Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 16
A fraqueza - Regina


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos por terem esperado até agora. Obrigada a todos pelos lindos recadinhos de força e por serem tão lindos e especiais. Sem mais blá blá blá, vamos ao que interessa!

Boa leitura!



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No mesmo instante em que ouvi a porta bater eu quis impedi-la. Algo ruim apertou meu coração. Eu confiava em Emma, mesmo que estivesse agindo inconsciente eu confiava. Só não sabia o que Zelena faria ao saber que ela queria o divórcio – do qual nem era válido, já a mulher era minha e não dela.

Dei um pulo da mesa e corri para a sala, peguei minha bolsa e as chaves do carro, eu tinha que dar aquele tempo a ela, mas também não podia simplesmente ficar ali esperando.

Dirigi com pressa até a pensão. Eu não teria Emma naquela noite, mas também não ficaria sozinha, não precisava mais estar só naquela casa pequena. Minha família me reconfortaria, fariam a espera não ser tão dolorosa.

– Mãe? – Foi Henry quem abriu a porta, surpreso com minha aparição. – Minha mãe acabou de me ligar, disse que estava indo para casa. O que aconteceu? Vocês brigaram?

– Não, querido, não brigamos... – Falei com meu coração doendo. – Ela só preferiu ir... – Entrei assim que me deu passagem. – Ela quis ir falar com Zelena antes de ficar comigo. – Entrei contando, fazendo todos se viraram em minha direção.

– Então funcionou! – Henry falou animado ao fechar a porta e vir atrás de mim.

– Não como eu havia imaginado, mas acho que sim... – Eu olhei ao redor, e parei meus olhos em minhas filhas. Soltei o ar sentindo a paz que elas me passavam.

– Por que está triste então? – Levi perguntou preocupado.

– Só estou com medo, querido. – Sorri para ele.

– Medo de que, Regina? – Charming perguntou como o filho.

– Medo de que Zelena não aceite a separação e faça algo com ela. – Meu coração apertou com aquela hipótese.

– Fica tranquila, Regina. – Snow veio em minha direção. – Você sabe melhor do que ninguém que Emma sempre consegue o que quer. – Ela sorriu cheia de esperança. – Vou pegar um chá para você, enquanto isso, por que não ajuda o time das meninas um pouco? – Apontou para Elise, Sarah e Glinda que estavam sentadas ao chão.

– Ah não, vocês já estão em maior numero, minha mãe fica com a gente! – Henry protestou ao meu lado.

– Estamos em maior numero, mas sou a única que conhece o jogo, e do lado de vocês tem o David e você, Henry... Nós estamos perdendo. – Snow reclamou.

– Não me venha com essa, amor, você que não sabe fazer mimica direito. – Charming contou sorrindo.

– Claro que não, vocês estão roubando que eu sei! – Elise falou meio brava ao ficar de pé.

– Não se preocupem... Eu prefiro ficar só olhando. – Não estava com cabeça para jogar nada.

– Na verdade, esse jogo é muito chato. – Elise resmungou ao se aproximar de mim. – Não quero mais jogar isso... O que você quer fazer... Regina? – Ela vacilou ao falar meu nome, mas se manteve firme.

– Não querida, continue a jogar com eles. – Sorri tentando não transparecer minha ansiedade.

– Você ouviu o que eu disse? Eu não quero mais jogar! – Seu tom bravo me fez sorrir.

– Elise, seja educada. – Charming chamou sua atenção, o que a fez revirar os olhos e encara-lo ainda mais brava.

– Pode deixar, Charming, mas eu estou aqui agora, eu cuido disso. – Falei com o tom áspero, o recriminando com os olhos. Não queria ninguém chamando a atenção da minha filha por ela ser quem era.

– Me desculpe, Regina, mas elas ainda são responsabilidade nossa, não vamos deixar que sejam mal educadas, que façam o que querem só por você ter entrado na vida delas. – Mesmo falando sério ele conseguia ter aquele ar gentil.

– Olha... Charming... Eu e Henry já temos nossas memórias... Devo muito a vocês dois por tê-las criado todos esses anos, mas eu estou aqui... eles são meus filhos, eu dito o que é certo e o que é errado agora... E eu não quero ninguém julgando essa menina, não quero ninguém a mandando ser educada. Deixe-a livre que todos terão o que querem dela. – Falei de uma só vez, com a voz dura, do melhor jeito impulsivo que eu sabia fazer.

– Desculpa. – Ele respirou fundo e prosseguiu com calma. – Foram muitos anos sendo pai dos três, o sentimento de proteção é maior do que o racional. – Respirou profundamente mais uma vez. - Você tem razão, eles são seus filhos, sempre foram... Você é uma ótima mãe, Regina... eu não tenho motivos para não querê-las com você... É apenas o sentimento falando mais alto. – Suas palavras foram sinceras.

De imediato me veio Henry a cabeça - quando ele era somente meu - antes de Emma chegar à cidade. Eu entendia o que David estava falando, ele foi pai das minhas filhas por muito tempo, aquele sentimento jamais seria removido de seu coração. Mesmo que ambos soubessem desde o início que um dia elas voltariam para Emma e eu. Todos os anos em que foram apenas eles, não seriam apagados.

– Não, me desculpem vocês... – Sorri mostrando compreensão. – Eu entendo você, Charming, entendo os dois. – Fiz uma pausa para olhar para minhas filhas, mas logo voltei a encara-lo. – Eu quero cuidar delas, quero cuidar dos meus três filhos. Não quero mais esperar... Mas sei que tenho, sei que ainda não é o momento... – Fiz uma pausa, respirei fundo e prossegui – Precisamos quebrar essa maldição, preciso ter minha família de volta. – Disse determinada dando um passo em direção a Glinda. – Está na hora de você contar o que sabe, bruxa boa. – Mandei com um tom de ironia.

A diversão familiar acabou. O jogo poderia ficar para quando Emma estivesse com a gente.

Sentei no meio do sofá de três lugares, com Henry de um lado e Sarah do outro, já Elise no braço do mesmo, próxima ao irmão. Glinda permaneceu no chão. Levi se juntou ao Charming na poltrona ao lado direito. E Snow, puxou uma cadeira, sentando próxima a Glinda.

– Já pode começar a contar, não tenho a vida toda. – Ordenei a Glinda que estava a minha frente com cara de paisagem.

– Falar sobre isso dói um pouco... Deixe-me pensar por onde começar. – Pediu ao respirar fundo.

– Que tal do início? – Elise tirou as palavras de minha boca.

– Não acha melhor as crianças irem para o quarto? – David sugeriu diretamente para mim.

– Não... elas podem ficar, são as salvadoras não são? – Foi Glinda quem respondeu, eu apenas concordei.

– É claro que temos que ficar. – Sarah afirmou para o avô. – Como vamos quebrar a maldição sem saber da história da tia verde? Já estamos crescidas, vovô...

– Tudo bem... – Ele estava nervoso. – É estranho saber que uma maldição tem que ser quebrada... Planejar isso é diferente... Da outra vez, Henry e Emma fizeram tudo sozinhos.

– Vai dar tudo certo, Charming. – Snow sorriu para ele, o fazendo relaxar um pouco.

– Ainda estou esperando. – Já estava ficando impaciente.

– Está bem... Como Elise sugeriu... vou começar lá do início... – Ela respirou pesadamente antes de começar.

– Conta daquele jeito? – Levi pediu fazendo-a apenas sorriu como um sim.

– Era uma vez um bebezinho muito especial, que foi abandonado em uma cesta na Floresta Encantada. Um ciclone mágico surgiu e a levou da Floresta Encantada direto para um reino distante chamado, Oz. Um casal de camponeses que estava a caminho de casa, encontrou a pequena sozinha chorando assustada. A mulher se encantou com sua beleza e pureza, a amando como uma mãe deveria fazer. Já o homem, a temeu por ver o quanto ela era poderosa. Apaixonada por aquele bebê tão lindo, a camponesa lhe deu um nome – Zelena – e junto a ele, um lar. A menina cresceu bem junto a sua nova família, que para ela, era a única que conhecia. A mãe era maravilhosa, lhe ensinava sobre a vida, brincava com ela, lhe contava histórias antes de dormir, era perfeita como tinha que ser. Já o pai sempre distante, mal trocava algumas palavras, nunca lhe fez um carinho, ou até mesmo um agrado. Zelena conseguia convier com aquilo tendo sua queria mãe ao lado, porém no seu décimo aniversário, aquela pessoa que era tão especial para aquela menina, ficou muito doente e não resistiu. – Todos ouviam com grande atenção. – O homem com muita raiva do mundo, depositou toda a culpa da morte da mulher, na criança. Foi ali que as coisas começaram a mudar. Eram só os dois, não tinha mais a boa mãe para protegê-la. Ele era cruel com ela, a maltratava, batia, as vezes até a torturava a deixando sem comer e a fazendo dormir do lado de fora nas noites frias. – Foi nítida a expressão de pena que cada um fez. – A jovem Zelena sofreu muito nas mãos daquele homem, mas ela acreditava que sobreviver daquela maneira era algo comum, e que todos os pais eram como o dela. Zelena realmente se culpava pela morte da mãe. E apesar de tudo, pela infelicidade do pai... Quando atingiu a idade adulta e já não suportava mais ser tão maltratada, em um impulso o empurrou contra a parede com magia... O homem ficou desesperado com aquele primeiro ato de rebeldia. Aos gritos ele contou a ela que não eram seus verdadeiros pais, que ela era um monstro e que nunca mais a queria ver na vida. Muito assustada e perdida, Zelena partiu em busca de respostas... Foi o Mágico de Oz que lhe mostrou de onde havia vindo, quem ela realmente era, que sua verdadeira mãe a tinha abandonado por que aquele bebê jamais poderia se tornar uma rainha, aquele bebê jamais daria o que Cora tanto desejava ter. Zelena até chegou a ficar feliz ao descobrir que tinha uma irmã, mas ao ver que ela era tudo aquilo que não pode ser, o ódio e a inveja tomaram conta de todo seu ser. O Mágico de Oz lhe presenteou com um par de sapatos encantados. Com eles Zelena viajou até a Floresta Encantada, onde conheceu Rumpelstiltskin...

– Essa parte ele nos contou, que ele a treitou, que até pensou em deixa-la lançar a minha maldição, mas que ao perceber que a coisa que ela mais amava era ele, Rumple desistiu dela, escolhendo a mim... que foi ai que ela começou a ficar verde... verde de inveja... – Eu resumi bem para nos poupar tempo, eu estava ansiosa, e ela era muito lenta contanto todos aqueles detalhes idiotas. – Já pode pular para parte em que você entra na história.

– Levi... Depois eu conto com todos os detalhes ok? – Ele sorriu afirmando com a cabeça.

– Quando eu conheci Zelena ela estava completamente tomada, ela estava inteiramente verde de tanta inveja. Eu sabia o quanto poderosa ela era, e eu sabia exatamente o que ela buscava. Ela queria a sua vida, Regina – apontou para mim – queria estar no seu lugar, queria ter tudo que lhe foi tirado, tudo que para ela lhe pertencia. Por mais que ela estivesse disposta a tirar tudo de você, eu ofereci algo que Zelena realmente precisava, uma família. Foi ai que as coisas começaram. Levei-a ao coração de Oz, apresentei-a a irmandade, contei a ela sobre a profecia, de que uma feiticeira poderosa vinda de outro Reino por um ciclone nos ajudaria a proteger Oz. Oferecemos a ela um lugar em nossa irmandade, mostramos que ela poderia sim ser boa, ser feliz, Zelena só tinha que esquecer o passado e viver o presente para que o futuro pudesse ser melhor. Dei um tempo para ela pensar, e quando vi que ela tinha finalmente dado um passo na direção que eu desejava, presenteei-a com um pingente muito especial, igual a esse aqui – ela colocou a mão em seu pescoço – todas as bruxas da irmandade tem um. A partir do momento em que o possuímos, nossa magica fica muito mais forte, mas também fica retida ali. Sem o pingente perdemos nossos poderes, mas com ele somos ainda mais fortes. Ela era uma de nós, ela aceitou de coração fazer parte daquela família. Naquele instante em que deixou toda sua inveja de lado ela perdeu a tonalidade verde. Zelena começou a controlar seu destino. Voltando também a ter a inocência que estava escondida por trás de toda aquela raiva. As coisas dali para frente melhoraram ainda mais. Minha relação com ela cresceu de uma forma que eu não esperava, nem mesmo no Livro dos Registros aquilo constava. Nossa amizade era diferente de tudo que eu já havia vivido. Era literalmente o que nós representávamos, eu o amor e ela a inocência. Era bonito, encantador, admirável, sólido e sempre em constante progresso.

– Vocês... eram só amigas? Tipo amiga irmã... ou... – Snow perguntou com um olhar desconfiado.

– Éramos amigas, muito amigas. Somente isso. Porém, eu acredito que se Zelena não tivesse me mandado para Nárnia, talvez hoje eu e ela estivéssemos tão felizes quanto Regina e Emma já foram... e serão em breve.

– Tá, mas se estava tudo lindo e caminhando para um possível final feliz, por qual motivo ela te mandou para tão longe? – Perguntei.

– Como eu disse, tudo estava indo muito bem, até que um novo ciclone mágico levou Dorothy para Oz. Nós a abrigamos, a protegemos e a alimentamos. Eu me dediquei a aquela menina, eu me doei para ela, eu fiz o que sempre faço, agi com o coração. Mas Zelena não gostou nada daquilo, sentiu-se ameaçada, sentiu-se sendo trocada por alguém que ela julgou ser muito mais inocente que ela. Uma menina que para Zelena iria acabar ocupando seu lugar na irmandade e o seu lugar em meu coração... Com muito medo de perder tudo que havia construído e com inveja da atenção que as outras irmãs estavam dando para Dorothy, ela tentou matar a menina, mas eu cheguei a tempo de protege-la, cheguei a tempo de salvar não só a jovem assustada, como Zelena de um destino trágico também. Foi ali onde tudo desmoronou. Zelena fugiu, mas eu fui atrás, tentei faze-la enxergar as coisas, tentei lhe mostrar que nada estava perdido, que ela não tinha nada a temer... Mas já era tarde... – Glinda parecia ficar mais tensa nessa parte da história. – Zelena estava voltando a ficar verde, ela estava deixando a inveja tomar conta... Ela gritou comigo, me disse coisas horríveis, me culpou por tê-la distanciado do seu real destino, que era ter tudo que você tinha, Regina. Ela berrava com lágrimas nos olhos e quanto mais eu tentava lhe mostrar que aquele não era o caminho, mais verde ela ia ficando. Quando eu ia dar a minha última cartada para que ela voltasse a ser quem realmente era, Zelena me paralisou... e disse... “Eu amaldiçoo você! Amaldiçoo você a viver na eternidade se corroendo por todo o mal que me fez! Eu amaldiçoo você a viver em um lugar que eu jamais encontrarei!” E assim suas mãos se moveram e quando eu voltei a ter poder sobre meu corpo eu já estava lá... eu estava em Nánia.

– Se você e a Zelena ficarem juntas isso te torna da família? – Elise perguntou com uma carinha cheia de dúvidas.

– Como assim ficarmos juntas? – Glinda se espantou com a pergunta.

– Você disse, que se não fosse para Nárnia você e ela seriam como minhas mães. E se Zelena é irmã da Regina, logo ela é minha tia, isso te tornaria minha tia também?

– Sim eu seria sua tia também. – Respondeu com dor na voz, mas sorriu para a menina que sorriu ainda mais satisfeita.

– Então temos que juntar vocês também. – Sarah falou para Glinda olhando para Elise em seguida. Os olhos de ambas minhas filhas brilharam.

– Não meninas, isso foi há muito tempo, não acho que depois de tudo, isso possa acontecer, mas mesmo assim sou madrinha dos três, então de qualquer maneira ainda sou da família. – Sorriu tentando reconforta-los.

– Olha Glinda, pela reação que Zelena teve ao te ver no Granny’s, acredito sim que isso pode vir a acontecer. – Snow sorriu de um jeito engraçado, quase malicioso.

– É... Boazinha, você é a fraqueza dela, vamos te usar para eu ter de volta a minha família. Você será nossa isca para eu arrancar aquele pingente dela, sem ele posso coloca-la em seu devido lugar.

– Eu posso até ser a isca, mas apenas Sarah e Elise conseguirão paralisa-la, apenas elas terão a chance de enfraquecer Zelena para ai sim, alguém retirar o pingente.

– Que assim seja.

Entre conversas, planos, armadilhas, algumas risadas e mais detalhes da história da minha querida irmãzinha, Elise que havia deitado ao chão com a cabeça no colo de Glinda sentou-se completamente sonolenta esfregando os olhos.

– Sarah... – Elise falou baixinho sem olhar para a irmã, que de imediato levantou do sofá indo em direção a ela.

Eu fiquei apenas observando tentando entender o que estava acontecendo, mas eu parecia ser a única que estava achando aquilo estranho. Será que ela estava passando mal? Eu realmente fiquei aflita, enquanto Snow, Charming e Glinda apenas sorriam para elas. Sarah estendeu a mão para que Elise ficasse de pé ao seu lado. De imediato foram em direção a uma das portas de dentro, e simplesmente entraram.

– O que aconteceu? – Perguntei nervosa.

– Porque não entra lá e veja você mesma? – Charming sorriu simpático.

Levantei com pressa e fui quase correndo para o quarto, Henry veio logo atrás de mim, os outros permaneceram no mesmo lugar. Assim que entrei eu as vi juntas em uma das camas de solteiro.

– Veio nos colocar para dormir? – Sarah perguntou com um sorriso lindo.

– Conta uma história... – Elise pediu deitando e já fechando os olhos.

Eu sorri e senti vontade de chorar. Elise tinha apenas dito o nome da irmã na sala, que de imediato entendeu o recado, por mais simples aquilo fosse, meus olhos se encheram de lágrimas, eu tive que respirar fundo para não derrama-las.

Aproximei-me com calma. Por mais que colocar Henry na cama fosse algo comum, fazer com elas era completamente novo. Me deixou um pouco apreensiva com o que fazer, com o que dizer... Respirei fundo mais uma vez tentando conter as lagrimas, eu queria muito que Emma estivesse comigo ali junto aos três.

– Você vai dormir aqui? – Elise perguntou ao entreabrir os olhos e me perguntar de uma forma tão doce que quase a abracei.

– Vou, querida. – Sorri ao cobri-las e se sentar na beira da cama.

– Conta para gente como você conheceu a Emma... – Sarah pediu se ajeitando para dar espaço a irmã que se virava e a abraçava de lado. Sorri com o jeitinho delas.

– Essa é boa, eu sei como aconteceu, mas nunca te ouvi contar. – Henry sentou na segunda cama próxima onde estávamos. – Faz tempo que não tenho isso, então, por favor... – Ele não concluiu, mas eu entendi ao vê-lo tirando os sapatos. Eu apenas sorri ao ver que estava realmente colocando meus filhos para dormir.

Henry deitou e eu o cobri, sorri para ele e lhe beijei a testa, mas voltei a sentar na cama onde as meninas estavam. Elise me olhava com os olhos quase se fechando, dava para ver a força que estava fazendo para mantê-los abertos. Já Sarah parecia cansada, mas ainda tinha disposição para ouvir uma história.

– Era uma vez... – Comecei ao lembrar-me do dia em que vi Emma pela primeira vez. – Uma rainha morando em uma pequena cidade, ela tinha um príncipe que lhe dava muito amor e carinho, mas mesmo ele sendo tudo que ela mais amava, ainda não era o suficiente para que ela deixasse seu passado obscuro e vivesse em paz com o presente. Um dia o pequeno príncipe sumiu, ele não estava em lugar nenhum, a rainha ficou desespera, achou que mais uma vez havia perdido o que tanto amava. No fim do dia, quando suas esperanças já estavam se esgotando um barulho incomum, de um carro velho parou em sua porta. Quando ela a abriu e viu o seu pequeno amado príncipe estava ali, correu e o abraçou com todo o amor e o medo que estava sentindo.

– Ai eu disse que tinha encontrado minha mãe verdadeira e entrei com raiva por ela ter me levado de volta. – Henry comentou rindo, o que me fez sentir uma pequena dor, por saber que um dia meu filho acreditou que eu não o amava.

– Não atrapalha ela. – Elise disse de olhos fechados.

– Está bem Regininha, me desculpe. – Henry falou achando graça, o que a fez abrir os olhos levantar um pouco o rosto, o olha-lo com raiva e voltar para sua posição.

– Continue... – Elise pediu do mesmo jeito doce de antes. Incrível como a cada momento eu me apaixonava ainda mais por elas.

– Quando a rainha cruzou seu olhar com o da outra, o mundo parou por alguns segundos. Ela que sempre teve tudo em suas mãos, ali naquele instante diante da outra mãe de seu filho, não soube o que dizer e suas palavras soaram completamente bobas ao dizer “Você é a mãe biológica do Henry?” o que fez a outra, talvez até mais assustada que a rainha responder com um “Oi...” Naquele instante, naquele segundo ela soube que sua vida havia mudado completamente, ela sentiu algo tão forte, que por muito tempo acreditou ser ódio, mesmo que muitas vezes tenha tido provas de que não era nada daquilo. Naquele instante, naquele segundo a rainha soube que aquela mulher tinha chegado para fica.

– Quando a gente encontra o amor verdadeiro a gente o reconhece, mesmo que demore para entender o que ele é. – Sarah comentou sonolenta fechando os olhos e sorrindo.

– Exatamente isso. – Eu sorri ao vê-las abraçadinhas e de olhos fechados, aquilo era algo único. – Boa noite princesa Elise. – Levantei e beijei sua testa, que apenas sorriu com o meu carinho. – Boa noite princesa Sarah. – Também beijei sua testa.

– Boa noite mãe... – Sarah respondeu baixinho de olhos fechados. Foi inevitável não senti as lágrimas tomarem conta, ela tinha me chamado de mãe.

De imediato sentei na cama onde Henry estava e sem ao menos pedir ele sentou e me abraçou com força, chorei por menos de um minuto, logo me recompus. Não era justo chorar por aquilo enquanto Emma estava sem suas memórias, enquanto eu estava ali com eles e ela não.

– Te amo, mãe. – Henry falou baixinho para não acorda-las. – Vai dar tudo certo, vamos conseguir, vamos ter tudo de volta. – Ele sorriu confiante, como Emma costumava fazer.

– Te amo meu príncipe, obrigada por estar aqui comigo. – Sorri ao me levantar. – Deite e durma, amanha o dia será longo. – O cobri e beijei sua testa. – Durma bem, querido.

– Você também, mãe. – Ele sorriu.

Pela manha como uma linda família feliz, fomos tomar café da manha no Granny’s. Seria um momento perfeito, mas mais uma vez Emma não estava lá para desfrutar daquele primeiro café da manha tão especial.

Eu estava feliz, eu estava sorrindo, eu estava amando ver Sarah e Elise brigarem pela comida. Mas meu coração estava cada vez mais apertado em relação a Emma. Ela já deveria ter ligado ou até mesmo aparecido. Era domingo a delegaria raramente abria, e quando abria era na parte da tarde. Logo seria horário de almoço e nem para Henry ela tinha dado noticias. A cada segundo que se passava mais nervosa eu ficava. Emma Swan tinha apenas mais trinta minutos, se eu ou nosso filho não recebesse nem uma ligação eu ia bater na porta daquela mansão.

– Olha... – Sarah que estava a minha frente disse baixinho diretamente comigo.

Como algo super-secreto ela mexeu uma das mãos sobre o prato transformando-o em algo parecido com uma televisão, ou um espelho mágico. O fundo do prato começou a mostrar coisas.

Todos estavam conversando sem parar, apenas eu prestava atenção no que ela estava me mostrando com sua magia. Era a minha família, em um lugar que eu não conhecia. Eu estava de mãos dadas com Emma, enquanto Sarah segurava a minha mão e Elise a de sua outra mãe. Henry estava mais a frente como se nos guiasse a um lugar especifico. Tudo era lindo, tudo era perfeito. Aquilo não tinha acontecido, não era uma lembrança. Mas era tão real, tão nítido que eu poderia sentir cada emoção mesmo sem estar de fato no fundo daquele prato.

– Sarah? – A voz de Snow fez o fundo do prato voltar a ser como era. – Por favor, querida, tente se controlar. – Ela sorriu para a pequena menina que tinha os olhos baixos como se tivesse feito a coisa mais feia do mundo.

– Desculpe... – Ela pediu para a avó que sorriu como um “tudo bem”.

– O que foi isso que me mostrou? – Perguntei para ela baixinho como um segredo. Elise que estava implicando com Henry, agora tinha seu foco em nós.

– É apenas minha imaginação. – Sarah sorriu sem graça.

– Eu gosto daquele que estamos brincando no quarto, aquele que eu te mostrei na casinha... da guerra de travesseiro. – Elise contou com um sorriso sapeca, e o canto da boca sujo de geleia de framboesa.

– Mas... Como? Eu não conheço esses feitiços, como vocês fazem isso? – Sorri orgulhosa e curiosa.

– A gente imagina e coloca o que estamos vendo em algum lugar, é simples... – Elise contou descontraída dando de ombros.

– Quando nós não estivermos em público eu ensino como se faz. – Sarah sorriu simpática e se debruçou na mesa para chegar até sua irmã. – Ta com a boca suja Elise... – Ela limpou a outra, que a fez revirou os olhos.

O sino da porta tocou dando passagem a única pessoa que eu não queria ver. Zelena veio em nossa direção, fazendo todos ficarem apreensivos. Minha querida irmãzinha passou o olhar por Glinda e nitidamente estremeceu, mas prendeu o ar e voltou seus olhos apenas para Henry. Algo estava errado, muito errado.

– Vamos para casa, Henry. – Ela mandou de um jeito estranho.

Ele não respondeu, apenas olhou para mim com os olhos assustados. Sim, algo havia acontecido, onde Emma estava? Porque ela não tinha nem ao menos ligado?

– Cadê minha mãe? – Henry estava desconfiado.

– Me pediu para vir buscá-lo. – Suas narinas inflavam a cada inspiração.

– Só saio daqui com minha mãe. – Encheu o peito de coragem e respondeu com convicção.

– Eu também sou sua mãe, então levante e vamos. Não tenho o dia todo. – Mandou com a voz dura o encarando com raiva.

– Não, ele não é seu filho. – Meu tom era baixo, mas cheio de ódio. - E não, ele não vai com você! – Meus olhos sem duvidas pegavam fogo, enquanto os seus se espantaram ao cruzar os meus, mas Zelena logo sorriu daquele jeito doentio.

– Ora, ora... Olha quem está colocando as garrinhas de fora. – Seu sorriso era vitorioso e seus olhos azuis estavam negros.

– Cadê a Emma? – Perguntei com mais raiva ainda. Ela apenas sorriu tendo a certeza de sua dúvida, de que eu tinha minhas memórias de volta.

– Ela é minha, Regina. – Seu sorriso ainda maior. – Pode ficar com o pirralho por enquanto... – Ela deu um passo para trás ao olhar rapidamente para Glinda, mas voltando a me encarar. – Aproveite bem... – Ela deu mais um passo ao ver que as mãos de Elise e Sarah estavam prontas para atacar. – Que logo você perderá tudo outra vez, incluindo elas... – Ela apontou para minhas filhas.

– Você que vai perder sua bruxa verde! – Elise respondeu com raiva, mas sem alterar a voz.

– Não vou não, queridinha. – Zelena sorriu para Elise daquele jeito assustador, mas não a abalou em nenhum momento. – Até mais... – Ela deu as costas e praticamente correu para fora do Granny’s.


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Notas finais do capítulo

Foi o melhor que eu pude fazer, espero que tenham gostado. Vamos todos rezar para eu conseguir escrever o próximo bem rápido!

AMO VOCÊS! ♥