Amar-te em Segredo escrita por Madame Bjorgman


Capítulo 4
A Reunião - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá a todos! E finalmente, com o Nyah de volta! *-*
Aproveito para dar as minhas boas vindas a todas as novas leitoras e agradecer os comentários fofos que recebo *__*
Bem, quero informar que este mesmo Capítulo é a 1ª parte que irá dar seguimento ao próximo, é que me surgiu assim de repente uma ideia sem pré-aviso, do género: "e porque não explorar aquele momento do naufrágio onde morreram os Reis de Arendelle?!"
Rapidamente dei por mim a criar toda uma cena daquilo que poderia ter acontecido naquela noite... confesso que me emocionei um pouco a escrever essa parte. :'/
Espero que gostem meus amores :*



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As grandes portas dos Aposentos Reais fecharam-se atrás de si. A Rainha sabia que aquele simples ruído do quotidiano conseguia conter em si mesmo uma complexidade que lhe transmitia uma privação temporária do conforto familiar… Esse mesmo obtido quando se encontra um espaço onde a presença de alguns meros objectos consegue revelar a familiaridade e o conforto certos, que por si só produz alguma segurança e conforto. Elsa sentia-se bem quando se encontrava apenas na companhia dos seus silenciosos parceiros, com os quais convivera durante todos aqueles anos em que levara a cabo o seu isolamento voluntário. Por entre aquelas paredes sabia que poderia ser ela mesma, não teria que conviver directamente com os seus próprios receios. No fundo, a Rainha ainda temia que eventualmente, pudesse magoar aqueles que mais amava e os que tinha em grande estima, mesmo sabendo agora que poderia ter um maior controlo sobre si mesma e manter os seus poderes gelados no devido lugar.

Naquele instante, a Soberana de Arendelle contou ansiosamente os minutos na sua mente. Ao saber que mais tarde poderia regressar aos seus Aposentos onde então ser-lhe-ia permitido refugiar-se o tempo que desejasse, levava-a a acalentar, com fervorosa esperança, essa expectativa futura.

Mas para que isso fosse possível, seria necessário que conseguisse conduzir aquela Reunião com um pulso forte e consciente sabedoria, que acabaria, naturalmente, por a levar a uma decisão justa, clara e unânime com todos os Membros Conselheiros e Superiores da Corte do Reino. (Ela ansiava que assim acontecesse…) Mas Elsa tinha a noção de que não seria assim tão fácil chegar a uma decisão dessa natureza com rapidez… principalmente quando se tinha em mãos as provas de uma traição demasiado óbvia, declarada tão abertamente contra ela e a sua própria irmã mais nova. Jamais poderia passar incólume esta afronta cometida por um Príncipe perigosamente ambicioso de um Reino distante como as Ilhas do Sul, que conseguira levar os seus planos quase até ao fim, estando a dois passos de obter o seu grande triunfo quando empunhou por entre as suas mãos a longa espada que poderia ter decidido claramente o rumo de toda a História de Arendelle…

Completamente perdida e cegada por aquela dor aguda que invadira o seu peito ao pensar que tinha perdido a sua querida irmã na morte, Elsa jamais teria desconfiado que o Príncipe Hans pretendia matá-la… Recordava-se da tremenda tempestade que a fizera mergulhar nas suas lágrimas, agitando-a de tal forma violenta que apenas contribuiu para a sua vulnerabilidade. A nevasca colossal que golpeara impiedosamente o Reino tinha cessado assim que caíra de joelhos por terra, sendo possuída por aquele turbilhão de sentimentos terríveis que a deixaram irremediavelmente paralisada. A calmaria tomara conta de todo o Reino naquele momento, mas aquela mesma nevasca parecia ter-se recolhido no próprio espírito da Rainha, chicoteando-a sem quaisquer restrições ou piedade, levando-a a sacudir os ombros com o forte choro que a consumia… e foi aí que Hans, revelando um sorriso diabólico, encontrara a sua derradeira oportunidade…

Elsa voltou de novo à realidade, o que a levou a sacudir levemente a cabeça em negação, fazendo os brincos polvilhados com as gotículas semelhantes a delicados diamantes oscilarem sobre as suas orelhas. Aquele gesto possuidor de uma delicadeza e elegância, que só poderia fazer parte da própria Rainha, parecia tornar convincente que talvez fosse possível obter a capacidade de, com aquele simples gesto, afastar todas as más recordações do passado… Mas estas continuavam na persistência de assombrar-lhe as memórias, que se encontravam parcialmente envoltas num forte paladar amargo e desagradável. Certamente que, numa ocasião tão séria e importante, não seria sensato pensar agora em tudo o que só contribuiria para que Elsa ficasse desconcentrada… mas como esquecer aquele episódio que, de alguma forma a marcara profundamente?

A nova Soberana do Reino outrora meditara num começo bastante diferente do seu Reinado. Quantas vezes Elsa, na sua infância, não se tinha debruçado sobre o parapeito da grande janela do antigo Quarto das Princesas, observando, com um olhar que pendia mais para o ausente do que para o atento, os flocos de neve que rodopiavam desde os céus naqueles dias cinzentos que cobriam Arendelle, e pensava na ocasião em que chegaria a sua vez de governar?

A sua própria visão do futuro sempre se apresentara diferente aos seus olhos… acreditara que veria os últimos dias do seu amado pai como Rei culminarem em grandes festejos por todos os recantos do Reino, veria nisso uma forma carinhosa de todos os habitantes agradecerem a prosperidade que teriam acompanhado até ali os longos anos do seu pai no trono. As rugas vincadas sob o rosto do bondoso Rei, que teriam esbatido lentamente a frescura abundante dos anos da juventude, os cabelos embranquecidos, os ombros curvados com o peso da velhice e as mãos calejadas testemunhariam os dias fartos, os dias abundantes de épocas gloriosas á muito passadas. E então por fim… despedir-se-ia. Seria semelhante aos últimos raios de um longo dia de sol majestoso, ao brilharem pela última vez, brindando com um comprimento ainda caloroso as faces da terra, antes de a noite ocupar o seu devido lugar, despedindo-se com a promessa vindoura de um novo dia. O Rei deixaria o lugar vago, para que no dia seguinte, ao alvorar de uma nova aurora, a sua descendente ocupasse o seu cargo e assim prosseguir com os anos de rica prosperidade de Arendelle.

Mas o destino reservado aos prósperos Reis nunca conseguiria assemelhar-se a estas visões tão repletas de luz e felicidade que Elsa imaginara naqueles anos de criança. Não seria a única a pensar desta forma… os próprios habitantes do Reino tinham partilhado o mesmíssimo ponto de vista da Grande Princesa, jamais poderiam ter pensado, por uma única vez que fosse, que o desfecho que marcaria o ponto final nas vidas do Rei e da Rainha se encontraria muito longe dali, a quilómetros da costa dos domínios de Arendelle. Era como se Clio, a Musa da História, tivesse inesperadamente adormecido sobre o grande trabalho artesanal onde tecia o rumo de todas as vidas humanas, mas os seus dedos ágeis ignorassem o perigo que seria em continuarem o trabalho minucioso e tão delicado daquela tapeçaria adornada com todos os séculos passados.
Talvez Elsa tivesse pressentido que aquela viagem tão longa até ao Reino onde o Sol sempre brilhava não seria a escolha mais sensata da parte dos seus queridos pais. No momento em que descera dos Aposentos pessoais até ao grande Salão de recepções do Palácio, com a intensão de apresentar as suas despedidas, sentira uma estranha agitação no seu espírito e um peso entrelaçado numa tristeza inexplicável que só a poderia deixar receosa quanto àquela jornada até a um Reino tão distante como Corona. Mas como teria conseguido convencer o Rei e Rainha de Arendelle cancelarem a sua jornada marítima, pelo menos por 3 ou 4 dias, e então depois prosseguirem com a sua vontade de assistirem ao grande casamento daquela que era conhecida por ter infindáveis cabelos louros, a Bela Princesa de Corona, baseando-se apenas em pressentimentos que conseguiam ter contornos de superstição?

Elsa, agora na sua nova condição como Rainha do Reino, recordava-se daquele passado em que centenas de argumentos habitavam a sua cabeça, principalmente quando vira os pais no meio de enormes baús ricamente adornados com o símbolo real, onde iriam alojados todos os pertences necessários. Os seus olhares conseguiam transmitir que estavam prontos para partir… Esta visão de ambos, que apenas esperavam um abraço caloroso e um beijo de ambas as filhas invadiu-lhe os pensamentos, proferindo promessas afectuosas de se voltarem a ver duas semanas depois, ganhou formas tão reais na sua memória que era como se fosse capaz de reviver tudo outra vez, com a mesma angústia e ansiedade.

As ordens, proferidas numa forma suficientemente alta e clara pela voz do seu pai a Kai, para que na sua ausência, tudo e todos ficassem bem até ao seu regresso, mantendo assim a ordem e a paz sobre Arendelle, ressoavam-lhe ainda nos ouvidos vez após vez. Ainda se recordava de apenas ter conseguido murmurar as palavras: “Têm mesmo de ir?” num tom que conseguia revelar a sua ansiedade que de certo modo aumentava por ver aqueles que amava profundamente, partirem por duas semanas. Um olhar esperançoso, talvez ainda arfando para que ouvisse uma palavra que desencadearia o cancelamento de todos os preparativos da viagem, espelhara-se no seu olhar azul inquieto.

Vais ficar bem, Elsa…

Fora a resposta tranquilizadora do seu pai… o seu querido e amado pai, sorrindo-lhe com ternura e grande afecto…

E Elsa sentira-se verdadeiramente reconfortada com as suas palavras, abandonando completamente as perguntas sem resposta, os receios que a assombravam dia e noite, acabando por concluir que seria talvez uma grande tolice pensar que, eventualmente, algo de mal poderia ocorrer nesta viagem de apenas 15 dias. O sorriso do Rei conseguia revelar mais do que ternura e simples afecto paternal… revelava também uma enorme confiança nas capacidades de Elsa pela luta do seu controlo sob os grandes poderes com que fora abençoada. Ele sabia, e tinha confiança, de que a sua primogénita e herdeira seria capaz de se manter firme e forte na sua ausência.

Elsa retribuiu o sorriso com um muito maior, valendo-lhe um enorme abraço do pai e da mãe, e numa última reverência respeitosa despediu-se pela última vez, subindo depois vagarosamente os degraus da grande escadaria sem nunca olhar para trás… como se arrependia amargamente daquele ato seu.

Aquela noite de tenebrosa tempestade no mar jamais poderia ter sido detida… quem poderia impedir a natureza quando esta decidia exibir a sua fúria?!

Teria sido este o momento… talvez o derradeiro momento em que os dedos habilidosos de Clio criaram aquela trama demasiado complexa para que alguém a conseguisse endireitar a tempo, com o objectivo de consertar o estrago eminente no futuro dos grandes Reis de Arendelle. Um simples nó sobre a grande tapeçaria, e o Barco Real onde seguiam os pais de Elsa e Anna, sob o comando de um dos mais experientes Capitães das Frotas Marítimas, viu-se no auge da enorme tempestade que se formara no meio do Oceano que separava o Reino de Arendelle do Reino de Corona.

Elsa nunca se tinha atrevido a pensar na forma como teriam sido os últimos momentos dos seus pais com vida, e nem o queria fazer. Sabia que no momento em que cometeria essa ousadia correria o risco de jamais reencontrar o equilíbrio de que tanto necessitava para continuar no topo do governo do Reino. Preferia concentrar-se naquele sorriso que o seu pai lhe dirigira antes de partir, tentar impregnar todos os seus actos como Rainha com aquele afecto caloroso que tanto distinguia o seu pai e que fora conhecido como o Homem que levara Arendelle à ‘Paz Abundante’ e a tornara no ‘Reino de todas as Glórias’.

A nova Rainha seguia com fieldade cada passo dado pelo seu falecido pai…

Mas a verdade era que ambas as filhas do Casal Real, por mais anos que vivessem, jamais conseguiriam saber em pleno toda a verdade daquela noite…

***

*3 Anos antes, viagem ao Reino de Corona - No Dia do Naufrágio*

Horas antes do grande desastre, o velho Capitão Odne, que se encarregara de levar até Corona os Soberanos, seguia ao leme, sorrindo com grande satisfação ao sentir o vento de encontro ao seu rosto rechonchudo avermelhado, trazendo até si o odor da maresia salgada. Naquele momento o Sol estaria prestes a descer lentamente do céu, aconchegando-se no horizonte e esperando aos poucos tocar na linha que separava o imenso céu azul do mar que se estendia até ao infinito, sendo impossível discernir onde começava e onde acabava.

O oscilar suave do grande barco sobre as ondas deixavam-no bem-disposto, faziam-no querer cantar aquelas músicas que só os anos e anos passados afastados da terra firme poderiam ensinar a um homem que amava o mar. Os seus olhos, sempre atentos, desviaram-se por momentos da ampla visão panorâmica que tinha à sua frente para os fixar acima de si, no mastro principal onde se situava o cesto de vigia.

– Ohh! Como é bom voltar à minha boa vida no mar! – Exclamou o Capitão Odne deixando os seus lábios rasgarem-se num novo sorriso. – Gerald, Gerald! Diz-me meu bom companheiro, que tal é a vista daí de cima?

Odne gargalhou com satisfação e sem que esperasse uma resposta de cima prosseguiu.

– Um homem como eu jamais abandona esta vida! No dia em que isso acontecer é porque eu tornei-me num velho com o juízo perdido, ouve-me, ouve-me meu caro Gerald! Ainda não respondeste à minha pergunta, que tal a vista que o mar te oferece daí do cesto de vigia? – E prosseguiu sem esperar uma nova resposta. - Ahh, se eu pudesse meu caro Gerald, iria fazer-te companhia. Mas raios, já não tenho a agilidade que possuía antes... Nos anos da minha juventude conseguia, de um só folego, subir e descer as redes de cordas em todos os barcos que viajei, desceria e subiria num piscar de olhos esse cesto, 20 vezes sem parar! E agora nem uma vénia mais brusca posso fazer… amaldiçoo o dia em que eu e a minha tripulação cruzámos o nosso caminho com aqueles corsários holandeses. Malditos, malditos!! O que é que julgavam que iriam fazer com aquela pistola? Abrir-me a barriga como o fazem a um peixe?!

Não havia passado demasiado tempo para que as recordações daquele episódio com os piratas holandeses se esbatessem o suficiente. Para o velho Capitão Odne, o tempo jamais passaria por elas… quando se sente que um tiro de pistola perfura o ventre, qualquer um recusar-se-ia que o esquecimento se apoderasse daquelas memórias, afirmando que só contribuiria para uma cautela mais cerrada no futuro.

Mesmo um acto irreflectido de boa-fé, com a intensão de tentar preservar toda a mercadoria e os bem pessoais dos passageiros e tripulantes, seria insensato quando se tinha piratas a bordo, e o Capitão quase que pagara com a própria vida essa tentativa de defesa meses atrás. Felizmente escapara, tivera a sorte de estar presente no barco, um médico suficientemente experiente que possuía a habilidade e o sangue frio que seriam necessários na ocasião de se extrair uma bala em pleno mar alto.
Do cesto de vigia, Gerald não fazia caso do que o Capitão exclamava a plenos pulmões enquanto manobrava com mestria o leme. Era um pacato sujeito de que não deveria ter mais de 65 anos. Ainda conservava um físico robusto e forte para um homem da sua idade e orgulhava-se bastante das suas raízes irlandesas, fazendo sempre questão de demonstrar que não era um homem que se deixava vender a uma pátria que não fosse a sua, impondo a quem o conhecesse que o seu coração sempre pertenceria às terras da Irlanda.

– Quantas vezes pensei que jamais regressaria ao comando de um barco durante a minha convalescença… - Acrescentou Odne com angústia, fungando levemente.

– Deixe-se de tolices Capitão! – Respondeu Gerald bruscamente no seu sotaque arrastado, rodeando com ambas as palmas das mãos a boca para que se fizesse ouvir melhor. – Aquela bala dos holandeses pode não o ter morto mas deixou-o mais sensível do que nunca!

– Ora seu patife irlandês! Falas como se tivesses engolido de uma só vez toda a impertinência do mundo!!

Gerald respondeu-lhe com forte gargalhada sonora que deixou Odne rabugento. A verdade é que o vigia tinha razão quando dizia que o Capitão se tornara num homem sensível. Anos atrás o velho Odne nunca se teria importado se lhe dissessem que se tinha tornado num homem com a sensibilidade mais apurada, pois ele próprio saberia que isso não era inteiramente verdade, limitando-se a responder com um encolher de ombros desinteressado. Mas depois daquele ataque bárbaro dos piratas o Capitão parecia ter passado a importar-se…

Do interior da grande cabine saiu o Rei com um sorriso bem-disposto, trazendo pelo braço a sua esposa. Haviam passado alguns dias desde que tinham partido de Arendelle e Odne já estava habituado a que, ao pôr-do-sol, o Soberano subisse ao convés acompanhado da Rainha para, não só apreciar a beleza de ver o Sol descer em direcção à linha de horizonte, mas também entabular conversas casuais e obter as informações de que precisava para saber quanto tempo restaria para chegar ao Reino que os acolheria por duas semanas.

– Meu bom amigo. – Cumprimentou o Rei afavelmente. – Que tal o dia de hoje? Não, não, mantenha-se no leme, sei como lhe é difícil fazer as reverências depois daquele seu acidente com os malfeitores holandeses.

– Magnífico, sua Alteza, magnífico! – Respondeu o Capitão, endireitando as costas depois da sua tentativa de vénia ao ver aproximar-se o Soberano. – Em todos os dias desta viagem posso afirmar que nunca vi um céu tão limpo como o que tivemos hoje. Se o bom tempo se mantiver assim, daqui a 2 dias estaremos atracados no porto de Corona, Majestade.

– São boas notícias. – Murmurou suavemente a Rainha alargando ligeiramente os seus lábios delicados num sorriso e apertando com um pouco mais de força o braço do marido.

– Pela última carta que recebi dos Reis de Corona pouco antes de partirmos, e tendo em conta a data do enlace entre a Princesa e o seu prometido a marido, acredito que iremos chegar um pouco mais adiantados do que todos os outros convidados dos Reinos vizinhos, Capitão. – Exclamou o Rei, com o seu timbre sempre calmo, que até mesmo conseguiria aplacar o temperamento mais violento e inconstante de todos os homens. – Até aqui a nossa viagem tem sido satisfatoriamente calma e sem quaisquer contratempos… e sem piratas. – Acrescentou, exibindo um sorriso de quem estava a brincar.

– Sua Majestade! – Agitou-se com visível nervosismo o Capitão Odne. – Com certeza que não quereria ver este barco a ser atacado por aqueles bárbaros!

– Eu sei que este barco encontra-se em boas mãos meu caro Capitão. - Tranquilizou o Rei. – Não é por um simples acaso que o Senhor é considerado um dos melhores Capitães das minhas Frotas Marítimas. Todos estes anos tem prestado um serviço excelente aos propósitos de Arendelle e defende com todos os meios de que dispõe aquilo que eu herdei ao receber a coroa do Reino.

– Com a maior das honras meu Rei. – Concordou Odne, sentindo o coração encher-se de orgulho ao ouvir todas aquelas expressões bondosas da parte do seu Soberano. – Sabe que irei demonstrar-lhe sempre a minha lealdade até ao fim dos meus dias…


O bom e velho Odne recebeu em troca um sorriso confiante e a mais sincera das respostas: “Nunca duvidarei disso”, que o fez sentir-se satisfeito consigo mesmo.

– Certamente que com a sua experiência de tantos anos no mar e a perspicácia de Gerald, as possibilidades de termos uma surpresa desagradável no nosso percurso será muito remota, não achas minha querida?
– Com toda a certeza. – Respondeu a Rainha, recebendo depois do seu marido um beijo terno na bochecha, provocando em Odne um leve pigarrear que só poderia demonstrar o pouco à vontade que sentia ao presenciar aquele momento mais cúmplice entre os Reis...

O pai de Elsa e Anna tinha conhecimento de que o Capitão era um homem com um forte mas confiável carácter. O seu temperamento, visivelmente teimoso e de acções arredias, que chegavam a atingir um nível bastante inato, atribuía de certa forma para a sua reputação pungente de jamais permitir que a sua palavra voltasse atrás quando fazia juras da sua lealdade a algo ou a alguém. Tudo isto levava a contribuir de forma surpreendentemente positiva para a sua imagem não só nos territórios de Arendelle, mas também além-fronteiras.

Independentemente das circunstâncias do meio, posições sociais, ou classe, a natureza humana quando pendida para uma espada de dois gumes que é a teimosia consegue tanto ser uma bela virtude como um terrível defeito, mas para o Capitão Odne havia a incrível proeza de conseguir oscilar entre as duas vertentes. Por isso seria sensato concluir que era praticamente impossível discernir quando um homem como o Capitão estaria predisposto a aceitar qualquer conceito, ou completamente séptico a tudo o que lhe pudessem afirmar… As histórias que circulavam por anos acerca dele não poderiam ser mais verdadeiras, sendo uma delas que, demasiado cedo, perdera tanto a esposa como o filho num parto longo e difícil. Aquele desgosto tremendo fizera-o ingressar nas Frotas Marítimas do Rei, acabando por dedicar todo o seu tempo disponível e esgotar os seus esforços num serviço zeloso e perfeccionista, que deixava qualquer marinheiro assombrado com tal devoção votada aos próprios interesses do Reino.

Depressa fora promovido a Capitão, cargo que detinha até aos dias de hoje e sem que contivesse uma única mácula que lhe pudesse manchar a longa carreira que adoptara de braços abertos… uma forma de tentar esquecer que a vida poderia ser efémera talvez.

Vendo que o sol se aproximava cada vez mais da sua eminência de se esconder para dar lugar aos astros da noite, os Reis despediram-se cordialmente do Capitão e recolheram-se dentro da cabine que lhes fora reservada para a viagem. O velho Odne regressou com todo o empenho ao leme e para trás deixou as memórias que lhe ameaçavam assaltar o pensamento depois de ter visto com os seus próprios olhos o ato sincero de amor entre o Rei e a Rainha… Ele ainda sofria, não era por já ter a idade de um velho tonto e sensível e as rugas para o comprovarem que deixara de sentir. Após tantas décadas, como ainda sentia tanto a falta da amada falecida esposa…

– Capitão, Capitão! – Berrou o vigia do alto do mastro.

– O que queres agora Gerald? – Perguntou Odne rolando o olhar em exasperação, tentando adivinhar qual seria a próxima piada que o vigia inventaria agora para que a sua paciência se esgotasse mais rapidamente.

– A oeste, veja! – Exclamou-lhe, apontando com o dedo numa grande agitação na direcção que tinha mencionado.


O Capitão franziu o sobrolho em grande estranheza e não hesitou em pegar no monóculo que trazia sempre junto a si, guardado no bolso interior do casaco. Em todo o seu comprimento esticou-o para depois move-lo na direcção que Gerald indicara com grande energia.

Algures ao longe parecia estar-se a formar algumas nuvens que Odne pouco valorizou e revirando os cantos da boca num esgar trocista soltou uma espécie de grunhido.

– Oh meu belo amigo… acaso aquelas nuvens o preocupam?!

– Capitão, eu já vi, até demasiadas vezes… – Insistiu o vigia.

– Gerald, que rico desconfiando que tu me saíste! – Riu-se Odne, interrompendo sem cerimónias a resposta que o irlandês lhe dava prontamente à sua questão. – Aquelas nuvens não nos vão trazer quaisquer problemas homem, são praticamente imperceptíveis! Com um dia como esteve hoje, e acha que seria agora que seríamos brindados com uma tempestade?! Impossível, impossível!

O Capitão banalizou a possibilidade de ocorrer uma tempestade nas horas seguintes com um gesto despreocupado da mão que se encontrava livre e abanou a cabeça em descrença, voltando depois a arrumar o monóculo no seu lugar de repouso. Desde que tinham saído do Caís do Porto até àquele momento, haviam passado tanto os dias como as noites em que nem uma única vez tinham surgido o mínimo dos indícios que pudesse levantar grandes alarmes, exigindo assim as precauções necessárias para se enfrentar uma possível borrasca. Como o vigia poderia ser tão tolo ao pensar que talvez houvesse essa possibilidade?
Mas este continuou na sua insistência fazendo o suficiente para que começasse a despertar a irritação no espírito ainda divertido do Capitão.

– Mas veja! Pode ainda não se distinguir bem, mas é quase impossível enganar-me. Aquelas nuvens podem-se transformar em tempestade.


Apertando vigorosamente o leme por entre as suas mãos, Odne suspirou ruidosamente e respondeu de má vontade ao vigia.

– Aconselho-te a cuidares dessa miopia. Cá para mim estás a exagerar Gerald, e muito! Vocês irlandeses…sempre com a mania de exagerar tudo. – Disse com azedume, fazendo uma pequenina careta.

No entanto, estas mesmas palavras azedas provocaram grande indignação no temperamento forte do irlandês que se sentiu ferido na sua dignidade ao ver que não fora levado nem um pouco a sério. Com grande agilidade desceu o mastro do barco, caminhando depois com determinação de encontro ao Capitão. Odne virou-se na direcção daqueles passos sobre o convés e com uma expressão de surpresa encarou-o. Sem qualquer hesitação o vigia apontou-lhe um dedo impertinente mesmo em frente do nariz, semicerrando os olhos com grande seriedade.

– Qualquer irlandês que passa a sua vida no mar jamais se engana… - Exclamou o vigia, encarando o Capitão com um olhar penetrante.

Um homem como Gerald pouco se enganada. Evidentemente, quando ele afirmava que um irlandês que passasse pelo menos metade da sua vida com os pés longe da terra, sabendo assim prever fenómenos como estes com precisão, sabia que se encontrava presente nos seus lábios toda a verdade.

Mas Odne estava demasiado seguro de si mesmo… numa confiança sobejamente cega acreditava no que apenas os seus olhos lhe permitiam observar. Para ele não seria suficiente a desconfiança do vigia para recear a vinda de uma tempestade e por isso num tom ríspido ordenou que o bom homem voltasse para o cesto de vigia onde lhe competia estar a fazer o seu trabalho. Gerald nada mais disse, olhando com indiferença para a figura empertigada do Capitão virou-lhe as costas, subiu novamente o mastro e refugiou-se dentro do cesto. Este pequeno momento tenso entre ambos valeu-lhes os olhares silenciosos de todos os outros homens presentes no barco que tinham acabado por interromper temporariamente as suas tarefas a fim de observarem, da forma mais discreta que lhes seria possível aquela cena inusitada. O Capitão apercebeu-se de que era observado com grande atenção pela restante tripulação e isso levou-o a declarar com alta voz num tom ainda demasiado antipático.

– Voltem ao vosso trabalho marinheiros! – Ordenou rispidamente, agitando um dos braços no ar. – Não prestem a vossa atenção a tolices destas.

Surpreendidos com aquela expressão de Odne, que se mantinha tão cheio de si por confiar absolutamente num dos seus sentidos que qualquer ser humano poderia possuir, mas ignorando, aparentemente de forma propositada, que este mesmo poderia naturalmente falhar-lhe quando mais precisasse, voltaram às tarefas que tinham ficado pendentes.

Mas aquelas mesmíssimas nuvens, que tanto o vigia passou a encarar com um olhar de cortar a respiração e levar à desconfiança, cada vez mais consistente, dos marinheiros, a princípio tão imperceptíveis foram ganhando forma e escurecendo.

Em poucos minutos uma enorme massa escura e tenebrosa foi engolindo o céu limpo já ausente do sol, distribuindo pelo ar, que se tornara pesado, o forte odor a uma chuva eminente que se misturava facilmente com a maresia. Aos poucos a suposta alucinação absurda de Gerald parecia estar a converter-se numa realidade colossal e pela primeira vez naquela viagem a opinião inabalável de Odne começou a querer vacilar.

De mãos hesitantes no leme engoliu em seco quando ouviu o primeiro rugido de um trovão ressoar não muito longe dali e todos os homens no barco darem largas aos seus murmúrios que se agitavam a olhos vistos. Enganara-se completamente, estava prestes a rebentar uma enorme tempestade… mas mesmo assim, a confiança do Capitão ainda permanecia no seu lugar.

As grandes nuvens cresceram um pouco mais, culminando num primeiro relâmpago que foi visível perante todos os tripulantes do Barco Real. Rasgou o véu do firmamento com grande violência como se fossem tentáculos que serpenteavam freneticamente até eles no intuito de os apanhar, quebrando com a calmaria que até ali mostrara-se imperiosa. O trovão seguiu-se, libertando gradualmente aquele som atemorizante e propagando assim o anúncio da sua chegada em todas as direcções.

Os pequenos murmúrios hesitantes do princípio, fruto daquela desconfiança de cada vez que fixavam o olhar sob a atmosfera em redor, transformaram-se em comentários de desaprovação que o Capitão não pode ignorar de todo. Sentiu-se envergonhado e ferido no seu orgulho reconhecendo que o erro tinha sido seu e não do Gerald, mas mesmo assim, preferiu manter aquela imagem de um homem que jamais erra nas suas convicções, seguindo ao leme numa postura hirta. As primeiras gotas de chuva anunciaram a sua aparição aos poucos, os homens olhavam uns para os outros hesitantes e nervosos, esperando pelas novas ordens que seriam por aquela altura já demasiado urgentes, necessárias para que o barco e todos os ocupantes a bordo se mantivessem seguros perante a borrasca que agora se encontrava mais próxima, rugindo-lhes assustadoramente…

– Tempestade!! Uma tempestade se aproxima Capitão!!! – Berrou alto Gerald.

Foi com a perturbação da agitação marítima que finalmente o Capitão Odne abandonou completamente aquela personagem despreocupada que só conseguia transmitir a quem o observasse um espírito obstinado e zombeteiro que poder-lhe-ia ser potencialmente fatal. As ondas tornaram-se maiores e numa questão de segundos as comportas dos céus abriram-se amplamente, lançando o Barco Real num cenário onde tudo repentinamente se encontrava em grande ebulição. Para pânico do Capitão Odne, do vigia e de todos os marinheiros a enorme borrasca rebentou mesmo em cima de todos numa sinfonia desordenada e ensurdecedora, exibindo com toda a sua fúria o vento que começou a soprar, as ondas que cresciam em tamanho, os relâmpagos fustigando o céu que iluminavam tudo ao redor como se tivesse voltado a ser dia, revelando as caras pálidas de todos os que assistiam, aparentemente impotentes, ao enorme desenrolar da tempestade.

– Vamos homens! – Gritou Odne, reencontrando a voz e as forças de que necessitava depois de ter passado o choque de se ter enganado redondamente ao ver surgir a borrasca repentina. – Recolham as velas, prendam os canhões nos seus lugares para que não se soltem no convés!

As ordens eram transmitidas por entre as exclamações aflitas dos marinheiros que se apressavam em acatar tudo o que o Capitão Odne disse, amarrando cordas, tentando recolher as velas, criando as condições que já deveriam ter sido impostas muito antes da tempestade. Gerald desceu aos tropeções do cesto de vigia, sendo colhido por uma onda enorme que invadiu o barco e o arrastou até à direcção oposta do convés, quase caindo ao mar. Gelados e molhados, todos os homens tentavam manter o Barco Real estável mas essa boa intenção afastava-se cada vez mais de todos eles, para grande preocupação do Capitão.

Foi impossível recolher as velas, os canhões ameaçavam soltar-se dos seus lugares, as cordas mantinham-se soltas serpenteando no ar com o forte vento do oeste… Odne observou estarrecido as ondas que aumentavam gradualmente, atingindo 8 a 9 metros de altura e que iam chicoteando tudo e todos, abatendo-se depois sob o convés levando os marinheiros soltarem os seus gritos graves, lutando para se manterem dentro e de pé num barco onde já não havia praticamente a estabilidade de que tanto precisavam.

O Capitão manteve-se agarrado ao enorme leme como quem se agarra à vida com tremenda tenacidade e a custo chamou o vigia que com muita dificuldade conseguiu ir no encalço do seu superior.

– Vai, vai Gerald! Informa o Rei e a Rainha de que estamos no meio de uma enorme tempestade!! – Ordenou Odne, apontando na direcção da cabine onde se tinham recolhido os Soberanos, não havia passado muito tempo.

Este acolheu a ordem com um aceno aflito em afirmação, arrastando-se depois com grande dificuldade na direcção indicada que dava acesso ao refúgio acolhedor que seria agora a cabine. E lutando contra o vento, que lhe contrariava as intenções de abrir as portas, conseguiu por fim entrar.

Com algum aparato estrondoso, o bom Gerald invadiu o espaço. A um canto da cabine encontrou os Reis lutando de igual forma para que se conseguissem manter de pé naquele lugar, que agora parecia tudo menos tranquilo.
Olhando em todas as direcções, os olhos do Rei e da Rainha agitavam-se nas suas órbitas, com as pupilas dilatadas, fruto do grande receio e medo que sentiam nos seus corações.

– Uma… Uma grande… temp… Uma enorme tempestade abateu-se sobre nós… Altezas! – Exclamou Gerald aos tropeções, tentando buscar por ar devido ao esforço de chegar até ali e apoiando-se nas laterais da ombreira das portas.

– Existe o perigo de… - Atreveu-se o Rei a murmurar numa questão inacabada, fixando o olhar no pobre que estava encharcado da cabeça aos pés que buscava por fôlego.

– Não sabemos Alteza. – Foi a breve resposta que obteve. - Mas uma coisa é certa… não iremos sair desta borrasca sem que haja estragos.

A reacção do Soberano de Arendelle foi o silêncio. Por momentos o som que a madeira de toda a estrutura do barco provocava em redor das três presenças tornou-se mais incomodativo do que antes, rangendo sobre as suas cabeças e pés como se a qualquer momento tudo se desintegrasse e caíssem sobre as águas demasiado agitadas na obscuridade da noite.
Mas a reacção manifesta da Rainha foi bastante diferente da do seu marido, levando as mãos trémulas à boca que se abrira num esgar de espanto e horror, procurando com urgência a protecção calorosa nos braços do Rei, levando este a afagar os cabelos soltos da esposa como uma forma de tentar apaziguar a sua inquietação crescente.

– Mantém-nos informados Gerald. – Pediu o Rei, tentando transmitir a força e a coragem que tanto parecia esgotar-se no olhar do vigia.

– Com certeza meu Rei, não se preocupe…

As portas foram fechadas abruptamente, o vigia foi cuspido para fora como se o vento quisesse arrancá-lo dali à força com as suas garras. Uma enorme onda que deveria ter já 10 a 12 metros chocou contra o lado esquerdo do navio levando a que os dois Soberanos caíssem desamparados sobre o soalho, sendo atingidos por alguns dos pertences que estariam sobre a cama e os móveis de madeira polida. O abalo fora forte e no exterior ouviam-se os gritos desesperados de “Homens ao Mar! Homens ao Mar!” confirmando o receio de que alguns dos marinheiros tinham sido arrastados por aquela onda gigante para fora do barco. O Soberano olhou com descrença para tudo em seu redor e depois, num sorriso triste encarou o rosto da esposa que depressa emoldurara-se de lágrimas abundantes e silenciosas.
Rodeou com ambas as mãos o rosto de traços sedutores e femíneos da Rainha e alargando o sorriso proferiu as palavras que se tornariam imortais naquela noite.

– Meu amor, quero que sabias que eu sempre te amarei… eternamente, a ti e às nossas filhas. – Sussurrou-lhe o Rei, desencadeando um enorme pranto na esposa.

– Não, não! Isto não pode acontecer, não pode! – Pranteou a Rainha aconchegando-se no aperto quente do Soberano, chorando amargamente.

– Não temas, eu estou aqui contigo… - Tranquilizou-a, embalando-a nos braços enquanto uma lágrima discreta deslizou dos olhos esbugalhados do Rei.

– O que será das nossas filhas? O que será da Elsa sem nós?! – Murmurou ela numa voz abafada.

– A nossa filha será uma grande Rainha, meu amor… e ela irá tomar conta da nossa Anna...

O Rei tocou suavemente com os dedos no queixo da Rainha, levando-a a encará-lo nos olhos e fez com que os lábios trémulos fossem de encontro aos seus por uma última vez, beijando-a com ardor e uma urgência que jamais se iria repetir.

Subitamente ouviu-se um enorme e grave grito do Capitão, do vigia e de todos os marinheiros que restavam.

Assim foram extintos eternamente todos os pensamentos de angústia e pesar que os Soberanos de Arendelle sentiram segundos antes de deixarem este mundo… O grande navio foi engolido por uma onda gigante, fazendo-o desaparecer sob o oceano.

***

*Presente – No Corredor Principal do Palácio*

Naquele enorme corredor, para grande surpresa da Rainha, não se encontrava uma única pessoa presente, quer fosse um nobre a fazer o seu habitual papel que lhe competia na Corte, ou um cortesão nas suas explorações minadas pela curiosidade, ou até simplesmente um humilde criado, que seria perfeitamente normal estar demasiado ocupado naquele espaço do Palácio, a braços com todas as tarefas que teriam sido programadas para o dia…

A Grande Galeria’, assim como era considerado por todos, ostentava a formosa reputação de ser o principal corredor de todo o Palácio, onde se situavam os mais importantes, espaçosos e elegantes Aposentos que estavam sob a posse da Família Real, reduzindo claramente em importância todos os outros existentes no domínio dos Soberanos do Reino. Por isso seria perfeitamente natural que aos primeiros raios de sol do dia, aquele vasto corredor estivesse a abarrotar de vozes animadas e olhares curiosos que ansiavam por fazer novas descobertas ou apenas para se deixarem maravilhar pela beleza absoluta da Residência Real de Arendelle. Mas naquele dia tudo estava diferente, as paredes da Grande Galeria encontravam-se de momento mergulhadas no pleno silêncio. Elsa tinha a profunda sensação de como se tivesse entrado pela mesma porta habitual que dava acesso ao seu domínio pessoal, e tivesse depois saído por uma completamente diferente, contribuindo generosamente para o seu espanto.

Com passos hesitantes percorreu alguns metros, esperando de alguma forma descobrir o porquê da inusitada surpresa de não encontrar ninguém depois de um momento passado no interior dos seus Aposentos…

Ao encarar toda a extensão do espaço apercebeu-se de que Kai a esperava pacientemente na esquina que ligava a Grande Galeria a um corredor secundário que lhe daria acesso directo ao Salão de Audiências, onde aguardavam a sua presença.


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Notas finais do capítulo

Hummm... acho que estou ainda aqui com uma lágrima ao canto dos meus olhos por causa da cena do naufrágio, caramba sou uma mulher sensível rsrsrsrs
Espero que tenham tido uma Boa Leitura :)
Então o que acharam minhas flores? Será que mereço alguns comentários com a vossa opinião? :3

Beijinhos fofos e até ao próximo capítulo! ^_^



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