Elsa largou sua varinha no chão, assim como Pitch ordenara. Elena parecia estar tonta e fraca, não sendo forte o bastante para se soltar do Professor de História da Magia, que a segurava com força à frente de seu próprio corpo.

– Sábia decisão. – Pitch sorriu vitorioso. – Parece que a minha morte não vale a da sua irmã, não é? Bom saber disso.

– Elsa, vá embora. – Elena pediu e o homem apertou ainda mais seu pescoço, impedindo que ela falasse qualquer outra coisa.

– O que você quer para deixá-la ir? – Elsa perguntou, ignorando o pedido da morena.

– Faria qualquer coisa por ela? – Pitch arqueou uma sobrancelha, parecendo realmente curioso para saber a resposta.

– Sim. – Elsa respondeu sem medo, afinal não era mentira e todos já sabiam muito bem disso.

Já se acostumara com a loucura de Pitch, tanto que não se surpreendeu quando ele soltou uma gargalhada ruidosa e divertida, que ecoou pelo Departamento de Mistérios.

– Chega a ser injusto que ela esconda tanta coisa de você. – O homem declarou, mantendo o sorriso sádico e divertido no rosto.

– Do que você está falando? – Elsa deu um passo à frente, ignorando o olhar de alerta que Elena lhe lançava.

– Pensei que talvez ela pudesse ter reconsiderado e contado para você, mas vejo que me enganei. – Pitch respondeu, fazendo uma expressão de falsa pena. – Permita-me ser eu a abrir seus olhos, queridinha. – Sorriu. – Pelos meus cálculos, o efeito da poção já deve estar passando. Não é mesmo, filhinha? – Olhou para Elena, que parecia já ter desistido de lutar para se libertar dele.

– O que foi que você fez com ela? – Elsa deu mais um passo à frente, estando perigosamente perto do lunático homicida que era seu pai.

– O que eu fiz? – Ele repetiu a pergunta, fingindo surpresa. – A pergunta certa não seria: O que você fez? – Ele arqueou uma sobrancelha, deixando Elsa ainda mais confusa.

Os segundos seguintes perduraram em um desconfortável silêncio e então, de repente, Pitch sorriu. Elsa até perguntaria, mas sentiu sua voz morrer quando percebeu os cabelos de Elena, a partir da raiz, irem perdendo a cor e ficando brancos como a neve , restando apenas as duas mechas da frente em sua cor original.

Do mesmo jeito que o de Anna em seu quarto ano em Hogwarts, quando a ruiva teve seu coração congelado acidentalmente por Elsa.

“– Eu não sei! ­­– Elsa gritou e todo o gelo se reuniu nela, mas logo foi liberado para todos os lados, acertando tanto Elena quanto Anna.”

Então o gelo não havia acertado apenas o coração de Anna.

“– Digamos que eu tenho alguns probleminhas de saúde.” Elsa se lembrou do que Elena havia dito antes. Mas, a loira já sabia, a morena tinha mais do que problemas de saúde. Elena estava morrendo. E pior, por culpa sua.

Então, de repente, Pitch largou Elena, que rolou pelas pequenas escadarias até parar aos pés de Elsa, que se abaixou no intuito de ajudar a irmã.

– Ela é bastante resistente ao gelo. – Pitch explicou, descendo lentamente as escadas. – Não me admira que só tenha começado a demonstrar sinais de um Coração Congelado apenas alguns dias depois de eu sequestrá-la em Wonderland. – Sorriu e se abaixou, ficando de frente para Elsa, que se mantinha entre a irmã e o pai. – Quando decidi que ela voltaria para a Escola, ela optou por esconder de você, para evitar que você se sentisse culpada, e eu pedi a Malévola que fizesse a poção para ela. – Segurou o queixo de Elsa, não obtendo nenhuma resistência por parte da loira, que parecia desolada enquanto as lágrimas já começavam a cair de seus olhos. – Se quer saber, não estava tão ruim até poucos dias atrás, mas quem a mandou usar tanto de seus poderes? Afinal, quanto mais energia ela gasta, mais rapidamente ela congela. Não dou mais do que alguns minutos. – Abriu um sorriso sádico e satisfeito. – Faça bom proveito do tempo que ainda tem com ela. – Deu alguns tapinhas leves no rosto de Elsa e se levantou.

– Sai daqui! – Elena retirou sua luva e lançou uma rajada contínua de chamas em Pitch, que se defendeu usando a sua varinha.

– Elena, pare! – Elsa pediu, segurando a outra mão dela.

A loira nem precisou pedir. A morena estremeceu e arquejou, demonstrando fraqueza. Deixou que a mão tombasse no chão com um baque surdo enquanto as duas mechas restantes de seu cabelo tornavam-se brancas como as outras.

– Te vejo depois, loirinha. – Pitch sorriu como um lunático. – Visto que sua irmã não vai durar até nosso próximo encontro. – Disse isso e aparatou.

Assim que ele sumiu, Elsa imediatamente se virou para Elena, que aparentava fazer esforço para manter os olhos abertos.

– Elena. – A loira chamou, deixando que algumas lágrimas caíssem e molhassem o rosto da irmã mais velha.

– Está tudo bem. – Elena abriu um sorriso fraco e apagado. – Está tudo bem. Vai ficar tudo bem.

As palavras da irmã levaram a mente de Elsa a uma cena vivida há muito tempo, embora não fosse muito diferente daquele momento. “– Está tudo bem. Está tudo bem. – Elena falou com a voz rouca por causa da súbita fraqueza provocada pelo gelo, tentando acalmar a irmã. – Vai ficar tudo bem.”

– Você já me disse isso uma vez. – A loira declarou, limpando as lágrimas com as costas de uma mão enquanto limpava as lágrimas que caíram no rosto da irmã com a outra.

– E talvez você devesse me escutar pelo menos uma vez. – Elena deu um sorriso de canto fraco.

– Será que vai ser sempre assim? – Elsa perguntou, olhando para o rosto da irmã sem realmente parecer vê-lo. – Parece que sempre que eu a encontro, eu a perco mais uma vez. Desta vez, parece ser para sempre.

– Eu já disse uma vez que você nunca vai me perder. – Elena respondeu, mantendo o sorriso no rosto com dificuldade. – Eu sempre vou estar com você. Escutou? – Ainda desolada, Elsa assentiu.

Com isso, a morena sorriu ainda mais abertamente. Por um instante, ela parecia aquela Elena de onze anos que se preocupava apenas com suas atividades de Transfiguração, sua matéria preferida, e com passar o tempo com a loira.

Porém, isso durou apenas alguns segundos, visto que o sorriso se tornou frio e duro, bem como a estátua de gelo que a morena se tornara.