eu não sei nem o que você está fazendo aqui, eu não tinha nenhuma consulta com psicólogo marcada pra hoje, não que eu me lembre. 

Psicólogo? Ouch. Ela está fazendo uma de difícil? Eu não estou entendendo mais nada. 

— Como assim, Katniss? Eu vim te ver, estava preocupado com você. Não sei se você se lembra, mas a última vez que nos vimos não foi das melhores...

— Argh! Estou cansada das pessoas me perguntando do que eu me lembro ou não. Você pode sair, por favor? Não aguento mais estranhos entrando aqui! 

Estranhos? 

Katniss já está gritando. Então, eu percebo que o seu indicador estava na verdade apertando o botão para chamar a enfermeira. 

Ela realmente quer que eu saia. 

— Podemos ao menos conversar, Katniss? Por que está me excluindo desse jeito?

— Te excluindo? – Ela ri sarcasticamente – Eu não estou te excluindo, senhor... – Ela me encara com um olhar inexpressivo. 

— Peeta – Respondo impacientemente – Ou você se esqueceu de novo? – Estou irritado. Cansei dos joguinhos da Everdeen. Eu vim vê-la, após horas preocupado, e é isso que recebo?

— Não, porque é impossível esquecer alguma coisa que você nunca soube. 

— Como assim? Você pode me explicar o que está acontecendo?!

Nesse momento, enfermeiros entram no quarto, já pedindo para que eu me retire. 

— Me explique você! Entra aqui no meu quarto, fica passando a mão em mim, e eu nem sei quem você é! Isso é assédio, sabia? Ou eu tenho que explicar também? 

— Você não sabe quem eu sou? – Eu realmente não estou entendendo nada, um nevoeiro toma posse da minha cabeça – O que quer dizer com isso? 

— Senhor Peeta, você tem que se retirar agora – Um enfermeiro me puxa para trás, e eu só quero entender o que está acontecendo... 

— Eu não sei quem você é, ok?! Não faço ideia de quem você seja, não importa o quanto você ou os outros que já vieram aqui, eu simplesmente não sei! Agora saia e me deixe em paz! 

— Mas Katniss... 

— Saia! Agora! 

Ela está ameaçando se levantar da cama, e eu fico sem reação. 

Me deixo ser levado pelos enfermeiros, o caminho até meu quarto é um trajeto nebuloso e que eu mal consigo entender... Tentam me sentar em uma cadeira de rodas e eu não os impeço. Não consigo parar de tentar processar tudo o que aconteceu, é difícil compreender tudo isso em tão pouco tempo. 

Quando chego ao quarto, os enfermeiros me deitam na minha cama, e me reconectam ao soro que eu não havia finalizado antes de ir ver Katniss. A realidade volta à mim tão rápido que eu começo a me sacudir, a verdade me atingindo tão depressa e tão fortemente que eu mal posso acreditar. Como um tapa na cara, pior até mesmo que todas as surras que já levei na vida. 

Nesse momento, o Doutor Crane entra no meu quarto e pedem para que deem espaço. Ele tenta me acalmar, e como não obteve sucesso, pede algo para a enfermeira que eu mal escuto.

E após conectar ao cano presente no meu antebraço, ele diz:

— Eu sinto muito, Peeta... Eu não sabia... – As palavras dele vão ficando incompreensíveis conforme a minha visão vai se escurecendo – Ninguém havia me contado que ela... É uma pena, eu sinto muito. 

E com isso, eu apago. 

 

*** 

— Cara, eu tenho que te falar... Você tem uma sorte filha da mãe, seu puto. 

Finnick já está no meu quarto faz aproximadamente 3 horas. Ele trouxe alguns jogos como War e Clue para tentar me distrair, mas assim que chegou, contei o que eu tinha descoberto e ele não soube muito bem como reagir, principalmente porque já sabia antes mesmo de entrar no meu quarto. Parece que Crane o abordou antes de entrar no meu quarto e contou tudo. Finn tentou desviar do assunto, mencionar os progressos (que eu não vejo muito bem como progressos de verdade) que teve com Annie nos últimos dias em que estive aqui, mas voltar ao tópico "amnésia da Everdeen" era inevitável. 

— Olhe, nem me fale. 

Não consigo dizer mais nada. Estou absorto em pensamentos, mergulhado numa escuridão de memórias e indecisões. Eu realmente não sei o que fazer. Estou perdido, estou me afogando, perdido, perdido, perdido...

— Peeta? Peeta? Ei cara, tá tudo bem? - Finnick está me sacudindo, e quando percebo isso respondo:

— Não, Finn – Respiro profundamente – Não está nada bem. 

— Olha cara, eu sei que a situação é uma merda enorme, mas você tem que dar um tempo pra Katniss lidar com isso também, sabe? Imagina como deve estar sendo difícil pra ela: tanta gente nova, completos estranhos, surgindo pra desejar melhoras, chocando-se quando descobrem que ela não os reconhece, irritando-se com o fato que ela realmente não lembra de nada... Prim é uma das poucas que ela aceita visita, me disseram. Inclusive, os médicos ainda não conseguiram identificar exatamente a partir de qual data tem um blackout no cérebro da Kat, e a irmã está tentando descobrir isso. Mas parece que ela só perdeu algumas memórias, porque se ela não se lembra de você, que a conhece desde criança, não faz sentido ela saber quem é Primrose. 

Um longo silêncio se instala no quarto. Depois de o que pareceram horas, digo: 

— Finnick, obrigado.

— Pelo que, idiota? – O Odair dá um sorrisinho de lado e um leve soco no meu ombro, e eu sei que ele está tentando me animar com todas as forças. Não consigo fingir que estou bem, mas por ele, posso tentar. Afinal, é do meu melhor amigo, irritante e panaca que estamos falando. 

— Por estar aqui quando ninguém mais estaria, idiota. 

 

***

 

P.O.V. Katniss 

 

Acordo com um barulho, olho para a porta e vejo que é apenas a enfermeira com a bandeja que contém o meu almoço. 

Ela deposita na bancada ao lado da minha cama, e eu agradeço. Pergunta se eu sinto dor, respondo que não. Pergunta se eu quero ver o meu médico, se quero alguma coisa. Respondo que não. 

Ela sai do quarto. 

Nomes, cores, roupas, rostos e mais nomes. Não sei quem é a maioria, não sei o que está acontecendo e perder o controle da situação sempre me desesperou. 

— Se me permite perguntar, quem é aquele jovem que estava aqui antes? O loirinho... 

A enfermeira está me encarando. Percebo que ela estava falando comigo. Tento forçar um sorriso, mas já a odeio pelo simples fato dela estar se intrometendo onde não foi chamada. 

— Acredite, não faço ideia – Então, aponto para o meu soro pendurado ao lado da cama, indicando que já estava acabando. Aproveito e peço um remédio para dormir. Meus pesadelos são melhores do que esse inferno. E ainda por cima, tem ele.

 

Peeta Mellark. 

Ah, eu sei exatamente quem é Peeta Mellark. Me lembro muito bem dele. 

Mas eu sinceramente só queria que ele fosse a única pessoa de quem eu não me lembrava. 

Peeta Mellark. 

Eu odeio Peeta Mellark. 

 

"Take my mind

And take my pain
        Like an empty bottle takes the rain
        And heal, heal, heal, heal

        And take my past
        And take my sense
        Like an empty sail takes the wind
        And heal, heal, heal, heal"

 

Heal - Tom Odell


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Notas finais do capítulo

OPA OPA POR ESSA VCS ESPERAVAM? muahahaha
eu já tinha avisado que não era boazinha, galeris ♥
mas olha só, temos que ter uma conversinha: estou com pouquíssimo tempo pra escrever, ano de vestibular e tals. mas eu AMO escrever ABL (quando estou inspirada) e é um projeto que eu quero continuar... só que vai depender de vocês. tem muita coisa pra explicar na história ainda (como vocês devem ter percebido) e eu já tenho algumas ideias. se elas vão sair bonitinhas eu já não sei. mas se os reviews nesse cap me mostrarem que vocês, diferentemente de mim, ainda estão aí, eu vou ficar feliz. (sei que não to no direito de pedir mt, mas que tal vários reviews pra me deixar felizinha com vontade de escrever, hein?)
obrigada pela paciência e please, não me odeiem: ainda não ;)
bjs no coração de vocês e até a próxima (sabe-se lá quando será isso).
♥ ♥