Ele se encontrava sentado na sala frustrado. O quanto mais tentava se lembrar, mais parecia que as memorias fugiam dele.

Ele lia e relia aqueles diários e não conseguia se identificar com a pessoa descrita neles. Pra falar a verdade ele não queria se parecer com ela, pois tinha a impressão de ela ser um pouco deprimente, cheio de duvidas e questões mal resolvidas; Exceto é claro quando estava com ela.

Ele já havia a visto, falara com ela, já tinha tido o prazer de ver e causar sorrisos borbulhantes em seus lábios. Ela era de todos a mais fascinante; Ao vivo e na escrita. Ao que parecia o seu outro eu a descrevia como sua luz, algo que sempre vinha para iluminar seu dia, alegra-lo; Mostrar o lado bom das coisas até quando não havia um.

O seu outro eu a tinha como sua melhor amiga, sem segundas intenções incluídas. O que o fazia sentir um pouco culpado, porque nessas três longas semanas desmemoriado não era em Elena que ele pensava. Era nela, em Caroline.

Ele pensava em sua beleza, no seu modo de agir, como quando ela o ajudou o impedindo de matar alguém dizendo que esse não era ele, pensava no quão ela podia ser generosa, bondosa, mas ainda assim dura quando preciso, pensava em como ela o fazia rir e no quão facilmente mostrava seu sorriso, em como às vezes que ela o olhava tão carinhosamente que ele se não soubesse que ocupava somente o cargo de melhor amigo em sua antiga vida ele poderia beija-la a próxima vez que a visse.

Nesse momento ela passou pela porta vindo ao seu encontro linda e borbulhante como sempre. Ele teve sua oportunidade de fazer o que pensara segundos atrás, mas falhou pois ele sabia, ele era só seu melhor amigo. E pelo que o contaram e o que havia lido eles nunca haviam passado dessa linha.

´´Stefan? O que você esta fazendo?´´

Perguntou ela tirando-o de seus pensamentos para a realidade.

´´Eu estou tentando lembrar, associar alguma coisa, mas acho que não vai dar porque pelo que estou vendo eu era um perfeito idiota!´´

´´Ei! Não fale assim do meu amigo! Eu gostava dele daquele jeito!´´ Reclamou ela fazendo beicinho e o socando de brincadeira.

Ele a olhou irônico dizendo:

´´Bem eu gosto mais desta versão, e como ele sou eu sugiro que você vá se acostumando.´´

´´E eu sugiro que você baixe um pouco sua bola por que algum dia você vai ter sua memória de volta.´´

´´Pra que? Pra eu ser o cara deprimente que só tinha olhos e ouvidos pra namorada do meu irmão? Não obrigado, dispenso.´´

Disse ele repassando algumas páginas do diário em sua mão. Ela percebendo seu estado fechou o diário que ele estava e murmurou chamando sua atenção:

´´Não fala assim. Você não era deprimente só a amava. E pode não saber agora, mas ainda a ama vocês são épicos juntos e...´´

´´Não, eu não a amo Caroline. Confesso que no momento que há vi senti atração por ela mas... Quando soube que ela era minha ex e atual do meu irmão só consegui sentir raiva.´´

´´Stefan...´´

´´Tudo bem, eu sei que ela também é sua amiga e não precisa se sentir mal por ouvir isso porque... Não foi dela de quem senti raiva. Foi de mim, de quem costumava ser, o cara que rastejava aos seus pés, que bastava ela terminar com meu irmão e me estalar os dedos e eu a perdoava, estava de volta como se nada tivesse acontecido. Esse cara era deprimente. Eu era deprimente. E simplesmente não quero mais ser assim. Não quero mais essa vida pra mim.´´

Ela o olhou por algum tempo e assentiu mas ainda assim falou:

´´Está bem. Eu entendo seu ponto. Não concordo plenamente mas... Entendo. Só tenho uma dúvida:

Se você não quer mais ser seu antigo eu, porque esta tentando associar algo em comum com ele?´´

´´Bem. Essa é a questão. Eu quero lembrar ou pelo menos conhecer pra poder ter um passado e assim construir um futuro, foi o que disse a Elena, então ela resolveu me dar algumas fotos e esses diários mas...´´

´´Só esta funcionando pra te deixar mais frustrado não é?´´

Ele concordou um pouco admirado com a facilidade que ela teve de decifra-lo e ela lhe deu um meio sorriso dizendo;

´´Nós fazemos isso. Eu principalmente então... Vá se acostumando. De novo.´´

Ele sorriu e ela retomou o assunto:

´´Mas voltando ao que interessa... Até que a ideia da Elena não foi ruim mas... Não é disso que você precisa.´´

´´Há é doutora? Então você pode me aplicar a verdadeira receita?´´

´´Mas é claro que sim. E te digo desde já que é simples. Você só precisa ter um dejavú.´´

Ele franziu as sobrancelhas:

´´O que?´´

´´Dejavú, reviver de novo o momento.´´

´´Caroline, eu não sei se isso vai dar certo...´´

´´Ta vendo? Esse é o problema, você não sabe de nada á ponto de não se lembrar que em uma disputa entre nós, eu sempre ganho então... Vamos lá.´´

Ele bufou com um sorriso no canto dos lábios mas finalmente levantou-se se rendendo perguntando:

´´Ta legal. Qual vai ser a primeira cena então?´´

Ela pensou um pouco:

´´Você não lembra de nada, e só tem eu aqui pra ser a protagonista, logo você tem que reviver alguma cena onde só esteja nós dois e... Já sei! Vamos fazer a cena em que nos conhecemos. A que nos falamos pela primeira vez!´´

´´Tudo bem. Como aconteceu?´´

Ela torceu o rosto:

´´Bem... Não foi nada habitual ao que você esta acostumado agora...´´

´´Eu não estou acostumado com nada Caroline. Lembra? Três semanas de memória...´´

´´Ok. Eu tinha me esquecido disso. Então meio que acontece assim:

Eu vou meio que dar em cima de você e você cavalheiro como é vai me dizer isso.´´

Ela sussurrou a frase em seu ouvido e ele se espantou:

´´O que? Eu era louco de dispensar você?!´´

´´Louco não. Só loucamente apaixonado por Elena. Mas valeu por dizer isso, meio que cresceu meu ego sabe?´´

Ela sorriu, automaticamente causando o mesmo efeito nele.

´´Agora vai: Cena 1: Luz, câmera ação!´´

´´Serio?´´

´´Não resisti eu sempre quis dizer isso.´´ Respondeu um pouco sem jeito quando ele revirou os olhos murmurando:

´´Não importa começa logo.´´

Ela fez que sim e não demorou muito incorporou uma parte de si atrevida que dizia:

´´Stefan! Você ta ai... Bem eu estava pensando se você já foi ver a cachoeira porque é muito bonita á noite e... Eu posso te mostrar... Se você quiser.´´

Ele a olhou á sua frente e não acreditou que em sua primeira cena tinha dado um fora nela, então automaticamente disse:

´´Eu quero. Você pode me mostrar tudo o que quiser.´´

´´Stefan! Não é isso que você tem que dizer! Sua fala é: Caroline, você e eu não vai acontecer.´´

´´Qual é! Eu era o que? Gay pra te dispensar? Ainda mais dessa maneira? Não importa mais o que você fale, agora eu estou seguro de que eu era um completo Idiota!´´

Ela sorriu um pouco, mas tentou disfarçar pra não demonstrar o quão estava lisonjeada com sua reação dizendo:

´´Eu já disse, você era apaixonado pela Elena, e bem... Eu era muito diferente na minha personalidade.´´

´´Mas era igual no corpo! Estando apaixonado ou não eu tinha que perceber você! Afinal, não é todo dia que uma garota gostosa chega na sua frente dizendo que pode te mostrar a cachoeira!´´

Exclamou ele indignado, fazendo-a arregalar os olhos e ficar vermelha como um pimentão.

Ele a olhou e percebendo seu estado notou o que havia deixado escapar e tentou se corrigir:

´´Desculpe. Eu acho que não é bem isso que amigos falam pra amigas...´´

´´Você tem razão. Não é, mas... Obrigado... Eu acho.´´

´´Sempre que quiser.´´

Disse ele fazendo-a ficar mais vermelha e murmurar:

´´É... Você definitivamente esta diferente.´´

´´Isso é um problema?´´

´´Hum... Não totalmente. Acho que posso me acostumar com isso.´´ Respondeu ela tentando fazer graça, mas acabando aumentando um pouco da tensão que já havia entre eles pois ambos não desgrudaram o olhar um do outro por algum tempo, que quando ela percebeu que estava se tornando verdadeiramente demais finalmente conseguiu desviar falando:

´´Então... Acho que temos que pular a cena 1...´´

´´Eu já acho que temos que pular todas as cenas; Caroline, desculpe mas... Eu estou diferente agora nunca vou ter a mesma reação que antes.´´

Disse ele voltando-se ao radio passando as estações para concentrar sua atenção em algo que não fosse ela quando então ouviu-a gritar:

´´Pare ai mesmo! É essa lembrança que vamos encenar!´´

Ele a olhou confuso:

´´O que? Eu mexendo no rádio? Realmente isso é muito criativo...´´

Ela revirou os olhos:

´´Daã. Lógico que não é isso. É a musica. Deixe na musica e venha cá.´´

Ele se aproximou dela:

´´Tá, e agora?´´

´´Você realmente não consegue associar? Música, duas pessoas...´´

Ele continuou parado e ela exclamou pegando em suas mãos:

´´Céus! Dança! Dance comigo Stefan.´´

Ele riu já dançando no ritmo da musica, mas falou:

´´Eu costumava dançar? Porque agora não sou muito fã.´´

´´Isso esta igual. Você realmente não gostava muito de dançar, mas no contexto que estávamos meio que você foi obrigado a isso.´´

´´Seja mais clara.´´

Ela assentiu falando:

´´Era o baile de formatura, Elena ainda estava sem humanidade e me provocando. Eu estava prestes a arrancar sua cabeça quando você interveio dizendo:

Caroline, que tal dançar comigo?´´

´´É vejo que eu me sacrificava por bens maiores...´´

Ela lhe deu um tapa no ombro:

´´Ei! Não seja reclamão. Não foi tão ruim assim você até se aconselhou comigo.´´

´´Sobre?´´

´´Elena, seguir em frente. Você queria saber como fazia.´´

´´E o que você disse?´´

´´Bem... Eu disse que... Um dia você ia conhecer alguém e ficar loucamente apaixonado por ela, e seguir em frente sem nem perceber.´´

E foi realmente como se eles revivessem um verdadeiro dejavú, pois ao ouvir isso Stefan encontrou seu olhar e algo entre eles de alguma forma se tornou mais profundo, mais intenso...

Desejo. Era isso que ele estava sentindo. Um desejo louco por ela, de realmente tela em seus braços. Então ele fez mais; Ele alterou o dejavú se aproximando ainda mais dela, deixando seus corpos realmente colados e encostando suas testas. Ele queria, queria realmente beija-la e se ela não estava fugindo era porque queria o mesmo. Então ele decidiu, não iria mais hesitar e sim fazer o que desejava. Mais no mesmo momento em que ele, alguém decidiu irromper pela porta perguntando:

´´Ei, alguém viu Elena? Eu estou a horas procurando por ela e não consigo encontra-la.´´

Ao ouvir a voz de Jeremy, Caroline saiu rapidamente dos braços que a prendiam totalmente desconsertada pelo que estava prestes a acontecer respondendo:

´´Jeremy! Não. Eu não há vi. Você viu Stefan?´´

Ele olhou pra ela e em seguida para Jeremy, e sem conseguir disfarçar a irritação respondeu:

´´Eu não há vi, e como deu pra perceber ela não esta aqui, então... Você já pode ir certo?´´

Jeremy o olhou confuso perguntando:

´´Eu atrapalhei alguma coisa?´´

´´Bingo!´´ Exclamou Stefan frustrado, mais Caroline logo interveio falando:

´´Não Jer, você não atrapalhou nada. Eu e o Stefan só estávamos tentando remontar algumas cenas do passado pra ele ter alguma base de quem era...´´

´´Vocês estavam fazendo isso com musica?´´

´´Cara, você sempre foi curioso assim, ou é só pela minha vida mesmo?´´

Jeremy o olhou surpreso dizendo:

´´Caroline, seja o que for que você estava tentando fazer, não deu certo. Acho melhor tentar outra vez.´´

´´É, eu também acho. Mas pra isso você precisa sair daqui, então...´´

´´Stefan!´´

Exclamou Caroline o repreendendo e prosseguindo:

´´O dejavú por hoje acabou. Eu tenho que ir pra casa.´´

´´Caroline, você acabou de chegar!´´

´´Eu sei mas... Eu preciso fazer... Coisas.´´

´´Eu vou com você então.´´

´´Não! Você fica. Eu preciso fazer coisas sozinha.´´

Disse ela totalmente sem coragem de olhar para o seu rosto e denunciar sua grande mentira. Ela só chegou até a porta e murmurou:

´´Até mais Jeremy, e... Até outro dia Stefan!´´

E assim ela desapareceu de sua vista deixando-o na companhia de Jeremy que unia as sobrancelhas e dava de ombros confuso dizendo:

´´Garotas e suas ´coisas.´ Quem entende?´´

Stefan o olhou, respirou fundo contendo sua raiva e saiu da sala subindo as escadas totalmente frustrado com o que deixara de acontecer.