Seus cachos castanhos estavam perdidos no travesseiro, ela estava em um sono profundo, até ser interrompida pelo toque do celular. Suas unhas devidamente pintadas passavam pela tela do IPhone em cima da mesa. Ainda sem tirar o rosto do travesseiro ela botou o aparelho no ouvido.

–Alô?-ela disse sonolenta.

–Bom dia, meu amor! Como você ta?

–Arrr... –ela bocejou.

–Amora?-ele perguntou do outro lado da linha.

–Ah, oi Maurício. –ela disse se levantando da cama.

–“Ah, oi Maurício?” É isso que você tem pra me dizer?

–Desculpa, é que eu tava dormindo...

–Ah! Desculpa, mas eu precisava ouvir a voz do meu amor.

–É por isso que eu vou me casar com você, sabia?

–Por que eu te acordo cedo?-ele perguntou rindo.

–Claro!-ela disse irônica.

–Bom, eu vou praí mais tarde. Nem acredito que você decidiu fazer a festa a luz do dia.

–É pra durar mais, bobinho. –ela riu.

–Sei... Então daqui a duas horas eu tô aí.

–Duas horas?!- ela perguntou assustada.

–Ô Bela Adormecida, já é meio dia!

–Ai Meu Deus! Eu preciso me arrumar! Eu vou demorar tanto tempo escolhendo...- ela foi interrompida.

–O sapato?- ele riu.

–Não... A roupa! Era isso que eu ia falar... A roupa!

–Claro. –ele disse sarcástico rindo.

–Bom, preciso ir! Beijos!

–Beijos.

Ela desligou o celular e foi se vestir.

***

–Nossa madrinha, isso aqui ta parecendo baile de princesa!-disse Cida enquanto arrumava uma das mesas.

–É minha querida, olha que nem começou... -disse Valda.

–Maria Aparecida!- gritou Bárbara Ellen.

–Sim, senhora.

–Vai chamar a Amora, vai... Diga que o noivo dela já chegou. –ela disse olhando para um carro cinza que estava estacionando.

–Já estou indo.

Cida subiu as escadas e bateu na porta do quarto da noiva.

–Sim?-ela disse se virando. –Cida? O que você quer?

–A Dona Bárbara pediu pra você descer, por que o seu noivo chegou.

–Mas já? Que horas são?

–São duas e meia, Dona Amora.

Amora olhou bem nos olhos da menina.

–Dona? Dona Amora? Cida... Nós fomos amigas desde pequenas! Não precisa me chamar assim.

–Desculpa, Amora... É que... Você me olha de um jeito diferente... E...

–Olha aqui, Cida: Eu fui uma menina de rua, abandonada e eu cresci na rua! Você não tem noção do quanto eu sofri! –ela disse alterada.- E quando eu olho pra você e lembro daquela infância... Isso dói!

–Desculpa, Amora. –disse Cida sem graça.

–Não, eu é que me desculpo. -ela se acalmou. -Vem! Você vai descer comigo! Não conhece ainda o meu noivo né? Pois agora você vai!- ela disse dando a mão pra empregada.

–Jura, Amora? Ta querendo dizer que eu vou descer com você? De mão dada e tudo?

–Claro! Agora vem aqui!- ela disse descendo as escadas.

–Gente! O que deu na Amora? De mãos dadas pra Cida?- perguntou Luz no ouvido de Kevin, Dorothy e Malu.

–Elas eram amigas de infância... Mas mesmo assim ela nunca demonstrou nenhum afeto por ela. –disse Malu estranhando.

Os seis foram pro jardim. Amora e Cida foram as últimas a entrar. A noiva entrou rindo ao lado de Cida, e foi logo beijar seu noivo. Assim que o beijo acabou ela logo se soltou dele e Cida finalmente viu o rosto do rapaz.

–Cida, esse é o Maurício, Maurício, essa é a Cida.

–Cida?!

–Rodinei?!

Os dois disseram ao mesmo tempo assustados.