–Já chegamos?

(Silêncio repentino)

–Roinc, Roinc...

(pausa de dez segundos)

–Acho que sim.

–Roinc, Roinc.

–Vou ver.

Pink saiu de dentro da bolsa de Adália e percebeu que se encontrava dentro de uma casa, foi acompanhado por Roinc que saiu de dentro de uma bolsa de couro marrom, a de Steve, sabia que tinha sido o cocheiro quem os tinha deixado ali.

–Onde estamos? –perguntou Pink. –Acho que é a casa da mama...

–Roinc...

O pequeno creeper ouviu sons estranhos vindo de Roinc.

–Você está com fome?

–Roinc... –Respondeu o porquinho cabisbaixo.

–Deve ter alguma coisa nesses baús aqui. –Disse ele saltando sobre a cama de Adália e abrindo um baú ao lado dela. –Você come isso? –Disse o pequeno mostrando um graveto.

–Roinc, Roinc! –Respondeu o porquinho.

–Me deixa ver... –O creeperzinho voltou a vasculhar dentro do baú. –E isso? –Disse ele mostrando uma barra de ferro.

–Roinc! –respondeu ele virando a cara.

–tá bom... –Pink saltou no chão e foi caminhando para outro baú, abriu ele e foi jogando as coisas que via por toda a casa procurando por comida e nada de encontrar. –E isso? –perguntou Pink mostrando uma Adaga.

–Roinc! –respondeu o porquinho.

Nesse momento a porta da casa se abre e eis que entram Adália e Aiden rindo, Pink mais do que depressa monta sobre as costas de Roinc e os dois se escondem debaixo da cama.

–Mas que coisa?! Fui roubada de novo?! –gritou Adália ao ver a bagunça.

–Que coisa... –Disse Aiden colocando os dedos no chão e vendo o rastro de objetos que levava até debaixo da cama. –Acho que os “infratores”” ainda estão aqui... –sussurrou ele.

O espadachim sacou a espada de fibra de diamantes rapidamente e foi caminhando em direção à cama, seus passos silenciosos e firmes eram o som da morte vindo de carona na lâmina da sua espada, o suor escorria de sua testa e a saliva descia na sua garganta, quem quer que tivesse feito aquele estrago estaria ali, debaixo da cama! Aiden se aproximou e segurou no pano e foi levantando-o lentamente... até que, ele escuta um som “estranho” vindo de debaixo da cama, ele para um pouco e pensa no que poderia ter causado aquilo, mas volta a levantar de novo... mais um som estranho vem de debaixo da cama na mesma hora, silêncio total, tem realmente alguma coisa ali! Aiden volta a levantar o pano e eis que sai um creeper roxo quase morrendo de falta de ar!

–Roinc seu peidão! Nunca mais me escondo com você! – Disse ele arfando e caindo no chão bem na frente de Aiden.

Ele parou e ficou estático por alguns instantes processando o que se passava ali na sua frente.

–Você fala? –perguntou ele calmamente.

–Sim seu moço. –Respondeu pink se sentando. –Desculpa pela bagunça, o Roinc estava com fome...

Nesse momento Aiden levantou o pano e percebeu que tinha um porquinho debaixo da cama com a cabeça escondida entre as patinhas tremendo de medo.

–Roinc? –perguntou ele.

–Pink!!! –Gritou Adália entrando no quarto. –Você está aí!!!

Foi aí que Adália pegou ele no colo e com muita calma explicou tudo o que estava acontecendo para Aiden que ouviu tudo com bastante atenção e paciência, logo em seguida eles se reuniram e arrumaram a bagunça que estava a casa de Adália.

–Então quer dizer que esse é o porquinho de estimação do Steve? –perguntou Aiden ao final da explicação.

–É sim, eu estou meio que de babá dele por enquanto. –Respondeu Adália sorrindo.

–é, se bem que ele se parece com o dono mesmo... –Disse Aiden irônico dizendo que Steve era covarde.

–Pois bem gente, estão com fome?

Adália se dirigiu em direção a um baú e retirou de lá alguns peixes e os colocou para assar no fogão de pedras de sua casa, colocou algumas frutas como batatas e maças em uma tigela de madeira e a entregou para Aiden que as posicionou sobre a mesa da cozinha, em questão de minutos o jantar estava pronto, e Aiden, Pink e Roinc estava sentados.

–E agora o prato principal. –Disse Adália entrando no cômodo de avental branco amarrado na cintura, trazendo consigo uma tigela cheia de peixes assados e um lindo sorriso no rosto. –Aiden, espero que goste dos peixes...

Aiden muito delicadamente pegou um deles e abocanhou um pedaço...

–Além de bonita cozinha muito bem. –Disse ele rindo e abocanhando outro pedaço. –até posso imaginar o que minha mãe diria se estivesse aqui...

Adália corou de leve e sorriu para Aiden muito feliz, afinal, ela sempre morou sozinha desde pequena e aquela era uma das primeiras vezes que tinha tanta gente reunida em sua casa, então aquilo era uma família...

–Mama o que eu vou comer? –perguntou Pink.

– essas maças lhe agradam? – perguntou Adália entregando uma para ele, que nem respondeu, apenas começou a come-la.

–Roinc, Roinc!

–E para você, essas batatas. –Disse Adália entregando uma tigela cheia delas para Roinc.

O jantar se seguiu muito silencioso, Adália não comeu nada, ficou apenas olhando para todos durante a refeição com um belo sorriso moldado nos lábios, ao final de tudo, Aiden se prontificou para lavar os pratos e limpar a mesa, enquanto Pink e Roinc foram dormir de barriga cheia debaixo da cama.

A capitã retirou o avental branco e foi caminhando para a cozinha onde encontrou Aiden terminando de lavar os pratos, foi caminhando lentamente em sua direção, ao chegar bem próximo hesitou um pouco, afinal de contas, ele tinha sido muito cavalheiro naquela noite, e Steve não iria ficar sabendo de nada, foi com esse pensamento em mente que ela foi serpenteando suas mãos delicadas pela cintura dele.

–Adália... –Suspirou Aiden que não acreditou.

A capitã em um silêncio sem fim foi esgueirando-se no peito de seu amado e deixou que ele acariciasse seu rosto e a tocasse, ela fechou os olhos e deu-lhe um beijo gostoso nos lábios.

–Eu te amo... –Disse Aiden em meio àquela cena mágica que desejava nunca terminar. –Eu te amo... –Continuava a dizer enquanto sentia o lábio quente de Adália nos seus, os olhos verdes dela o hipnotizavam, e seu cabelo vermelho era macio, sedoso. O silêncio daquela cena era perturbador, a tal ponto que o corpo de Aiden estava vibrando de prazer por causa do mistério e desejo que Adália lhe causava.

Aquela cena durou apenas alguns segundo, então Adália, com uma expressão triste, desviou o olhar delicadamente e se desprendeu dele.

–Acho que já está na hora de você ir embora. –Disse ela finalmente.

–Adália, o que...

–Não é nada. –Ela passou as mãos nas coxas como que nervosa. - é que já está tarde... –Disse ela de novo, humedecendo os lábios.

–Está bem... –Adália acompanhou Aiden calmamente até a porta sem dizer uma única palavra, logo em seguida ele começou a caminhar para sua casa um pouco confuso, até que, na hora que ele chegou na esquina, Adália gritou.

–Aiden... Boa sorte amanha.

O espadachim se virou e encarou-a com um sorriso vitorioso nos lábios.

–Se depender de você eu já ganhei Adália. –Disse Aiden voltando a caminhar para casa com um ar de mistério. Ele sabia que no dia seguinte, iria começar o tão temido teste para os jogos vorazes.

***

E lá estava ele esperando naquela enorme fila, o sol ainda nem tinha raiado e aquela amontoado de pessoas já se estendia por incríveis dois quilômetros! Depois de duas suadas horas, chegou a sua vez, ele se sentou em uma cadeira calmamente, na sua frente, escrevendo vários números em uma folha de papel estava um homem que iria decidir se ele iria ou não passar para a próxima etapa. O careca gordo parecia estar com o bumbum grudado na cadeira, o fedor que vinha dos sovacos do sujeito era tanto que indicava a falta de exercício, assim como a barriga que caía sobre o cinto de sua calça. Ele colocou a pena sobre a pequena mesa e olhou para Aiden de cima a baixo, logo em seguida anotou alguns números no papel.

–Nome completo. –perguntou ele por fim.

–Aiden Stone Rock. – respondeu.

–Hum... –Ele anotou no papel. –Idade?

–23.

O sujeito voltou a anotar, logo em seguida virou a folha e coçou o queixo. –eu vou te fazer algumas perguntas, e dependendo da sua resposta eu irei dizer se você está ou não qualificado para a próxima etapa. Entendeu?

–Sim. –Respondeu Aiden.

–Então está bem, vamos começar. –O sujeito aproximou o papel do rosto. –Você está caminhando na floresta durante a noite, e você escuta o som de passos lentos, o que você acha que é?

–Um zumbi.

–Sim, mas que tipo de zumbi?

–E com é que eu vou saber?

–Oh não, começamos com o pé esquerdo Aiden... –O sujeito anotou algumas besteiras no papel. –Vamos continuar. Você está caminhando na floresta durante a noite, e escuta o som de ossos rangendo, o que você acha que é?

–Só pode ser um esqueleto.

–Sim, mas que tipo de esqueleto?

–E como é que eu ei de saber?

–Oh não, estamos indo mal Aiden... –O homem virou a folha e anotou mais algumas besteiras no papel, logo em seguida foi para a próxima pergunta.

–Você está caminhando na floresta durante a noite, e vê um monstro verde que explode, o que você acha que é?

–Só pode ser um creeper.

–Sim, mas que tipo de creeper?

–Como é que eu vou saber?

–Oh não, não, não... estamos indo muito mal, mal mesmo... –O gordo começou a anotar mais besteiras na folha, e Aiden já estava sem paciência.

–Posso lhe fazer uma pergunta?

–Sim, pergunte.

–O senhor está caminhando na floresta no meio da noite, e vê uma mulher de mini saia, com um decote enorme e rodando bolsinha, o que você acha que é?

–Um puta!

–Sim, mas que tipo de puta? Sua mãe, sua irmã sua vó, sua tia...