O Amante escrita por Allie Blake


Capítulo 1
Uma visita inesperada.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.^^



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Bath, Inglaterra, maio de 1815.

– Sakura!

O som de seu nome, pronunciado por aquela profunda voz masculina, ecoando pelo hall de sua casa de campo em Bath, despertou lady Sakura Haruno da sonolência em que se deixara cair. Já devia passar da meia noite; o que Sasuke podia estar fazendo ali àquela hora? Indagou-se preocupada.

Não que o Sr. Sasuke Uchiha fosse um estranho naquele endereço, ainda mais a noite... Muito ao contrário. Havia apenas duas noites naquela mesma hora, ele estivera em sua cama, aconchegando-a, descansando, sereno e inocente quando ao fato de que seus dias como amante de Sakura estavam contados.

Ate aquele momento, ela não se comunicara de forma alguma com ele para explicar a discreta e educada carta que lhe enviara terminando seu caso de amor.

Ele tornou a repetir seu nome, ainda mais alterado, e subiu depois os degraus da enorme escadaria que levava ao andar superior e, por conseguinte, ao quarto em que ela se encontrava.

Sakura sentiu sua respiração se acelerar, a pulsação ficar caótica, a boca seca. Pulou da cama e passou a mão no roupão que estava sobre uma cadeira para vesti-lo logo em seguida.

Jamais ouvira Sasuke erguer a voz assim, muito menos o vira mover-se com precipitação, sem cuidado, sem controle; seus passos sempre tinham sido calmos e seguros, sem pressa que agora adquiriam ao avançar pelo corredor. Por isso sentiu-se um tanto amedrontada.

Talvez ele tivesse bebido alem da conta, imaginou amarrando as duas pontas do cinto de seu roupão. Talvez tivesse bebido até quase cair, num estabelecimento qualquer, e depois vindo ate a sua casa para pedi-lhe, implora-lhe que reconsiderasse sua decisão e reatasse o romance. Talvez quisesse apenas maiores satisfações sobre os motivos que a tinham levado a romper o relacionamento de forma tão abrupta.

E a ideia de que ele se importava a ponto de exigir ou suplicar por explicações deu a Sakura uma estranha sensação que não era, no entanto, totalmente desagradável. Poderia, talvez, compara-la a sensação que se tem ao olhar uma belíssima paisagem, mas de um lugar perigosamente alto...

Mesmo querendo muito, não poderia mais continuar a ver Sasuke Uchiha. E jamais poderia pensar em explicar-lhe seus motivos.

Seguiu apressada, até a porta de seu quarto e abriu-a por completo no exato instante em que ele aparecia diante dela. E, esperando encontrar um homem absolutamente fora de controle devido à bebida, como se acostumara quando ainda vivia com seu falecido marido, Sakura surpreendeu-se ao perceber que não havia o menor sinal de embriaguez em Sasuke.

Ali, na fraca luminosidade proporcionada pela arandela que ficava no topo das escadas, deu-se conta de que Sasuke estava muito perturbado, tanto a ponto de tê-la feito imaginar que bebera para ganhar coragem de ir ter com ela. Sua aparência não era das melhores: tinha o paletó aberto, não usava chapéu, e seus cabelos negros estavam mais desalinhados do que o normal. Seus olhos geralmente tão calmos e sérios, de um preto muito escuro, incomum, faiscavam.

Sakura percebia-o mais alto, mais forte do que era com os ombros largos e o corpo musculoso parecendo crescer de dentro de seu paletó, e teve uma vontade imensa de esquecer tudo que fizera e atirar-se em seus braços, tão atraída se sentia.

Ele podia ter vindo confronta-la num outro momento, avaliou, num outro lugar... Tão tarde da noite, a porta do quarto onde haviam feito amor com tanta frequência... Não, aquele não era oi local mais indicado, com certeza. Sim, tinham se amado com frequência, ela ponderava, com pensamentos rápidos que pareciam viajar em flashes por sua mente, mas nunca fora o suficiente... E era como se ali, naquele instante, pudesse ouvir o chamado de sua cama sensual e perfumada, convidando-os a repetirem os deliciosos momentos de paixão e prazer que haviam passado um nos braços do outro. Sakura sentiu-se aquecer com as recordações quase físicas do toque suave e ainda assim, firme, de Sasuke. Seus seios vibraram contra o tecido fino da camisola, guardando segredos das caricias que haviam recebido e pareciam querer reviver. E todo seu corpo vibrou ao sentir que poderia viver novamente a intensidade da paixão que a levava a entregar-se por completo nos braços dele.

Se Sasuke se ajoelhasse diante dela e pedisse por mais uma noite de amor, com o rosto pressionando contra seu corpo e as mãos fortes segurando-a com a vibração de sempre, Sakura sabia que não haveria poder sobre a Terra que a pudesse forçar a recusar ficar com ele.

– Emily esta aqui? – Sasuke perguntou, despertando-a daquela espécie de embriaguez que os pensamentos lhe tinham causado.

As palavras eram tão contarias a tudo que estivera imaginando que se tornaram difíceis de ser entendidas por ela.

– Emily? Sua... Irma? – indagou, sentindo-se uma tola por fazê-lo.

– É claro que sim. – O tom brusco que ele usava raspava e doía em sua mente como a barba por fazer de um homem arranhando a pele delicada de uma mulher. – acha que vim até aqui, a esta hora da noite, sem ter um bom motivo?!

A resposta atingiu-a, ferindo-a e deixando-a subitamente fria.

– E o que sua Irmã estaria fazendo aqui, na minha casa, no meio da noite? – rebateu. – Se este é um pretexto tolo para entrar aqui e me acordar, vai se arrepender de tê-lo feito, Sr.Uchiha!

– Lady Haruno, saiba que nada me arrastaria até aqui a não ser a defesa da honra e da reputação de minha irmã; ainda mais porque eu jamais ousaria trespassar o umbral da entrada de uma casa onde sei que não sou mais bem vindo.

Mesmo naquela luz difusa, ela podia ver os músculos do maxilar de Sasuke firmes, tensos. Ele prosseguiu ainda muito nervoso:

– Quanto ao motivo de Emily estar aqui, sob o seu teto, sugiro que faça essa mesma pergunta ao seu sobrinho, aquele pequeno canalha!

Cada palavra pronunciada por Sasuke feria Sakura mais e mais. Eram como um balde de água gelada jogada sobre o calor que a presença dele tinha provocado em seu corpo. Era terrível imaginar que Sasuke viera a causar-lhe tamanha comoção para depois acabar com ela dessa forma. Mas pior ainda era ouvi-lo insultar o sobrinho de seu falecido marido, um rapaz que Sakura amava como ao filho que jamais esperara poder ter. Isso era demais! Muito ultrajante, analisou.

– Peço-lhe que preste atenção ao que diz senhor, e segure sua língua! – disse firme. – Oliver Armitage não merece ser chamado de canalha, como muitos outros rapazes que conheço! O que meu sobrinho poderia ter feito para comprometer a reputação de sua irmã? Por que não pode imaginar que ela mesma a tenha comprometido? Porque, eu lhe digo, jamais vi uma garota tão... Voluntariosa quanto ela!

O que estava insinuando não era verdade, Sakura repreendeu-se. Nas poucas vezes em que se encontrara com a Irma mais jovem de Sasuke, em Londres, tinha-se deixado cativar pela alegria contagiante da moça, tão contrastante com a moderação de seu irmão. Apesar da diferença de idade entre ambas, as duas tinham se tornado amigas e Sakura costumava falar muito bem de Emily.

No entanto, naquele momento de intensas emoções, deixara de lado a razão; o ataque de Sasuke contra Oliver parecia-lhe exigir uma resposta à altura, e atacar sua irmã parecera-lhe a única forma de fazê-lo. Sabia que ele não se importaria com um insulto contra sua própria pessoa, mas não suportaria que se dissesse nada contra a querida irmã mais nova.

Sasuke apertou os dedos contra as palmas das mãos, extremamente perturbado diante do que ouvia. Parecia controlar-se para não pegar Sakura pelos braços e dar-lhe algumas sacudidelas. Ou ,então, toma-la em seus braços e beija-la até que pedisse para ser levada para a cama... E diante de tais possibilidades Sakura sentia-se estranhamente tonta.

– A... Alem do mais – acrescentou um tanto vacilante – duvido até que Oliver conheça sua irmã! Ele é o único rapaz em Bath que não quer sair daqui e seguir para Londres. Mesmo na temporada de festas e recepções!

Não que Sakura não o tivesse instigado a tanto. Duas semanas antes, ela mesma teria insistido para que Emily Uchiha pudesse tirar seu sobrinho de sobre os livros ou de dentro de seu laboratório. Sorte sua, agora via, que não o fizera. Estremeceu soem pensar. Qualquer ligação entre Oliver e Emily a teria ligado demais aos Uchiha e agora precisava ficar o mais longe possível de Sasuke.

– Pois eu tenho minhas razoes para acreditar que seu sobrinho e minha irmã fugiram juntos para Gretna Green – Ele afirmou, fazendo-a estremecer ainda mais.

Sakura costumava não ter paciência para com mulheres que desmaiavam a toa ou que fingiam desmaios diante de situações que consideravam estressantes. Era afetação demais para suportar. E a ultima coisa que poderia querer no mundo era que as palavras de Sasuke a deixassem fraca, a ponto de perder os sentidos e cair nos braços dele. Mas, de repente, tudo ao seu redor começou a girar, deixando-a absolutamente tonta, e nada mais viu ou sentiu.

– Sakura!- Sasuke exclamou atônito e surpreso, oferecendo os braços de pronto para amparar-lhe a queda.


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