Filho da Mentira escrita por Sirena


Capítulo 2
O treinamento


Notas iniciais do capítulo

Acho que tudo se resume em uma frase:
"Nunca se esqueça de que um historia tem sempre dois lados."



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Capitulo Um

O treinamento

58 dias atrás, Asgard.

Eu caí com a espada na mão.

Não sabia se aquele era minha quinta ou sexta queda durante este curto treinamento com o Mestre de Armas. Por mais que eu tentasse manusear firmemente o objeto perfurocortante, nunca obtinha o êxito necessário. Como se eu não tivesse nascido para isso.

–Precisa de ajuda, príncipe?- perguntou Hans Starr, estendendo sua mão escura, cobertas de calos e ferimentos anteriores de batalha.

–Acho que meu filho deveria saber como levantar sozinho.- Murmurou uma voz grave e rouca.

Olhei para o chão constrangido. Odin jamais vinha verificar meus treinamentos, ou algo relacionado a mim. Por que ele tinha que vir agora? Nesse exato momento?

–Desculpe-me, meu Rei.- Exclamou o mestre- Achei que deveria...

–Cale-se! Quero vê-lo se levantar.

Coloquei minha mão rasgada no chão, sangue escorria do corte provocado quando fui defender meu rosto da arma de meu mestre. Mesmo com meu membro ardendo, ainda pude pressiona-lo por tempo suficiente para me sustentar, ficar ereto.

–Desculpe-me, Pai de Todos. - Murmurei, olhando para o par de olhos azuis, mais penetrante e intenso do que se tivesse olhado para cem mil olhos.

–Me dê sua espada, Hans- ordenou meu pai, estendendo a mão para Hans.

Sem hesitar um segundo, o Mestre estendeu a espada, um objeto fino feito de prata, à lâmina esculpida com o símbolo de Odin, enquanto o cabo negro e forte se ajeitava perfeitamente em suas mãos grandes e pesadas.

–Agora meu filho você ira aprender a lutar!- Ele ameaçou levantando a espada.

Dei um passo para trás. Podia sentir minhas mãos tremerem, o suor escorrendo por entre os dedos úmidos. Não sabia se deveria levantar a espada contra ele, se deveria lutar contra meu próprio pai.

–Vamos, Loki. - Exclamou meu pai.

–Não- Minha voz estava quase inaudível, sufocada pelo medo.

–Como ousa dizer não?- Ele gritou.

Ele avançou um passo. Dois. Três.

–Você irá lutar comigo garoto!- Berrou Odin.

Antes que pudesse perceber, meu pai estava se jogando sobre mim, a espada perfeitamente afiada apontada para meu peito. Sei que deveria ter tido alguma mínima reação, um sentido de proteção, um grito. Sei o que Thor teria feito. Ele teria se lançado sobre ele com toda sua audácia.

Mas eu não era Thor.

E não iria lutar com ele.

Fiquei imóvel, parado, observando enquanto ocorria o ataque iminente.

Um segundo depois, a dor. A espada simplesmente atravessou a armadura leve de couro que trajava, rasgando minha camisa e a primeira camada de pele. O impacto fez com que me desequilibrasse, caindo de joelhos aos seus pés.

–Você não vai conseguir sobreviver senão conseguir lutar!- Declarou suas palavras mais afiadas do que mil adagas, mais penetrante do que o aço mais duro, mais forte e intenso que a própria morte- Você é uma desonra Loki! Uma desonra para todo esse maldito reino.

Ele se abaixou, soltando a espada. Estávamos frente a frente, olho a olho. Por um instante pensei em dizer algo. Porém as palavras foram corroídas, impedidas pelo meu maior inimigo.

O medo.

–Cuide desse bastardo, Hans. Faça um milagre para que esse monte de estrume se transforme em um homem- Ordenou.

Ele dobrou um joelho para cima, se preparando para se levantar. Odin havia cumprido seu dever pleno de humilhar seu filho mais jovem. Mas parecia que a humilhação não era o bastante para ele.

Ele precisava causar uma cicatriz. Uma atitude que um garoto de catorze anos jamais iria esquecer.

Cuspir em minha face.

–Você nunca será rei, Loki.- Um desafio. Uma promessa.

Observei-o saindo, se distanciando cada vez mais, sumindo por entre os montes verdes intermináveis dos campos sem fim. Somente quando ele desapareceu no horizonte e nem mesmo sua sombra era visível, as palavras há tanto tempo presas, saíram dos meus lábios.

–Você está errado, pai. Um dia eu serei rei.


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Notas finais do capítulo

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