Sangue Monstro escrita por Ytsay


Capítulo 22
Uma noite e uma historia.


Notas iniciais do capítulo

Olá!
—Boa leitura!



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Entramos na casa e todos estavam completamente apagados. Sei disso porque tropecei em alguns e eles nem ligaram.

—Será que encontro uma blusa nova em algum lugar?-perguntei, depois de notar que a minha tinha ganhado um novo corte queimado e se tornara quase inútil.

—Podemos procurar. -ela ia me ajudar? Certo. Então concordei. -Vamos ver no quarto primeiro.

Ela não demorou muito para achar alguma coisa nos dois armários que tinha no quarto que Raphael deu para ela. Assim que ela me mostrou a que achou tirei a velha e rasgada e Jenn virou de costas mesmo não sendo bem necessário, apenas sorri. Depois de vestido olhei a janela, a chuva já tinha chegado pesada, e pude ver outro raio atingir o meio da mata atrás do celeiro. Alguns tremores de frio e elétricos correram por mim. Jennifer me encarou e me sentei na cama pensando no que tinha acontecido á poucos minutos que precisava ser analisado, mas naquele momento não conseguia pensar direito. Olhei a morena de pé e houve um momento de silencio calmo.

Me levantei pronto para encontrar algum lugar na casa longe de janelas e quente, mas antes que eu desse um passo Jenn apoiou a mão no meu ombro e me empurrou levemente de volta na cama.

—Pode ficar. Não vai encontra muito espaço por ai. -disse ela desviando olhar.

—Talvez eu encontre.

Ela negou com a cabeça.

—Eu estava observando tudo. Não tem. Aqui e lá fora é onde tem espaço.

—Se você quer então posso ficar...

Ela se afastou para fechar algumas gavetas que deixei aberta e eu me joguei sobre a metade da cama olhando o teto de madeira. Jenn logo se deitou um pouco hesitante ao meu lado se colocando debaixo das cobertas. Acabei sorrindo do jeito incerto dela de como puxar a coberta e se acomodar sem invadir o meu espaço.

Horas depois a olhei e ela percebeu me olhando rapidamente a seguir.

—Pode dormir se quiser. Prometo que não vou me mover. -disse sem conseguir evitar um sorriso rápido.

—Não é isso. Eu não estou com sono.

Virei-me para vê-la melhor, ela acabou ficando sem graça e puxou mais a coberta até o queixo.

—Qual é a sua historia Jennifer? -ela voltou a me olhar. –O que aconteceu com a sua família?

Então ela pensou durante um bom tempo.

—Minha mãe era Katherine Westend Murray... -continuei a ouvindo, já que não estava com sono, pelo menos ia descobrir algo sobre ela. - a única de minha família que conheci. Vivíamos não muito longe da cidade, em uma casa abandonada no meio de uma reserva dos jaguares. Ela ficou doente e passei a cuidar de nós duas pouco antes de fazer nove anos. Eu não sabia muito do mundo fora daquele lugar e comecei a pegar o que precisava nas mansões e casas durante a noite. Era boa nisso, ninguém podia me ver. -ela me olhou rapidamente sorrindo e retribui. – Mas, aos quatorze anos, os policias descobriam a casa e levaram minha mãe. Eu não pude fazer muita coisa na hora e fui mandada para um abrigo, onde vivi até saber que minha mãe morreu na cadeia. Então eu fugi.

—Se vingou?

—O quê?

—Você vingou a morte de sua mãe?-Ela não respondeu. Parecia uma lembrança que não a deixava muito feliz e com raiva. Sorri mais. – Você se vingou. -afirmei. - É uma garota de sangue monstro, não se pode evitar às vezes. –apoiei a mão no rosto dela e disse mais baixo. -É a primeira garota que conheço que sabe como é bom poder deixar o sangue fluir.

Jenn segurou a minha mão ficando com as bochechas vermelhas e depois a colocou perto de mim me afastando dela e se escondendo de novo com a coberta até sob o queixo.

—O que aconteceu depois?-perguntei.

—Continuei vivendo como antes, até que entrei na casa de Raphael, lá tinha bastante coisa legal. -ela riu lembrando-se de algo e eu apenas observei. –Era tarde da noite quando ele apareceu no cômodo em que eu estava com uma lanterna e depois de trombar em algumas coisas, disse para que eu aparecesse e que não ia me causar mal. Ele passou bem na minha frente, mas depois voltou e me achou. Explicou que não queria mal pra mim e de alguma forma disse que sabia que eu tinha o sangue monstro. E esta me ajudando. Resolvi aceitar para saber mais sobre o que sou e ter um lugar.

—Como você descobriu que não era uma simples humana?

—Quando entrei em uma casa e vi os meus olhos no espelho.

—Eles brilham a noite não é?- ela concordou. –Por quê?

—Acho que é quando eu tento enxergar na escuridão e consigo. Tudo fica mais definido, uma coisa que um simples humano não poderia ver.

—Isso é legal. Queria ter esse poder, assim seria mais fácil caçar alguém de noite... -ela riu.-Talvez possa me ajudar qualquer dia. -ela negou sem jeito.

Conversamos pouco, na verdade contei algumas poucas historias da minha caçada até apagar.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler e me fazer companhia.