Bones - A reviravolta de Zack escrita por Queen of the lab


Capítulo 6
O caso Zack Addy


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem por abandonar vocês. Eu demorei muito tempo para escrever esse capítulo. Eu vou dizer uma coisa tosca mais é do fundo do coração: obrigada por ainda lerem a minha história. Quando eu comecei a escrever achei que ninguém ia ler. Isso não é uma despedida. É só um agradecimento.



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O juiz analisava o caso com paciência. Não era nada grande mas Caroline dissera que diante das novas condições não havia como ele negar um favor daqueles. Caroline sempre conseguia o que queria e, de fato, era um favor bem pequeno comparado a tantas outras coisas que ela já havia feito pela justiça de seu país.

– Olá, “cherie”. Tenho boas notícias. Encontre-me com sua equipe no FBI daqui à uma hora – disse deixando a mensagem na caixa postal de Hodgins.

Hodgins batucava nervosamente com os dedos na mesa de madeira envernizada do FBI. Brennan, Booth, Angela, Cam e Sweets estavam lá também. Booth estava visivelmente incomodado com a situação, talvez por não ser tão próximo de Zack quanto os outros, mas Hodgins sabia que qualquer coisa que mexesse com Brennan já despertava o instinto protetor de Booth.

– Bom dia a todos – disse Caroline enquanto entrava na sala – eu tenho em minhas mãos algo de que vocês vão gostar. O juiz autorizou oficialmente a abertura do caso Zack Addy.

Hodgins se sentiu leve e só assim percebeu o quanto estava tenso. As imagens passavam rápido diante de seus olhos: muitos abraços, comemorações e apertos de mão.

– Isso significa que Zack logo vai estar livre? – perguntou Angela.

– Não é tão fácil assim. É preciso que Zack faça o teste de sanidade mental que só pode ser realizada a pedido de um juiz – enquanto falava, Caroline tirava de sua pasta um envelope inteiramente branco – o que por sua sorte já foi providenciado. Depois haverá uma audiência formal no tribunal onde vocês testemunharão a favor do Zack. Brennan ou algum outro antropólogo forense extremamente competente que tenha solucionado o caso Gormogon irá fazer aquela mágica científica com as evidências do assassinato para provar a inocência do Dr. Addy. Após isso o Dr. Sweets vai falar sobre a confissão de inocência do seu antigo paciente. Se o júri o declarar inocente aí sim ele estará em liberdade.

– Caroline, você é definitivamente demais! – exclamou Hodgins.

– Me diga algo que eu não sei, “cherie”.

– Isso pode demorar muito tempo. Meses, até mesmo anos – disse Sweets.

Caroline esboçou um pequeno sorriso. Estavam a subestimando.

– Ter alguns contatos e muita competência é bastante útil hoje em dia. O exame foi requisitado com máxima urgência. Isso fará que tanto a aplicação quanto a obtenção dos resultados sejam muito mais rápidas. No máximo em uma semana, se entregar o pedido hoje. Quanto à audiência, é algo pequeno para o juiz, então será daqui a um mês. Eu sei o quanto Brennan é rápida para solucionar um assassinato então suponho que isso será brincadeira de criança.

– Nós não sabemos como agradecer, Caroline – falou Cam muito entusiasmada.

– Você não poderia emitir um pedido para liberdade condicional? Assim Zack sairia um pouco daquele lugar horroroso - perguntou Angela.

– Eu até poderia, mas do que adiantaria? Pelo que eu saiba ele não tem lugar para morar e ele não poderia fazer nada. O Jeffersonian não aceitaria alguém em liberdade condicional com suspeita de assassinato – afirmou Caroline.

– Mas quando provarmos sua inocência ele poderá voltar a trabalhar no instituto, certo?- indagou Cam.

– Creio que sim. Mas ele precisa passar pela sua aprovação antes.

– Como se o Jeffersonian precisasse de mais um Squint - sussurrou Booth para si mesmo.

Brennan percebeu e lançou um olhar acusador para o marido.

– Agora eu tenho que levar o pedido do exame para o hospital psiquiátrico. Eu sugiro que um de vocês me acompanhe para explicar o fato ao Zack.

– Eu vou- disse Hodgins- é melhor apenas uma pessoa encontra-lo.

Hodgins não precisava mais esperar tanto tempo. Era só apresentar o cartão na recepção e ir visitar o amigo. Quando olhava para seu cartão de visitas tinha mais certeza ainda que não tinha o dom de sair bem em fotos 3x4.

Ele já tinha se acostumado com o quarto, mas ainda lembrava uma jaula. Ao entrar Zack não pareceu surpreso e deu um leve sorriso.

– Olá, Hodgins. Tudo bem?

– Oi, Zack. Tudo bem, sim, e com você? Você sabe que não precisa ser formal comigo.

– Tudo bem, sim, e me desculpe, ser formal é um protocolo de socialização básica com pessoas- falou em um tom de brincadeira.

Somente naquele momento que Hodgins percebeu que o amigo estava ainda mais pálido, a franja que encobria levemente os olhos estava colada na testa molhada, os seus dedos estavam trêmulos e com as juntas brancas.

– Você está bem mesmo, Zack?

– Estou.

– Não minta para mim.

– Já disse que está tudo bem – encerrou em um tom ríspido.

– Se é assim... Eu tenho uma notícia boa para te dar.

– O que é?- indagou Zack.

– Logo você vai sair daqui. Caroline já abriu seu caso e está aqui neste momento entregando os papéis para a condenação do hospital.

– Mas que papéis?

– Essa parte é um pouco delicada. Você só pode ser libertado se fizer um teste. Os papéis são da autorização para esses testes.

– Que teste é esse, Hodgins?

– Um teste de sanidade mental.

Zack bufou e revirou os olhos. Sempre odiou quando o tratavam como se fosse burro e um teste de sanidade mental seria como assistir uma aula no jardim de infância.

– Não me olhe assim, é o único jeito de você sair daqui.

– Sabe, Hodgins, eu me pergunto se vale a pena sair daqui. Aqui eu tenho todo o tempo do mundo, uma cama, comida, remédios, cuidado sempre que necessário e ainda não preciso pagar nada. É como morar na minha casa só que sem barulho e bagunça por todo lado e com um quarto só pra mim.

– Se você queria tanto ficar aqui por que brigou com todo mundo? E realmente deve ser ótimo poder sair por aí para andar no parque quando quiser. Mas espera aí, você não pode, porque para todo mundo você é um assassino louco.

– Me desculpe, Hodgins, não foi isso o que eu quis dizer - desculpou-se Zack

– Mas parecia sua intenção.

– Mas não era.

As mãos de Zack ainda estavam tremendo. Ele tinha conseguido não dormir na noite anterior mas a tarde ele praticamente desmaiou de cansaço e teve mais um dos seus pesadelos. Quando acordou não tinha seu remédio, pois o tomara de manhã, então sua cabeça estava doendo muito quando Hodgins entrou no quarto. Zack estava tentando esconder seu mal-estar. Hodgins reparou na expressão contida do amigo e não insistiu mais.

– Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não sabe?- disse Hodgins

– Sei. Mas eu não tenho nada para contar.

Hodgins gostava de Zack o suficiente para dar-lhe o direito de fazer o que gostava: esconder seus sentimentos.

Uma enfermeira entrou no quarto e chamou Hodgins:

– Dr. Hodgins, tem um recado importante para você.

Hodgins saiu do quarto e quando cruzou o corredor deu de cara com Caroline.

– Diga a Zack que o teste dele foi marcado para depois de amanhã.

– Muito obrigado novamente, Caroline- agradeceu Hodgins

– De nada, “cherie”.

De volta ao quarto de Zack, Hodgins deu a noticia:

– Seu teste foi marcado para depois de amanhã!

– Você quis dizer que o meu exame de sanidade mental será aplicado depois de amanhã?

– Se você quer ver as coisas do lado mais negativo… então sim.

– Eu não estou sendo negativo. Eu estou sendo realista - disse Zack.

– É bom você ir se acostumando com a realidade porque ela está te esperando lá fora. Logo você irá sair desse mundo depressivo e cheio de…

– Não tenha medo de dizer loucos. Essa é a verdade.

– Eu não ia dizer isso, afinal… todos nós somos um pouco loucos. Aqui as pessoas estão doentes de um modo que muitas vezes não é visível.

– Ás vezes eu acho que se fosse algo contagioso já estaria me infectando.

– Ela só vai te infectar se você acha que ela pode. É você quem decide. - falou Hodgins enquanto apontava para Zack.

– Por que você está falando essas metáforas para mim? Se você quiser me convencer de alguma coisa será muito mais fácil usar a ciência.

– Algo bom é que depois de todos esses anos você continua o mesmo. Eu tenho que ir. Boa sorte no seu teste.

– É só um exame. E obrigado.

Zack adorava as visitas de Hodgins, mas aquele não era um momento muito favorável, todas as suas forças foram usadas e ele só queria seu remédio para dor. Ele receberia um calmante que o faria dormir e ter pesadelos e, consequentemente, teria ainda mais dor. E assim, algumas horas depois, Zack já estava a caminho do seu próprio mundo de medo e aflição: o interior de sua mente. Naquele pesadelo Zack estava com os olhos fechados e deitado em um chão de terra macia, ele sentia as folhas secas do outono no chão, a brisa leve e fria e um cheiro forte de ferrugem. Mesmo não querendo abrir os olhos o fez. Estava em um lugar onde provavelmente um dia fora uma floresta, devido à quantidade de galhos e folhas, mas no lugar das árvores havia enormes prédios destruídos. Ao dar um passo o chão macio e frio foi trocado por um piso rachado e irregular. Um súbito tremor percorreu sua espinha e ele tinha a sensação de que não podia estar ali. Seu primeiro impulso foi correr, porém, por mais que tivesse amedrontado, ele precisava saber onde estava, então continuou andando até tropeçar em uma placa que já havia visto muitas vezes, com os dizeres: “Área forense- Instituto Jeffersonian”. Antes que pudesse pensar alguma coisa ele sentiu algo se aproximando por trás e instantaneamente todos os músculos do seu corpo já diziam PERIGO. Ele tentou correr, mas, como acontecia em muitos sonhos, ele ficou paralisado. Só restava se virar e ao longe viu a forma escura e borrada de alguém alto se aproximando e dizendo de um jeito estranho:

– Você precisa decifrar seus medos, Zack.

– Quem é você?

– Alguém que pode te ajudar com isso e que de certa forma já sentiu o mesmo que você.

O dia seguinte havia passado rapidamente pois ficara pensando no pesadelo que tivera. Zack não acreditava em coisas sobrenaturais, mas seu ultimo sonho o fez ficar mais inquieto do que o normal. Era como quem quer que fosse conhecesse parte dele, suas emoções e ele não gostou disso. Mas, se não era alguém que ele conhecia como podia ser tudo criação da sua cabeça? Estava na hora de parar de pensar sobre o assunto pois era a manhã do exame de sanidade mental. Às 13:00 em ponto duas enfermeiras e um homem de terno, provavelmente enviado pelo juiz, estavam na porta do seu quarto e o levaram para uma sala do outro lado do prédio e o deixaram sozinho lá. Em poucos minutos entraram um homem de meia idade, baixo e com uma barba rala e um homem que Zack pouco viu: o diretor do hospital.

– Olá, Dr. Addy, esse é o Dr.Fillz. Ele irá aplicar o seu exame. Se tudo der certo, você será liberado em pouco mais de uma semana - disse o diretor, com um pouco de tédio. Zack sabia que não era considerado perigoso, mas o descaso com que o diretor tratava algo como sua liberdade era notável.

– Agora, se me permitem, vou me retirar.

Dr.Fillz se sentou em um sofá e apontou o lugar na frente para Zack.

– Olá, Zack. Se me permite dizer você deve ter amigos influentes fora daqui. Ninguém consegue um pedido de exame urgente tão fácil - disse o homem.

–Olá, Dr.Fillz. Eu realmente não sei o que eles fizeram, mas conhecendo a capacidade de quem fez isso, não me impressiono.

O Dr.Fillz colocou pequenos óculos e começou a ler algo dentro de uma pasta.

– Seu caso é muito interessante – disse. Aluno brilhante, melhores notas nas faculdades, doutorado no melhor centro de pesquisa forense do país, porém preso por confessar assassinato. Diga-me por que realmente está aqui. Não acho que você é mentalmente incapaz.

Zack ficou paralisado, nunca haviam perguntado isso antes.

– Eu… - Zack não sabia se era seguro falar a verdade.

– Não se preocupe, nossa conversa não está sendo gravada. Você pode confiar em mim.

– Meus amigos me mandaram pra cá porque eu me daria muito mal na prisão e nem eles nem eu queríamos isso.

– Então por que você quer sair agora? Você pode sair e ir direto para a prisão pelo crime que cometeu.

– Mas eu não matei ninguém. Meu caso foi aberto e eu quero sair daqui. - Disse Zack confiante.

– Mas por que você não quis sair daqui antes se é inocente?

– Porque... porque eu achava que eu não tinha ninguém .

– Agora você tem? Você pode confiar neles?

– Eu acho que sim. Eles que providenciaram esse exame.

– Então sem eles você não poderia fazer nada? Ficaria aqui para sempre?

– De certa forma… - Zack já estava confuso, ele achava que ia chegar, responder algumas perguntas bobas e ia embora mas estava cheio de dúvidas e angústias

– Mas por que você está perguntando isso pra mim?

– É a minha função. Eu tenho que te testar. Ver se você não vai surtar diante dos seus menores problemas.

– Eu não vou surtar. Eu não sou louco nem mentalmente incapaz. Eu vou sair daqui e voltar para a minha antiga vida. - Zack já estava elevando a voz sem perceber. O Dr.Fillz o encarava sem expressão. E disse:

– Antiga vida? Tenha certeza que nada mais é o mesmo. Quando você sair por aquela porta você vai encontrar um novo mundo com novos desafios e outros caminhos, a questão é se você é capaz de enfrentar.

Dr.Fillz estava acostumado a consultar, mas ele sempre se surpreendia com aquela hora. A hora da auto avaliação. Era curioso o que a pessoa pensava de si própria, no final se ela pensava que não podia, não fazia.

– Eu acho que consigo- respondeu Zack

– Você acha? Essa não é uma hora para dúvidas, Dr.Addy.

Zack sempre foi bom em resolver desafios e ás vezes gostava de encarar a vida assim, como se fosse um enorme desafio que, se ele pensasse bem, poderia ser resolvido, então... por que algo teria mudado? Ele tinha prometido para si mesmo que não deixaria o hospício muda-lo, mas ele já falhara em muitos aspectos. Não podia falhar em mais nada.

– Eu tenho certeza. Eu consigo me adaptar. O ser humano fez isso durante milênios, por que eu não conseguiria?

– Se é assim, acho que terminamos aqui. - disse Dr.Fillz com um ar satisfeito.

– É isso, então? Você não vai me mostrar nenhuma imagem para eu poder dizer o que é? – perguntou Zack.

– Se você quer tanto ver manchas de tinta em um papel feitas pelo que, ás vezes parece, crianças de três anos, aqui está- disse Dr.Fillz entregando duas folhas a Zack- Agora, o que você vê?

– Aqui tem um círculo e aqui uma mancha de guache – respondeu Zack levemente envergonhado. Ele não gostava de parecer idiota.

– Foi o que eu pensei que você diria. Agora vamos, eu tenho que entregar esse papel dizendo que você não é louco. Foi um prazer conhecer você, Dr.Addy- despediu-se o Dr.Fillz.

– Igualmente.

Quando Zack passou pela porta havia apenas uma palavra que preenchia cada canto do seu corpo: liberdade.


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Notas finais do capítulo

Quem será que é a figura misteriosa do sonho do Zack? comente seu palpite.