A Thousand Years. escrita por ElizaWest


Capítulo 1
Relicário.


Notas iniciais do capítulo

Quero criar um universo alternativo pras duas, então vou fazer umas coisas meio doidas aqui, mas espero que façam sentido! hahaha



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“Eu não vou aguentar. Eu não vou aguentar.”

“Talvez eu também não... Mas a gente tem que tentar”.

Clara.

Como as palavras da primeira noite em que “discutimos”, essas frases se instalaram em minha cabeça e coração com uma facilidade indescritível. Eu sabia que não seria simples. Eu entrei nisso sabendo que, uma hora ou outra, as escolhas a serem feitas seriam extremamente dolorosas, talvez até mais do que eu pudesse suportar. Deixá-la daquele jeito cortou meu coração, logo ela que se mostrou uma mulher forte em todas as vezes que estivemos juntas, uma mulher com garra, daquele tipo que custa para se deixar a abalar... Ver que o que ela sente por mim foi capaz de deixá-la exposta daquela maneira me fez acreditar que ela estava, sim, falando de amor. Mas... Eu tenho uma família, e não seria certo machucá-los dessa maneira. Não é? Talvez... Talvez ainda exista uma maneira de salvar o nosso casamento. Eu amo o Cadu, afinal. Eu... Eu o amo. Eu o amo? Droga, Clara, é claro que você ama o seu marido! O que você sente pela Marina é admiração. Amizade. Amizade sincera acompanhada por uma paixão que deixa seu coração em chamas toda vez que o olhar dela encontra o seu... Toda vez que a voz dela alcança seus ouvidos, que as mãos dela tocam as suas, que seus corpos se encontram em um abraço apertado... Chega! Pelo amor de Deus, Clara, durma logo!

***

O dia raiou e Ivan veio acordar a mãe para que ela o levasse à escola.

- E seu pai? – ela perguntou, sonolenta.

- Sei lá, ele saiu antes de eu acordar – o menino respondeu. – Mãe, levanta, se não eu vou me atrasar!

Sem paciência – e muito menos ânimo – para estranhar a saída matinal de Cadu, Clara se levantou e mandou o filho checar os materiais escolares enquanto ela fazia sua higiene pessoal e se arrumava para sair de casa. Feito isso, ela e o filho pegaram o elevador e desceram até o térreo, passando pelo porteiro e indo até o carro.

- Dona Clara! – o moço disse, fazendo-a virar para olhar para ele. – O seu Cadu saiu hoje mais cedo, disse que ia caminhar na orla, mas não ia demorar pra voltar. Pediu pra eu avisar à senhora.

- Obrigada – ela sorriu, desejou a ele um bom dia e entrou no carro. Ivan já a esperava, sentado no banco de trás com o cinto de segurança preso em volta de sua cintura.

Durante o caminho todo, tudo em que Clara conseguia pensar eram todos os momentos que passou com Marina. O primeiro olhar, a sessão de fotos, Angra, a festa de aniversário com todas aquelas fotos magníficas que a fotógrafa fez... Em um momento em que Clara se sentia esquecida e desvalorizada, Marina apareceu, fazendo-a se sentir a mulher mais linda e desejada do mundo inteiro. E Clara, encantada, mesmo sem querer baixou a guarda e deixou a fotógrafa entrar e fazer uma bagunça danada em sua vida e em seu coração, e agora já era tarde para tentar voltar atrás e negar que a dona de casa tinha, sim, sentimentos fortes pela outra.

- Mãe! – Clara ouviu Ivan gritando em seu ouvido.

- Que foi, garoto?! – ela perguntou.

- Não ouviu o cara ali atrás buzinar? Você cortou a frente dele, mãe – ele disse. – Onde tá a tua cabeça?

- Senta e coloca o cinto – foi apenas isso que ela disse, finalizando a “discussão”. “Marina, é nela que meu pensamento está” ela balbuciou, e ficou grata pelo filho estar entretido demais nas pessoas na praia para ouvir o que ela disse.

Após mais alguns minutos dirigindo, Clara chegou à escola do filho. Se despediu dele antes que o menino saísse do carro e permaneceu ali, observando-o, até que ele passasse para o lado de dentro da instituição. Deu partida no carro e dirigiu metade do caminho até em casa, com uma dúvida terrível e quase impossível de se identificar presente em seu coração, a única coisa que sabia – e que estava escancarada – era que aquela dúvida se relacionava, de alguma forma, à Marina. Precisava acabar com aquilo de uma vez por todas. Fez o retorno na estrada e dirigiu pela direção oposta por alguns minutos até chegar naquela casa tão familiar. Desceu do carro e caminhou rapidamente até o estúdio. Marina não estava lá, mas Vanessa logo apareceu.

- Ah, é você – ela disse, antipática. – O que quer? Já não basta ter feito a Marina chorar por horas e horas da última vez que se viram? Tem mais algo a dizer, Clara? Vê-la desabar daquele jeito não foi o suficiente? – ela despejou toda sua frustração em cima de Clara, a acidez tão comum da ruiva exalando de cada sílaba que ela dizia.

- Vanessa, eu preciso falar com a Marina – Clara basicamente ignorou suas palavras. – Onde ela está?

- Ela não pode te atender agora, está ocupada – era óbvio que Vanessa estava mentindo. – Você vai ter que voltar outra hora.

- Não, eu não vou – a dona de casa se manteve firme. – Eu não vou sair daqui até falar com a Marina e...

- Va? – a voz sonolenta de Marina interrompeu a fala de Clara. – Quem está aí? Eu pedi pra avisar a Flavinha e a Gi que não estou em condições de fotografar hoje.

- Sou eu – Clara disse alto antes que Vanessa pudesse dizer qualquer coisa. A ruiva virou os olhos, irritada.

Marina pareceu despertar da espécie de “transe” em que estava e caminhou rapidamente até a porta do estúdio.

- Clarinha... O que você tá fazendo aqui? – ela perguntou, seus olhos já lacrimejando. Por mais que ela não quisesse chorar, não era possível controlar as lágrimas, mas ela estava dando o máximo de si.

- Eu... – Clara fez uma pausa e respirou fundo. – Eu não sei. Só sei que precisava vir.

- Vem, vamos conversar – Marina se aproximou e puxou Clara pela mão.

- Mas, Marina, você... – Vanessa começou, mas Marina a interrompeu.

-Se alguém ligar, diga que saí e deixei o celular em casa – ela disse e saiu do estúdio, caminhando com Clara em silêncio até chegarem ao seu quarto. Sentou-se na cama e a outra sentou ao seu lado.

- Marina, eu... Eu realmente não sei o que estou fazendo aqui – Clara riu de si mesma, sem muito humor, tirando dos lábios de Marina um sorriso contido. – Eu acordei pensando em você e senti que precisava vir. Senti que... Que eu precisava de você.


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Notas finais do capítulo

O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou.
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou. ♫

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