Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 15
Único e familiar - Emma


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Minha boca estava seca, meu coração acelerado, eu mal sabia onde colocar as mãos. Mil vontades, mil sentimentos tomando conta de mim. Minha razão pedia para correr dali, fugir daquela situação. Porém, meu coração praticamente me obrigava a agir de uma maneira que eu não achava correto.

Ao mesmo tempo em que eu sabia que não deveria estar sentada naquela cozinha, eu precisava daquele momento. Como uma adolescente vivendo sem pensar nas conseqüências, eu mandei a razão ir à merda, e resolvi me entregar as loucuras.

Nunca fui alguém inconseqüente. Sempre segui a razão, a lógica, talvez fosse esse o motivo de nunca ter sentido coisas tão fortes como aquelas que Regina me proporcionava. Eu nunca havia permitido que o coração falasse tão alto.

Dar passe livre a toda aquela maluquice, me fez sentir como nunca havia sentido antes. Como se pudesse abraçar o mundo. Como se fosse possível voar sobre as nuvens.

Se não fosse por Regina, eu estaria muda desde o momento em que saímos da pracinha. Com facilidade ela conseguia manter o diálogo, como se já fossemos conhecidas há anos. Perguntou sobre o meu dia, contou como foi divertido passar a tarde com Henry, Mary e seus filhos. Falou sobre a torta que estava fazendo, perguntou se eu preferia café ou chocolate. Comentou que estava pensando em tirar férias da floricultura. Entre outras pequenas coisas sem importância. O papo fluiu sem problemas, mesmo eu me tremendo por dentro.

— Agora que já está no forno, temos que esperar só mais um pouco. – Ela explicou sorrindo daquele jeito que me fazia sentir um terremoto em meu estomago. – Como sei que está com fome, vamos deixar a torta para sobremesa. – Ela foi em direção a geladeira. Todos seus movimentos, dos mais simples aos mais elaborados, eram de me fazer prender o ar. Eu estava literalmente hipnotizada por Regina Mills.

— Ah, não precisa, eu consigo esperar. – Falei sem graça por ela saber que eu estava sem comer desde o café da manhã.

— Não consegue não, Emma. – Disse firme com um sorriso na voz, sem parar de mexer dentro da geladeira. Aquele seu tom autoritário não existia antes. Confesso que estava gostando ainda dela daquele jeito. – Já ouvi seu estomago roncar umas três vezes... – Ele roncou de imediato assim que terminou de falar, fazendo-a rir. – Quatro agora. – Ela parou para me olhar, e riu da minha cara de vergonha.

— Ok, meu estomago ganhou. - Falei ainda constrangida.

— Um sanduíche duplo, com tudo que tem direito. - Srta. Mills estava com vários potes em mãos, parecia até eu assaltando a geladeira da minha casa de madrugada.

Ela foi em direção a pia e com a mesma agilidade em que fez a torta que estava ao forno, ela montou dois sanduíche, um super grande, que era igual aos que eu costumava fazer – como se ela soubesse de tudo que eu gostava. E outro de tamanho normal, que provavelmente era dela. Como eu havia escolhido antes, ela me trouxe chocolate quente e para a minha surpresa havia colocado canela nele.

— Canela? – Perguntei surpresa, assim que ela sentou-se a minha frente, naquela pequena mesa de apenas dois lugares.

— Eu sei que você gosta. – Ela sorriu de um jeito tão sedutor que cheguei a comprimir meus lábios.

— E como sabe? – Ela sorriu ao tomar um gole de seu café. Regina estava tão confiante, tão diferente. Até seu olhar ficou mais nítido, eu podia lê-los com clareza.

— Henry me contou. – Respondeu descontraída, mas seus olhos me entregaram que não havia sido ele. – Come logo antes que desmaie de fome. – Mandou apontando para o meu sanduíche. Cheguei a suspirar ao encará-lo, eu estava mesmo com muita fome.

Eu comi como uma criança. Sujei-me toda e ainda fiz Regina rir de mim. Cheguei a me sentir até com o humor melhor depois de ter saboreado aquele sanduíche tão maravilhoso. A gente mal se conhecia, mas ela não errou em nenhum ingrediente do meu saboroso lanche.

Enquanto a florista mastigava seu último pedaço de maneira majestosa. Eu me lembrei daquela conversa que tivemos no Granny’s, onde ela e Henry me falaram que eu deveria ser menos cética as coisas. Talvez eles tivessem razão, talvez eu até poderia acreditar que existia sim aquela coisa de alma gêmea, de pessoas que se conhecem de outra vida. Por que nada mais parecia poder se encaixar no que eu sentia, nada mais era palpável para toda aquela situação.

— Estava bom, Emma? – Ela falava meu nome com tanta vontade, que eu quase sempre fechava os olhos ao ouvir.

— Fiquei até feliz. – Respondi com sinceridade ao passar uma de minhas mãos sobre minha barriga. – Estava muito bom, obrigada. – Sorri.

— Espere só a torta ficar pronta. Vai querer come-la inteira. – Por mais superior o seu tom fosse, não havia maldade nenhuma vindo dela, apenas coisas boas.

— Se você não tomar cuidado é bem capaz disso acontecer. – Eu ri.

— Eu sei, por isso que antes mesmo de colocar aqui para comermos, vou separar um pedaço para Henry e as outras crianças. – Regina levantou-se já retirando a louça que usamos.

— Você gosta mesmo do Henry, não é? – Eu achava incrível a maneira como ela o tratava, era até melhor do que a outra mãe dele. Sendo que Regina nos conhecia há pouco menos de um mês.

Ela não respondeu de fato, apenas me olhou com um sorriso cheio de sentimentos. Um sorriso que misturava orgulho e felicidade. Balançou a cabeça positivamente e colocou a louça suja sobre a pia. Voltou para onde estava sentada, ainda com o mesmo sorriso maravilhoso nos lábios. Minha boca secou outra vez, tive que molhar meus lábios com a língua. Eu estava me controlando para não ir para cima dela e beijá-la.

— Seu filho é um menino incrível... Eu realmente gosto muito dele. – Comentou com o mesmo tom de orgulho que uma verdadeira mãe.

— Ele também gosta de você, acho linda a relação que estão construindo. Ainda mais que Henry não tem amigos. – Meu filho nunca havia se identificado tanto com alguém.

— Agora ele tem mais três.

— Tem?

— Na verdade... Mais seis. – Acho que minha expressão de confusa foi nítida, já que riu de mim. – David, Mary Margaret, Levi, Sarah, Elise e... Glinda. Ele se deu muito bem com eles.

— As crianças do Nolan... – Eu me lembrei de cada um deles sentindo meu coração apertar. Havia os conhecido há tão pouco tempo, dias apenas, mas já gostava tanto deles. – Crianças muito especiais também.

— São sim... – Seu olhar em um ponto fixo, sua voz tão calma que foi inevitável não sorrir. – Levi é a simpatia em pessoa. Sarah tem um ar de mistério, mais incrivelmente doce. Já Elise é mais fechada e mais sensível também.

— Parece que já os conhece muito bem. – Senti uma pontada de tristeza, mesmo sem entender o motivo.

— David trabalha com você, Henry é amigo deles agora, logo você os conhece melhor também. – Disse parecendo querer acalmar a tristeza que senti.

— Eu me dei bem com Sarah e Levi de cara, só com Elise que as coisas não fluíram direito. – Mais uma onde de tristeza me invadiu.

— Você vai conseguir ultrapassar as barreiras dela, é mais fácil do que imagina. – Levantou-se indo em direção ao forno. – Nossa deliciosa torta de maçã está pronta.

A torta era mais que maravilhosa. Por mais que nunca tenha comido nada tão gostoso em minha vida, parecia que meu paladar conhecia aquele sabor e meu coração me agradecia a cada pedacinho comido. Era até engraçado toda aquela confusão dentro de mim. Eu jamais imaginei que poderia me sentir tão bem deixando as emoções me guiarem. Definitivamente eu estava amando toda aquela loucura.

Minha barriga ia explodir, havia passado do estágio de feliz para empanturrada. Estava difícil até de respirar. Mas, com uma torta tão saborosamente perfeita, eu não consegui me controlar, na verdade eu não estava controlando nada desde o momento em que fui para pracinha encontrar com Regina.

— Já está ficando tarde. – Falei ao olhar pela janela e ver que o céu estava completamente negro.

— Fica para o jantar... – Pela primeira vez em nosso tempo juntas, vi medo em seus olhos.

— Não, obrigada. – Sorrir sem graça com a sua proposta. - Não consigo comer mais nada hoje. – Ri de nervoso.

— Então fica para o café da manhã. – Sua voz tão sedutora, seu pedido tão espontâneo que cheguei a ficar tonta.

Regina Mills estava me convidando para passar a noite em sua casa. Por aquilo eu não esperava. Fiquei sem reação por alguns segundos, eu não conseguia decifrar nada, era como se o tempo tivesse sido congelado para que eu permanecesse em choque.

Uma confusão ainda maior tomou conta de mim. Eu queria ficar, queria sentir para sempre todas aquelas emoções que me causava. Queria tocar seu corpo, queria beijar sua boca, queria sentir seu cheiro, queria poder fazer tudo aquilo o tempo todo. Mas, eu era casada, eu tinha uma família, havia me comprometido com outro alguém. Não podia simplesmente de uma hora para outra jogar tudo para o alto. Eu tinha que ser leal aos votos que fiz.

— E-eu não posso Srta Mills – Falei já completamente sem ar. – Eu sou... – A palavra não saiu de imediato, o que a fez me completar.

— Casada eu sei... – Falou em um tom distinto e familiar, com raiva e até um pouco nojo. – Que na verdade de nada vale... você não gosta dela. – Ainda no mesmo tom, seus olhos me mostrando uma mistura de raiva com tristeza.

— Quem disse que não? – Perguntei mais brava do que deveria. A florista não tinha o direito de dizer o que eu sentia ou deixava de sentir, mesmo que estivesse certa. Ela não me conhecia para saber daquelas coisas.

— Eu vejo nos seus olhos, Emma. – Ela me olhava tão profundamente, que eu poderia dizer que estava vendo minha alma. – Você não sente absolutamente nada por aquela mulher. – Mesmo que fosse verdade, ela não tinha como saber, aquilo me deixou assustada.

— Você não me conhece, não pode me dizer o que sinto e o que deixo de sentir. – Por mais brava eu tivesse ficado, eu não estava com raiva de verdade. Era mais medo do que qualquer outra coisa.

O silêncio prevaleceu por dois segundos ou três. Tempo suficiente para Mills soltar o ar preso e me fazer ficar ainda mais nervosa. Enquanto ela apenas pareceu se acalmar.

— Te conheço tão bem que sei que nesse momento seu coração está acelerado... – Voz firme, olhar fixo em mim, fazendo meu coração bater ainda mais. – Sei que essa sua respiração pesada é porque eu te deixo nervosa... – De imediato eu prendi o ar, como que ela sabia daquilo? – Sei que está esfregando uma mão na outra por não saber o que fazer. – Parei de imediato. Minhas mãos estavam debaixo da mesa, não era possível ela estar vendo aquilo. – Sei também que não consegue parar de pensar em mim um segundo se quer e não consegue dizer não para o que sente... – Impossível, ela era algum tipo de bruxa que podia ler meus pensamentos? – Sei que sonha comigo vez ou outra, mesmo que nada seja nítido pela manhã. – Ah não! Não tinha como saber dos sonhos. Eu estava ficando cada vez mais assustada. – Sei também que só aceitou vir em minha casa, porque não aguenta mais dizer não ao seu coração e que provavelmente mandou sua consciência ir à merda... – Mills acertou tudo, absolutamente tudo, ela me conhecia até mais do que eu mesma. Como aquilo era possível? Eu estava apavorada.

— Como... – Minha voz quase inaudível. Tive que respirar fundo para conseguir falar. – Como sabe dessas coisas? – Coloquei minhas mãos sobre a mesa, querendo mostrar meu auto-controle, ela não precisava saber que tinha razão em tudo.

— Porque eu estou na mesma situação que você, Emma... – Conseguia ver um mar de sentimentos em seus olhos. – E estou vendo todo o reflexo do que está acontecendo em mim, acontecer em você. – Cada palavra que saia de sua boca eu ficava ainda mais confusa, mas era uma confusão estranhamente confortável. – Não quero que você vá embora, não quero ter que ver você partir. – A tristeza em sua voz me fez querer abraçá-la, mas me contive. – Eu sei que gosta de mim, eu sei que está confusa... mas fica... ao menos essa noite... – Sua voz não falhou em nenhum momento, era firme, como se não tivesse medo de nada. Já seus olhos mostravam-me tanta insegurança.

— Eu não... não... – Se eu não sabia o que pensar, imagina o que dizer.

— Só por uma noite, Emma... – Pediu em tom baixo pegando em uma de minhas mãos.

Encarei nossas mãos sobre a mesa. Seu simples toque me fez dar uma piscada longa junto com uma respiração profunda. Voltei para seus olhos em seguida. Eu estava prendendo o choro e nem ao menos sabia a razão de querer chorar. Tive que engolir a seco para não parecer ainda mais maluca do que eu era.

Suas palavras estavam ecoando em minha cabeça, eu mal conseguia distinguir as coisas. Não existia mais a linha tênue entre a razão e a emoção. Tudo estava misturado rodando e rodando dentro de mim.

Puxei minhas mãos para meu colo, aquele contato estava me deixando ainda mais tonta. Porém, nossos olhos não se desprenderam em nenhum momento.

— O que eu vou dizer a Zelena e Henry? – Não era para eu ter dito aquilo em voz alta, mas meu pensamento acabou saindo pela boca. O que a fez sorri ligeiramente com esperança de que eu fosse ficar.

— O Henry pode dormir com os... com Mary Margaret e David Nolan... Aposto que vai adorar passar a noite com eles. – Sorriu um pouco mais, levantando levemente uma de suas sobrancelhas. – Já a Zelena... – Sua expressão mudou para nojo. – Sei lá... fala que vai ficar de plantão na delegacia. – A maneira com que falava de minha mulher deveria me incomodar, mas aquilo não acontecia.

— Eu não posso... – Desviei o olhar, já pronta para me levantar e sair dali.

— Olha para mim, Emma... – Ela mandou com a voz firme, fazendo-me obedecê-la. Seu corpo estava inclinado para frente como se quisesse ficar ainda mais perto. – Eu sei que você quer... Não lute contra isso... – Pedia com calma, falando claramente cada palavra. – Esqueça seus medos, esqueça o que é certo e o que é errado. Deixe que seu coração e sua alma falem por você... – Havia tanta paz em seu sorriso, tanto carinho em seus olhos.

Levantei-me em um pulo ficando de costas para ela, se eu ouvisse mais uma palavra eu não ia conseguir partir.

Por que ela estava fazendo aquilo comigo? Como que me conhecia tão bem? Eu estava com medo de todos aqueles sentimentos, medo de abrir a mente como ela tinha dito para fazer, medo da minha vida mudar completamente caso eu deixasse a alma falar mais alto.

— Emma... – Senti sua mão em meu braço. – Fica... – Sua voz próxima ao meu ouvido, fazendo todo meu corpo se arrepiar.

Dava para ouvir minha respiração de tão forte que ela estava. Fechei os olhos e contei mentalmente até três, eu tinha que me acalmar. Eu queria ganhar coragem para sair dali, forças para dizer não.

Antes de aceitar aquele pedido, eu tinha que resolver minha vida. Por mais confuso tudo estivesse sendo, eu queria ficar, queria Regina Mills sendo inteiramente minha. Porem, antes eu precisava terminar meu casamento, colocar um ponto final em minha história com Zelena. Não era certo passar a noite ali ainda tendo um compromisso. Mesmo que todos meus órgãos estivessem suplicando para aquilo.

Os segundos que contei em minha cabeça me deram coragem, porem não a que eu precisava naquele instante.

Me virei para ela em um só giro. Seu corpo a centímetros do meu, era possível sentir o calor vindo de Regina. Sua mão apertando meu braço ainda com mais força. Sua boca entreaberta deixando escapar sua respiração alterada, que se misturava com a minha facilmente. Seus olhos arregalados me encarando com duvidas e medo, ela estava insegura eu conseguia ver, fazendo-me sentir ainda mais corajosa, como se eu pudesse protegê-la de todo o mal. Nada mais além daquele momento se passava em minha cabeça. Eu só conseguia vê-la a minha frente, só conseguia me imaginar beijando aqueles lábios outra vez. Minha boca se encheu de saliva, o que me fez engolir sem pressa. Aqueles poucos dois ou três segundos a encarando pareceram longos minutos.

Não sei por que sempre contava até três, se na maioria das vezes eu fazia o que não devia.

Com mais agilidade que achava ser possível, eu a puxei colando seu corpo ao meu, cheguei a estremecer quando senti seu calor grudado em mim. Com sede e desejo, meu beijo invadiu sua boca com rapidez, que sem nenhum pudor me beijou com tanta vontade quanto eu. Um beijo quente, ágil, daqueles de perder o ar em pouco tempo.

O sabor de sua boca era algo extremamente único e familiar. Familiar não por já ter provado aquele beijo na lavanderia, sim por ser um gosto marcante, como se fosse algo que eu estivesse acostumada a sentir sempre.

Seu cheiro era outra coisa tão especial quanto, que me fazia sentir um calor absurdo.

Tudo em Regina era especial, não apenas excitante, mas sim incrivelmente particular. O desejo por seu corpo era algo até natural perto dos sentimentos que me proporcionavam. Um misto de tesão, paixão, amor, paz, segurança, que mesmo eu nunca tendo sentido – ali com ela – me parecia a coisa mais comum do mundo.

Sem perceber, apenas nos deixando levar por aquele momento cheio de adrenalina, eu a empurrei até a mesa onde estávamos antes. Com as duas mãos segurando em sua cintura a fiz sentar sobre a mesma. Suas pernas me envolveram com vontade no mesmo instante, fazendo tudo ficar ainda mais perigoso.

Uma de minhas mãos sem nenhum receio já estava em suas costas – por debaixo de sua blusa de seda – a outra segurava com firmeza em seus cabelos. Regina tinha seus braços envoltos do meu copo, me abraçando com força, como se quisesse me prender para sempre ali.

Eu estava fervendo, o ar não existia mais, eu tinha que parar por alguns segundos para me recuperar. Por mais que eu não quisesse me desprender daqueles lábios, larguei sua boca repentinamente. Eu precisava olhar para seu rosto, sua expressão, guardar aquele momento em minha memória para sempre.

Sua boca entreaberta estava vermelha, e tinha um leve sorriso de canto. Seus cabelos bagunçados, lhe dando um ar completamente sexy. Seus olhos ainda fechados se abriram lentamente, me encarando de um jeito único. Havia tantos sentimentos neles, tantas emoções distintas, que naquele exato momento eu consegui entender toda aquela confusão em mim. Eu estava apaixonada por Regina Mills.

— Eu preciso ir. – Falei com um meio sorriso nos lábios, ainda sentindo seu gosto em mim, junto com uma paz sem tamanho. – Eu preciso resolver algumas coisas antes... – Meu tom era baixo devido a falta de ar. – Mas eu volto... – Sorri me sentindo livremente feliz.

— Não vai... – Ela pediu com os olhos tristonhos. Suas pernas que ainda estavam a minha volta se apertaram.

— Regina... – Segurei em seu rosto com minhas duas mãos. – Eu prometo que volto. – Sorri ainda mais, lhe mostrando que eu falava sério. – Amanhã ao entardecer venho direto para cá depois do trabalho.

— Mas... você vai voltar para casa agora? – O medo em seus olhos era gritante.

— Não se preocupe, vai dar tudo certo. – Selei seus lábios com vontade antes de deixá-la sentada sozinha, onde eu mesma havia colocado.

Pensei em ir à delegacia, passar a noite lá em um suposto plantão, apenas para pensar melhor. Porem, resolvi voltar para casa, ter uma boa noite de sono, antes de mudar minha vida completamente.

Liguei para Henry aviando que passaria na pensão para lhe pegar, mas ele me pediu para dormir lá com seus novos amigos. Falei com Mary Margaret antes de dizer que sim, ela tinha que me dizer que não havia problema, e como de fato não existia nenhum, eu deixei que meu filho tivesse o resto do sábado com diversão.

Estava mesmo tudo mudando. Não só Henry tinha arrumado amigos, como eu também. Meu coração estava completamente apaixonado. E eu pela primeira vez estava acreditando em coisas que nunca sonhei ser possível. Se tudo continuasse a ir naquela direção, eu teria a melhor fase da minha vida.

Quando cheguei em casa já se passavam das oito. Zelena estava em seu escritório, abri a porta com cuidado para avisar que eu havia chegado.

— Oi. – Falei da porta, fazendo-a me olhar surpresa.

— Achei que não fosse voltar para casa. – Respondeu em tom frio e seco, ela parecia estar com raiva.

— É... mas estou aqui... – Forcei um sorriso, já ela continuou com a expressão de irritada. – Henry vai dormir com seus novos amigos hoje. Eu vou subir para tomar um banho e dormir, tive um longo dia.

— Imagino que sim. – Voltou a olhar para o que tinha em sua mesa. – Boa noite. – Se limitou em dizer.

— Você está bem? – Perguntei com uma sensação ruim. Ela levantou apenas os olhos para me olhar.

— Estou resolvendo alguns problemas da cidade. Depois a gente conversa, Emma. - Abaixou os olhos para os papeis.

Zelena as vezes era bem seca, mas ali naquele momento ela estava diferente. Algo em seu olhar não parecia o mesmo. Aquilo me incomodou, me deixou apreensiva, como se eu tivesse que me preparar para coisas ruins.

Tentei espantar aqueles pensamentos, talvez fosse apenas a culpa por ter beijado Mills antes de me separar. Na verdade deveria ser exatamente aquilo, coisa que em breve não sentiria mais. Eu colocaria tudo em pratos limpos, me divorciaria para poder enfim viver o que meu coração estava exigindo.

Acordei pela manhã com o corpo dolorido, eu não lembrava o que havia sonhado, mas estava com uma sensação estranha, como se tivesse sido algum tipo de pesadelo. Seja lá o que tenha sido já tinha passado.

O lado da cama de Zelena estava intacto, o que me deixou ainda mais preocupada. Será que ela tinha dormido no quarto de hospedes?... Onde ela tinha dormindo não interessava, eu tinha coisas mais importantes para resolver. Aquele domingo era o início de uma nova vida.

Lavei o rosto, escovei os dentes e troquei minha roupa. Desci as escadas indo direto a cozinha, mas minha futura ex-mulher não estava lá. Fui para seu escritório e ao abrir a porta Zelena permanecia sentada no mesmo lugar.

— Passou a noite trabalhando? – Perguntei ao entrar, diferente da noite anterior que fiquei parada na porta.

— Sim. – Sua voz ainda estava dura.

Ela não levantou a cabeça para me olhar, estava encarando um livro velho como se esperasse por alguma coisa. Aproximei-me ainda mais, fazendo-a fechar o livro e por alguns papéis sobre ele, para enfim se virar em minha direção.

— Que livro é esse?

— Nenhum que lhe interesse. – Seu olhar era tão frio, que chegou a me causar angustia.

— Tudo bem... – Não me interessava mesmo. Respirei fundo para iniciar o que eu tinha em mente. – Preciso conversar com você.

— Não precisa não. – Ela levantou da cadeira dando a volta na mesa, fazendo-me acompanhar seus passos com os olhos. – Você precisa se retirar e me deixar trabalhar. – Foi em direção a porta.

— Não, Zelena, eu realmente preciso falar com você. – Insisti dando alguns passos em sua direção.

— E isso não pode esperar? – Uma de suas mãos segurava a maçaneta.

— Não.

— Então seja breve... – Ela caminhou de volta a sua mesa encostando-se a ela e cruzando os braços.

— Acho melhor sentarmos. – Sugeri apontando pra os sofás.

— Estou bem aqui. Fale logo, tenho coisas a fazer. – Seu olhar sem nenhuma emoção, eu só via escuridão neles. O que tinha de errado com ela?

— Você está bem, Zelena? – Não era o que eu queria dizer, mas acabou saindo.

— É sobre isso que quer conversar?

— Não...

— Então diga logo, Emma! – Seu tom se alterou, ela praticamente gritou comigo, fazendo-me abaixar o olhar por alguns segundos, mas voltei a encará-la. Eu tinha que ser direta e acabar logo com aquilo.

— Eu quero o divorcio. – Disse firme de uma só vez, o que a fez gargalhar. – É sério, eu quero o divorcio! – Falei ainda mais decidida.

— Não quer não, Emma. – Zelena sorria achando graça.

— Sim eu quero! – Que mania chata de ficaram falando por mim.

— Posso saber o motivo repentino de quere se separar? – Fechou a cara me analisando.

— E-eu... eu conheci alguém. – Não queria ficar dando voltas e voltas, então a melhor alternativa era ser a mais clara possível. – Eu estou apaixonada! – Consegui dizer de uma só vez

Zelena desencostou da mesa dando um passo em minha direção. Me analisava com todo o cuidado, como se quisesse pensar muito bem antes de dizer qualquer coisa. Sua postura estava distinta e seu olhar começou a me assustar. Eu simplesmente não conseguia ler sua expressão.

— Se ela pensa que vai conseguir ter você de volta, está muito enganada. – Me ter de volta? De que diabos ela estava falando?

— O que?

— Ela não vai conseguir me vencer, eu não vou te deixar ir. Você é minha Emma, minha! – Seu tom estava cada vez pior, cada vez mais frio e mais alto.

— De quem você está falando? – Dei um passo à trás ao ver que deu mais um em minha direção

— Do seu amorzinho... – Respondeu com deboche. Fez uma pausa e me olhou com suas pupilas dilatadas, eu estava realmente assustada. – Regina não vai me ganhar. Eu não vou deixar! – Ela gritou arregalando os olhos. Como ela sabia que era a Regina? E que história era aquela de vencer, me ter de novo?

— Zelena... calma... – Eu tentei apaziguar as coisas, mas ela pareceu ficar ainda mais irritada.

— Eu ainda não sei como, mas você vai deixar de querê-la, Emma. Regina não vai ter tudo de volta. Eu não vou permitir isso!

— Você não está bem, não está falando coisa com coisa. – Dei um passo em sua direção com uma das mãos levantada, ela tinha que se acalmar. A noite sem dormir a tinha afetado-a de alguma maneira.

— Pobre, Emma, não sabe de nada e acha que sabe de tudo. – Sorriu de um jeito doentio. – Você tem certeza que quer o divorcio, querida? – Ela forçou um tom de compreensão.

— Zelena... eu... – Senti medo ao responder. – Não é justo com você continuar esse casamento, comigo gostando de outra pessoa. – Falei com sinceridade, mas ela gargalhou mais uma vez.

— Você não sabe nada sobre justiça, querida.... E minha resposta final é não! – Ela levantou uma das mãos fazendo uma fumaça verde sair da mesma. Eu teria me assustado caso tivesse dado tempo, mas a fumaça me atingiu com rapidez, fazendo tudo ficar negro.


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