Primeiro dia de aula. Eu deveria estar animado? Quer dizer, cidade nova, escola nova, amigos novos... vida nova. Isso deveria ser bom? Se sim, acho que estou fazendo tudo errado, pois não estou com a mínima vontade de levantar da cama e ir para a escola, fazer novos amigos e tudo mais. “Nossa, Scott, como você é antissocial!”. Eu chamaria isso de preguiça.

O despertador já tocou há uns 15 minutos e eu ainda estou deitado. É sério, eu não estou nem um pouco afim de levantar dessa cama. Por mim, eu passaria o resto da minha vida aqui.

– Anda, cabeção. Vai chegar atrasado no primeiro dia? – Dylan invadiu meu quarto.

– Não tem como repensar a possibilidade de eu ficar em casa? – Perguntei.

– Me pergunta de novo no dia em que o Anthony conseguir uma namorada.

– Eu vou morrer na escola. – Murmurei fazendo Dylan soltar uma risada.

– SCOTT, EU JURO QUE SE VOCÊ NÃO LEVANTAR AGORA, EU VOU QUEIMAR TODOS OS SEUS CD’s! – Anthony gritou lá de baixo. Bufei e levantei.

– Ninguém merece. – Disse pra mim mesmo.

Ponto negativo da escola: podemos usar qualquer roupa. Por que negativo? Porque nós temos que escolher com que roupa ir, e eu não suporto escolher roupa para sair. Abri meu guarda-roupa, que está uma bagunça, e peguei uma calça jeans surrada e uma blusa qualquer vermelha. Tomei um banho rápido, me vesti e calcei meu all star preto, deixando meus cabelos desarrumados. Quando desci as escadas, Anthony já me esperava do lado de fora.

– Quer dirigir hoje? – Ele perguntou assim que me aproximei.

– Pode ser. – Respondi e Anthony me jogou as chaves do carro.

Chegamos em menos de 10 minutos. Olhei a hora 6:45h. Grande parte dos alunos pareciam ter chegado.

– Por que raios você me fez vir para a escola 6:45h da manhã? – Pergunto para Anthony, enquanto estaciono carro.

– Ainda chegamos meio tarde. Aqui todo mundo madrugada. – Ele respondeu.

– Por que, exatamente?

– Pra ficar jogando conversa fora. Por que mais seria? – Disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

– Vocês são loucos! – E saímos do carro. Andamos até um grupo de garotos.

– Hey, e ai? – Anthony cumprimentou-os. – Esse é o Scott. Esses são Peter – Um cara não muito alto, loiro e magro. –, James – Moreno, alto, porte atlético. Parece ser o mais velho. –, Ross – Moreno, alto e não tão forte quanto James. – e Zac. – Uma menino magrelo, baixo, moreno, com cara de criança. – Eles me cumprimentaram e logo o assunto começou a surgir. Falamos de futebol, sobre a minha escola antiga, sobre essa escola e sobre a Flórida ser um ótimo lugar pra se morar. Mas então, chegamos no meu assunto preferidos: garotas.

– Vamos começar as apresentações. – Disse James. – Tá vendo aquela loira? – Disse apontando para um grupo de meninas à nossa direita. Assenti. – Megan Wate. Pega fácil.

– Morena mais para a esquerda. – Disse Ross. – Nicole Albuquerque. Não é muito fácil, mas vale a pena.

– Rosie Collins. – Foi a vez de Zac falar. – A melhor. – Disse apontando para uma outra morena sentada num banco, lendo.

– Como se você já tivesse chegado perto dela. – Ross comentou.

– Perto o suficiente para saber que não tem ninguém melhor. – Zac rebateu.

– Eu conheço alguém melhor. – Anthony disse olhando para o outro lado. Segui o seu olhar até um ruiva que passava na nossa frente. – Paris Anderson.

– Quase intocável. – Comentou James.

– Tem gosto muito refinado. – Completou Peter.

– Algum de vocês já chegou perto o suficiente pra conseguir sentir o cheiro dela? – Negaram com a cabeça. Eu ri.

– Acha que consegue, novato? – Perguntou James com desdém. Dei de ombros.

– Quem sabe?

As apresentações continuaram. Até que as meninas daqui não são tão ruins. O sinal tocou. Quando íamos entrando, um grupo de 3 garotas chamou minha atenção.

– Ei! – Disse puxando meu primo pela mochila, impedindo-o de continuar andando. - E aquela ali, quem é? - Pergunto para Anthony apontando para uma morena.

– Iiiihh... Pode esquecer. Aquela é a filha do diretor – Ele responde.

– Filha do diretor?

– Alysson Cooper, filha do diretor, Jonh Cooper. – James respondeu. – Encrenca na certa! – Garantiu.

– É bom nem olhar muito. – Disse Peter.

– E além do diretor, ela é mais difícil que a Paris. Não adianta nem tentar.

– Hum... – Murmurei.

– Ah, não, Scott. Não faz essa cara! – Disse Anthony.

– Que cara? – Perguntei.

– Essa ai. É sério. Você vai acabar quebrando a cara.

– Isso é um desafio? – Perguntei abrindo um sorriso.

– Uma aposta. – Sugeriu Ross.

– Valendo o que? – Zac perguntou.

– Minha dignidade! – Respondi.

– Ok. – Disse James. – Você só precisa de um encontro com ela.

– Feito! – Oficializamos o acordo com um aperto de mãos.

– Isso não vai prestar... – Anthony comentou e entramos.

A escola é enorme. Parece que quanto mais andamos até a sala, mais ela se distancia de nós. Quando finalmente chegamos, vi a bagunça que estava lá dentro. Todo mundo gritando, meninas fazendo o típico escândalo pós-férias, meninos subindo em cima da mesa, e por ai vai... Essa é uma das coisas que eu posso dizer que não senti falta.

Os meninos entraram e eu os segui. Sentamos no canto direito e ficamos conversando até que uma mulher loira apareceu na porta e disse que o professor não veio. Todo mundo saiu correndo, passando um por cima do outro, como se a vida deles dependesse disso. Eu saí por último, andando calmamente. Encontrei os meninos me esperando do lado de fora.

– Sua chance, novato. – Disse James indicando Alysson com a cabeça. – Comecei a andar em direção à ela, mas Anthony me impediu.

– Ainda não. – Segui seu olhar e vi o diretor olhando para nós.