A filha do diretor escrita por The Drama Queen


Capítulo 32
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei. Segundo capítulo. Eu estragando a felicidade das pessoas nesse capítulo. Mas até que nem tanto. Boa leitura!



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O dia estava bom demais para ser verdade. Eu deveria imaginar que uma coisa dessas iria acontecer. Nada pode ficar realmente bom. Sempre, sempre acontece alguma coisa pra acabar com a nossa felicidade. E eu, ingênuo, pensando que essa parte da vida já tinha me deixado.

– O que você quer agora, Peter?

– Creio que você já saiba – ele disse. Claro que eu sei. Lembro disso toda vez em que olho para Alysson.

– Acho que pode dar esse assunto por encerrado – respondi.

– Hum... Tem certeza? Acho que você não iria gostar da minha maneira de encerrar um assunto.

– Ainda acha que eu tenho medo das suas ameaças? – desdenhei. – Achei que já tivéssemos passado desse nível.

– Ah, Scott. Você não faz ideia de com quem está se metendo. Se fosse você, tomaria mais cuidado.

– Mas não é, portanto, se você me dá licença, eu tenho coisas mais importantes para fazer, tipo... comer. – Peter alargou mais ainda o sorriso e balançou a cabeça em negação.

– Pobre, Scott – lamentou. – Eu tentei te abrir os olhos. E eu ainda estou sendo bem legal com você, te dei mais tempo do que o combinado.

– É só pra isso que você veio aqui, me ameaçar? Se for, já pode ir. O recado já foi dado e ignorado. Tenha uma boa tarde. – Tentei fechar a porta, mas ele pôs a mão, me impedindo. Bufei impaciente.

– Na verdade, tem mais um coisa sim – ele disse. – Você não vai ter só que dormir com ela, eu quero uma prova disso.

– Como é?

– Eu sei que seu cérebro é subdesenvolvido e que nem passou pela sua cabeça oca mentir para mim. Mas antes que passe, eu quero deixar bem claro que quero uma prova. Você pode filmar ou tirar fotos, ou ainda deixar alguém da minha confiança assistindo toda a cena. Você pode escolher.

Eu não acredito que ele me disse uma coisa dessas.

– Você tem algum tipo de problema mental? – perguntei. – Acha mesmo que eu seria capaz de expor a Alysson dessa forma?

– Hum... Uma onda de bondade me atingiu – ele disse pensativo. – Vou te dar duas opções, Miller: ou você faz o que eu digo, ou se afasta dela.

– Você realmente acha que...

– Eu não acha nada, Scott. Eu tenho certeza. E saiba que as consequências da sua desobediência irão além de um simples surra.

– O que está acontecendo aqui? – perguntaram atrás de mim. Olhei por cima dos meus ombros e vi Dylan acompanhado por Anthony.

Peter estremeceu por um breve momento, mas logo se recompôs. Eu sei que ele está com medo. Isso está claro. Ele cometeu o erro de vir aqui sozinho. Talvez pensasse que eu estava sozinho em casa.

– Estamos só... esclarecendo algumas coisas – Peter respondeu. - Nada que seja da conta de algum de vocês. – Aquela droga daquele sorriso apareceu novamente me seu rosto. Uma vontade enorme de soca-lo me invadiu, mas eu me controlei. – Tenha uma boa tarde.

Dito isto, foi embora, me deixando plantado, ainda segurando a porta.

– O que ele queria? – Anthony perguntou.

Contei tudo a eles, principalmente a Dylan, que não sabia de nada. Depois de toda história contada, Peter foi xingado de todos os nomes possíveis e imagináveis. Digamos que Dylan não tem lá o melhor vocabulário do mundo.

...

No momento estou na praça que sempre converso com Sarah, esperando que James chegue. Decidir contar para ele, assim ele vai estar pronto caso eu precise de ajuda na hora de partir a cara do Peter em 1 milhão de pedacinhos.

– Scott – James disse assim que se aproximou. – O que é tão importante?

– Preciso te contar uma coisa muito séria. – Ele assentiu. Decidi começar já tocando na ferida. – Peter ameaçou a Sarah.

– Como é?! – gritou. – O que esse desgraçado fez? Olha, eu juro que se ele encostar em um fio de cabelo da Sarah...

– Ele não vai. Não se depender de mim. – Suspirei. Tenho medo que ele fique com raiva de mim no final.

– O que aconteceu pra ele fazer isso, Scott? – perguntou depois de um tempo. Suspirei mais uma vez.

– Lembra da aposta, certo? – Ele assentiu. – Pouco antes de eu sair com a Alysson e vencer a aposta, Peter me disse que tinha intensificado a aposta, mas só no conhecimento dele. Você não sabiam de nada, pelo menos assim eu acho.

– Eu não fiquei sabendo de nada – James garantiu.

– Foi o que eu pensei. Enfim, ele disse que, ao invés de só sair com ela, teria que leva-la para cama. Mas você sabe como a Alysson é. Ela nunca faria algo assim, e eu tenho o maior respeito por ela. Ela não é qualquer uma, você sabe.

– Sei.

– Eu me recusei a fazer muitas vezes, então Peter veio com a ameaça. Ele citou o nome da Sarah, do Zac e do Anthony, mas penso que você e os outros também estejam incluídos. Do jeito que o Peter é, não me impressionaria se Chloe também tivesse entrado na lista. – Ele assentiu.

– Você não dormiu com a Alysson? – perguntou.

– Não – respondi. – Eu não conseguiria fazer algo assim. Eu tentei arranjar um jeito de sair dessa história sem que alguém se machuque, mas está difícil. Não vou mentir, estou ficando com medo. Você viu o estrago que ele me fez no acampamento. Kyle e Ethan estão com ele e, pelo que a Sarah descobriu, ele tem mais um monte de gente ao dispor dele.

– Espera. Ela sabe?

– Sabe. É uma longa história. Depois você conversa com ela e ela te explica direito.

– Tudo bem.

– E como se não bastasse, Peter apareceu lá em casa. Disse que quer provas de que eu realmente dormi com ela. Fotos ou vídeo.

– Esse cara tem problemas – concluiu.

– Pode crer. – Suspirei novamente. – Eu só preciso que você fique de olho na Sarah. Você tem ficado mais tempo com ela do que eu. Cuida dela pra mim.

– Pode deixar, cara. Se depender de mim, esses três não vão nem respirar o mesmo ar que ela.

...

Enquanto voltava pra casa, recebi uma mensagem da Alysson:

Está livre agora? - A

Ela comprou outro celular depois do ocorrido com o Kyle. Ela não sabe a verdade, óbvio. Apenas acha que perdeu o celular.

Nem hesitei em responder:

Pra você eu estou livre a qualquer hora - S

Meu celular vibrou logo depois em resposta:

Awn que fofo haha Me encontre na sorveteria daqui a 3 min? - A

Estou indo pra lá - S

Mudei meu caminho e fui direto para a sorveteria. Esperei um pouco do lado de fora, não queria ficar muito tempo sozinho com a Ruby, porque dá última vez não terminou nada bem. Não que eu não confie em mim se estiver sozinho com ela outra vez, mas porque eu não confio nela. Conheço bem a Ruby. Sei que ela consegue muito bem fazer com que algo aconteceu, mesmo que não tenha acontecido nada.

Depois de um tempo, decidi entrar. Alysson não deve demorar a chegar. Me sentei numa mesa mais ao fundo, como sempre. Sei que Alysson também gosta de ficar aqui. Não demorou muito a dona dos cabelos loiros e olhos verdes veio até mim.

– Scott! Quanto tempo! – Ela veio com os braços abertos, como se fosse me dar um abraço.

– Realmente – respondi apenas, ignorando seus braços abertos.

– Então, o que vai querer pra hoje? – Se abaixou ficando na minha altura, já que eu estou sentado. - Beijo sem língua ou língua, com pegada ou sem pegada? – perguntou com uma voz sedutora.

– Ruby - A afastei. -, vamos deixar uma coisa bem clara: eu estou com a Alysson. Nós estamos namorando. Eu já tive alguma coisa com você, mas foi a muito tempo atrás. Eu não gosto de você, não quero nada de você, nem um mísero beijo. – Agora ela já está em pé a uma certa distância de mim. - Para de se jogar em cima de mim. Se você não se dá o mínimo respeito, pelo menos escolha alguém que não esteja comprometido.

– Scott? – ouvi a voz de quem esperava. – Está tudo bem aí?

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Ruby saiu correndo.

– O que aconteceu? – Alysson perguntou, sentando na cadeira a minha frente.

– Ruby queria... relembrar os velhos tempos.

– E você? – perguntou receosa.

– Dei um fora nela. Deixei bem claro que agora eu sou comprometido e não quero nada com ela. – Os lábios dela curvaram-se num sorriso.

Alysson debruçou sobre a mesa e me deu um beijo rápido.

Logo outra atendente veio anotar nosso pedido, trazendo-os logo depois.

Passamos boa parte da tarde na sorveteria. Não tivemos mais sinal da Ruby. Eu quase me sinto mal por ela. Quase sinto pena dela. Mas eu não disse nada além da verdade. Era necessário. Ruby é uma boa pessoa, ela só tem que aprender a dar valor a si mesma e respeitar o relacionamento e a decisão dos outros. E, convenhamos, ela pode pegar qualquer garoto que ela queira, e ela corre atrás logo de caras comprometidos? Não me levem a mal, mas ela está pedindo pra levar um fora muito bem dado. E eu ainda fui bem educado com ela.

...

Alysson e eu temos saído bastante, temos aproveitado ao máximo a companhia um do outro. Estamos juntos há quase um mês. Os pais dela ainda não sabem, por isso, não ficamos tão juntos na escola, mas o pessoal tem apoiado bastante.

Anthony parece ter se acostumado e aceitado bem isso tudo. Age como se nunca tivesse gostado da Alysson. Eu só espero que tudo isso seja verdade, e que ele não esteja apenas fingindo para não arrumar confusão ou algo assim.

Estou acompanhando Alysson até a sua casa. Sua mãe está em outra cidade, não sei fazendo o que, mas volta amanhã, e seu pai ainda está na escola. Temos alguns minutos. Mal ela fecha a porta atrás de nós, eu já a puxo para um beijo. Ficar longe dela tem sido cada vez mais difícil. Alysson Cooper está se tornando um vício, e eu tenho medo das consequências disso.

Se eu aprendi uma coisa com a vida, foi que ela mesma é terrivelmente cruel e que tudo é efêmero. Não podemos ser dependentes de nada nem ninguém, porque nada permanece para sempre. Ainda que eu sinta e tenha certeza de que esse sentimento é infinito e pode ser que seja eterno, ainda tenho medo de que esses “nós” não dure para sempre. Toda reviravolta que o nosso relacionamento dá, mesmo antes de ser um relacionamento de fato, eu sinto que é ali que vai acabar. Não que eu seja assim, tão inseguro, mas pense pelo meu lado. Imagine algo sem o qual você não vive, algo que você tem acesso o tempo todo, que você precisa ter acesso o tempo todo. Você não tem medo de perder esse algo? Bom, eu tenho. Para mim, quanto mais preciosa, valiosa e importante esse algo for, maior é o medo de perder. O meu algo é a Alysson.

Andamos desajeitadamente até o sofá, sem desgrudar nossos lábios, e nos deitamos ali. Parei de beijá-la um momento, para observar os detalhes do seu rosto bem de perto. Seus olhos são verdes, como eu já havia reparado. Não verdes vivos e intensos como os de Ruby, mas um verde meigo e delicado, assim como a dona dos olhos. Seu nariz é igualmente delicado, seus lábios são de finos, porém chamativos. Cada detalhe seu clama por um toque suave, e assim eu faço. Levo uma das mãos até seu rosto, e a acaricio. Alysson fecha os olhos, para desfrutar do meu toque.

– Minhas tardes podiam ser todas assim – ela sussurrou. – Eu não me importaria.

...

Tudo bem, tudo bem. O fato de ela não atender o telefone não significa que ela está inconsciente numa cama de hospital. Ela está bem, só está longe do telefone. Deve estar dormindo ou no banho, ou quem sabe ajudando a mãe na cozinha. Ela está bem.

Disquei seu número pela vigésima vez hoje. Um toque, dois toques, três toques, quatro toques. Vamos lá, atenda!

Alô?

– Sarah! Pelo amor de Deus! Por que demorou tanto a atender?

Estava conversando com a Alysson. – Suspirou. – É melhor você vir até aqui. – Não gostei nada do tom de voz dela.

Meu coração parou.

– O que houve, Sarah?

Não posso falar disso por telefone. Estamos na minha casa. Vem o mais rápido que você conseguir. ­ – Seu tom não é desesperado, mas sim preocupado e calmo. Calmo demais.

– Estou indo.

Peguei o carro e saí sem avisar a ninguém. Praticamente voei até a casa da Sarah. Quase morri umas duas vezes, mas não me incomoda. Não me incomoda o fato de meus pais terem morrido num acidente de carro, não agora. Nada me incomoda. A única coisa que me importa agora é saber o que se passa com a Alysson. Tem alguma coisa muito errada, e eu tenho a impressão de que Peter está envolvido nisso. Se qualquer uma das duas estiver machucada, não ver tem Kyle nem Ethan que me segure. Peter vai virar picadinho na minha mão.

Estacionei o carro de qualquer jeito e saí entrando na casa, sem bater na porta, sem pedir licença. A mãe da Sarah, que está na sala, se assustou com a minha entrada repentina.

– Scott! – disse com uma das mãos sobre o peito. – Você me assustou.

– Onde a Sarah está?

– No quarto com uma amiga. Está tudo bem?

– Espero que sim – respondi, ainda ofegante. – Será que eu posso subir? – Ela me olhou desconfiada. – Foi ela que me ligou e pediu que eu viesse. Precisa de ajuda com a Alysson. Por favor, prometo que não demoro – implorei. Eu devo estar patético.

– Tudo bem – cedeu. Assim que eu ouvi essas palavras, disparei escada acima.

Parei em frente a porta do quarto dela, respirei fundo e bati na porta. Ouvi vozes num sussurro e segundos depois a porta foi aberta, revelando uma Sarah nada feliz.

– O que aconteceu? – perguntei.

– Entra. – Abriu espaço para que eu entrasse.

Vi Alysson sentada na beirada da cama. Seu rosto está inchado e seus olhos estão vermelhos.

– Aly, o que houve? – perguntei, me aproximando dela.

Me sentei ao seu lado e pus uma mecha de seu cabelo atrás de uma de suas orelhas. Ela virou o rosto, se afastando do meu toque. Eu estou ficando realmente muito preocupado.

– Alguém vai me contar o que está acontecendo? – perguntei, o desespero evidente em minha voz.

Sarah pegou alguma coisa em sua mesa e me entregou. Um envelope mostarda com o endereço e o nome da Alysson. Abri o envelope, temeroso. Tirei uns papéis de lá. Eram fotos. Fotos minha e... Ruby?

– Mas o que? – eu disse sem desgrudar os olhos das imagens.

As primeiras fotos nos mostram conversando na sorveteria. Mas as últimas estão num ângulo que parece que eu a estou beijando. Não, não, não, não... A única vez em que beijei Ruby depois de muitos meses sem se quer falar com ela, foi quando Alysson viu. Isso aqui nunca aconteceu!

– Isso foi na última vez que fomos na sorveteria – disse para Alysson. – Você lembra dessa roupa? Era a que eu estava usando. Foi quando eu dei um fora nela. Você a viu saindo correndo. Você lembra, certo? – Ela não disse nada. – Alysson, você sabe que isso é armação, não sabe? – Alysson recomeçou a chorar.

Olhei para Sarah pedindo socorro. Ela apenas comprimiu os lábios e deu de ombros.

Não tem outra opção. Vou ter que contar sobre Peter, porque está na cara que isso foi armação dele. Peter deixou bem claro quando disse “Vou te dar duas opções, Miller: ou você faz o que eu digo, ou se afasta dela”. Parece que, se eu não me afastar por bem, vai ter que ser por mal.

– Eu vou ter que contar – falei para Sarah. Ela, por sua vez, soltou o ar que prendia nos pulmões e disse:

– Tudo bem. Eu vou estar na sala. – Assenti. – Boa sorte – sussurrou antes de me deixar a sós com Alysson.

– O que você tem pra me contar? – a voz de Alysson soou pela primeira vez, cansada e falha.

Suspirei pesadamente, pensando em por onde eu vou começar a contar essa história.


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Notas finais do capítulo

O que acharam da conversa com Peter? Mais alguém com vontade de matar esse filho da mãe? E o James, minha gente? Ai, ai... Acho que vou trocar o Scott por ele. Ou fico com os dois. O fora que a Ruby levou? Não foi lá o melhor fora do mundo, mas sei lá... Comentem haha E, mais importante: o final. Ah... Eu não queria postar o próximo capítulo só pra ler os comentários raivosos de vocês. Mas eu prometi 3 capítulos, então vou postar, neh?!
Esse capítulo não vai ter POV extra. O próximo vai, só que e vou ter que reescrever o POV, porque, como eu já disse, eu perdi os dois POV's, e só deu tempo de reescrever 1.
Beijos de amora :*