POV Victória

Ela não acordava havia algumas horas, ela estava em cima daquela cama totalmente imóvel. Não podíamos leva-la á lugar algum com a chuva forte que estava tendo. Fernando Luiz não estava em casa, então o único jeito era esperar que ela acordasse ou que a chuva parasse. E dai que eu sinto a falta de Cristina, onde ela deve esta?

–Ela esta acordando. –Maria fala baixo tocando no rosto de Maria Fernanda. –Filha. –Maria sussurra baixo enquanto ela abria os olhos lentamente.

–O que houve? –Pergunto me aproximando de Maria Fernanda. Ela não falava, ela nem me olhava.

–Ela ainda esta em choque. –Maria fala e eu concordo. Eu estava preocupada, será que ela esta pior do que penso?

–Fale alguma coisa, filha. –Falo tendo a esperança que ela fale alguma coisa. Mas era em vão... –E essa chuva que não passa! –Falo com raiva e Maria me olha com tristeza. Só estava eu e ela esperando com que Maria Fernanda voltasse ao normal.

–Temos que ficar calmas, Victória. –Maria fala tentando me acalmar. –Pelo menos agora.

–Mas olhe como ela esta Maria! –Exclamo apontando para Maria Fernanda que permanecia muda. –Eu não suporto vê-la assim.

–Nem eu. Mas ela precisa de nós duas calma! –Fala usando toda a sua paciência. –Maria Fernanda é forte, Victória. A nossa filha é forte o suficiente para superar tudo isso. –Fala e me abraça forte. Esse abraço era tudo o que eu precisava.

–Me desculpem se interrompo algo. –Cecilia fala entrando no quarto. –Eu queria vê-la. –Fala se referindo a Maria Fernanda.

–Ela acordou. Mas permaneceu calada. –Maria fala e Cecilia fica distante de nós. –Sei que também esta preocupada porque Maria Sófia esta aqui e insiste em levar Melissa.

–Maria Sófia foi a mulher que deu a vida a Melissa. Porém Maria Fernanda as separou de alguma forma e resumiu em tudo isso. –Cecilia fala e eu fico com vergonha. –Mais Maria Fernanda não sabia o que fazia. E se ela não errou, pelo menos no meu ponto de vista. –Fala sorrindo e eu fico sem entender. –Se Melissa nunca tivesse ido parar naquele orfanato talvez eu hoje nunca teria sido mãe. Talvez eu tenha continuado fria e frívola...

–Os filhos mudam as pessoas. –Maria fala e eu sinto uma forte dor de cabeça com essa conversa. –Não é o caso de Maria Sófia.

–Ela só quer Melissa para ‘’magoar’’ Maria Fernanda. –Falo. –Porque a filha dela esta viva e a filha de Maria Fernanda não esta.

–Mas Maria Fernanda tem os seus dois filhos agora. Mesmo um filho sendo insubstituível. –Maria fala olhando para mim.

–Ela é tão linda. –Cecilia fala sobre Maria Fernanda. –Parece ser de outro mundo. –Fala.

–Eu não quero ser indelicada mas... –Começo a falar sentindo um arrepio. –Eu queria ficar um momento com ela, sozinhas. –Falo e as duas concordam e logo saem do quarto.

E ela permanecia imóvel...

–Sabe filha... –Começo a falar me deitando perto dela e a aninhando junto á mim. –Você mesmo com os seus defeitos foi a luz ou esperança que chegou na minha vida. –Falo alisando os seus cabelos. –Quando você fingiu estar morta eu pensei que era a pessoa mais infeliz do mundo. Quando você me rejeitava varias vezes e quando eu sabia das suas maldades eu me sentia a pior mãe deste mundo, filha. –Falo e começo a chorar.–Quando você quase caiu daquela sacada eu senti um pedaço da minha vida indo junto. –Falo e a abraço mais forte. –Quando eu sofri o acidente com Maria eu pensei que nunca mais te veria de novo. Pensei que iria morrer e não iria te ver crescer, filha. –Falo me lembrando do meu desespero. –Mas ai quando você entrou no quarto do hospital ainda me chamando de ‘’madrinha’’ eu me senti aliviada. Mas eu estava completamente cega, porém eu sentia o quanto você me amava mesmo sem saber da verdade. –Desabo no choro. –Eu pedi para que você fizesse faculdade de medicina porque foi a primeira coisa que me venho a cabeça quando você estava crescendo dentro de mim. Mesmo eu tendo ficado doente depois. –Falo me lembrando de tudo. –Seus erros trouxeram o bem para nos, Maria Fernanda. Você não é má, você apenas é um anjo que esta aprendendo a voar para colorir o céu. –Falo e beijo a sua bochecha.

Eu olho para a porta e vejo que Maria escutava tudo. Cecilia também estava com ela e as duas pareciam ter chorado muito.

–Não sabe o quanto me envergonho por vocês terem escutado isso. –Falo e as duas me olham constrangidas.

–Tem melhor coisa do que ver a mãe demostrar o quanto ama um filho? –Maria pergunta e se deita comigo ficando do outro lado da cama. Ela acariciava o rosto de Maria Fernanda.

Cecilia estava de braços cruzados virada para sair do quarto. Ela se sentia rejeitada por não ter o mesmo sangue que eu e Maria tínhamos.

–Ainda cabe mais uma... –Falo e ela me olha e sorri.

POV Cristina

Ainda chovia muito forte e eu já estava preocupada com o fato da minha mãe estar preocupada comigo. E que Maria Sófia também estava na minha casa criando o maior clima pesado para Maria Fernanda. Mas eu tentava me distrair ao máximo com Artur. Ele era muito inteligente e sempre me ouvia com atenção, ele sempre encontrava uma solução para todos os problemas. Ele parecia tão perfeito...

–Me desculpe. –Falo quando derrubo o seu café no chão. –Eu sou muito desastrada, nossa...

–Não, não, não. –Fala enquanto tendo arrumar a besteira que eu fiz e ele segura a minha mão para que eu não limpe.

–Só porque eu sou a filha dos patrões? –Pergunto já sentindo raiva.

–Não. È que você tem mãos muito delicadas para tais coisas, princesa. –Fala e sorri torto. –Em casa eu quem arrumo tudo. Minha irmã mesmo tendo quase a minha idade é como uma irmã mas nova.

–Ela vai fazer dezoito e você dezessete?

–È. Mais de toda forma digo que já tenho dezessete e a maioria das pessoas pensam que eu e ela somos gêmeos. Dai confunde... –Para de falar se aproximando de mim. –Voltando ao assunto...Não precisa arrumar nada aqui. –Fala de frente para mim e eu o puxa mais para perto e o beijo. Era o beijo mais doce que eu já dei.