Minha Querida Trolha escrita por Paloma Tsui


Capítulo 12
Capítulo 12 - Depois do Fim.


Notas iniciais do capítulo

ESPERO QUE VOCÊS LEIAM ISSO AQUI PORQUE NÃO QUERO NINGUÉM RECLAMANDO DE SPOILER, OKAY?
Então... É o último, cap. :'( E ele acontece depois do final da Cura Mortal, por isso se chama "depois do fim", mas nem por isso os fatos que acontecem no decorrer dos livros são ignorados. Se não leu os três livros, fique avisado que TÊM SPOILERS.
Enjoy... :3



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Minho estava cansado de um jeito bom, era um bom cansaço de sentir porque ele sabia que nunca mais se sentiria cansado daquele jeito. Aquele cansaço que vem depois de forçar todos os músculos do seu corpo ao limite, lutando pela própria vida, fugindo do CRUEL. Nunca mais se sentiria daquele jeito. Pelo menos era o que Minho esperava.

O CRUEL. Minho sabia que era um agente deles que o haviam colocado naquele lugar, mesmo depois de todas as coisas horríveis que os fizeram passarem, pelo menos alguém do CRUEL, era de fato, bom. CRUEL é bom. Os pensamentos do asiático se voltaram para Teresa, pensou em como Thomas havia se sentido, ele particularmente não sentia nada, odiou Teresa desde sempre. Mas sem avisar os pensamentos de Minho se voltaram para Marie, à cabeça dele freqüentemente fazia isso. Depois que ela e a outra trolha haviam sumido Minho não fez escândalo, nem saiu quebrando paredes atrás dela, muito menos Newt, desde o momento em que viu aquele trolho sair do banheiro e não ela, ele sabia que teria que fazer o que o CRUEL mandasse para vê-la de novo. Mas isso não aconteceu, Minho não a viu, e nunca mais a veria. A cada momento em cada dificuldade que passou, atravessando o deserto ou enfrentando Cranks, passando por uma tempestade ou lutando contra bizarrices sobrenaturais, Minho pensava em Marie, não queria que ela estivesse lá, mas queria saber como ela estava, onde ela estava e por que havia sido tirada dele, mas isso também ele nunca saberia. Se ele próprio se sentiu assim, às vezes pensava sobre como Newt se sentiu, dessa vez ele totalmente lúcido e sabendo o que estava acontecendo, de repente perceber que lhe tiraram a irmã gêmea pela segunda vez. O asiático sentiu uma vontade imensa de desabar no chão e chorar, não só por Marie como também por Newt. Havia perdido os dois. Newt o havia expulsado de perto dele, apontado uma arma para a cabeça dele e o mandado embora, sem ter ao mesmo a decência de lhe dar um abraço de despedida, ver Newt se tornar um Crank foi uma das piores coisas que Minho pode presenciar. Ele pensou que também, talvez Newt tivesse alguma esperança de encontrar a irmã antes de tudo acabar, não explodiria com o CRUEL sem ela junto a ele, talvez por isso ele se afastou e depois afastou todos ao redor dele. Torcia por poder deixar tudo àquilo pra trás.

Minho sabia que nunca gostaria de ninguém do jeito que gostou de Marie, afinal, ela era a versão feminina do seu melhor amigo. Tudo que um garoto poderia querer. Depois que Brenda queimou aquele celeiro onde o transportal estava um espaço vazio se abiu dentro de Minho, era um espaço onde Marie e Newt estiveram, sabiam que não importava o que acontecesse, Newt nunca voltaria, e Marie não chegaria lá.

Ninguém sabia o que faria a seguir, mas o asiático sabia que iria dormir. Nada estava totalmente pronto ainda, então Minho encostou-se a uma árvore e não demorou pra adormecer.

Acordou com a alvorada. Viu as ondas brilharem e se quebrarem na praia, a visão esta um pouco embaçada e o corpo um pouco dolorido, mas está descansado. Ele se levantou, se alongou, e foi até a praia. O cheiro de maresia inundou suas narinas, nunca pensou ter sentido um cheiro tão inusitado.

Ele olhou ao redor observando a grandeza do mar, era tudo tão intenso, Minho se sentia bem como nunca, mesmo apesar do imenso vazio sobre Marie e Newt.

Minho olhou para a ponta leste da praia e bem ao fundo viu um ponto, não sabia quem era, e não achava ser possível alguém ter ido até o fundo e agora ter voltado apenas por que quis fazer isso, mas não deixava de ser provável. Preferia acreditar nisso que a em que poderia ser alguma confusão. Ele quis se virar e sair dali, mas a curiosidade era maior. Aos poucos, o ponto se tornou uma mancha, e a macha se tornou um vulto, e o vulto se transformou numa pessoa, e a pessoa é uma garota. A tal garota ainda estava a bons metros de distancia do asiático, mas pelo tanto de curvas e o cabelo que lhe caia pelos ombros, definitivamente era uma garota. Com o dia ainda nascendo, a figura da garota era escura e difícil de distinguir, ela parecia ter vindo diretamente do Sol.

Minho tinha um aperto no coração, uma sensação que surgiu do nada. A silhueta se aproximava mais e mais, e cada vez ficava mais parecida com alguém que Minho conhecia muito bem: Marie. Ele se pôs a afastar aquela pontinha de esperança que ameaçava o invadir, por que afinal poderia ser qualquer trolha parecida com ela. Mas a garota se aproximava e cada vez mais era como se Marie se apossasse pouco a pouco da garota, fazendo-a tomar suas formas e seu rosto, a cor do seu cabelo e da sua pele para só no fim, a dos seus olhos. Azuis. Olhos azuis, mas não era um azul qualquer, são os azuis de Newt, os olhos azuis de Marie, era ela.

O asiático quis correr para abraçá-la. Queria beijá-la e queria chorar, mas alguma coisa estava estranha. Marie estacou no meio do caminho e ficou lá parada, e pelo jeito que o tronco dela se mexia, ela estava chorando. Não era um choro normal, estava soluçando, um choro sentido e incrivelmente... Triste.

Minho andou até ela devagar. Distinguiu que ela estava de roupa branca, um uniforme completamente branco, com tênis também brancos, a cabeça baixa, com os cabelos louros perfeitamente alinhados. Ela parecia à visão da perfeição, mas estava definitivamente chorando. Ele se abaixou pra olhar no rosto dela, incapaz de dizer qualquer palavra, mas não adiantou muito. O asiático colocou um dedo no queixo dela e levemente levantou a cabeça da garota. Ela o olhou com um pesar nos olhos, uma tristeza e um evidente... Pedido de perdão.

_ Marie? O que foi? – Foi uma pergunta estúpida, mas foi o que Minho conseguiu dizer.

_ Não posso acreditar que isso aconteceu – Marie disse isso num tom tão duro e devastado que Minho teve de se afastar. – Tudo o que eu fiz...

_ Hei, hei, hei... – Minho queria que ela falasse, mas não daquele jeito. Queria que ela começasse do começo. – Da onde você veio? Vamos começar assim, tudo bem? Do começo.

Marie acenou positivamente apertando os olhos e deixando que as últimas lágrimas se escorressem pelo rosto.

_ Eu vim de um transportal. De outro transportal – Marie explicou. – Provavelmente o ultimo que foi aberto, mas fui á única a sair por lá. Eu fui à única Imune que ainda estava por lá viva, o CRUEL decidiu que poderia fazer isso uma ultima vez para mim.

Minho se sentiu estranho pelo tanto de simpatia que sentiu pelo CRUEL depois daquela declaração. Eles haviam aberto um ultimo transportal apenas para Marie poder chegar até eles também.

_ Mas tem uma coisa – Marie continuou e Minho permaneceu quieto aguardando a bomba. Não iria dizer palavra nenhuma que não fosse estritamente necessária, mesmo que Marie pudesse muito bem dizer alguma coisa do tipo: “eles só me deixariam passar se viesse aqui para te matar” ou qualquer coisa assim. – Eu não fiquei lá por que não consegui sair, eu fiquei lá por que eu quis ficar. – O tom da voz dela era incrivelmente triste como se sentisse culpada.

Minho só se sentiu confuso, por que Marie haveria de querer ficar lá? Se ele conhecia mesmo a garota, ela só gostaria de estar com o CRUEL se estivesse completamente louca. Como o garoto não objetou, Marie continuou.

_ Depois que eles me tiraram do quarto e me levaram de volta para a central deles, eles me colocaram no lugar onde eu sempre fiquei. Um lugar que era de todas as maneiras do lado deles. – Minho estava ainda mais confuso o que queria dizer com aquilo tudo? Mas a expressão no rosto dela continuava desesperada e completamente triste. – Eu menti quando recuperei a memória, era tudo encenação, eu se lembrava de tudo, de cada detalhe, eu fingi só lembrar-se de partes pequenas, fingi que não me lembrava do CRUEL. Mas eu só fiz isso por que era o meu papel. Quando me lembrei de tudo, lembrei do propósito pelo qual eu estava lá: Por que eu, assim como todos os agentes do CRUEL, queria encontrar a cura.

Aquilo foi um soco no estomago de Minho. Aquilo queria dizer que Marie era uma agente voluntaria do CRUEL? Sabia exatamente tudo o que estava fazendo? Raiva queria inundar Minho, mas ele se forçou a manter a calma e ouvir o que ela tinha a dizer. Não agiria por impulso, não com Marie.

_ O meu lugar no trabalho do CRUEL era como o de muitos, eu tinha que observar vocês, catalogar suas variáveis e mandá-las para analise. Era bem simples. Mas comigo tinha um porem, eu precisava ficar de olho no meu irmão, era o meu propósito. Eu enlouqueci quando o mandaram para a clareira, não era pra ser ele, mas foi. Então tive que arrumar um jeito de continuar a monitorá-lo de algum modo, então eu entrei nessa coisa. Cara... Foi à morte pra mim, ver meu irmão tentar se matar naquele labirinto. – Minho se estremeceu com a lembrança. Então era mesmo verdade, Marie os observava, sabia tudo o que faziam. – Newt não sabia, mas eu só estava lá porque realmente acreditava na cura, eu queria ela mais do que qualquer pessoa poderia querer alguma coisa na vida, e não era pra mim. Afinal, desde sempre eu sabia que era Imune, mas eu também sabia que Newt não era. Era estranho porque eu pensava que tinha roubado isso dele, nós éramos gêmeos, Minho, mas um era Imune e o outro não, era uma incrível injustiça. Eu convivi com o medo de Newt contrair o Fulgor cada segundo da minha vida, por isso eu acreditei tanto na cura. – Fazia sentido, com Newt perto dela, Marie podia fazer o que podia para protegê-lo do Fulgor, uma vez que ela nunca sofreria com a doença, mas uma vez com Newt dentro da Clareira, a única maneira de monitorá-lo era estando com Newt ou estando com o CRUEL. Parecia obvio que estar com o CRUEL era mais fácil. – Não só acreditei, eu me esforcei pra ajudar a criá-la. Se eu não tivesse sido jogada lá como mais um numero para as variáveis de vocês, eu teria impedido que Newt fizesse parte da segunda fase, a fase em que eles colocaram o Fulgor em vocês. Quando eu voltei pra lá tudo que me restou foi voltar a fazer o meu trabalho para que pudéssemos achar a cura, eu precisava dela mais do que nunca depois daquilo. Não sei o que aconteceu depois, mesmo depois de todas as variáveis e mesmo depois de tudo, vocês fugiram e meu irmão começou a se arrastar para a loucura. Depois que eu perdi a minha total custódia sobre Newt meu mundo desabou. Eu tive que aumentar os padrões da minha causa, sem Newt perto de mim só havia duas maneiras de curá-lo, ou eu o achava ou curava a humanidade inteira, Newt poderia não estar comigo, mas pelo menos estaria bem. Mas deu tudo errado de novo e eu estava tão desesperada que fiquei lá até o ultimo segundo presa a esperança de que eu poderia encontrar a cura. Quando a chanceler Paige deu-nos o status que falhamos, todo o meu mundo desmoronou. Eu nunca salvaria o Newt.

Depois de toda a história, Minho não odiava Marie, mas sentia uma confusão sem fim.

_ Quer dizer que você sempre foi uma agente do CRUEL? Por livre e espontânea vontade esteve com eles? – Marie acenou positivamente, lagrimas voltaram a brotar nos olhos dela. – Fingiu comigo também?

_Não. – Marie se sobressaltou. – Nunca. Eu vivia um amor platônico por você enquanto te observava, era estúpido, mas eu realmente gostava de você, e mesmo depois que por um pequeno intervalo de tempo eu tenha perdido a memória, eu ainda sentia aquilo. Minho, eu ainda te amo.

Minho quis chorar dessa vez, e não se forçou a tentar evitar o ato, deixou que as lágrimas escorressem pelos seus olhos.

_ Mértila garota, eu também. – Minho quase gritou as ultimas palavras. – Depois que você sumiu não teve um dia do qual eu não pensasse em você, eu quis tanto que você voltasse. Eu vim pra cá e estava tentando conviver com o fato de viver sem você e sem o Newt. Eu quis morrer, Marie, mas não iria dar o prazer a aqueles trolhos de mértila do CRUEL.

_ Nunca queríamos que nenhum de vocês morresse, era só que... – Minho levantou as mãos e sacudiu a cabeça em negação, não queria saber daquilo. Ele respirou fundo e falou:

_ Não importa, não quero saber disso porque eu não me importo, eu nunca mais quero ouvir falar do CRUEL. – As palavras saíram mais rudes do que Minho esperava. Para amenizar as palavras, Minho segurou na mão de Marie.

_ Vi como tratou a Teresa, sei que nunca vai me perdoar por alguma vez na minha vida ter ficado ao lado do CRUEL o tempo todo os vendo sofrer e ajudando para que isso não parasse, mas eu precisava te contar. – Marie apertou a mão do asiático.

Foi esquisito ouvir Marie se comprar a Teresa em relação à Minho, por que todos sabiam que não havia comparação da relação dele e de Marie e dele e de Teresa. Minho ama Marie, mas odiou Teresa instantaneamente, mas só agora percebia que se sentia um tanto culpado por nunca ter aceitado pelo menos uma desculpa de Teresa antes que ela morresse, não passaria por aquilo com Marie. Sabia que se deixasse aquilo acontecer, a culpa seria ainda maior, não conseguiria conviver com ela sem perdoá-la, não conseguiria conviver com ela sem estar com ela de fato.

_ Marie, não importa o que você fez. Você parece sincera em dizer que foi por Newt, mas mais uma vez, não importa, o CRUEL acabou de qualquer modo, e estamos aqui. Eu perdôo você.

Sem que Marie pudesse responder, Minho a puxou pra si num abraço apertado. Quando se desvencilharam do abraço, mas ainda sem se soltarem, Marie tinha um sorriso nos lábios e lagrimas nos olhos.

_ Isso era tudo que eu precisava, mas não posso ficar aqui.

O sorriso dela sumiu e Minho a soltou instantaneamente.

_ Simplesmente, não mereço isso, não mereço o seu perdão, não mereço estar nesse lindo lugar, e principalmente, não consigo viver sem o Newt. Eu não poderia ficar aqui e ficar velha e feliz, enquanto Newt provavelmente nem esta mais vivo. E como se te partissem ao meio e dissessem pra sobreviver.

Uma onde de terror inundou Minho, como se a qualquer instante Marie fosse tirar uma seringa envenenada do bolso e injetar em si própria para se matar.

_ O que quer dizer com isso? – Minho disse voltando a segura-la.

_ O Transportal ainda está aberto e ficara até o meio dia, vou voltar pra lá, ajudar o CRUEL na sua ultima boa ação do mundo, eles estão distribuindo o resto de recursos entre as pessoas ainda boas e reunindo tudo em cápsulas do tempo antes de tudo acabar, vou ajudá-los e depois vou morrer com eles, é como deve ser.

_ Não pode fazer isso – Minho indagou ainda em pânico. – Não pode simplesmente voltar pra lá e me deixar, eu já perdi o seu irmão, não posso perder você também.

_ Não Minho, você está errado. Você não pode estar comigo sem estar com ele, não pode ter só a metade de uma coisa onde um dia ela esteve inteira.

_ Acha que Newt iria querer isso? Acha que gostaria que você morresse junto com os agentes do CRUEL quando tem a opção de viver aqui? – As palavras foram como um tapa na cara de Marie. – Não precisa deixar a sua vida. Newt iria querer que você fosse feliz. Você não é só o legado dele, você tem ele em você, precisamos de um pouco de Newt, e de Marie também nesse nosso novo mundo. E... Se você realmente presa a memória do seu irmão, você...

Minho não conseguiu terminar a frase por que em uma fração de segundo Marie o puxou pra si e o beijou, um beijo tão forte e intenso que o asiático se esqueceu de todo o resto. Marie não conseguiu nem ao menos fixar a idéia em si mesma, ouvir Minho falando de Newt daquele jeito doía, doía pelo fato de ele ter razão. Marie sabia que se fosse possível cortar um corpo ao meio e só uma das metades pudesse sobreviver, Newt iria querer que Marie fosse essa metade, a metade que sobrevivia, embora os dois tivessem o mesmo conceito e os dois acabariam mortos por nenhum dos dois cederem, mas não era o caso, pode parecer crueldade fazer uma analogia aos dois assim, mas Marie era realmente a parte do corpo que sobreviveria.

_ Esse mundo precisa de um pouco de Newt – Marie sorriu pra ele da sua maneira mais dócil. O jeito que o asiático a convenceu de ficar deixou Marie irritada, a fraqueza que sentia em relação a ele nunca passaria, mas Marie não ligava, queria estar com ele e nunca queria ter que ser forte pra isso.

_ Vem – Marie chamou. – Vamos explorar nosso mundo novo.

FIM


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Notas finais do capítulo

Booooom, gente... Agradecimentos especiais a , LaraEHTeodoro, Delly Chase Potter, Danica Valdez, Nathália Dantas e Thalia Pevensie que foram os leitores lindos que comentaram e me fizeram querer continuar a postar. You Guys Rock... XOXO