– Preciso ligar pro Ivan – Clara disse após deixar seu corpo cair na cama. Marina estendeu a ela seu celular. – Ah! Não vai dar, ele está naquela viagem com a escola.

– A gente liga amanhã – Marina disse, distraída. Prendeu a respiração quando percebeu o que dissera. – Ér... Você liga amanhã.

Calara sorriu ao ver no espelho o reflexo corado da fotógrafa. Foi até Marina, beijou seu rosto e se dirigiu ao banheiro, precisava de um banho para relaxar. Aquele dia – que começara com Vanessa surpresa ao perceber o que acontecera entre as duas – estava no fim; fora um dia cheio, com muito trabalho e pouco descanso. Clara e Marina quase não se viram o dia todo.

– E o que foi resolvido sobre a locação do local, Ma? – Clara perguntou, o volume de sua voz um pouco mais alto para se sobrepor ao barulho feito pelo chuveiro.

– Ele só queria dizer o quanto está feliz por locar o galpão para uma exposição desse porte – o tom de voz da fotógrafa denunciava que ela falava sorrindo. – E decidir algumas coisas sobre os preços, também.

– Vai ser incrível – Clara estava de costas para a porta do chuveiro. De olhos fechados, sentiu o corpo de Marina colar ao seu, os seios da fotógrafa contra suas costas e as mãos envolvendo sua cintura. Marina correu as mãos pela barriga da assistente até alcançar seus seios, passando levemente os dedos por eles antes de apertá-los. Clara gemeu baixinho, as mãos sobre as mãos da Marina. Sem se desvencilhar do abraço, Clara ficou frente a frente com Marina e empurrou-a delicadamente até coloca-la contra o box de vidro. Quando Marina levava sua mão para o centro da outra, Clara a fez parar. A fotógrafa franziu as sobrancelhas e encarou a amada. Clara, por sua vez, beijou os lábios de Marina e puxou a perna direita da morena par acima, colocando-a ao redor de sua cintura. Marina gemeu quando sentiu os dedos de Clara dentro dela. A assistente estava nervosa, estava “colocando em prática” algo que lera um livro - cujo título não se lembrava – quando era mais jovem, mas ficou mais tranquila ao perceber que a morena estava gostando. Curvou as costas até alcançar os seios de Marina com a boca, chupando e mordiscando por determinado tempo cada um de seus mamilos, fazendo a fotógrafa puxar seus cabelos enquanto tentava se manter em pé. Clara soube que a outra atingira o orgasmo quando teve que segurar o corpo de Marina, que desabou em seus braços. As duas se encaram antes que seus lábios se encontrassem em um beijo suave.

– Minha vez – com um sorriso malicioso nos lábios, Marina trocou de posição com Clara e colou seu corpo contra o dela.

***

– Vocês demoraram, hein?! – Giselle reclamou, olhando no relógio quando Clara e Marina saíram o elevador. Ela e Flavinha esperavam no hall do hotel.

– Desculpe – Marina se limitou a se desculpar. – Cadê a Van? – como resposta, obteve um movimento leve de cabeça vindo de Flavinha, indicando a direção em que Vanessa se encontrava. Na recepção, a ruiva conversava animadamente com uma bela moça, funcionária do hotel. Marina riu. – Van! – chamou a atenção da amiga, que se despediu da moça e andou até elas.

– Demoraram demais – a ruiva disse. – Vamos?

Todas concordaram e saíram do hotel, conversando animadamente enquanto caminhavam até a Broadway, onde assistiriam o espetáculo “The Lion King”. Chegando lá, entregaram seus ingressos ao senhor que cuidava da bilheteria e adentraram o local, caminhando até seus respectivos lugares, todos próximos um do outro, exceto os de Clara e Marina. Após mais ou menos vinte minutos de espetáculo, Marina cutucou Clara.

– Quer sair daqui? – ela sussurrou. Como seus assentos não estavam próximos aos das outras, elas nem perceberiam a ausência das duas. Mesmo sem saber o que Marina planejava, Clara assentiu, mordendo o lábio inferior, com um sorriso divertido. A fotógrafa se levantou e começou a pedir licença para as pessoas até que chegaram ao corredor, saindo rapidamente da sala onde acontecia o espetáculo. Saíram por uma porta que direcionava para os fundos da construção, sendo banhadas pela noite iluminada pelas diversas luzes da Broadway.

– “O Rei Leão” é um espetáculo magnífico – a fotografa falou, caminhando calmamente ao lado de Clara. – Podemos assistir amanhã.

– Poderíamos assistir hoje – Clara riu. - Por que me tirou de lá?

– Por que eu quero passar o máximo de tempo possível com você – Marina deu de ombros e olhou para a amada. – Só com você.

Clara apenas sorriu.

– Bom... Acho que posso me permitir, ou menos, nos permitir sentir o gostinho de algo – a assistente falou.

– Do que? – Marina perguntou, arqueando a sobrancelha direita.

– Disso – enquanto essa palavra saía de sua boca, Clara entrelaçou seus dedos aos de Marina, fazendo com que as duas caminhassem de mãos dadas.

Um sorriso iluminado surgiu no rosto da morena.

– Ou disso – ela disse pouco antes de puxar o corpo de Clara para perto do seu, colando seus lábios em um beijo apaixonado. Como era de se esperar, elas não atraíram muitos olhares, e todos que as olharam tinham sorrisos nos lábios e um brilho admirado no olhar. Após se afastarem, voltaram a segurar as mãos. Marina ergueu a mão de Clara e depositou ali um leve beijinho.

– Vem, amor, que a noite é uma criança.