O mundo gira a meu redor, pessoas apressadas para chegar em suas casas depois de um longo dia de trabalho. E era isso que eu estava fazendo até receber aquela ligação.

Flashback on:

18:00 h. Hora de ir embora. Salvo a matéria sobre moda que eu estava escrevendo, desligo meu computador, pego minha bolsa e saio. Hoje foi um dia difícil aqui na revista. Eu acordei com uma sensação estranha de que algo ruim estava prestes a acontecer e quase não prestei atenção no trabalho.

Entrei no elevador e tinha duas estagiarias conversando sobre como um dos editores da revista é um gato. Tentei não prestar atenção na conversa, não estava com paciência para isso.

Então comecei a pensar no meu noivo. Steven é lindo. Alto, moreno, olhos verdes, forte, cheiroso, carinhoso... Sou tirada de meus pensamentos com a porta do elevados se abrindo.

Saio do prédio e não vejo Steven me esperando. Estranho. Hoje ele iria vir me buscar. Pego meu celular na minha bolsa e ligo pra ele, mas ele não atende. Ligo de novo, e de novo ele não atende. Descido ir de metrô mesmo. Ando duas quadras e entro em um Starbucks e compro um Cappuccino Chocolate. Quando saio da cafeteria meu celular toca. Pego ele na bolsa e atendo:

–Alo?

–Juliet Price? - uma mulher pergunta.

–Sim, sou eu mesma.

–Eu sou Rubi do Mount Sinai Hospital. O Senhor Steven Kripke sofreu um acidente de carro e ...

Flashback off.

Depois disso eu não escuto mais nada. Posso sentir as gotas de Cappuccino baterem nas minhas pernas quando deixo o copo cair. Naquele momento meu mundo para. Eu não conseguia mover nenhum músculo, mas sentia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Milhares de coisas sobe Steven passam na minha cabeça. Eu não posso ficar sem o meu Steven, não posso...

–Senhorita? Senhorita Juliet, você ainda está ai? Senhori...

–Estou...eu.. já e-estou indo.

Saio correndo e entro em um táxi que estava parado no sinaleiro e peço que o motorista me leve até o Hospital. Quando chegamos jogo uma nota de vinte dólares para ele e saio do carro, correndo até a recepção.

–Olá. Estou procurando Steven Kripke. Ele sofreu um acidente de carro. - falo tudo muito rápido.

–Só um minuto. - diz uma das recepcionistas, ela digita alguma coisa, que eu imagino ser o nome dele, no computador e depois olha pra mim. -Ele está em cirurgia no momento. O que a senhorita e dele?

–Noiva.

–Quando acabar a cirurgia o médico vem falar com a senhorita. Pode aguardar ali se quiser. -ela aponta para sala de espera, mas eu não consigo ficar parada. Começo a andar de um lado para o outro, chorando com a mão na testa. - Senhorita, acalme-se. - ela vem até mim e me faz sentar em um banco. - Você quer um copo d'água? - somente acinto e ela sai. Um tempo depois ela volta com um copo na mão.

–Obrigada, é... - vejo o nome dela no crachá - Vick. - ela sorri pra mim e volta para recepção.

Uma, duas, três horas se passam e nada. Nenhum médico veio me dar nenhuma notícia de como ele está. Já estou ficando louca.

Quando me levando para perguntar a recepcionista se a cirurgia vai demorar para terminar, um médico sai de uma porta e vem em direção a sala de espera. Mas ele não esta com uma cara muito boa. Meu coração parou com medo de Steven não ter sobrevivido.

–Família de Steven Kripke? - perguntou ele.

–Sou eu. - me prontifiquei de responder.

–Só a senhorita?

–Sim. - eu e Steven somos órfãos. Eu fui deixada na porta de um orfanato quando ainda era um bebê, meu nome foi dado por uma freira que morreu quando eu tinha quatro anos. Já Steven sofreu um acidente de carro quando tinha cinco anos, onde os pais e a irmã morreram. Os avós o renegaram, eles diziam que ele devia ter morrido e não a filha deles. E agora ele sofreu outro acidente de carro. Parece praga dos avós dele.

–Sou o Dr. Phillip Irvine. Por favor, me acompanhe até minha sala. - e assim o fiz. Quando chegamos ele pediu para que eu me sentasse na cadeira a sua frente e então continuou: - Bom, o estado do seu...

–Noivo.

–Obrigado. O estado do seu noivo é critico. Ele teve varias fraturas e escoriações pelo corpo todo, mas a que mais nos preocupou foi as duas fraturas na costela direita, o que causou um Pneumotórax, que acontece quando á uma lesão no pulmão, fazendo o ar se esvair, como uma bexiga furada, sendo substituída por sangue. Mas nós já conseguimos controlar o sangramento.

Isso fez com que eu ficasse um pouco mais aliviada e até desse um sorrisinho, que morreu logo em seguida:

–Mas ele bateu a cabeça com muita força causando um traumatismo crânio-encefálico.

–O que isso quer dizer.

–Quer dizer que Steven está em coma.

E mais uma vez o meu mundo parou. Eu vi que o médico falou alguma coisa, mas eu não entendi. A sala começou a girar e então tudo apagou.