POV Maria Fernanda

Duas semanas já haviam se passado depois que eu mudei para pior, de novo. Ninguém acreditava que eu estava voltando a ser má como antes. Porém hoje era um dia muito especial. Há 5 anos atrás Marco Tulio havia morrido por minha causa. Eu sabia muito bem para onde ir, e quem enfrentar...

—Você sabia o quanto eu te amava. Mas você a escolheu mesmo assim, querido. Você morreu me condenando a um destino infeliz junto á ela. —Maria Sófia fala sobre o tumulo de Marco Túlio. —Você poderia ter me escolhido para ser a sua companheira. Mas você me fez apetar aquele gatilho contra ela. —Fala chorando e eu percebo que Maria me esperava fora do cemitério. —Porque sempre tem que ser ela a ser feliz?

—Sabe porque ele morreu? —Pergunto e ela se assusta comigo. —Porque no momento ele era a nossa fraqueza.

—Você só estava usando ele para se esquecer de Fernando Luiz. —Ela fala entre os dentes e eu sinto um frio horrível. Era inverno. —Você só sabe usar as pessoas.

—Você é tão repugnante. Não acredito que é mãe de Melissa. —Falo e ela sorri para mim diabólica.

—Sabe o pacto que você fez com o diabo? —Pergunta e eu reviro os olhos. —Não pense que você esta livre dele. Demétrio disse claramente que um dia ele viria buscar todos que estavam no circulo do pacto, Maria Fernanda. —Fala e eu e olho incrédula. Aquilo era verdade... —A loucura vai te consumir aos poucos e você não vai poder recorrer nem mesmo a esperança.

—Eu vou pro inferno. Mas você vai junto comigo, Maria Sófia. —Falo entre os dentes e ela me olha incrédula. —Te vejo lá. Espero que me receba com a sua simpatia calorosa. —Falo dando meia volta e a deixando sozinha no tumulo de Marco Túlio.

—O que ela falou? —Maria pergunta e eu seguro as minhas lagrimas.

—Eu não estou livre do pacto, mamãe. —Falo e ela arregala os olhos. —Eu vou morrer jovem, mãe. —Falo tentando não chorar. —Mas ela vai junto comigo.

—Todos que fizeram o pacto estão perto de morrer? —Maria pergunta e eu afirmo que sim. —Catharina esta gravida de poucos meses, Maria Fernanda.

—E eu também, mamãe! —Exclamo em desespero. —Mas eu me dei uma chance de destruir Maria Sófia. E agora eu vou aproveitar essa chance, mamãe. Eu vou ser má até o meu ultimo suspiro. —Falo firme e ela me olha com pena. —Nem que eu tenha que matar ela envenenada com uma maçã ou que eu tenha que joga-la de um penhasco. —Falo sentindo uma força muito forte dentro de mim. —Vocês vão ser felizes. Mas eu vou voltar de onde vim. Eu nunca deveria ter existido.

—Você não pode falar isso. Você também foi boa para todos nós... —Fala e eu a olho com tristeza.

—Cuide dos meus filhos, mãe. Principalmente desse. —Falo e ela me olha confusa. —Se for uma menina ira se chamar Aurora. Se for um menino ira se chamar Otávio. —Falo e ela começa a chorar.

—‘’Eu morrerei jovem...’’. —Ela fala chorando compulsivamente. —Você não percebe, menina? A história esta se repetindo como foi a sua historia.

POV Victória

Eu não sabia como dar essa noticia a Cristina. Mas eu estava apoiando Maria Fernanda a se vingar de Maria Sófia de todas as formas. Eu precisava proteger quem eu amo, antes que algo grave aconteça. Fernando José e Catharina não estavam mais aqui, eu tinha que fazer algo em relação á Cristina. E eu sabia bem o que fazer com ela... Otávio iria sair por alguns anos do pais. Depois eu iria me encontra com ele independente do resultado que houvesse da vingança de Maria Fernanda.

—Para onde eu vou? —Cristina pergunta nervosa.

—Você não pode parar de estudar. —Falo. —Você vai para um colégio interno na Suiça. —Falo e vejo a tristeza em seu rosto.

—Suíça? —Pergunta incrédula. —Quando eu vou?

—Daqui a três dias. —Falo esperando que ela se revoltasse. Ela simplesmente saiu do meu quarto. —Três dias...

(...)

—Só restou eu e Maria. —Estevão fala nervoso. —Fernando Luiz viajou com Maria Victoria e João Paulo. —Fala e eu me viro para ele surpresa.—Segurança com as crianças.

—Cecilia decidiu ficar mesmo com Melissa. —Falo. —Ela tem medo que Maria Sófia faça algo.

—Não resultou em nada. —Estevão fala e eu fico confusa. —Você ter deixado Maria criar Maria Fernanda. As promessas que fizemos não foram cumpridas, Victória. —Fala extremamente serio. —Parece que uma grande nuvem negra vai entrar em nossos pulmões e fazer com que...Com que nada tivesse acontecido. —Fala e eu começo a chorar. —Como se tivesse voltando no tempo e tivesse feito com que você não abandonasse Maria Fernanda na porta da minha casa. Victória o que nós fizemos com ela!? —Ele me pergunta incrédulo. —Esquecemos de Fernando Luiz...

—E eu de Fernando José e Cristina, Estevão! —Exclamo. —Eu sempre fiquei com o foco em Maria Fernanda. Esse foi o meu pecado, Estevão. Eu só vi Maria Fernanda em minha frente... —Falo quase sem voz e desabo no choro. —Eu não me lembro dos meus filhos quando criança. Sendo felizes...

—Eu nunca parei para olhar para Fernando Luiz. —Fala. —Eu me esqueci de mim mesmo.

—Falhamos nisso.

—Falhamos em tudo. —Fala me olhando com um olhar profundo de tristeza. —Estamos nos afastando do que amamos.

(...)

—Ela esta pior. —Maria fala me assustando. —Cecilia pediu para que ela fosse a madrinha de batizado de Melissa. —Fala mudando de assunto.

—Assim do nada? —Pergunto incrédula e ela me olha sem entender. —Porque só agora ela quer isso?

—È apenas um batizado, Maria. —Falo. —Maria Fernanda vai fazer bem a alguma espécie de madrinha. —Falo sarcástica.

—Não sei. Talvez Cecilia esteja sendo forçada a fazer isso. —Fala e eu fico sem entender. —È apenas um batizado eu sei disso. Mas vale lembrar que Melissa é filha de Maria Sófia.

—Eu ainda tenho as minhas duvidas.

Não se importar com o tempo é não se importar com a vida. Dar as costas para o que ama é o caminho para a solidão. Entre a vingança e paz eu prefiro morrer afogada...Até porque sou humana e sinto ódio. Mas para que no final fingir amar se no inicio se odiou tanto? Eu não quero respostas, eu quero ações. (A autora).