Quando chegamos em sua casa Tess parou na porta pensando em algo, abriu a mochila e pegou uma chave do fundo e abriu a porta desajeitadamente discutindo com a fechadura.

–Eu posso entrar?- perguntei assim que a porta se abriu.

Ela me lançou um olhar estranhando.

–Não. -disse com convicção. Mas poucos segundos depois ela riu. - É claro que pode entrar. Eu não vou fazer o trabalho no jardim.

Assim que pisou no tapete do hall de entrada de paredes rosa-choque Tess gritou:

–Mae cheguei!

–Tess onde você estava? Esta tar...

Uma mulher de quase quarenta anos apareceu e parou de falar quando seu olhar mudou da filha para mim ao lado dela. É divertido as diferentes reação que as pessoas podem ter, imagino o que aquela mulher pensou antes de abri um sorriso, limpar as mãos no avental que vestia e vir me cumprimentar com um aperto de mão dizendo:

–Eu souJade Grantinie, mãe da Theresa.

–Tess... –corrigiu a menina.

–Eu sou Roan e este é o Alex. -apontei para a porta aberta.

–Ah tem outro?- mulher pareceu espantada e olhou em direção á porta onde Alex estava parado. Ele se aproximou para cumprimentar a mulher.

–Eles vieram fazer um trabalho mãe. Vamos usar o escritório.

A mãe de Tess concordou e a menina nos guiou até o escritório. Alex logo correu para frente de um aquário e ficou olhando os peixes e as borbulhas como se estivesse assistindo a algo importante. E o trabalho correu básico, chato e entediante, com Tess falando o que eu precisava fazer, uma das melhores partes foi quando a mãe dela logo trouxe um prato com biscoitos e outras coisa. Mas logo o prato ficou vazio e pedi para Tess buscar mais, ela me chamou de folgado e eu só concordei a fazendo rir.

–Você vai secar a agua desse aquário desse jeito menino. -disse ela ao passar por Alex antes de sair para buscar mais comida.

Pouco depois, eu estava prestando atenção no texto que ela queria que eu lesse, quando ouvi um barulho estranho próximo de mim, olhei para o lado e tinha uma bola de agua suspensa com um peixe desesperado nadando dentro e sobre a mão de Alex. Sorri e o olhei, ele se divertia com o truque.

–Como você faz isso?!- a voz de Tess surgiu de repente dentro da sala, fazendo Alex derrubar o peixe no chão e perto de mim. Os olhos dela pulavam de mim para Alex sucessivas vezes atrás da resposta.

–Espera. – disse depois de algum tempo. -Como você esta aqui sem abrir a porta Tess?!- rebati e pela expressão de Alex ele não tinha notado isso, mesmo estando perto da porta.

Ela pensou um pouco nos observando.

–Eu tenho um segredo. -disse. – E parece que você também! - olhou e apontou Alex. - Se me mostrar como faz isso, eu me explico.

Alex me olhou sem saber exatamente se devia, retribui o olhar e concordei que ele fizesse. Ele foi até o aquário e puxou uma bola só de agua nas pontas dos dedos, então a laçou levemente no ar, por um momento o olhei esperando que ele não fosse me provocar de novo, e ele indicou o peixe que estava no chão, então o peguei e deixei cair dentro da nova bola de agua. Tess sorriu largamente e foi ver a bola de perto, passando a mão em volta e cutucando-a.

–Legal. -e ela nos olhou. -Eu posso atravessar paredes, mas não só isso. Qualquer coisa.

Ela avançou para cima de mim e sua mão sumiu no meio das minhas costelas, me afastei rapidamente não gostando do que ela fez e aqueles dois riram.

–Os amigos normais sempre servem de cobaia. - disse Tess.

–Eu não sou normal. -disse serio. Não era legal ser o melhor deles e ser chamado de “amigo normal”.

–Serio? e o que você faz?-perguntou ela curiosa.

–Mato as pessoas.

Ela ficou quieta.

–Não ligue para ele. -disse Alex. E logo ele começou a tentar explicar o que ela era, o sangue monstro e sobre o grupo de Raphael. Ou tentou quando Theresa não o interrompia para fazer muitas perguntas bem interessada no assunto.

Também descobrimos a historia da garota, que não era filha de Jade. Ela cresceu em um orfanato e não sabe quem são seus pais. E Tess achava que era um lugar legal, apesar de todas as outras crianças serem estranhas e ficarem sempre fugindo dela. Foi adotada por Jade, uma mulher que resolveu ser mãe solteira, quando tinha sete anos. E, uma coisa importante pra mim, a mãe dela é dona da confeitaria “Tinie’s” que existe mais no centro da cidade. Acho que foi bom conhece-la.