Begin Again escrita por Nevaeh


Capítulo 1
Uma noite de Lágrimas...


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!
Nem devia estar postando isso aqui, mas é que... eu sempre quis escrever uma AoMomo sabe? Tem alguns spoilers do mangá, mas é bem de leve... (e é quase tudo do arco Teikou = passado, nada que vocês já não tenham notado antes)
As músicas que usei como inspiração foram de Taylor Swift, 'Begin Again', e de Jordin Sparks, 'Next to you'. (tenho o maior carinho por essa segunda música...)
Fic totalmente dedicada à minha diva dos AoMomo's... ~deathpepper (eu amo as ones dessa mulher, gente!)
Aproveitem!



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Era uma madrugada fria de Tóquio.

Momoi rolava para um lado e para o outro na enorme cama de casal, tentando – em vão – se aquecer, e esconder o choro barulhento de um certo moreno bem próximo a ela.

Estava novamente refugiada na casa de Daiki. Ele, relutante, havia permitido que ela passasse a noite ali – e no momento tentava, num sono inconstante, achar um modo de ficar mais confortável no ‘minúsculo’ sofá da sala.

Eu realmente preferia não saber...

Por um momento disparou xingamentos baixos contra o garoto. É culpa sua... Ainda estava brava. Se não fosse por ele e seu pavio curto, jamais saberia. Continuaria feliz, perseguindo um azuladinho que pouco demonstrava corresponder a seus sentimentos. Acreditava que, de tanto insistir, conquistaria o coração de Kuroko Tetsuya.

Sentia-se idiota. Não entendia direito o que tinha acontecido, embora a verdade fosse óbvia. Na realidade, abstinha-se de uma reflexão mais profunda – não queria chorar mais. Então procurava culpados, naquela mania estranha de sempre achar que estava sendo injustiçada. Suas principais cobaias eram Kagami e Aomine, principais mentores de todo aquele plano do mal arquitetado para que ela sofresse.

Mas um fato óbvio e gritante a incomodava. Eles dois são muito idiotas pra conseguirem esconder isso tão habilidosamente... Por mais que quisesse pôr a culpa neles, conhecia Ahomine e Bakagami o suficiente para dizer que não era culpa deles...

Era de sua própria curiosidade.

— Ai que ódio! — berrou, deixando sua voz estridente percorrer o ambiente.

Queria bater em alguém. Especialmente em seus ex-colegas de time... Eles também sabiam! Mas, como sempre, esconderam... Porque eu nunca sei de nada nessa porcaria?

Estava acostumada a ser ignorada, nunca se importara muito com isso. Querendo ou não, percebia seus colegas de Teikou se esforçando para que ela não soubesse de algumas coisas, para que não se machucasse. Já conheciam o rosto triste, já haviam presenciado as lágrimas dela outras vezes. Como quando o time quebrou.

O único que percebia o afastamento de Teikou como bom era Akashi. Os demais mal sabiam como lidar com suas habilidades, e acabaram se afastando para não atingir os demais com suas próprias frustrações. Mas todos sabiam que a única realmente abandonada havia sido ela. Que, ao fim dos treinos, ela se escondia e chorava... Ninguém queria que aquele sofrimento se repetisse por causa deles. Omitiram a verdade por causa dela.

Bando de superprotetores!

Satsuki odiava relembrar esses momentos. Quase dois anos haviam se passado, mas ainda era doloroso. Ser abandonada. Traída. Deixada para trás. Encolheu-se ainda mais dentro das cobertas, numa tentativa falha de não misturar suas lágrimas de agora com as passadas. Não queria mais condenar ninguém...

Arrependeu-se de ter colocado a culpa nos outros. Sua curiosidade foi pública – pediu a Aomine, a Midorima, a Kise… Até Murasakibara foi uma das vítimas de sua irritante insistência. Mas eles continuaram em silêncio, aturando seus chiliques. Vez ou outra, cientes de que ela estava ouvindo, insinuavam qualquer coisa sobre Kuroko, mas, ao percebê-la confusa, acabavam parando com as brincadeiras.

Vocês estavam tentando evitar isso, não é?

As lágrimas continuavam a molhar-lhe a face, embora não estivesse realmente triste. Estava brava. Por que começaram a me deixar curiosa? Por quê?

Era o combinado! — foi o que Daiki gritou, entregando de uma vez o plano.

Preferia nunca ter dito nenhuma das palavras que se seguiram. Esbravejou que não era mais criança, que ele não precisava protegê-la...

Eu não preciso de você, Aomine! Eu sei me cuidar!

Quem diz uma coisa dessas ao melhor amigo? À única pessoa que suportava suas péssimas maneiras, seu comportamento tão grosseiro e suas palavras tão maldosas quanto as dele? Deixou uma risada irônica desprender-se de seus lábios, abafando as lágrimas que insistiam em voltar a cair. Cadê sua força agora, Satsuki? Estava na casa dele, na cama dele, aos cuidados dele.

Limpou mais uma vez o rosto molhado, afundando-o no travesseiro. Sentiu aquele cheiro gostoso do shampoo do Ás de Touou que ela tanto gostava... Odiou-se por ter dito tanta bobagem. Não queria que ele soubesse que estava chorando. Não queria que ele soubesse que era fraca demais para aceitar uma coisa que estava óbvia desde sempre.

Nunca mais vou confiar em você! Seu mentiroso!

Sua chantagem emocional – uma declaração furiosa, com direito a dedo na cara e tudo – funcionara perfeitamente. Mas, pela primeira vez em muito tempo, viu Daiki se ofender. Ele nunca se importara muito com seus desaforos, porém, naquele momento, seu olhar de desprezo era mais do que evidente.

Tudo bem, Momoi. Vou te mostrar... — declarou rispidamente o moreno, tomando rudemente seu braço e a arrastando pelas ruas de Tóquio — Mas saiba...

Você está jogando nossa amizade fora por causa de uma bobagem. Essas palavras ainda ecoavam em sua mente, provocando arrepios involuntários e extremamente dolorosos. Ele nunca a chamava de Momoi. A ameaça era séria... Não queria nem saber como seria sua vida sem seu Dai-chan.

Deixou-se, então, ser guiada por ele até a quadra de Seirin e praticamente jogada dentro de um armário de equipamentos. Fique aí! O tom firme – e extremamente irritado – do moreno não abriu margem a discussões. Então se deteve a observar o dispersar dos jogadores ao fim do treino, enquanto Daiki chamava discretamente – se isso era realmente possível – o capitão para uma rápida conversa.

Ela vai saber! — foi a última frase esbravejada a Hyuga, que ainda tentava convencê-lo de que essa não era a melhor maneira.

Encolheram-se, tentando não pressionar demais a porta, esperando o desenrolar dos acontecimentos. Agora você vai ver!, Daiki murmurava, irritado, fazendo-a tremer em expectativa. O que é tão óbvio que até os jogadores de Seirin sabem e eu não?

Notou duas silhuetas surgirem na penumbra do fim de tarde. Eles conversavam animadamente sobre qualquer coisa que ela não julgou ser importante no momento. Conhecia bem aqueles dois corpos, já tinha passado muito tempo analisando-os. O que tem de tão anormal em o Kagami-kun e o Tetsu-kun estarem juntos? Aquela pergunta mental, não dividida com Daiki pela sua irritação, foi rapidamente respondida.

Viu o maior se curvando para alcançar os lábios do seu amado, que parecia estranhamente ansioso com o toque. Espera... O que é isso? Seu ar de dúvida fez seu companheiro soltar um palavrão e chamá-la de idiota. Mas ela realmente não estava entendendo. Cerrava cada vez mais os olhos, tentando absorver cada detalhe. Não é possível... O beijo foi rapidamente aprofundado, e logo ambos se ocultaram na escuridão de um dos cantos da quadra para continuar. Conseguia ouvir as respirações já descompassadas, o roçar das roupas, perceber os corpos colados e o ar apaixonado que os rodeava.

Tetsu, seu idiota! — gritou, deixando que sua estridente voz ecoasse pelo ambiente e assustasse os dois.

Antes que qualquer um dos homens ali pudesse reagir, já estava correndo. Desesperada, desnorteada… Tudo o que queria naquele momento era descontar em alguém. Queria que sentissem a mesma dor que estava sentindo, que a felicidade daqueles dois – perceptível pelos olhares carinhosos, pela mão suavemente depositada no ombro de Tetsuya – fosse quebrada.

Maldito Kagami…!

Disparou sobre o ruivo, dando-lhe um sonoro tapa. Mas Taiga sequer esboçou alguma reação. Na verdade, ele parecia mais aliviado do que irritado em vê-la agir daquela maneira.

Nem sequer olhou para Kuroko. Não queria que qualquer sentimento bom ocupasse sua mente. Queria continuar com raiva por um bom tempo. Eu me senti traída, Tetsu-kun… Mas sequer conseguia odiá-lo. Não conseguia deixar de achar sua pouca presença charmosa, seus raríssimos sorrisos um presente. Você feriu meus sentimentos...

Então o ignorou e, como uma garotinha mimada, desferiu alguns socos – fortes, mas suportáveis – no peito do Ás de Seirin. Porque do Kagami-kun eu conseguia sentir um pouco de raiva… Chamava Taiga de idiota, pervertido, aproveitador… Embora soubesse que ele não era nada daquilo. Internamente, sabia que o ruivo era inofensivo, que estava sendo mil vezes melhor para Kuroko do que a própria Momoi jamais conseguiria ser. Porque, mesmo tendo um temperamento explosivo, era capaz de aguentar as investidas furiosas de uma garota histérica apenas pelo bem de seu namorado... Ele era apenas um homem apaixonado.

Acabou chorando e se debatendo sob os braços fortes de Taiga, que apenas olhava para o menor. Finalmente... Ambos estavam aliviados. Já tinham passado muito tempo escondidos, para que ela não surtasse e a notícia fosse espalhada além do esperado. Mas, quando ela finalmente soubera, se sentiram livres. Tetsu, longe dos olhos de Satsuki, comemorou à sua maneira. Estendeu a seu amado um singelo sorriso, incentivando Taiga a continuar consolando-a. As mãos grandes e calejadas do ruivo, ainda perdidas com o súbito e incomum gesto, caminharam suavemente pelo cabelo da rosada.

Está tudo bem, Momoi-san... — O Ás de Seirin tentava confortá-la a seu rude modo, explicando vagamente que ele e Tetsuya realmente estavam juntos, embora mal conseguisse conter um sorriso, vendo a garota agora agarrada à sua camisa. A gente não queria te magoar…

Mas a pessoa mais magoada ali estava em silêncio. E Tetsu e Taiga se controlavam na felicidade em respeito a ele... Sabiam perfeitamente que o Ás de Touou estava mais triste do que ela. Que estava com vergonha, e queria que Satsuki ficasse em silêncio e aceitasse, sem reclamar, que tinha perdido. Por favor, pare... Seus dentes cerrados, seu lábio mordido, seus olhos opacos, sua expressão dura... Para Daiki, aquilo era muito pior do que perder uma partida. Ver a garota que amava se humilhando por causa de outro cara era demais. Novamente escondeu seus sentimentos com uma indiferença completamente óbvia.

Você estava sofrendo, Dai-chan?

Ela percebeu. Em outro momento, pararia tudo e perguntaria a Aomine o que ele tinha. Mas estava mais preocupada consigo mesma. Estava cansada, com seu ego ferido. Exausta, acabou deixando seu corpo despencar e ser amparado pelo menor. Se permitiu, por uma última vez, em seu ato mais egoísta, sentir a parca presença do ‘sexto homem fantasma’, seu perfume suave e sua voz calma ao lhe sussurrar um:

Desculpe...

Soltou um suspiro cansado. Tinha muitas desculpas a pedir... Revirou-se na enorme e gelada cama, procurando qualquer coisa com o que se aquecer. Não havia mais lágrimas a chorar, então apenas encarou o teto. Sabia que suas desculpas ainda seriam mera formalidade. Porque estava com raiva, porque preferia mil vezes saber antes.

Você não confiava em mim, Tetsu-kun? Era sua maior pergunta. Tudo bem que era inocente, que estava sofrendo. Mas, se tivesse sido comunicada antes, teria a oportunidade de chorar sozinha. Não teria feito escândalo, e no dia seguinte seria capaz de olhar para ele e Taiga sem problema nenhum. Mas agora estou com vergonha demais para encontrar qualquer um dos dois.

Sentiu seus dedos do pé congelando. Mesmo com seu esforço, continuava com frio. Encaminhou-se, a passos surdos, até o sofá. Não sabia exatamente o que estava fazendo, e também se sentia constrangida demais para encarar Aomine sem enxotá-lo com palavras rudes. Porque tinha que pedir desculpas por todas as asneiras que havia dito, mas não sabia como fazê-lo... Observou o moreno por alguns momentos, vendo-o sem camisa, mal enrolado no cobertor, numa posição que com certeza mataria suas costas de dor amanhã. Ele está tão perto... E não podia fingir estar desmaiada pra sempre.

Como você acha que eu me senti, hein, Satsuki? Te arrastei até aqui… e você me faz aquilo... — Ele rosnava cada palavra, mas falava num tom baixo demais para seu comportamento normal. — E o pior de tudo é saber que nem amar o Tetsu você ama… Aquele era só um showzinho ridículo de quem odeia perder…

Não era isso!, se esforçou pra não gritar. Teve vontade de ficar brava, de bater nas costas dele. Mas isso não valia a pena no momento. Escolheu continuar ‘inconsciente’, tranquilamente acomodada às costas do moreno. Porque, no final, era a mais pura e simples verdade. Sabia que seu interesse por Tetsu era apenas uma coisa mais filosófica, que nunca se tornaria um relacionamento de verdade. Mas eu gostava daquilo… Ele foi o primeiro a entender como eu me sentia...

Ela só não se lembrava de um antigo – e um tanto estranho – conselho: Os únicos homens que conseguem entender as mulheres são os que pensam como elas. Sempre achara a frase um tanto preconceituosa, mas em seu momento ela fazia sentido até demais. Porque Kuroko era diferente dos outros garotos. Gentil, cuidadoso, falava sempre o que devia, quando devia. Sabia exatamente como se portar e o que esperar de uma garota. Irônico, não? Mas Satsuki nunca se permitira desconfiar. Sempre se forçou a pensar que ele era apenas um cara de pouca presença que se aproveitava disso para refletir o que os outros queriam.

Uma risada irônica tomou seus lábios e se dispersou pelo ambiente. Eu sempre soube… só não queria correr o risco de me machucar. Lembrou-se de que podia acordar o moreno. Já era.

— Satsuki, é tarde... — Aomine reclamou, espreguiçando-se. — Aconteceu alguma coisa? — Ela apenas sacudiu a cabeça negativamente, com um sorriso meio murcho. — Quer um chá?

Sua resposta positiva fez o moreno levantar-se, ainda meio grogue, e caminhar em direção à cozinha, trazendo-a pelo braço. Os dois permaneceram em silêncio por alguns momentos, até que ele resolveu dirigir seus olhos a ela.

— Sua cara está péssima… — disse, com um sorriso irritante, ao notar as olheiras de sua gerente. — Parece uma múmia.

— Ótima maneira de quebrar o gelo, Dai-chan... — A rosada sorriu levemente, fazendo-o ganhar uma expressão aliviada. — Achei que você ainda estava bravo comigo... — Ele apenas aumentou o sorriso, num implícito declarar de que era impossível continuar assim.

— Não fui eu que bati no namorado dos outros, xinguei um milhão de palavrões e depois desmaiei, sem nem pedir desculpas... — o moreno zombou, vendo-a adquirir uma coloração avermelhada. — E depois você diz que eu é que sou orgulhoso...

Porque o único que pode me vencer sou eu mesmo... — ela repetiu o antigo lema do moreno, tentando imitar seu tom de voz. — Não tem coisa mais orgulhosa que isso, Dai-chan!

Ela sorriu, mostrando que sua expressão alegre voltara. Aquilo fez com que o Ás de Touou se deixasse sorrir também – não o sorriso falso ou zombeteiro que ele sempre apresentava, e sim um... Dai-chan, que sorriso é esse?

Permitiu-se encarar a expressão incomum do moreno até deixá-lo sem graça. Sabia que ele não estava mentindo, que realmente era orgulhosa. Não gostava de saber que ela – linda, gostosa, feminina, bem cuidada, admirada e desejada por muitos – tinha perdido para Taiga… Mas ele nunca foi meu, pra começo de conversa…

— Dai-chan, o Tetsu-kun está feliz daquele jeito?

— Espera um pouco, você vai querer separar os dois? Você está muito vingati- — ela o interrompeu com um Não é isso, idiota!, acompanhado pelo jogar uma das frutas em cima da mesinha. — Sério mesmo que não dá pra perceber? — ele ironizou, forçando-a a pensar.

Olhou para a xícara de chá preto que o moreno lhe entregara, procurando em suas lembranças a resposta. Só conseguia achar um Tetsuya que, embora sem expressões aparentes, exalava felicidade. Seus sorrisos, ainda raros, eram naturais ao lado do Ás de Seirin. Ele também havia melhorado suas habilidades, e se tornado uma ‘equipe de dois’ com Taiga. Eles parecem se completar... Talvez aquela coisa de ‘luz e sombra’ que Aomine sempre citava fosse real mesmo. Não dava para separar aqueles dois. Não teria coragem de fazer uma coisa dessas...

Principalmente depois de perceber que estava se importando mais com alguém que pouco tinha a ver com o romance. Dai-chan, você me perdoa? Deixou a pergunta implícita no seu olhar, e no seu suave boa noite antes de voltar para a cama.

— Dai-chan, aqui tá frio... — ela resmungou, manhosa, atraindo a atenção do moreno, que ainda lutava com o sofá por uma posição confortável. — Vem me esquentar aqui...

— Tá achando que eu sou aquecedor, é? — ele respondeu, grosseiro como sempre.

Mas caminhou devagar, arrastando a coberta no chão, e se deitou ao lado dela. Deixou que ela se aninhasse em seus braços, e a cobriu com extremo cuidado. Aquele era um dos seus momentos preferidos...

Faziam isso sempre quando eram pequenos. Ela sempre pulava a janela, trazendo consigo meia tonelada de cobertas, e se deitava com ele. E, antes de dormir, sempre brincava que, quando fossem grandes, ela casaria com ele apenas para poder se esquentar daquele jeito. A lembrança a fez rir baixinho. Nunca tinha pensado naquelas palavras até agora…

Também nunca entendera completamente o que queria dizer com aqueles eu aceito que dizia a seus parentes, toda vez que jogavam aquela ‘praga’ de que um dia se tornariam um casal. De certa forma, a ideia lhe era agradável quando menor.

E seus colegas de time também percebiam isso, tanto que Shintarou sempre lhe repetia: você deveria prestar mais atenção no que tem... Ryouta também adorava falar loucuras impensadas, ao notar que a gerente e o Ás passavam tempo demais juntos. Você e o Aominecchi vão acabar juntos...

Mas, depois de algum tempo, isso se tornou um mau presságio. Não gostava do que Aomine havia se tornado. Arrogante, desrespeitoso, desleixado, desmotivado. Não gostava daqueles olhos opacos, escondidos sobre uma falsa aura de superioridade. Mas esse Aomine não existe mais…

Encarou-o por alguns momentos, com um sorriso extremamente satisfeito no rosto. Ele voltou ao normal… Percebeu os olhos azuis semicerrados, tentando simular o sono enquanto observavam atentamente cada movimento da rosada. Riu um pouco mais alto.

— Para de me encarar e vai dormir, Satsuki! — ele reclamou, tentando mostrar um rosto severo. — Eu tenho treino amanhã!

Continuou encarando-o por alguns instantes, provocando uma certa irritação no maior, que ameaçou sair dali. Depois de muita insistência e muito fica, por favor, se acomodaram novamente na cama. Nunca tinha percebido o quanto gostava de dormir nos braços daquele moreno. Realmente, eu gosto de me enganar…

Adorava aquele papo de somos amigos de infância. Repetia, com certo prazer, que o Ás de Touou não tinha nenhuma qualidade, que era apenas um bruto sem sentimentos, mas era apenas para afastar aquelas fãs chatas. Conhecia como ninguém o ‘coração mole’ que seu melhor amigo tinha.

Aomine Daiki tinha seus defeitos, mas era um homem ‘sem máscaras’. Cuidadoso, dedicado... Colocava seu amor em tudo o que fazia, e se preocupava com os poucos amigos que tinha – ainda que tudo o que fizesse com eles fosse comer, discutir e jogar basquete. Apesar de ser extremamente rude com palavras, fazia o melhor para compensar isso com ações. Comprava sorvete, comida, remédio – resmungando que ela gastava todo o seu dinheiro; a carregava para lá e para cá no colo – reclamando que era pesada e precisava fazer regime... Levava suas coisas para que ela não pegasse peso, e tentava confortá-la sempre que estava sofrendo – mesmo que seu método fosse irritá-la para que se esquecesse da dor.

Mas eu sempre preferi dizer que estava ao seu lado apenas para evitar que ele se metesse em alguma confusão. Aquela era sua desculpa mais esfarrapada. Ele precisava de cuidado, é verdade… Seu antigo desleixo em relação aos treinos, sua grosseria e sua péssima mania de achar que estava sempre certo mostravam perfeitamente do que ele precisava. Mas outros podiam controlá-lo…

Encostou suavemente as mãos geladas no peito desnudo do moreno, provocando um arrepio involuntário e uma reclamação rosnada dele. Ei, Satsuki...

Ao fim, nenhuma dessas desculpas importava. Gostava daquilo. De ter que ficar perseguindo, de gritar e chamá-lo de nomes esculhambados. De ser provocada, observada, devorada com os olhos… Porque ele adorava seus peitos, sempre soube disso. Gostava dos inconvenientes de estar com ele, das brigas que ele arrumava ao perceber que os caras estavam a observando. Do seu sorriso feliz após ganhar um jogo, e do corpo moreno, suado e sarado que ele exibia ao retirar a camisa no final dos treinos. Do cheiro, do sorriso estranho, da voz grave e sedutora…

Aquilo fê-la parar por um momento. Seu coração estava acelerado demais... Então eu não amava o Tetsu...? Achou a frase óbvia. Era como se sempre soubesse disso. Suas escolhas mostravam. Queria estar com ele. Mas, por enquanto, não sabia exatamente o que fazer com essa nova descoberta. Resolveu aproveitar um dos seus momentos preferidos e ir dormir. Observou-o dormir tranquilamente e, voltando a seus oito anos, roçou seus lábios nos dele, sussurrando um eu aceito...

Satsuki...? Ele chamou baixinho, mas ela já estava dormindo. Que coisa... Agora era ele quem não entendia nada. Mas conseguia perceber, em seu rosto sereno, uma ponta de felicidade que nunca tinha visto antes. O que aconteceu pra você estar assim? Resolveu não pensar muito nisso. Ela lhe daria explicações amanhã.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Tomara que tenha ficado bom... deixem reviews!
Até a próxima!