Um mês após tudo o que ocorreu entre Rapunzel, Gothel e Flynn, tudo havia voltado ao normal no castelo de Hogwarts. Os casais formados durante a Comemoração ao Aniversário da Princesa Perdida continuavam tão firmes quanto no dia em que foram formados. Porém ainda havia uma coisa incomodando uma certa morena.

Os horários de aula já haviam acabado e todos haviam ido para seus respectivos Salões Comunais. No caminho para o Salão Comunal da Grifinória, Elena puxou Elsa para as escadarias que levariam à Torre de Astronomia. As duas adentraram no lugar, que continuava tão destruído quanto quando o deixaram, e Elena trancou a porta.

– Algum problema? – Elsa perguntou preocupada.

– Precisamos conversar. – Elena respondeu. – Sobre você e o Jack.

– Vai dar uma de irmã mais velha exagerada? – Elsa riu.

– Não. – Elena riu um pouco, mas não o suficiente para que Elsa continuasse a brincar, coisa que ela não fazia muito. – Tem uma coisa que está me incomodando desde aquele dia em que todos disseram que estavam namorando.

– O que? – Elsa arqueou uma sobrancelha.

– Você contou ao Jack? – Elena perguntou. – Contou sobre o que você pode fazer? Sobre o que nós duas podemos fazer?

– Não. – A loira balançou a cabeça em negação. – Honestamente, eu não tive coragem.

– Não trate isso como algo ruim. – A morena falou.

– É ruim quando não se sabe como controlar. – Elsa se encolheu. – A única coisa que me impede de congelar tudo são essas luvas. – Ela olhou para as luvas azuis em suas mãos. – E com o tempo, nem elas serão suficientes.

– Você não sabe disso. – Elena franziu o cenho.

– Eu sinto isso. – Elsa contradisse. – E eu sei que você também. Mas você trata tudo de uma forma positiva demais. E não é assim. Não é algo bom.

– Prefiro pensar que seja. – A morena respondeu. – Eu não vou deixar nada estragar a minha vida. Principalmente eu mesma. E você devia fazer o mesmo.

– Você quer mesmo que eu conte ao Jack? – Elsa perguntou. – Por quê?

– Porque você mesma ouviu o que ele disse. – Elena explicou. – Ele não gosta quando mentem para ele. Ele perdoou a Rapunzel porque, mesmo que tenha demorado, ela contou para ele e para todos nós. Eu sei que você gosta dele, então é melhor dizer a verdade. É melhor ele ouvir de você do que de outra pessoa.

– Ninguém sabe e ninguém nunca vai saber. – A loira falou. – E eu sei que você não contaria para ele.

– É claro que não. A menos que seja um pedido seu. – Elena assegurou. – A decisão é sua e ninguém pode tomá-la por você. É a sua vida.

Elsa pareceu pensar por alguns segundos antes de se virar para a irmã novamente.

– Você contou ao Andersen? – Perguntou.

– Não. – Elena balançou a cabeça. – Isso geraria perguntas demais. Eu confio nele e sei que ele iria entender, mas poderia acabar acarretando em perguntas a seu respeito também. Eu passo tempo demais com você, então você saberia e poderia até mesmo ser parecida comigo.

– Você sempre me coloca na frente de todo mundo, não é? – Elsa sorriu minimamente. – Até mesmo de si mesma.

– Sempre. – A morena sorriu. – De certa forma, eu sou responsável por você. Pela Anna também, é claro, mas você me entendeu.

– Só faz isso por se sentir responsável por mim? – Elsa arqueou uma sobrancelha.

– Faço isso porque você é minha irmã e eu te amo. – Elena sorriu e abraçou a loira. – Nunca duvide disso.

– Não duvido. – Elsa sorriu. – Só não quero que você desista de nada por minha causa.

– Se eu chegar a fazer isso, você será a primeira a saber. – Elena soltou a loira. – Mas não era disso que estávamos falando. – Suspirou.

– Já sei. – Elsa também suspirou. – O que você acha que eu devo fazer?

– Faça o que achar melhor. – Elena deu de ombros. – Só se lembre de que as consequências disso não são só suas. Honestamente, eu penso neles como uma família. Se você mentir e eles acabarem descobrindo sozinhos depois, ficarão magoados.

– Eu sei. Eu sei. – Elsa suspirou e passou a mão pelos cabelos loiros. – Mas ainda acho que não é uma boa ideia.

– Talvez pelo menos Jack devesse saber. – Elena se encostou à parede atrás de si. – Você conta para ele e eu conto para o Andersen. Concorda?

Elsa suspirou e se manteve calada, olhando para o chão.

– Acho que isso é um ‘não’. – Elena suspirou. – A decisão é sua. Se mudar de ideia, é só me dizer. Vou concordar com o que você decidir.

Dito isso, a morena abriu a porta e saiu dali, deixando Elsa sozinha. A loira ainda pareceu pensar por alguns minutos antes de deixar a torre, indo para o Salão Comunal e deixando uma fina camada de gelo quase imperceptível no chão por onde passava.