– Esta entregue meu amor. - Renee falou. Suspirei concordando. Não tinha saída, teria que aguentar exatas quatro horas de discussões, motivações, vídeos de superação, músicas de vitória e perguntas como "Você se sente melhor hoje?". Definitivamente das piores coisas que Renee poderia ter feito por mim nesta vida, a principal delas é ter me colado neste grupo de apoio onde era rodeada por pessoas que me olhavam com raiva e desdém. Já bastava receber esses olhares na escola, agora recebia em um grupo de apoio. Bufei saindo do carro de Renee. A mesma me acompanhou com o olhar até a porta da casa de três andares e com uma pintura cinza no lado de fora e um enorme quintal florido na frente. Segundo Mike, o criador do grupo, a visão florida transmite paz para os pacientes. Exatamente, pacientes, era assim que Mike se referia ao grupo de 15 jovens que pagavam para ter aqueles encontros. Mike era psicologo e um ex fumante e segundo ele um ex comprador compulsivo.

Atravessei o portão de madeira que tampava um pouco a visão do quintal florido e andei em passos lentos arrastando meu all star velho pela grama verde e bem cortada.

– E essa animação Swan? - Alice apareceu de sei lá onde com um sorriso enorme no rosto. Acho que Alice era a única pessoa naquele grupo que realmente ficava feliz em ter que vim para esses encontros.

– E essa animação Alice? - Rebati a sua pergunta e a mesmo sorriu.

– Sou uma pessoa animada por motivos desconhecidos. - Falou.

– Então porque esta em um grupo de apoio? - Me arrependi das minhas palavras no mesmo momento que o sorriso de Alice se desfez. - Me descul..

– Uma dica. - Falou. - Se você corta os pulsos.. - Levantou a manga da sua blusa. - Nunca ouse entrar em uma piscina junto com a sua família, eles podem ver os cortes. - Piscou para mim e sorri.

– Obrigada pelo aviso. Ira ajudar em algum momento. - Seu sorriso agora estava de volta em seu rosto pálido.

– Vamos antes que Mike nos puna por atraso. - A punição de Mike para os atrasos aos encontros não era lá uma punição. Ele apenas nos obrigada a escultar uma das longas histórias que ele tinha em um livro sobre histórias deprimentes de superação.

Entramos na sala onde estava um quadrado de cadeiras, e no meio Mike. O mesmo sorriu para nós duas e volto a escrever algo em seu caderno. Será que era os nossos nomes marcados para ouvir a história de punição?

Eu e Alice sentamos uma ao lado da outra. Me acomodei na cadeira esperando que começasse logo aquilo para poder ir embora.

– Boa tarde meus queridos. - Todos em um coral retribuíram o boa tarde. Me senti mal educada por não ter feito parte daquele coral. - Vamos começar mais um dia do nosso encontro. - Mike levantou. - Mais antes que apresentar a vocês o meu sobrinho. - Mike apontou. - Ele a meu pedido começará a frequentar nossos encontros. - Mike olhava para um.. Oh meu deus, para o cara com certeza mais gato que já vi na vida. Ele olhava para Mike sério, mais logo depois que Mike falou "Meu sobrinho" o rapaz deu um sorriso sem mostrar os dentes. Eu provavelmente estava o olhando com cara de idiota. Mais era impossível não olha-lo daquela forma. Ele era alto, branco, musculoso na medida certa, cabelos dourados quase ruivos e totalmente bagunçados mais não eram grandes, pareciam recém cortados, mais não deixavam de ser desarrumados. Seus olhos eram uma coisa de outro mundo. Quando ele olhava para alguém, era um olhar intenso, era como se analisasse a cada detalhe da pessoa e olhasse em sua alma. Minhas pernas tremeram e minhas mãos gelaram quando o mesmo me deu uma olhada por dois segundos, mais foi uma olhada. Suspirei me ajeitando na cadeira antes que caísse dali. - Logo ele irá se apresentar a vocês. Mais antes vamos fazer como no primeiro dia okay? Falem seus nomes, suas idades e depois irei fazer a pergunta costumeira que você sabem muito bem qual é. - Revirei os olhos.

Cada um se levantou, apenas faltava Alice, o rapaz extremamente atraente e eu.

– Alice.. - Mike apontou para Alie que levantou animada como sempre.

– Bom, sou Alice Benson, tenho 16 anos e me auto-mutilo. - Alice logo depois sorriu. O rapaz a olhou com uma cara de "Porque diabos ela esta rindo? Ela se corta, tem marcas no corpo, e porque esta sorrindo?" Sorri com a minha imaginação.

– Bom Alice, como esta hoje? - Mike perguntou a olhando. Mike tinha uma coisa ótima em si. Ele olhava para cada um ali com carinho, dava atenção, e aqueles que sofrem de depressão como eu mais uma depressão por conta da solidão se sentem bem melhores quando Mike lhe dava a devida atenção.

– Estou ótima, feliz, animada. Estou ótima! - Repetiu e sorriu mais uma vez.

– Como foi e porque aconteceu a sua ultima crise? - Alice parou por um momento para lembrar, ou para talvez inventar uma desculpa para não contar que ela estava se cortando novamente.

– Bom.. - Alice parou por um momento, deu um forte suspiro e sua postura ereta ficou corcunda. - Ontem eu tive crise. - Mike a olhou preocupado. - Meus pais brigaram comigo, me proibiram de sair com algumas amigas e eu chorei e em seguida.. A você já sabe o que vem em seguida. - Falou sorrindo. - Por fraqueza. - Sorriu tímida.

– Você consegue ser forte. Já expliquei como se faz para se controlar com esses impulsos. Vá para um canto onde você terá certeza que ninguém irá perturba-la e conte até dez, se for preciso até cem, mais controle seus impulsos. -Mike falou com calma e Alie apenas concordou e disse um leve e baixo obrigada.

– Bella? - Porcaria! Não poderia pular?

– Sou Isabella mais só me chamam de Bella, tenho 16 anos e sofro de depressão. - Os olhares de pena eram constrangedores. Onde tem um buraco para enfiar a minha cabeça?

– Como foi e porque aconteceu a sua ultima crise? - Mike me olhou e deu um leve sorriso.

– Bom, a três dias não tenho crises. Ando me controlando muito bem. - Falei. - Mais a minha ultima crise foi por um motivo desconhecido. Na verdade todas as vezes que tenho uma crise eu nunca sei o motivo, sempre é meio sem sentido. - Mike concordou. - Mais eu acabei fazendo o que minha família me proíbe. Tomei remédios para controlar tudo que sentia e se minha mãe não tivesse me encontrado talvez teria tomado todo o frasco por desespero. - Falei cruzando os braços e evitando olhar para as outras pessoas ali.

– Bom Bella, você esta de parabéns por estar se controlando e não ter crises a três dias. Claramente seu problema é os remédios e sofrimento que essa depressão "sem explicação" - Fez aspas com as mãos. - Causam em você. Como você mesmo disso, o desespero que essas crises te causa e você procura uma maneira que isso pare então toma remédios e como eles não fazem o efeito instantâneo você toma mais deles e isso é o problema. Mais é um grande passo você não ter essas crises a três dias, meus parabéns. - Mike puxou um coro de palmas. Pra que isso? Sentei procurando esconder meu rosto. - Edward?? - Mike falou sorridente. Então era Edward o nome do rapaz absurdamente atraente? Hum.

– Sou Edward Cullen, tenho 17 quase 18. - Sorriu. - Sou.. - Suspirou. - Um alcoólatra e meio fumante. - Meio?

– Como foi e porque aconteceu sua ultima crise?

– Quatro dias atrás. Uma festa de amigos, estava cansando da semana de provas e queria desopilar. Bebi e que tive um quase coma alcoólico. - Sorriu.

– Meio fumante? - Falei. Todos me olharam inclusive o rapaz atraente de nome Edward. Droga, pensei alto demais.

– Não fumo muito, apenas quando quero, não sou um viciado, por isso o meio fumante. - Falou e depois se sentou em sua cadeira e rindo de algo que o rapaz ao seu lado falou em seu ouvido.

– Edward seja bem vindo ao nosso grupo. Tenho a certeza de que saíra daqui um rapaz melhor, sem vícios. - Edward sorriu sarcástico e depois concordou.

Ficamos mais um tempo conversando sobre diversas coisas e Mike pediu para que todos fossem para o quintal conversar e fazer qualquer coisa.

– Hoje até que foi divertido. - Laurent falou sentando junto a mim e a Alie em uma mesa que havia no quintal.

– Até que foi. - Falei.

– Viram o novato? - Laurent falou. - Acho que vou conhecer ele depois. - Laurent mordeu os lábios me fazendo rir.

– Boa sorte. - Rose chegou e também se juntando ao nosos grupo.

– Porque?

– Porque conheço o Cullen de outros carnavais. - Falou. - Gostoso mais complicado.

– Ainda não entendo. - Laurent falou.

– Como você é lenta em amiga? - Rose falou e rimos. - Ele já viu e experimentou de tudo, é um marrento, mal humorado que apenas usa as meninas e no dia seguinte finge que nem as conhece. - Falou. - Se quiser uma diversão de um dia, vai falar com ele. Mais se quiser um príncipe encantado em um cavalo branco nem chegue perto do Cullen.

– Como você sabe disso? - Perguntei e Rose me encarou com uma olhar obviou.

– Eu tive uma diversão de um dia com ele. Ele é ótimo, mais não me ligou depois. Como se me importasse. - Falou dando de ombros tentando disfarçar o olhar desapontado.

– Sinto muito. - Alie disse.

– Eu não me importo. - Falou. - Que tal sorveteria depois daqui? - Falou animada. Nos entreolhamos e concordamos. - Ótimo! - Falou. Se alguém se pergunta o motivo de Rose estar aqui? Eu digo! Rose é uma pessoa estressada resumindo. Seus pais a colocaram aqui para que ela controle suas raivas e se torne mais calma.

Acho que passei o nosso momento de descanso inteiro olhando para o tal Edward. Ele sentou em uma mesa de frente para a nossa com um grupo de três rapazes. Jasper, James e Alec. Ficaram rindo e falando besteiras pelo o que conseguia ouvir. O mesmo não olhou para mim, ainda bem, caso contrário nossos olhares iriam se cruzar por estar o encarando e seria uma coisa estranha. Depois do que Rose havia dito uma curiosidade absurda tomou conta de mim. Como seria apenas uma noite com o rapaz atraente? Será que era uma noite memorável por isso só era uma noite? Perguntas e mais perguntas que provavelmente não seriam respondidas porque eu logicamente não iria pergunta-las. Droga! Renee. Ela provavelmente já estava saindo de casa e esqueci que avisá-la que iria sair com as garotas. Peguei o celular rapidamente discando seu número.

– Alô anjinho da mamãe. Porque ela estava falando assim? Não tinha mais 5 anos.

– Mãe liguei para avisar que não precisa vim me buscar.

– Porque Bella? Você ficou de castigo no grupo de apoio? - Em que mundo minha mãe vive? Em que mundo ficamos de castigo até mais tarde em um grupo de apoio?

– Não mãe. E ninguém fica de castigo em grupo de apoio. Apenas vou tomar um sorvete com minhas amigas. - Escultei Renee dando um suspiro alegre.

– Que bom que vai sair com suas amigas meu amor. Contanto que não fume nem beba pode ir. - Sorri.

– Ninguém fuma nem bebe, não se preocupe. - Falei e a mesma gargalhou.

– Pode ir meu amor, qualquer coisa só me ligar. - Desliguei o telefone e o jogando na mochila.

Sai depressa já que as meninas estavam me esperando no carro de Rose. Senti bater bruscamente em alguém ou alguma coisa. Droga de mania de não olhar para frente. Nessa batida deixei minha mochila cair no chão, me xinguei mentalmente por ser tão desastrada. Ia pegar minha bolsa mais uma mão branca foi mais rápida e a pegou por mim.

– Me desculpe, espero não ter quebrado nada na sua bolsa. - Fora o meu celular acho que nada mais se quebrou. Alias quem era? Levantei meu olhar me deparando com o rapaz atraente, quer dizer Edward. Minhas pernas no mesmo segundo tremeram e senti minhas bochechas corarem. - Ta com vergonha de mim? - Perguntou dando um sorriso torto.

– Não, não.. Pode devolver minha bolsa por favor? - Perguntei já que o mesmo ainda mantinha minha bolsa em suas mãos.

– A claro. - Entregou. - Mais uma vez me desculpe. - Sorri sem vontade.

– Tudo bem, se meu celular estiver bem a queda eu esqueço. - Falei e o mesmo deu uma leve gargalhada.

– Se seu celular quebrar me avise que lhe arrumo outro. - Falou brincalhão e apenas concordei.

– Ficarei grata. - Sorri. - Eu.. Eu tenho que ir.. - Falei.

– Claro, até depois. - Sorriu e logo em seguida caminhando para dentro da casa. Até depois? Bom até depois queria dizer que nos falaríamos depois, o que indica que ele gostou da nossa breve conversa, e que poderíamos ser amigos. Ou eu estava viajando, o que era mais certo.