Logo em seguida, a rainha mandou se livrarem da garota.

Pobre Mayu, primeiro perdeu o que considerava um “irmão”... E depois foi rejeitada pela mãe.

A albina fugiu, seus olhos cor de mel enchiam-se de lagrimas, enquanto o vento fria batia em seu capuz. O cavalo cavalgava sobre o chão frio, tudo o que havia era o brilho intenso da lua.

O medo tomava seu coração, a tristeza, hesitação, insegurança. Ela ousou olhar para trás. Fogo. O Vilarejo banhava-se no fogo.

–O que? - Ela desceu do cavalo, e ficou observando. - Por que ela faria isto?

Suas mãos estavam geladas, e seu rosto estava pálido. Ela olhava paralisada, enquanto lágrimas rolavam de seus olhos.

–A culpa... - Ela começava a soluçar e tossir. - É minha?

Boatos se espalharam. Os sobreviventes culparam a garota. O fruto do pecado. Ela traria desgraça onde estivesse. Deveria ser eliminada.

Ela fugiu do reino, chegando a um povoado verde. A grama era de uma cor incrivelmente bela.

Ela caminhou, enquanto o frio penetrava sua pele e o cansaço tomasse conta de seu corpo. Por fim cedeu e caiu no chão.

–Ei, você está bem?! - Uma garota se aproximou. - Ei... Está viva? - A rapariga cutucou o braço de Mayu com o dedo.

–Hmm... - Ela se mexeu, assustando a outra rapariga. - Meu corpo... Não responde.

–Você está fria! - A rapariga segurou as mãos da albina. Não parecia se importar com o cabelo. - Venha comigo. - Pegou Elly e a apoiou em seu ombro, levando-a até sua casa.

Serviu-lhe chá e deitou-a na cama.

–Meu nome é Jess, e o seu? - A rapariga indagou.

–Mayu...

–Seu cabelo é bonito.

–Hm? Obrigada...

–O que você estava fazendo no chão?

Mayu virou o rosto, ignorando a pergunta.

–Se insiste... - Disse Jess. - Este colar é seu?

A albina pareceu surpresa, e logo puxou o colar com forma de chave da mão dela.

–Onde encontrou isto?!

–Eh? No chão.

–Espero que sejamos boas amigas!

Jess era uma garota demasiadamente gentil.

(Quatro anos depois)

Elas ficaram próximas. Jess não temia Mayu, era a pessoa mais gentil que conhecia... Depois de Ally...

Ao se lembrar do príncipe, seus olhos encheram-se de lágrimas.

–M-Mayu?! - Jess ficou surpresa, nunca vira esta chorar.

–Não é nada... - Ela forçou um sorriso, secando as lágrimas.

Jess nunca insistia se Mayu não contava algo. Uma confiava na outra.

–Dizem que há um penhasco que realiza desejos! - Uma tentativa de animas Mayu.

–Desejos?

–Sim! - Jess tentava alegrá-la. - Vamos?

–Sim!

Elas passaram por dentro da floresta.

Era tão belo. O luar iluminava a floresta e o caminho de pedras. Era lindo.

Ambas começaram a seguir o caminho. Vagalumes rodeavam as árvores e iluminavam o local.

–Ual! - Mayu olhava admirada.

–Não é lindo? - Ela encara os vaga-lumes. - Eu costumava vir com meu pai aqui.

–O que aconteceu com seu pai?

–Ele foi para um lugar melhor do que a terra...

Ele morreu.

Elas continuaram andando. O vento estava fresco e o ar estava leve. Nem se compararia aquela noite dois meses atrás...

–Chegamos! - Jess anuncia.

Era alto, lá de cima se via a água azul, no qual se refletia a lua. Era tão lindo, tão calmo.

–Faça uma promessa! - Ela dá um papel. - Dizem que se colocar o desejo numa garrafa e jogá-lo na água, ele se torna real!

Ela se lembrou de Ally, sentiu um vazio por dentro. Sentia saudade dele. Sem perceber, seus olhos enchiam-se de lágrimas novamente.

–Desculpe... Lembrei-te de algo doloroso? - Jess se sentia triste e culpada. - Desculpe...

–Espere... Vamos fazer a promessa...

Jess sorriu de volta, Mayu se sentiu feliz, calma.

Elas escreveram e colocaram na água.

–O que você prometeu? - Mayu indaga.

–Que você seja feliz.

Mayu e sentiu surpresa. Ela podia contar no dedo quantas pessoas se preocuparam com ela. Estava feliz.

–E você? - Jess perguntou.

–Quero reencontrar uma certa pessoa...

–Você o ama?

–Não... Eu apenas... Sinto falta dele.

–Hmmm... - Ela deu um sorriso malicioso. - Se é o que diz, então...

–Eu já disse! Não é nada disso! - Mayu estava ficando vermelha.

–Está ficando tarde, vamos voltar.

–Sim...

Elas desceram novamente todo o percurso.

–Não engane a si mesma... - Jess sussurrou, mas Mayu não ouviu direito.

–O que disse? - Mayu indagou.

–Nada! Esqueça, não é nada importante.

Ela voltou para a casa de Jess.

Enquanto entrava, viu um gato branco correr pelo beco.

Poderia ser...

Ela correu atrás dele. Ele passava pelo telhado correndo, e ela tentava alcançar.

–E-Espere! - Ela bufou.

Mayu subiu o telhado e foi se aproximando do gato, com cuidado.

–Te peguei! - Ela joga seu corpo para frente, porém o gato pula e ela desequilibra, caindo do telhado. Por sorte caiu na palha.

Ouve um estrondo, e alguém abriu a porta. Era um rapaz ruivo.

–Quem está aí? - Ele indaga, coçando o olho de sono. Tinha uma aparência bela e radiante.

–Desculpe-me! Foi um acidente! - Ela se levanta e se curva. - Desculpe!

–Hã? - Ele olha surpreso. - Não precisa exageram. Mas o que está fazendo nessa hora da noite?!

–Correndo atrás de um gato... - Mayu se sente estúpida.

Ele ri. Tinha um sorriso sedutor, muito bonito.

–Bem, acho melhor fazer isto de manhã, ou pegará um resfriado. - Ele alerta.

–Sim... Desculpe... - Ela se vira e vai embora.

Se deita na cama e logo cai no sono.

Ela acorda triste. Tivera um sonho. Mas não se lembrava. Se sentia fazia. E então nota o gato branco ao lado de sua cama. Ele ainda usava o laço azul em que ela prendera em seu pescoço sete anos atrás.

–Lui... - Assim se chamava o gato. - Senti tanta falta de você... - Ela o acaricia, chorando, relembrando o passado. Relembrando de Elly. Do vilarejo em chamas.

Ela segura seu colar. Será que ele ainda se lembrava dela? Da caixa? Da promessa?

Estava no passado...