Nossa Eterna Maldição escrita por Clary Morgenstern Herondale


Capítulo 7
Lembranças e Traições, duas coisas que não devem ser esquecidas.


Notas iniciais do capítulo

oiiii, desculpem mesmo por eu ter ficado uns dias sem postar! É que eu tava na última semana de aula, e com provas de encerramento, simulados e trabalhos, não deu nem tempo de respirar!
Mas agora, a boa notícia: ESTOU DE FÉRIAS!!!! E prometo que vou postar toda semana, talvez até dois capítulos por semana! ;)
Bom, aqui está o tão esperado capítulo!



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Pov. Rose

Alguns minutos depois, consegui alcançar Castiel. Agarrei o braço dele e o forcei a me olhar nos olhos. Eu disse:

– Eu sinto muito, eu não quis dizer nada daquilo! E-eu...

Ele me puxou subitamente e me beijou. Foi um beijo calmo, sem a urgência de sempre.

Ele me olhou nos olhos e sussurrou bem perto do meu rosto:

– Eu sei. Me perdoe pelo que disse sobre seu irmão.

Eu assenti e perguntei:

– Você realmente a ama, não é?

– Quem?- ele perguntou confuso.

– Brienne. Vocês são muito próximos?

Ele deu um meio sorriso e disse:

– Como eu disse, ela é a única família que eu tenho.

Aproximei-me dele conforme andávamos de volta para a mansão, curiosa sobre sua relação com Brienne. Eles sim eram irmãos de verdade, como eu e Edmund um dia também fomos.

Pensar em meu irmão me deixou com um aperto no peito; o garotinho de olhinhos castanhos e sorriso angelical havia sido substituído por um bêbado pervertido.

Tentei ao máximo afastar esses pensamentos quando fiz uma pergunta incomum à Castiel:

– Qual a melhor lembrança que você tem da sua irmã? Quero dizer, qual a primeira coisa que surge na sua mente quando pensa nela?

Ele parece pensativo por um instante, depois diz:

– Me lembro do dia em que ela nasceu. Eu e Francesca havíamos acabado de visitar nossa mãe em seus últimos suspiros, e eu estava arrasado. Tudo e todos ao meu redor pareciam colaborar para um clima sombrio. Francesca se agarrava ao braço de nossa velha ama de leite, que era mais uma espécie de avó. Os serviçais da mansão nos olhavam com pena e compaixão. E meu pai... Bem, ele estava destruído. Não me olhe desse jeito- Ele diz vendo minha expressão de incredulidade- Você tinha que ter conhecido meu pai quando minha mãe ainda estava viva, ele era uma pessoa completamente diferente. Era gentil, um pai amoroso e até um homem caridoso! Mas depois que a minha mãe morreu, ele nunca mais foi o mesmo.

Meu coração se aperta ainda mais ao ver a expressão desolada no rosto de Castiel. Ele devia ter sido muito próximo do pai naquela época.

Castiel se interrompe por um segundo, como que para tomar fôlego, e continua:

– Mas isso não foi tudo. Depois de ver nossa mãe, fomos ver nossa nova irmãzinha. Nem preciso dizer que Francesca a odiou desde o primeiro momento- Ele revira os olhos- Mas eu não. Quando eu a vi pela primeira vez, toda a raiva e a mágoa que eu estava sentindo desapareceram. Ela era tão pequena que eu fiquei com medo de que se eu a segurasse com muita força, poderia quebrá-la. Sua pele era fina e rosada, e já havia uma pequena camada de cachinhos negros na sua cabeça. E quando eu me aproximei dela, ela abriu os olhos, e eu fiquei arrebatado. Eram olhinhos verdes, tão verdes que eu achava que eram na verdade portas para um mundo secreto, cheio de vida. E depois, ela sorriu pra mim. Um sorriso tão inocente e doce. E naquela hora eu pensei: como algo tão puro pode sobreviver a toda a maldade desse mundo? E naquele dia, eu fiz a mim mesmo uma promessa. Eu prometi que, não importa o que aconteça, eu sempre estaria ali para protegê-la.

Assim que ele parou de falar, pequenas lágrimas surgiram em meus olhos. Ele se apressou a enxugá-las com o dedo, e me olhou docemente.

– E quanto a você? Qual a primeira coisa que te vem à cabeça quando pensa no seu irmão?- ele pergunta.

O pequeno sorriso que havia se formado em meus lábios desaparece. Eu comecei a pensar, a buscar algo em minha mente que valesse a pena contar.

Quando comecei a temer que não houvesse sobrado nada de bom sobre Edmund para contar, uma lembrança faiscou em minha mente.

Eu comecei:

– Quando eu tinha sete anos, eu e Lucile estávamos passeando por um enorme jardim, quilômetros e quilômetros de um mar verde que parecia não ter fim. Edmund pulou de trás de uma árvore e me levantou do chão, correndo pelo jardim comigo em suas costas. Eu gritei, esperneei e ri até perder o fôlego. Enquanto me carregava, ele pegou na mão de Luce e fez ela correr com a gente. Foi um gesto puro, inocente e sem segundas intenções. Os dois eram apenas dois amigos, quase irmãos, correndo e rolando na grama verde. Nós três éramos uma família. Eu nem sei se essa lembrança é mesmo real, mas é a melhor que eu tenho.

Castiel me fez parar de andar e me abraçou com força, como se temesse que eu fosse sair correndo a qualquer instante. Ele sussurou:

– Eu te amo tanto. Você não faz ideia do quanto.

Nos afastamos por um instante, até que saímos do nosso transe e olhamos ao redor. Estávamos em uma parte bem distante da mansão, e quase não entrava luz pelas janelas.

Estivemos tão perdidos em nossas lembranças que não percebemos para onde estávamos indo. Eu me viro para Castiel e pergunto:

– Cas, você sabe onde nós estamos?

– Não, acho que nunca estive nessa parte da mansão- Ele diz.

– Ótimo, agora estamos perdidos!- Eu digo frustrada.

Quando começo a reclamar, Castiel põe um dedo em meus lábios e me silencia. Ele diz:

– Você está ouvindo isso?

Presto mais atenção por um momento e escuto pequenos gemidos abafados. Era uma pessoa chorando, sem dúvida. Castiel tenta descobrir a origem do som e se aproxima de uma das paredes. Ele diz:

– Acho que está vindo daqui!

Eu o olho como se fosse louco. Como alguém poderia estar dentro da parede? Ele se aproxima de um imenso armário de madeira e começa a empurrá-lo.

– Pode me ajudar a empurrar?- Ele pergunta.

– É claro que posso! Não sou uma boneca de porcelana!

Eu me aproximo e o ajudo a empurrar o armário para longe da parede, onde há uma pequena porta escondida. Castiel me olha como quem diz Eu não disse? E abre a portinha.

Logo depois entramos em um corredor estreito e cheio de teias de aranha. Continuamos por esse corredor até chegarmos a uma salinha parecida com uma biblioteca.

No interior dessa salinha havia um enorme portão de madeira. Os gritos começaram a ficar mais altos. Castiel tentou acalmar quem estava do outro lado:

– Está tudo bem! Vamos tirar você daí!

– Castiel?! É você?- a voz claramente feminina perguntou.

Castiel arregalou os olhos e gritou:

– Brienne?! Como você foi parar aí?!

Brienne começou a chorar enquanto falava:

– Foi a vovó! E a Francesca! Elas planejaram tudo!

– O quê?! Por que a Vovó iria fazer algo assim?- Castiel disse confuso.

– Elas queriam me matar! Cas, irmãozinho, por favor, me tira daqui!- Ela implorou.

Eu disse:

– Como vamos abrir a porta?

Após alguns minutos procurando qualquer coisa que nos ajudasse a abrir, Brienne exclama:

– Esperem! Tem uma espécie de fechadura em forma de meia lua em algum lugar! Vovó Olenna usou um medalhão para abrir.

– Quê medalhão?- Castiel pergunta.

– Aquele que ela sempre usa no pescoço!- Brienne responde.

– Eu vou dar um jeito de pegá-lo! Rose vai ficar aqui com você!- Castiel diz e sai irritado.

Corro atrás dele por instinto. Eu sei que ele vai fazer alguma besteira.

Pov. Castiel

Eu preciso bater em alguma coisa. Não acredito que Olenna tenha feito isso! Ela amava Brienne! Ou pelo menos fingia muito bem.

Quanto à Francesca, bem, eu já esperaria isso dela. Mas Olenna, não, eu não teria acreditado se não fosse Brienne me contando.

Assim que eu der de cara com aquela velha, eu vou matá-la!

De repente, percebo alguém me seguindo. Me viro rapidamente e dou de cara com Rose. Eu digo, surpreso e com raiva:

– O que você está fazendo?! Você tinha que ficar lá para tomar conta da minha irmã! E se Olenna ou Francesca retornarem?!

Ela apenas me olha com compreensão, e por um momento, me derreto em seus olhos verde-azulados. Ela se aproxima e diz:

– O que vai fazer quando encontrar Olenna?

– Primeiro, vou arrancar aquela droga de medalhão do pescoço flácido dela! Depois, vou estrangulá-la até a morte! Aquela velha mentirosa!- Digo com mais raiva do que pretendia.

Rose me segura pelo colarinho da camisa e diz:

– Se você fizer isso, elas vão saber que você sabe do plano e vão querer eliminar você também! Mas, se você for discreto e não deixá-las perceber, ficaremos em vantagem e teremos mais chances de descobrir o que mais elas planejam.

Eu relaxo um pouco. O que ela disse faz sentido, mas nada vai aplacar a raiva que estou sentindo. Vendo que não me convenceu, ela continua:

– Nunca deixe seus inimigos saberem quem você realmente é. Se eles não souberem quem você é, não vão poder antecipar o que você planeja fazer a seguir. E quando você atacar, vão ficar desnorteados e sem saber o que fazer, enquanto você fica livre de suspeitas.

Finalmente ela me convence. Se eu quiser me vingar pelo que fizeram a minha irmã, tenho que ser paciente.

Afinal, como dizem, a vingança é um prato que se come frio.

* * *

Depois de se certificar de que eu não fosse fazer nenhuma besteira, Rose voltou para o salão secreto para fazer companhia a minha irmã.

Me doía deixá-las sozinhas, mas era preciso.

Corri pela mansão como um louco, procurando por Olenna e tentando não demonstrar sinal algum de raiva. Mas, como sempre, o destino colocou uma pedra no meu caminho. E essa pedra era Francesca.

No instante em que a vi, todo o meu autocontrole se foi. Eu queria jogá-la contra a parede, gritar para o mundo o quanto ela era uma víbora venenosa e uma assassina, mas as palavras de Rose continuavam ecoando em minha mente. Se eu deixar transparecer o que sinto, ela vai saber quem eu sou agora e eu vou estar em desvantagem.

Preciso manter a farsa só por mais um tempinho. Depois... Bem, acho que seria muito bom que Francesca começasse a escolher a madeira do caixão.

Ela se aproximou de mim e disse:

– O que você quer com a Vovó?

– Desde quando você a chama de Vovó ?- Digo tentando ao máximo não parecer estar com raiva, apenas intrigado- Achei que vocês se odiassem.

Ela estreita um pouco os olhos, mas depois relaxa e diz:

– Sabe como são as coisas. Antigos laços se partem, e novos são formados.

Cada palavra que sai de sua boca me enoja, mas como sempre eu engulo minhas emoções e digo:

– Preciso falar com ela agora. É urgente! Sabe onde ela está?

– No quarto dela, descansando. Foi um dia bem longo para ela.

Tenho certeza de que foi. Passo por Francesca sem nem me despedir ou agradecer, mas isso não seria tão incomum. Eu e Francesca nunca nos demos bem, e não vai ser agora que isso vai mudar.

Ando até o quarto de Olenna e respiro fundo. Essa tarefa vai ser difícil, mas eu devo isso à Brienne. Bato na porta três vezes.

Olenna abre apenas uma fresta e ao me ver, pede que eu entre. Ela estava com o mesmo vestido que usara o dia todo, e ainda usava o mesmo véu na cabeça. Ela se sentou em sua mesinha e disse:

– O que foi, querido, aconteceu alguma coisa?

Aconteceu, sim, eu queria dizer, mas ao invés disso, improvisei:

– Não, nada. Eu só queria...

Ela me avaliou por um momento e depois disse:

– Continue.

– Eu, hã... Bem, eu queria ver aquele álbum com as fotos da mamãe de novo- Não sei por que eu disse isso, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça.

– É claro querido!- Ela disse um pouco surpresa- Só preciso vasculhar um pouco o meu velho baú.

Eu assenti e observei enquanto ela se abaixava em frente ao baú e procurava as fotos. Enquanto isso, olhei ao redor procurando sinais do medalhão.

Para minha surpresa, ela não estava usando o medalhão. Ele estava em cima de um caixa de joias, e eu pude notar que era apenas um cordão fino com uma peça entalhada de prata pendurada. Rapidamente, peguei o medalhão e o coloquei no bolso.

Olenna se levantou com um velho álbum nas mãos e me entregou. Um aperto atravessou meu peito, sufocando todo o ar que havia em meus pulmões. Havia anos que eu não olhava para as fotos de minha mãe. Eu odiava ver qualquer coisa relacionada à ela.

O simples fato de eu ter herdado seus olhos azuis e seus longos cabelos louros já me incomodava bastante.

Reparei que para Olenna também não era fácil olhar para aquelas fotos. A dor emanando dos olhos dela me fez sentir pena e até um pouco de culpa por estar mentindo para ela. Mas a culpa e a pena sumiram tão rápido quanto chegaram.

Pego o álbum com cuidado e, de muita má vontade, agradeço Olenna.

Saio o mais rápido possível daquele quarto, daquele corredor, e corro de encontro à Rose e minha irmã.

* * *

Alguns minutos depois, eu e Rose estamos empurrando o portão e liberando a passagem para Brienne. Ela pula em minha direção e me abraça. O alívio toma conta de mim instantaneamente.

Antes de ir, entretanto, ela diz:

– Esperem, tenho que pegar uma coisa.

Ela volta meio segundo depois carregando um pesado livro com capa de couro e os ciclos da lua entalhados. Eu levanto uma sobrancelha com confusão e ela apenas me olha, como se dissesse É uma longa história.

Resolvo deixar essa história para outro dia e finalmente, eu, Rose e Brienne saímos daquele túnel escuro e caminhamos juntos em direção à luz do fim de tarde.

Instantaneamente penso na lembrança que Rose me contou mais cedo, sobre ela, Lucile e o irmão correndo de mãos dadas no jardim.

Eu não posso trazer o irmão dela de volta ao que era, mas talvez eu possa preencher esse vazio que ela sente.

Nós dois perdemos pessoas que amávamos, e ambos estamos feridos. Talvez possamos ajudar um ao outro. Talvez ainda possamos criar nossa própria família.

Talvez ainda haja esperança para nós dois.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Me digam o que precisa ser melhorado nos comentários, e não se esqueçam de recomendar, okay?
Bjossss e até semana q vem!!!! ;)



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