A filha do diretor escrita por The Drama Queen


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Segunda vez que estou tentando postar o capítulo. Eu estava estérica antes porque estou louca para postar esse capítulo desde que comecei a escrever a história. Bom, vou deixar vocês lerem.



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Mas eu acho cinema um programa muito simples.– Alysson disse pela milésima vez.

Ela já está na casa da tal tia dela há dois dias e me ligou agora de manhã. Me acordou, na verdade. Mas eu não me importo. Hoje é domingo mesmo, não tenho aula, nem nada para fazer. Na verdade, é quase meio-dia e eu ainda estou na cama.

– É o nosso primeiro encontro, Aly - argumentei.

Exatamente por isso tem que ser algo especial– contra argumentou.

– Um jantar então?

Isso! Seria bom.– Pude “sentir” o sorriso dela, e isso me fez sorrir.

– Eu não acredito que você está discutindo o programa do nosso encontro. Eu deveria decidir isso sozinho.

Se eu deixasse você decidir tudo sozinho, nós iríamos ao cinema trocar saliva durante todo o filme.– Ela não está errada

– Como se você não gostasse - murmurei.

Scott, amor, eu adoro, mas eu sou uma mulher romântica. E é o nosso primeiro encontro…

– Tudo bem, tudo bem - a interrompi antes que ela começasse a falar dos encontros dos filmes românticos que ela já assistiu - Eu vou fazer um programa melhor do que você imagina.

Essa eu quero ver.

– Está me chamando de incompetente?

Não. De jeito nenhum– ironizou e começou a rir. Revirei os olhos, mesmo sabendo que ela não pode ver, mas não pude deixar de rir junto - Eu tenho que ir agora. Nos falamos mais tarde?

– Com certeza.

Então, até mais.

– Até. - E desligou.

– Alysson de novo? - Olhei para porta e vi Anthony apoiado no batente.

– Era - respondi. Ainda é desconfortável falar com ele sobre esse assunto. Mais desconfortável do que falar com o diretor Cooper.

– Ela parece feliz - comentou.

– Eu sei. - Dei um pequeno sorriso.

– A pena é que ela vai estar chorando daqui a alguns dias. - E agora ele me faz pensar numa coisa que eu tenho tentado evitar.

– Tudo o que eu queria era poder voltar no tempo e não ter feito aquela maldita aposta - confessei.

– Mas não pode. Agora está nessa roubada e tem que ir até o fim, porque eu sei que você não vai se permitir perder essa aposta.

– Não vou. - Não posso me permitir desistir. Sabe-se lá o que pode acontecer se eu der para trás agora.

Suspirou antes de continuar.

– De qualquer forma, não vim aqui falar disso. Tem uma festa hoje. Você vai?

– Vou, sim. Que horas?

– 20:30h eu estou saindo de casa.

– Beleza.

Descobri que a festa é de Suzan, a loira que eu beijei no acampamento. A casa dela é bem grande, mas não tanto quanto a de Paris. Tem uma piscina imensa no jardim da frente. Parece que a escola inteira veio, e ouvi dizer que também tem gente que não é de lá. Então, a casa está literalmente cuspindo gente pelas janelas. Uma música eletrônica toca num volume além do máximo, a sala está em falta no quesito oxigênio por causa da quantidade de corpos. O único lugar que posso considerar agradável é a cozinha, que é onde eu fico durante boa parte da festa.

– Não vai dançar, Scott? - Suzan pergunta, surgindo ao meu lado.

– Não estou no clima. - ela me oferece uma garrafa de vodka

– Toma. Isso vai te deixar no clima.

– Valeu, mas não está nos meus planos ter ressaca na aula amanhã.

– E você aqui exatamente para que, então? - perguntou, mas sua voz não demonstra irritação.

– Na verdade, eu não sei. Acho que não tenho nada melhor para fazer. - disse dando de ombros.

– Hum… Tudo bem. Então, fique a vontade fazendo… nada.

– Ok. - respondi quando ela já estava fora o meu campo de visão.

Essa foi praticamente a única conversa que tive durante toda a noite. O resto foram meninas bêbadas e seminuas se jogando em cima de mim. E quando eu digo se jogando, eu quero dizer pulando mesmo. Posso dizer sem medo de errar, essa foi a pior festa que eu já fui. Não que ela tenha sido ruim em si, mas porque eu não estava afim de aproveitar. Sempre que eu começava a pensar em ficar com alguma garota, alguma coisa dentro de mim me travava, me impedia de fazer qualquer coisa que não fosse me negar a esse prazer, que agora se tornou tão incômodo.

No fim da noite, levei um Anthony completamente bêbado e seus amigos doendes invisíveis para casa. Tentei não fazer barulho quando cheguei , mas Anthony não ajudou muito quebrando o vaso de cerâmica que tia Sally deixa na sala, nem se jogando escada baixo, e muito menos gritando quando um dos doendes se jogou da janela do banheiro. No fim, Dylan, tia Sally e tio Paul, ficaram na porta do banheiro me observando dar um banho gelado nele.

Sexta-feira. Hoje faz uma semana que Alysson foi para Miami. Nos falamos todos os dias por telefone, como antes de ela viajar. Uma coisa que me incomoda nisso tudo é: ela saiu de férias em plena época de aulas. Tudo bem que não teremos provas, mas ela não vai ser reprovada por falta? Quer dizer, qualquer aluno normal seria. Ela estaria abusando da posição de filha do diretor? Ah, dane-se. Isso não importa.

O que importa? Peter veio falar comigo de novo essa semana. Queria saber quando eu vou parar de “enrolar” e ir direto ao ponto, porque a paciência dele está acabando. O que eu respondi?

– Não estou enrolando. Estou ganhando a confiança dela. Alysson não é o tipo de garota que dorme com qualquer um.

O que não deixa de ser verdade. Até porque, nem Peter, quando Alysson ainda confiava nele, conseguiu levar ela para cama. Mas eu ainda não tenho certeza se eu vou fazer isso. Pensei em contar para alguém sobre a ameaça dele, mas ele com certeza ficaria sabendo. Ele sempre arruma um jeito de saber de tudo o que acontece. Sem falar que , contar para Sarah, ou até mesmo para o diretor, me levaria a falar sobre a aposta. E aí eu estaria ferrado junto com o Peter, e ele ainda poderia me cobrir de pancada, ou cumprir sua ameaças indo atrás da Sarah, ou dos outros.

Paris também me procurou. E foi para falar da Alysson. Ela veio com aquele papo de que estou perdendo tempo com ela e com a tal aposta (sim, ela sabe, assim como mais da metade da escola), e se jogou em cima de mim de novo. Paris não tem limites, nem amor próprio. Mesmo depois de eu deixar bem claro que não quero mais nada com ela, a ruiva ainda insiste nisso. Me pergunto onde estaria aquele Paris que diziam que era difícil.

– Você não cansa de falar com ela? - Dylan me perguntou.

Hoje é sábado. Estamos no meu quarto. Eu acabei de desligar o telefone, depois de falar uns 30 minutos com a Alysson. Já é fim de tarde.

– Não posso simplesmente ignorar uma ligação ou uma mensagem dela.

– Não foi isso o que eu perguntei.

– Mas foi o que eu respondi.

Mas a resposta seria não. Eu não me canso de falar com ela, nem de ouvir a sua voz, ou a sua risada melodiosa.

Eu posso estar falando besteira, mas é a verdade. Eu sempre tenho algum assunto interessante para falar com ela e, geralmente, nossas conversas duram horas a fio. Não, eu não me canso e acho que nunca vou me cansar dessas conversas. E isso, provavelmente, vai atrapalhar todo o meu plano. Mas, quer saber, eu não me importo com isso. O que me importa por agora, é manter essa aproximação que eu tenho com ela. Penso que, se um dia ela me perdoar por estar a usando para vencer uma aposta, poderíamos ser amigos, ter uma amizade como a minha e a da Sarah. Não seria má ideia.

– Scott! Scott! - Dylan está estalando os dedos em frente ao meu rosto.

– Que foi?

– Você anda meio estranho nessas últimas semanas. Na verdade, está estranho desde antes do acampamento, mas quando voltou de lá, voltou mais estranho ainda.

– Não, eu continuo o mesmo. Só estou mais… concentrado na aposta.

– Concentrado na aposta? Vamos ver. - ele assumiu uma expressão pensativa - Por vezes fica parado olhando para o nada, totalmente desconectado do mundo; todo assunto que conversamos você arruma um jeito de pôr a Alysson no meio; verifica as mensagens 10 vezes a cada 30 segundos; fala com a Alysson todo dia por telefone ou por mensagem de texto, e quando não fala, só falta explodir. Ah, e claro, fica ouvindo e cantando Michael Bublé o dia inteiro, e você odeia o Michael Bublé. - Ele ia continuar, mas eu o interrompi.

– Isso tudo é por causa da aposta, e você sabe disso, Dylan.

– Sério? E você sentiria ciúmes de uma aposta?

– Eu não… - parei a frase no meio. Será que…?– Não. - neguei meu próprio pensamento.

– Sim. - Dylan afirmou com um sorriso vitorioso no rosto.

– Merda! - exclamei - Eu estou apaixonado!

Dylan me deixou há mais ou menos 2h, e eu continuo na cama, na mesma posição, sentado com os braços largados ao lado do corpo, completamente alarmado. A descoberta ainda lateja em minha mente.

Como assim apaixonado?

Parte de mim ainda nega esse possível sentimento.

Bem, eu não tenho como saber realmente se isso é paixão. Nunca senti algo assim antes. Mas soube que são esses os sintomas. E esses sintomas não poderiam indicar outra coisa? Como se toda pergunta tivesse duas respostas. Talvez seja sim apenas excesso de concentração na aposta. Isso! O Dylan está errado. Isso tudo é por causa da aposta.

Não é, não.

Estou começando a achar que minha consciência existe única e exclusivamente para estragar minha alegria.

De qualquer forma, paixão, amor… Não são coisas que eu possa sentir. No máximo atração. Não me permito sentir nada além disso. Até porque, numa aposta, sentimentos não contam, nem podem existir. Caso contrário… Conheço caras que perderam feio as apostas e as consequências não foram das melhores. Mas até que minhas consequências serão bem piores.

Eu preciso falar com alguém sobre isso. A Lilyan está fora de cogitação. Sou novo e bonito demais pra morrer. A Sarah está num encontro. Dylan me zoaria até a alma. Não posso dizer o contrário de Ross, Zac e James. Só me resta um apessoa, e eu odiaria ter que falar com ela sobre isso.

Respirei fundo e desci as escadas.

– Tia Sally - chamei.

– Oi, Scott. Alguem problema? - perguntou. Assenti em resposta.

– Dos grandes - completei, e me sentei na mesa da cozinha.

Tia Sally secou as mãos e se sentou ao meu lado. Ela não seria minha primeira opção quando o assunto em questão são garotas, mas eu estou desesperado, e ninguém melhor do que uma mulher para me ajudar com problemas com outra mulher.

– O que aconteceu?

– Lembra daquela garota?

– A do acordo silencioso?

– Isso. Ela mesma.

– O que tem? - perguntou, parecendo desconfiada. E não é para menos. Eu nunca falei sobre garotas com ela desse jeito.

Eu estou me sentindo uma criancinha contando a mãe que brigou na escola.

Respirei fundo. Isso é tão ridículo.

– Eu acho que… Talvez eu…

– Você o que? - me incentivou.

– É possível que… - pigarreei. - que eu tenha… sentimentos por ela. - Tia Sally abriu um sorriso.

– Ah, querido, isso é ótimo! - disse, gentilmente, enquanto segurava minhas mãos. - Já falou isso para ela? - Neguei com a cabeça.

– Acontece que eu não posso sentir… essa coisa– falei com repulsa. - Pensei que a senhora pudesse me ajudar a me livrar disso. - Seu sorriso se tornou solidário.

– Essa não é uma coisa que podemos nos livrar na hora que queremos. Se o amor te escolher para sentir isso, a única opção é, bem, sentir.

– Mas eu não quero. Me recuso a sentir qualquer coisa do tipo! Consegui controlar isso durante 18 anos, não é agora que eu vou me deixar ser controlado por um sentimento idiota.

– Tudo bem, então. Você pode tentar ficar longe dela por um tempo. A distância ajuda, às vezes. - Só que a distância não é uma opção, no meu caso.

Mesmo assim sorri em agradecimento.

– Obrigada, tia. - Ela se levantou e depositou um beijo no alto da minha cabeça, exatamente como minha mão costumava fazer.

– Não há de que. Espero ter ajudado. - Não ajudou, mas o que vale é a intensão.– Quer comer alguma coisa?

– Não. Estou bem. Valeu.

– Tudo bem. Eu vou sair agora. Comporte-se.

– Sempre me comporto.

– Aham… Sei bem como você se comporta. Como diria a sua mãe: quem não te conhece que te compre.

Fiquei sozinho em casa.

Tédio mortal.

Confusão total.

E essa é a pior rima da história das rimas.

Minha mente está tão danificada, que eu estou pensando coisas sem sentido.

Enviei uma mensagem para Sarah, pedindo que, quando chegasse do tal encontro com o cara misterioso, me avisasse.

Depois que quase 1 hora, meu celular vibrou, anunciando a chegada de uma nova mensagem. E dessa vez não é da Alysson.

Cheguei. Algum problema? - Sarah

Por que as pessoas sempre acham que tem algum problema? Que pessimistas…

Cheguei a conclusão de que Sarah deve sabe a verdade. De toda a verdade. Bem, ela é minha amiga e eu não sei se consigo continuar mentindo para ela. Aliás, na situação em que estou, não sei se consigo continuar enganando a Alysson também. Mas eu não posso contar da aposta para Alysson. Ela nunca me perdoaria. Não depois de tudo o que ela passou. Já a Sarah, eu tenho esperança de que ela releve tudo. Eu sei que não vai ser fácil. Sei que talvez eu me arrependa de contar tudo a ela, mas eu não consigo mais fingir para Sarah. Embora boa parte do que eu tenha dito seja verdade. Eu realmente mudei, e tenho outros motivos para estar com a Alysson. Não é só o medo de perder a aposta, nem as ameaças do Peter. É porque eu gosto dela, por mais que odeie isso, por mais que eu queira me livrar disso. Talvez Sarah consiga perceber essa mudança.

Mas, sobre Peter, eu não sei se vou contar. Peter pode descobrir que eu a alertei sobre as ameaças e fazer coisas piores do que disse.

Meu celular vibrou novamente.

Morreu? - Sarah

Acabei esquecendo de responder a mensagem.

Para a alegria da humanidade, ainda não - Scott

Decidi tentar descontrair um pouco. Não quero que ela perceba de cara que tem algum problema.

Há-há… Convencido - Sarah

Agora diz. Qual é o problema? - Sarah

Você pode ir a praça agora? - Scott” - ignorei sua pergunta.

Tudo bem. Te encontro lá - Sarah

Não ouvi o tom da sua voz, nem vi sua expressão facial, mas a conheço o suficiente para saber que ela está extremamente curiosa e preocupada.

Fui a pé até a praça, por isso demorei uns bons 20 minutos. Sarah já estava me esperando, apoiada em seu carro.

– Então… O que é tão importante para você me fazer sair de casa a essa hora da noite e vir te encontrar em uma praça sinistramente vazia?

– Temos que conversar - disse apenas. - E você não vai gostar. - Ela mantém a expressão neutra, mas eu sei que ela está nervosa. - Vem. Vamos nos sentar. - A guiei até um banco de cimento, um pouco distante de onde o carro está estacionado.

– Dá pra você falar logo? Eu estou tendo um ataque aqui! - exclamou.

Pensei por um momento, tentando encontrar um jeito mais fácil de dizer isso. Mas não existe. Não é como contar que alguém morreu.Não existe eufemismo para “estou usando sua amiga para ganhar uma aposta”.

– Sarah, você sabe que eu não sou o mesmo, não sabe? Dá para ver que eu mudei. Não sou mais aquele idiota machista que sempre fui. Você percebe isso, certo? - perguntei, cauteloso.

– Sei. E não sou a única que percebeu isso - disse com um pequeno sorriso.

– Acontece que, no início do ano, eu era o mais estúpido dos seres. Eu não pensava direito. Há alguns meses atrás, eu merecia infinitos socos na cara.

– Onde você quer chegar, Scott? Vá direito ao ponto. - Se você soubesse quão difícil é ir direto ao ponto

Suspirei. Um suspiro longo e pesado.

– Tudo bem. No início do ano, no primeiro dia de aula, para ser mais exato, eu fiz uma aposta com Anthony e os outros. Olha, eu não conhecia ninguém, eu não sabia no que daria. Eu pensei que seria fácil, que ela cederia logo de cara, como todas as outras, e então, eu ganharia a aposta. Mas não. Ela não é como as outras garotas. Ela é…

– Ela quem? - me interrompeu, fazendo meu coração soltar.

– Alysson.


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Notas finais do capítulo

Comentem, comentem, comentem. Quero saber o que estão achando dessa nova fase do Scott.
Espero que tenham gostado.
Até daqui a pouco.
Beijos de amora :*



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