A menina no bosque escrita por Silva chan


Capítulo 10
O fim das mentiras


Notas iniciais do capítulo

Esse é o ultimo capítulo! Espero que apreciem.



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''Temos a arte para não morrer da verdade. ''

– Friederic Nietzshe

Ele a observava dormir tranquilamente. Assim que teve certeza de que ela não acordaria, ele se levantou e foi para seu escritório. Sentado em uma confortável poltrona de couro ele começou a olhar alguns documentos velhos. Em suas mãos cartas amareladas eram firmemente seguradas. A caligrafia limpa, quase perfeita, com letras desenhadas de forma curva e curvilínea mascarava seu conteúdo.

Eram as cartas do Sr. Itachi para a Srta. Rin.

Ele nunca se aventurara a lê-las enquanto a mulher estava viva e se arrependia amargamente disso. As frases enfeitadas com termos carinhosos como ''meu amor'' e ''minha querida'' o enganou por muito tempo, mas já não o fazia. Não se tratavam de cartas de amor, mas sim de ameaças veladas de um homem invejoso. Palavras do homem que não cessou até que a moça se apaixonasse por ele, mas ele não tinha qualquer interesse verdadeiro nela, era tudo para ver o homem grisalho sofrer.

Não estava nos planos dele engravida-la ou ter de casar com a moça. No auge de sua dissimulação ele convenceu Kakashi de que a amava e o fez largar as investigações para ajuda-lo.

Enquanto pensava estar lidando com uma mulher atormentada por ser alvo das criticas da sociedade, a verdade sobre a situação se escondia nas entrelinhas. O pai da criança tentava faze-a abortar o filho deles, maltratava-a, torturava-a e a humilhava. A vítima começara a amar seu agressor assim que engravidou e por isso se calava, esperando silenciosamente por sua morte.

Guardou as cartas, foi até uma gaveta da escrivaninha, abriu-a, retirou o fundo e pegou uma caixa. Com os olhos vorazes ele leu e releu o conteúdo das cartas pela milionésima vez. Tratava-se de conversas interceptadas. Em uma delas, a que mais o magoou, o nome de sua atual esposa fora escrito com escárnio pelo Sr. Uchiha. O moreno soube pelo tio que o grisalho estava pensando em pedir a mão de uma dama em casamento. Soube pela boca de seu irmão mais novo que a moça era prendada e uma ótima companhia, uma moça de família em toda a sua perfeição. Mas nada sabia o homem sobre as inconstâncias de seu novo alvo.

Apesar de ser sonhadora e ter um coração mole, a mulher sabia ser arisca, apesar do costumeiro tom de voz baixo e recatado, sempre suave, e das palavras gentis que escorregavam constantemente para fora da boca dela, quando a moça ficava irritada ela se tornava ácida e mostrava um humor negro que só agradava seu pai e seu primo. Da mesma forma que ela era submissa por quase todo o tempo, aparentando ser incapaz de fazer mal a uma mosca, ela sabia destruir a vida de alguém apenas forçando um pouco de lágrimas nos olhos e sem alterar a voz.

Assim que o pediu a mão dela pela primeira vez, o pai dela aceitou, mas a menina recusou timidamente alegando que era muito novo para sair do lado de seu pai e que tinha que cuidar de sua irmã mais nova. Ela tinha verdadeiro horror aos olhos com brilho predatório dele e resolvia sumir sempre que sabia que ele ia visita-la. Quando ele finalmente conseguiu leva-la a um passeio as sós, o homem caiu em tentação e tentou roubar um beijo da menina. Mas o que ele não sabia era que o primo da moça era paranoico e vivia dizendo que a qualquer momento poderiam tentar viola-la e como forma de segurança a ensinou a lutar. Logo a menina chegou à casa ofegante após uma corrida com sangue descendo de suas mãozinhas. Ele veio logo atrás tentando estancar o sangramento do nariz que ela socara.

Como medida de prevenção para que o homem não mais tentasse corromper a pureza e inocência da menina e para assegurar que ela não o assassinaria, o Sr. Neji passou e ir ao passeio deles, nunca os deixando as sós. O Hyuuga amava chutar a canela dele sempre que o homem ousava se aproximar da sua doce prima.

Entre todas as decepções que o Sr. Uchiha teve, a pior foi descobrir que o pai dela começou a despreza-lo e gostava do Sr. Hatake, mesmo que supostamente não o conhecesse pessoalmente. A segunda maior decepção foi descobrir que sua provável futura noiva poderia mata-lo em um piscar de olhos. A terceira foi descobrir que o Sr. Kakashi havia voltado para a cidade e o tempo para conquistar a garota.

Mal sabia o homem que o grisalho e o líder Hyuuga se conheciam e juntos vigiavam cada passo dele e protegiam a herdeira. Quando suspeitou que o assassino que estava aterrorizando o país era o Sr. Itachi, o Sr. Hatake imediatamente avisou o Sr. Hiashi. Este ultimo prometeu a mão de sua filha primogênita caso ele salvasse ela de se tornar um alvo morto.

O Sr. Kakashi passou a assistir o cotidiano da moça com o consentimento do pai dela. Decorou cada passo, cada cantiga cantarolada e cada segredo que ela jogou ao vento imaginando estar sozinha. Quando percebia que ela entrava no terreno Hyuuga ele mudava sua atenção para seu inimigo. Ele analisava cada frase de duplo sentido, cada movimento e todas as entrelinhas, mas principalmente, observava-o matar animais usando cordas e faca, ficando cada vez melhor.

Enquanto o homem melhorava suas habilidades para combate corpo a corpo, a pequena Srta. Hinata ampliava seus horizontes, indo além dos ensinamentos sobre luta de seu primo. Ela gostava de fazer misturas venenosas com ervas, pó de borboleta e tudo que ela encontrasse de prejudicial a saúde. Ela também gostava de testar suas habilidades corpo a corpo matando animais que ela encontrava já a beira da morte.

Certa vez o grisalho pegou um dos autorretratos dela e esqueceu-se de por no lugar novamente. A mulher ficou tão furiosa que passou o dia acocorada na beira do riacho procurando rãs coloridas, juntou as que achou em um pote e levou para a casa abandonada. Ela cobriu todos os seus quadros com uma camada do veneno que extraiu das rãs enquanto cantava maldições para o ladrão de seu quadro durante uma semana.

A Srta. Hinata tinha o temperamento mais volátil que ele já tinha visto em alguém. Ela era por natureza, uma mulher carinhosa, gentil, a bondade em pessoa, mas de uma hora para outra ela surtava. Se havia uma coisa que desencadeava a fúria dela eram as raras vezes que ela começava a pintar um animal e vinha outro e o atacava. A mulher enlouquecia com isso e geralmente batia no predador até que ele escapasse ou morresse então ela começava a chorar e pedir a Deus desculpas pelo seu descontrole.

Com toda a sua inconstância, a Srta. Hyuuga deixava o Sr. Uchiha furioso. Para não jogar seus planos por terra ele se mantinha calado e depois descontava a raiva em exaustivos treinos de tortura com animais. Certa vez, ele fizera mais um de seus pedidos de casamento e a moça estava virada no cão, o que desencadeou a fúria dela que, ao invés de respondê-lo, mandou-o fechar os olhos e foi para detrás dele tampando seus olhos com suas mãozinhas, tolo ele achou que finalmente havia atraído a simpatia dela. Isso foi antes dela chutar atrás de seu joelho fazendo-o perder o equilíbrio e cair na lama.

No dia que o Sr. Itachi cruzou a porta da biblioteca exigindo que a decisão sobre quem se tornaria o marido da moça fosse tomado logo, ele assinara sua sentença de morte. O Sr. Kakashi buscou um dos venenos que a moça preparava que estava em sua casa e o despejou no chá do moreno. Sem desconfiar de nada o homem tomou quase tudo. Sabendo que ainda não era o suficiente para ser fatal e que o homem havia arrastado a garota para o bosque, ele teve tempo suficiente para voltar em casa, pegar o autorretrato que um dia ele roubara e devolvera, no qual ela fez o favor de passar três camadas de veneno de rã só de raiva do ladrão, e o enviou para a mansão do Uchiha. Escondeu-se em um canto escuro do quarto e esperou. Em pouco tempo o Sr. Itachi entrou e viu o quadro, pensando se tratar de um presente que anunciava que ele havia sido o escolhido, ele beijou os lábios pintados da moça retratada. Ele só teve tempo de embrulhar o objeto e pular da janela, antes que a empregada entrasse e constatasse que o Sr. Itachi Uchiha estava morto.

Agora ele estava ali. Morando em sua casa reformada sem precisar esconder sua presença, com sua bela esposa e seu maior inimigo morto. Em sua mente as perguntas sobre quais seriam as reações dela caso descobrisse tudo vagavam sem rumo, indo desde a rejeição a ele até a falta de escândalo e simples aceitação dos fatos.

Guardou tudo e foi para a cozinha. Pegou uma garrafa de whisky e pôs-se a beber. Subiu de volta para o quarto, puxou uma cadeira e ficou observando sua mulher dormindo. Sua mulher, somente sua e de mais ninguém. Depois de um tempo ela ergueu a cabeça e fitou o marido com bochechas coradas devido à bebida. Ela cuidou dele e aproveitou para exteriorizar a pergunta que vinha dançando em sua mente.

– Já parou para pensar que ele tinha um cúmplice?

– Hn?

– O assassino de mulheres.

– Já, mas logo descartei a ideia.

– Por quê?

– Itachi se achava um deus. Ter um ajudante era sinônimo de fraqueza para ele.

– Itachi?- ela perguntou assustada.

– Droga – ele soluçou-. Falei demais.

– Senhor Kakashi Hatake, conte essa história direito!

– Não use esse tom comigo- ele repreendeu e ela o fuzilou com o olhar. O homem estremeceu. – Tudo bem, eu conto.

Ele narrou tudo para ela, sem omissões. Sobre suas investigações, os padrões, o fato das mulheres mortas serem mulheres que ele conhecia. Como ele descobriu ser Itachi, sobre a vigilância constante e as farsas. Ela ouviu tudo em silencio e quando ele terminou a narração esperando ela dizer algo, qualquer coisa, ele acabou adormecendo. Depois de arrasta-lo até a cama a moça foi até o escritório. Ela revirou tudo, leu tudo. Ao terminar de analisar todas as coisas ela voltou para a cama e se deitou ao lado do marido, dando um beijinho na testa dele e adormecendo em seguida.

Quando o sol invadiu o quarto de casal com toda a sua magnitude, o homem acordou com a cabeça latejando em dor. Ele olhou para o lado e viu que sua esposa dormia tranquilamente junto a si. Ele ficou admirando-a por um bom tempo, rezando para que ela não acordasse e começasse a ignora-lo. Depositou um beijo nos lábios dela e se afastou. Antes de se levantar para deixar a cama, uma mãozinha branca o impediu.

– Pretende me deixar tão cedo? – ela perguntou com o cenho franzido.

– Nem um pouco. – Ela sorriu.

– Sr. Kakashi... Eu... Eu... – ela corou e afundou o rosto no travesseiro enquanto balbuciava algo.

– O que?

– Me a-aproveitei do senhor esta madrugada. - ele riu com o duplo sentido.- Me desculpe, ma-mas eu não resisti. Sinto-me u-uma péssima e-esposa agora.

– Tu não me abandonarás agora que tomou conhecimento da verdade?

– E por que eu o faria?

– Porque matei seu noivo, assumi o lugar dele, fingi não te conhecer... Tantas mentiras.

– Estamos aqui, juntos. Mataste aquele homem para proteger-me, ele matava por hábito. Mentiste por ser necessário faze-lo, logo, eu te perdoo agora e sempre ei de perdoar.

– Pensei que no mínimo apanharia.

– Apenas relaxe. Acordei de bom humor.

– Obrigado querida.

Eles ficaram abraçados em silencio por um tempo.

– Sr. Kakashi?

– Hn?

– Certa vez me disseram que o senhor fica agressivo certa época do ano e que tenho que tomar cuidado. É verdade?

– Bem, eu costumava faze-lo, mas desde que te conheci isso não ocorreu novamente. E mesmo que ocorra não vou te ferir. Eu só ataco homens.

– Por quê?

– Quando eu era pequeno, invadiram minha casa. Eles mataram minha tia e minha prima na minha frente. Era um grupo de homens, então eu meio que surtava quando a data da morte delas se aproximava.

– Então estou segura?

– Mesmo se eu atacasse mulheres, preferiria arrancar meus braços a ferir-te.

Ele deu mais um beijinho nela. A Hyuuga corou e estreitou o abraço. Juntinhos e sorrindo eles continuaram a conversar banalidades pelo resto do dia.


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