The New Hogwarts I - The Beginning of New Legends escrita por Black


Capítulo 96
Coração de Pedra


Notas iniciais do capítulo

Agradeçam a Raquel Vacaro por eu estar postando agora.
Espero que gostem e boa leitura!



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As semanas se passavam na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Mesmo que muitas das coisas continuassem normais, muitas outras haviam mudado e isso qualquer estudante ou docente poderia notar, principalmente, a respeito do comportamento esquisito de Elena.

A morena sempre foi conhecida na escola por ser simpática, amorosa com suas irmãs, fiel ao grupo de amigos e por vezes competitiva no Quadribol, onde apenas em seu primeiro jogo, conseguira um braço fraturado. Seu jeito de agir não podia estar mais diferente.

Elena não falava com ninguém e procurava manter-se distante de qualquer um o quanto lhe era possível. Respondia se falassem com ela, mas não era espontânea. Merida, Alice, Elsa e Anna também haviam notado que, mesmo tendo voltado, a cama dela permanecia vazia todas as noites. Na maior parte do tempo, era desatenta e passiva, mas quando tirada de seus pensamentos, tornava-se fria e um tanto quanto cruel.

“Essa não é ela.” Elsa repetia para si mesma em pensamento sempre que a irmã gêmea mais velha a ignorava ou a tratava com frieza, o que acontecia sempre que se encontravam.

Era sábado de manhã e como não haveria aulas, Elsa dirigiu-se ao lugar em Hogwarts em que mais gostava de ir: Torre de Astronomia. Ultimamente, aquele lugar lhe parecia ser a única forma de se aproximar de Elena, ou das lembranças boas que tinha dela.

Andando a passos largos e ansiosos, Elsa não tardou a chegar à torre, mas ao abrir a porta, percebera que ela não fora a única a ter aquela ideia. Encostadas às grades, Elena apenas virou o rosto o suficiente para notar a presença da loira ali e logo bufou, andando em direção à porta na intenção de ir embora.

Decidida, Elsa se pôs no caminho da irmã, bloqueando sua passagem.

– Com licença. – Elena pediu com a voz gélida e sem emoção, nunca olhando diretamente nos olhos da loira.

– Precisamos conversar. – Elsa respondeu, replicando o tom decidido que a mais velha costumava usar antes de tudo aquilo acontecer.

– Duvido muito. – Elena suspirou pesadamente e tentou passar, mas Elsa novamente a impediu. – Está me dando nos nervos. E acredite, você não quer me ver zangada.

– Não teria como eu saber, não é? – Elsa arqueou uma sobrancelha, não demonstrando o quanto lhe machucava todas as vezes que a morena a tratava com tamanha frieza. – Parece que eu não conheço mais você.

– E? – Elena cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.

– E eu quero saber o porquê. – Elsa respondeu, olhando nos olhos azuis da irmã gêmea, que apenas desviava o olhar. – Você não era assim. Você não é assim.

Elena riu baixo. Um som irônico e gélido.

– Sei... – Parou de rir, mas continuou com o sorriso sarcástico nos lábios. – Sabe, pessoas mudam. Ninguém está entalhado numa pedra e ficará do mesmo jeito pelo resto da vida. Eu mudei. Adapte-se. – Desfez o sorriso, deixando os lábios formando uma linha fina e dura.

– E o que aconteceu para você mudar tanto assim?! – Elsa elevou a voz algumas oitavas.

Elena ficou absolutamente calada e imóvel. Finalmente olhou Elsa nos olhos e a loira pôde perceber que havia algo no fundo, muito bem escondido, e que ela não conseguia identificar.

– Se já acabou, eu vou embora. – Elena finalmente rompeu o silêncio desconfortável que se instalara ali e passou por Elsa, dirigindo-se à porta.

– Não valeu de nada? – Parou quando escutou a voz de Elsa.

– O que? – A morena perguntou sem se virar para a mais nova.

– Tudo o que passamos juntas. – Elsa explicou com a voz trêmula. – Tudo o que você sempre me disse e me encorajou a fazer. Todo o tempo que passamos juntas. Não vale de nada?

O silêncio novamente se instalara ali. Elsa esperava apreensiva que Elena respondesse, mas sabia que lá no fundo, não queria realmente saber a resposta.

– Vale. – Elena finalmente falou e Elsa se virou para ela. – Vale um conselho. – Elena repetiu o gesto da loira e só então viu que os olhos da mais nova estavam cheios d’água. – Você realmente não quer ficar perto de mim. Não sou mais aquela menina boazinha que eu costumava ser. Eu virei uma bomba-relógio. – Elsa escutava cada palavra que a morena dizia com atenção e internamente recusava-se a acreditar no que ela estava lhe dizendo. Elena fez uma pausa e suspirou mais uma vez antes de prosseguir. – Eu não sou boa.

As duas ficaram em silêncio e um vento frio invadiu o lugar. A tensão presente ali era quase palpável e Elena virou-se novamente para ir embora, abrindo a porta e dando alguns passos para fora da torre. Já estava na metade das escadarias quando foi parada por Elsa, que segurou seu braço.

– Eu não acredito nisso. – A loira falou, deixando algumas poucas lágrimas escorrerem por seu rosto. – Eu sei que não é verdade.

– Elsa, por favor... – Elena puxou o braço gentilmente e falou de uma forma bastante próxima ao tom que costumava usar com Elsa. – Me deixe ir embora.

Antes que a mais velha pudesse dar sequer um passo, Elsa segurou seu ombro e a fez virar-se para ela mais uma vez. Apelando talvez para a última boa coisa que lhe restava nas memórias, a loira disse:

– Você me prometeu. – Deixou uma lágrima solitária escorrer.

Naquele momento, pareceu que o muro que Elena tanto se esforçara para erguer rachou. Por entre o vazio e a frieza que Elsa pôde ver que a morena estava se esforçando para manter, a loira conseguiu enxergar algo a mais. Parecia... Culpa?

Com um último suspiro pesado, Elena enrijeceu e os olhos voltaram completamente ao vazio gélido, que até parecia pior daquela vez. Então, proferiu as seguintes palavras com uma lenta precisão, como se estivesse explicando para uma criança de cinco anos:

– Promessas foram feitas para serem quebradas.

Um estalo foi ouvido e a mão de Elsa atingiu o rosto de Elena com força o suficiente para fazer-lhe virar o rosto. As marcas dos dedos da loira ficaram vermelhas na bochecha esquerda da morena, que permaneceu rígida em seu lugar.

Sem se mexer ou virar novamente o rosto para Elsa, Elena apenas lhe dirigiu o olhar. Ela não parecia nem um pouco afetada com a tapa que recebera.

– Já acabou? – Arqueou uma sobrancelha, expressando desinteresse.

O ar ficou ainda mais frio e as paredes foram cobertas por uma fina camada de gelo quando Elsa passou por Elena, correndo em prantos para longe dali.

Os minutos se passaram lentamente e Elena continuou na mesma posição. Finalmente, bufou e fechou os olhos com força, mas não conseguiu evitar que uma lágrima solitária escorresse por seu rosto e pingasse no chão.

Recomposta, a morena virou-se e então desceu lentamente as escadas. Não se surpreendeu ao encontrar Pitch de pé encostado numa parede ao pé das escadas, de braços cruzados e com um sorriso divertido.

– Tenho que dizer que está me saindo melhor do que eu esperava. – Ele riu. – Sua irmãzinha está arrasada. Afinal o que foi que você disse?

Elena cerrou as mãos em punho com tanta força que os nós dos dedos protestaram. Fechou os olhos com força e trincou os dentes.

– Cuidado, Eleninha. – Ouviu Pitch falar dando a impressão de se divertir. – Seu interior está começando a aparecer.

Nisso, Elena abriu os olhos e viu que as pessoas pintadas nos quadros que havia nas paredes corriam desesperadas para outros, visto que as molduras estavam em chamas. Sem retirar a luva vermelha escarlate, ela mexeu os dedos levemente, de modo que apagou o fogo, embora os quadros já estivessem bastante destruídos.

– Melhor. – Pitch elogiou.

– Calado. – Elena o fuzilou com os olhos.

Pitch soltou uma gargalhada ruidosa que ecoou pelo corredor vazio.

– Rancorosa. – Pitch sorriu. – Não me importo. Eleninha, só tenho um aviso para lhe dar.

– O que? – Ela arqueou uma sobrancelha, embora continuasse fuzilando o professor com os olhos.

– Se manter acordada não vai te salvar para sempre. – Disse e saiu andando a passos largos e vitoriosos para longe dali, deixando uma Elena temerosa para trás.


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Notas finais do capítulo

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