Meu pai não sabia como me dizer nada, apenas, ficou parado na porta me olhando. Como se eu fosse algum tipo de assombração.
– Pai, por favor. Fala! Estou ficando assustada.
– Bom filha. Quero pedir para não ficar nervosa e não querer sair por ai agora.
– Fala!
– Suas amigas, Leslie e Emilly... Bom, elas, elas... Ele com certeza, saberia que iria ser duro a noticia para mim. Poxa, algo envolvendo minhas amigas, poderia ser algo muito grave já que ele não tinha coragem de me dizer. Meu coração subia e descia por dentro de mim. Eu fiquei arrepiada a cada instante, e comecei a encher os olhos de lágrimas.
– Liz, elas foram atropeladas.
– Meu Deus! Onde elas estão agora? Quando foi isso? Eu comecei a chorar e a gritar dentro de meu quarto. As lágrimas escorriam pelos meus olhos, caindo por cima de meu pijama que ainda usava. Minhas amigas foram atropeladas! Eu sabia, não deveria ter saído assim, sem mais nem menos. Sem dar uma mensagenzinha ou uma ligação. Eu fiquei tão nervosa. Meu pai pegou uma água com açúcar e me deu. Eu tomei a água e joguei o copo no chão, fazendo todos os vidros voarem pelo meu chão do quarto.
– Filha, elas estão em um hospital. Isso ocorreu essa madrugada. Elas tinham ido para um barzinho da esquina, onde pelo que sua mãe disse vocês costumavam ir. Elas vieram pelo caminho que você voltava de lá, e quando iam para sua casa. Um carro no escuro, sem lanternas. Passou por elas e elas acabaram sendo atropeladas. O moço quando viu, ficou assustado e saiu. Os policias ainda não sabe quem foi.
– Me leve! Agora. Eu mandei que ele me levasse e assim o fez. Troquei-me, coloquei qualquer roupa, peguei tudo meu e coloquei dentro de minha bolsa e assim, fomos para o hospital. Chegando lá, vi Mamãe, e as famílias das meninas. Cumprimentei a todas. Estávamos esperando ansiosamente pelo medico, para receber-mos notícias.
– Olá.
– Oi, doutor! Como estão as meninas? fui me adiantando.
– Bom, o quadro delas é razoável. Elas terão que ficar aqui por dois dias, em observação. Mais tarde, se tudo ocorrer bem, poderemos dispensa-lás. Visitas?
– EU! gritei. Todos ficaram me olhando com uma cara de EU SOU A MÃE, TENHO QUE VÊ-LÁ! Mas, eu não estava nem ai. O médico me levou até onde elas estavam. Bom, elas estavam dormindo, mas, mesmo assim fiquei lá com elas. Deixei um bilhete no canto e avisei ao medico para dar á elas quando acordarem. O que foi isso. Eu iria ter que achar esse homem. Eu iria encontra- ló!
Mamãe e John me levaram para casa de madrugada. Todos estavam muito preocupados, como só era permitida uma pessoa para cada paciente, a mãe de Em e de Leslie ficaram lá. Agradeci papai deixando-lhe uma mensagem em seu celular. Quando cheguei em casa meus irmãos estavam no meu quarto, antes de entrar parei atrás da porta para tentar ver o que estavam fazendo:
– Acham que a maninha vai ficar triste? perguntou Roger
– Ah, eu acho que ela está. Mas, logo ela vai voltar, as amiguinhas dela estão dodói e foram para o hospital! disse Taylor
– Tomara que nada aconteça. Maninha vai ficar triste, não a quero triste. Vamos orar!-Roger
– Proteja as amiguinhas da maninha, amém! rezou Rick
Eu fiquei tão feliz e ao mesmo tempo, imagens voltavam em minha cabeça. Papai me chamando e me dando tal notícia. Eu nem imaginava o quão desagradável teria sido. Era uma noite chuvosa, eu decidi ficar em casa, mas, minha vontade mesmo era de pegar a bicicleta e ir até a trilha. Eu era muito teimosa e então, acabei indo as 2horas da manhã. A chuva já tinha parado. O chão estava completamente molhado. Coloquei uma roupa de frio e fui para o lugar mais confortável do mundo. Eu sentia que quando eu ia pra Trilha meu avô, podia conversar e me ouvir. Eu não falava com vovó há dois anos. Nossa LIGAÇÃO acabou assim que vovô me deixou. Acho que nunca fomos tão ligadas. Gosto e gostava dela, mas, meu avô me entendia, conversávamos mais e tudo era mais fácil na sua presença. Tudo ainda parecia muito vago para mim, sobre sua morte. Eu fiquei tão triste por tudo. Eram tantas coisas acontecendo tão rápido. Só de pensar que no outro dia era segunda, isso acabava comigo. Ir pra escola ver Chris, Elizabeth, Rachel e Tiffany... Vamos dizer que eu não estou tão feliz por isso.
Na vida tudo acontece, nunca poderemos saber quando, horas, dias e lugares exatos. Mas, podemos pelo menos ter esperança. Dizem que se você tem a fé do tamanho de um grão de areia, você pode mover mares, oceanos e montanhas. Pois, fé é a coisa mais poderosa. Com ela podemos fazer, crer e nossos dias se tornam muito mais fácil que os outros. As dificuldades que aparecem no nosso caminho é apenas um teste. Temos que ter paciência, Deus planeja algo bom para todos. Até os que fizeram mal ele perdoa. Apenas deve-se ter fé. E eu tenho.
Eu sou uma pessoa com vários defeitos e qualidades. Pena, todos vêem mais defeitos que as qualidades. Isso faz com que eu mesma veja meus defeitos todo dia e quase nunca veja minhas qualidades. A sociedade me faz acreditar nisso. Eu sou do tipo de pessoa pessimista e sempre quis mudar isso em mim. Se eu tiro nota baixa eu me chamo de burra, inconseqüente, irresponsável e minha vontade é ser uma pessoa melhor, e que consiga mudar esses meus defeitos. Eu mesma devo mudá-los. Eu estava bem pensativa, andando na trilha, quando de repente vejo uma pessoa e me escondo. A pessoa grita:
– Tem alguém ai? Um homem, encapuzado e cheio de roupas pretas. Ele começa a andar para ver quem está por lá. Até que vê meu casaco. Ei, quem é você?
– Eu estou indo embora. Fique calmo, por favor.
– Não vou lhe fazer nada. Sua voz é familiar.
– Ahn, não, deve ser engano.
– Com certeza não, parece da minha antiga namorada Liz.
– Chris?
– Liz?
– O que faz aqui?
– Esqueceu? Apresentou-me seu lugar, venho aqui direto.
– Ah, eu sei, mas, não esperava vê-lo aqui.
– Fique tranqüila, podemos dividir o lugar?
– Sim, vai embora?
– Não! Vamos ficar aqui, está escuro, eu lhe acompanho até sua casa.
– Obrigada. Ficamos encostados na árvore e jogando conversa fora. Comecei a me abrir com Chris, foi tão bom vê-lo. Eu preciso ir. Beijos- Quando fui dar-lhe um beijo no rosto ele virou e me deu um beijo na boca.