–O que esta acontecendo?- perguntei.

–Raphael vai conversar com a Tess hoje e quer que você vá pra lá também. - disse Melanie, que logo depois e virou para Jennifer e falou que ela teria que ficar de olho em mim na mansão para não fugir novamente.

Anne logo chamou os outros oferecendo a carona na van. E Melanie se acomodou no banco do carona do carro preto e, como sempre, começou a conversar com o motorista. Jennifer foi rápida para seu lugar, Tess foi logo atrás me atrasando um pouco, pois resolveu comentar os bancos de couro e outras coisas que tinha no interior.

Então eu estava no meu canto perto da janela, Jennifer do outro lado e a menina de cabelo azul no meio. E o carro mal percorreu os primeiros metros e Tess falou que não gostava de se sentar no meio com uma cara de insatisfação, ela deu uma olha em Jenn que continuou encolhida no canto dela com os pensamentos distantes, e então se virou pra mim e exigiu que eu trocasse de lugar com ela, ainda me ameaçou em um sussurro de me atravessar se não concordasse. E o interior do carro me pareceu mais apertado enquanto Tess trocava de lugar, e provavelmente os dois na frente não entenderam o que estava acontecendo nos bancos de trás vendo acena pelo retrovisor. No fim, eu estava no meio e não era um lugar muito legal, com vista para todo o para-brisa vendo lanternas vermelhas dos carros da frente e faróis clareando tudo de repente. Era irritante. Quando comecei a ficar com dor de cabeça tentei olhar as janelas dos lados ou qualquer outra coisa, mas dos dois lados tinha uma garota de distancia. O lado onde Tess estava eu já tinha visto, então me arquei para ver melhor a estrada do lado de Jenn, que também olhava lá fora, mas não prestava atenção no que via, nem no que acontecia dentro do carro.

–Jenn... –comecei a dizer e ela se virou bruscamente ao despertar do transe e ficamos próximos demais. Não consegui terminar o pedido para trocar de lugar, com ela me olhando fixamente daquele jeito á poucos centímetros, e depois aos poucos que ela começou a ficar vermelha quando eu não me afastei.

–Eu vou na frente!- gritou alguém do meu lado, me fazendo voltar a sentar direito e sair daquela situação em que estava preso.

Melanie havia chegado em sua casa, e com o lugar vago Tess logo correu para ocupa-lo. Voltei para meu lugar próximo da outra janela, mas logo me virei para ver a morena com as mãos no rosto aquecido e vermelho olhando para fora.

***

Raphael nos esperava na porta de sua casa e recebeu Tess com um abraço, ou ela que o abraçou, eu não tenho certeza. Depois ele me lançou um olhar severo antes de acompanhar a menina para dentro da casa. Jenn foi para o quarto dela em seguida sem falar ou fazer nada e eu fui para cozinha sozinho, enquanto Tess foi conversar com Raphael na sala de estar. Arrumei um lanche e fiquei passando o tempo na cozinha branca por um bom tempo.

–Você esta bem Roan? – o dono da casa apareceu e respondi com um sinal de joia entre as mordidas do lanche. -Hum, me parece um pouco diferente... aconteceu alguma coisa boa hoje? - ele pôs a mãos no bolso e sorriu pelo canto da boca.

Parei, limpei o rosto e o encarei sério.

–Eu estou bem. Não enche.- eu estava em paz e ele veio ficar com conversas de passar o tempo, não tenho paciência para isso.

–Certo.

–O que você fez com a Tess? – perguntei.

–Mandei o motorista leva-la para casa. Ela falou alguma coisa de querer passar no centro antes. Ela mora no centro? - neguei. - foi o que pensei...

Ele ficou um tempo pensando, depois se aproximou do balcão e se sentou em um banco na minha frente.

–Roan o que você fez na terça-feira pode ser perigoso demais. Espero que você apenas tenha dado uma volta ou coisa assim... - acabei pensando no que aconteceu na terça feira e ele ficou mudo de repente e depois ficou mais serio. – Você...- ele me encarou e pareceu tenso. - As coisas podem ficar péssimas. Os policiais ainda estão na cidade atrás de você, qualquer coisa estranha pode chamar a atenção deles. E se eles por um acaso encontrarem um de nós pode achar que somos iguais a você e preferir eliminar antes de perguntar.

–Eliminar? Eles não fariam isso...

–Ah fariam. Eu não sei se você sabe, mas tem uma repartição que investiga os casos estranhos de assassinatos, os que são incomuns demais para um humano. E esses policiais, de alguma forma, conhece o que somos e a única coisa que eles se lembram quando nos miram com suas armas é que temos o instinto de matar humanos. E o trabalho deles é evitar isso. Então para evitar eles se previnem matando antes de perguntar se seguimos ou não esse instinto, Roan.