Estava eu, andando pela escola, pensativa. Queria afastar os pensativos negativos que me rodeavam, sobre minhas amigas. Queria pensar que tudo iria ficar bem e que no final, iríamos até rir da situação. Eu iria ter que ficar até mais tarde na escola, para depois poder ir ao hospital com minha mãe. Ela iria chegar mais tarde que o horário para me buscar, tão quieta, tão pensativa... Fui até a biblioteca.

– Olá, no que posso ajuda - lá?- Se aproximou uma senhora, aparentava ter setenta anos, com roupas sociais e um jaleco branco caído em seus ombros.

– Já conheço muito obrigada, Srta. Emma?

– Sim! Oh, vejo que já nos conhecemos, não? Se não me engano, você esteve aqui há dois meses.

– Isso mesmo. Os dias andam tão corridos, estou comprando livros para ler, não tinha tempo para vir aqui e pegar uns. Mudou alguma regra?

– Não, as de sempre. Creio que já conheça.

– Sim, sim. Bem, irei pegar alguns. Até Srta. Emma!

–Liz!- Ela fez um cumprimento a mim e voltou- se a seus montes de papel, jogados em cima do balcão.

Andar por aquela biblioteca me passava certo conforto. As palavras, os cheiros de livros. Eu sentia! Era como se me afundasse em um oceano profundo. Um oceano sem fim. Aonde a cada fundo que você vai, mais há para descobrir. Uma comparação difícil de ser entendida. São incríveis como as palavras podem acalmar certos corações afligidos, passa total segurança quando você lê um livro, tão bom, mas, tão bom. E não consegue parar. Isso é emocionante, há cada história lida, é um novo mundo há ser descoberto. Fiquei por duas horas, pegando livros para ler. Consegui terminar um que estava lendo há quatro dias. “

O dia estava bem calmo lá fora, fazia um friozinho, agradável. Assim que deu meu horário, sai da biblioteca levando comigo três livros, há que eu tanto procurava. Quando saí do colégio o carro de minha mãe chegou, dentro estavam meus três irmãos e John. A viagem demorava uns trinta minutos, até o hospital. Peguei meu fone e comecei a ouvir música. Mamãe e John conversavam sobre seus pacientes e meus irmãos sobre futebol. Às vezes eu sentia falta, de uma presença mais “feminina” na minha família. Mamãe e John conversavam sobre várias coisas, mas, raramente o assunto poderia ter eu opinando. Pacientes? O que esperavam que eu fosse dizer? Eu me sentia dentro de um livro. Minha vida, minha história, meu livro. A maioria das vezes era assim que eu conseguia ver as coisas. Minha realidade!

Chegamos ao hospital e fui correndo ver minhas amigas, seus pais estavam novamente do lado de fora, a enfermeira chegou para me levar. Enquanto ela me acompanhava no corredor, até o quarto me disse:

– Te contaram as boas noticias?

– Boas noticias?

– É. Suas amigas terão alta amanha de tarde e já acordaram. - Corri para o quarto das meninas, enquanto a enfermeira andava calmamente com um sorriso largo no rosto. Cheguei ao quarto e parei na porta, fiquei observando-as. Uma delas me viu e disse:

– Lizzie, está com problemas? Venha aqui, já. – Corri até Em, e abracei-a chorando. Fui até Leslie e abracei –a. Coloquei-me no meio de suas camas, dando as mãos para cada uma. Ficamos conversando sobre escola e tudo mais. Quando foi de noite, tive de ir embora.

– Ei, Liz? – Disse Leslie, olhando para Em

– A gente te ama! – Disse as duas juntas.

– Eu também amo vocês. - Disse eu, correndo para mais um abraço caloroso.

Quando cheguei em casa, tomei um banho quente e coloquei o pijama mais confortável, possível e fui me deitar. Fiquei me revirando na cama, pensando e pensando. Fiquei acordada até ás quatro da madrugada, lendo. Fui me deitar e não conseguia dormir. Meus pensamentos afetavam meu sono. Decidi ir à cozinha, estavam todos dormindo e tudo escuro. Olhei pela janela da sala, não havia nenhuma iluminação. Meu celular vibrou, era Chris me ligando:

– Oi Chris.

– Poderia falar comigo?

– Agora? De madrugada?

– É importante. Vai na janela da sua casa quando eu chegar, eu te aviso. Logo, chegou um carro, preto. Parecido com o de Jessi. Bom, era o de Jessi. Chris, Jessi, Ian e Peter descerão do carro, com instrumentos na mão e começaram a cantar na rua. Eu gravei escondido com o celular e então, Chris fez uma declaração para mim.

– Você é o que eu mais amo. Eu juro que sempre serei leal a você e que tudo que vivemos até uns tempos... Não foi em vão! – Ele fez um texto e começou a chorar. Seus amigos falaram algumas palavras e eu desci as escadas e pulei em cima de Chris, abraçando-o. Seus amigos o deixaram comigo por um tempo.

– Eu te desculpo, e espero não me arrepender. Eu também sofri muito!

– Trilha?

– Sim. – olhei para o outro lado da rua, tudo estava deserto. – Só tenho que me trocar e... – fui interrompida por Chris.

– Não tem problema eu estou com um casaco a mais. Tome! – ele tirou o seu casaco e colocou em mim. Entrelaçamos nossas mãos e fomos andando até a trilha.

– Chris. – Olhei para cima, para poder vê-lo. Ele era muito maior que eu. – Só me promete uma coisa?

– O que, Liz?

– Só não tente mudar. Tente deixar as coisas como são. Eu não quero te perder novamente. Sei que isso é amor adolescente, todos acham piada. Mas, eu gosto de você e não pretendo desmanchar as coisas! Tudo bem?

– Sim!

Quando cheguei em casa, não acreditei na loucura que fiz. Eu havia reatado com CHRIS ABELLEY. Era como se tudo que eu sentisse nunca tivesse ido embora, na verdade, nunca foi. Eu só queria que aceitassem a gente. E dessa vez eu sentia, que nada iria nos atrapalhar. Apenas me joguei na cama, e fiquei olhando para o teto, com um sorriso de orelha a orelha.

– Não acredito que isso está acontecendo, não de novo! –murmurei. Mas, eu estava tão feliz. Lembrei-me da serenata, dos amigos, das palavras. Acabei adormecendo, com a janela aberta e vendo o luar de minha cama.