Jake DarkShadow

Já fazia um mês e alguns dias que eu estava com a Angeles. Eu estava sentando no sofá com meu notebook no meu colo jogando “Diablo III” quando senti uma almofada vindo com tudo em minha direção.

— Seu filho de uma mamadeira!

Mamadeira? De onde ela anda tirando essas coisas? Acho que ando deixando ela assistir muita televisão. Ela começou a me acertar repetidamente e isso fez com que eu morresse no jogo.

— NÃO, NÃO NÃO, AHHHH. CARALHO ANGELES.

— Caralho digo eu, Sir-eu-vou-comer-a-Pringles-da-Angeles.

— VOCÊ ATRAPALHOU MEU JOGO POR CAUSA DE PRINGLES?

— NÃO É POR CAUSA DE PRINGLES. É POR CAUSA DA MINHA PRINGLES!

Bufei. Eu sempre esquecia de como ela era possessiva com a Pringles dela.

— Olha, Chi, quando você está namorando uma pessoa, você compartilha com ela muitas coisas...

— Mas não Pringles. Pringles é algo que nunca deve ser compartilhado. Pringles é fabulosa e cara, logo é só MINHA. MINHA PRECIOSA.

— Pare de citar Senhor dos Anéis para mim, mocinha.

Ela soltou um muxoxo e foi andando até o quarto. Pegou uma muda de roupas e foi para o banheiro.

Fiquei esperando e depois de cinco minutos, Chi saiu do banheiro vestida com... Bem, é óbvio o que ela vestiu, ela sempre veste a mesma coisa, e saiu andando sem dizer mais nada.

— Hey — eu gritei — aonde você vai?

— Comprar Pringles.

— Quer que eu te leve?

Ela ficou me olhando como se estivesse medindo os prós e contras e acenou a cabeça positivamente.

Eu já estava vestido com uma calça jeans e uma blusa de manga curta azul marinho. Apenas pus um tênis e peguei as chaves.

Antes de sair, eu puxei ela pelo braço e a beijei rapidamente. Descolando meus lábios dos dela, dei um meio sorriso malicioso ao ver que ela estava corada.

— Eu não me canso de te ver assim — eu disse bagunçando seu cabelo — minha pequena.

Angeles NightWalker

Decidimos ir para um mercado maior para não correr o risco de não ter Pringles e também para não encontrarmos o garoto de quem eu roubei o sorvete.

Há-há-há, sou má.

Fomos no mercado, eu fiquei brigando com Jake porque ele disse que chocolate branco era melhor do que chocolate preto. E eu disse: “mas chocolate branco nem é chocolate de verdade”. Depois disso nós discutimos sobre o melhor tipo de leite. Eu gostava do meu semidesnatado, já ele gostava do desnatado. Acabamos por levar os dois. Pegamos também coca-cola, bolachas e pão australiano.

Isso que nós só íamos comprar Pringles.

Quando estávamos voltando, eu decidi trollar o Jake e quando ele me pediu uma lata de coca-cola, sem ele ver eu chacoalhei a latinha como se minha vida dependesse daquilo, como aquele minigame do Mario Party 8 de Wii.

Foi muito divertido ver a cara de choque dele ao ver um monte de refrigerante espalhado no carro. Depois disso, eu passei o resto do caminho ouvindo a donzela reclamar do fato de eu ter sujado o carro e do quão perigoso tinha sido eu fazer essa brincadeira com ele, afinal ele estava dirigindo.

Aí então eu falei: “mas nós só estávamos dentro do carro, você ainda nem tinha dado a partida para sair do estacionamento do mercado”.

Isso fez o Jake ficar mais bravo comigo ainda.

Ao chegarmos no dormitório, Jake me pediu para fazer um favor: levar as roupas para lavanderia da faculdade, já que ele tinha que limpar a droga do carro.

Só que havia só um problema.

Eu não sabia como lavar roupa.

Eu sei que é meio estranho, mas sempre contei com Allan para isso. Eu sabia cozinhar, limpar e passar roupa.

Mas lavar roupa eu não fazia a mínima ideia.

Suspirando, tentei me animar, afirmando que não deveria ser nada difícil.

Bem, primeiro o sabão. Eu não sabia o quanto de sabão tinha que por, então eu enchi o potinho. Segundo, o botão. Qual botão que eu tinha que apertar.

QUAL A DIFICULDADE DE FAZER UMA MÁQUINA DE LAVAR TER SÓ UM BOTÃO DE LIGA E DESLIGA?

Tinha centrifugação, enxágue, potência máxima...

Se duvidar tinha até botão para cafezinho nessa joça.

Apertei o botão que eu achava que tinha que apertar.

É claro que era o errado.

— Ai Meus Deuses do Olimpo, o que foi que eu fiz? — eu murmurei para mim mesma.

Saí correndo da área da lavanderia para ver se eu achava alguém para me ajudar, mas não tinha ninguém. Voltei para lá e vi que a máquina estava fazendo o maior barulho e saindo bolhas para todos os lados.

Vou ter que comprar uma máquina para a faculdade.

O problema é que eu não trabalhava. Eu vivia com o dinheiro que o governo me dava por ser bolsista de outro país. E um pouco do que eu tinha da minha família.

Ó vida, não faça isso comigo não.

Eu comecei a tentar apertar os outros botões, mas não achava a porra do botão de desligar. Quase chorando eu ouvi uma porta sendo aberta.

— Hey, Chi, não lava ainda as roupas porque...

Me virei e encontrei um Jake abobalhado.

— O que diabos está acontecendo?! — ele perguntou alarmado.

— Eu não sei lavar roupa! — eu respondi com uma voz que representava meu desespero e tristeza por pensar no dinheiro que eu iria perder.

Jake saiu correndo e ele escorregou umas duas vezes. Mesmo estando desesperada não tinha como não rir da cena. Afinal as bolhas já estavam dominando a merda do lugar.

— O que você veio fazer aqui? — perguntei enquanto Jake tentava se levantar do monte de bolhas.

— Eu vim avisar para você não lavar minha calça jeans porque eu esqueci o troco do mercado lá — ele exclamou.

Eu arregalei os olhos e saí correndo para a máquina, rezando aos céus para que as bolhas não tivessem destroçado o pobre do dinheiro.

Eu – como sou uma pessoa linda e extremamente equilibrada – consegui chegar na máquina que não parava de balançar e parecer que estava sendo exorcizada. Eu não tinha conseguido desligar ela, então decidi tirar a calça de lá a força.

Palmas para o gênio.

— NÃO! — só foi o que consegui ouvir Jake exclamar antes de puxar a tampa da máquina e ser recebida com uma piscina e sabão.

Nossas roupas ficaram tudo espalhadas e eu caí de bunda no chão.

Posso chorar.

Jake FINALMENTE (que cantem os anjos) alcançou a máquina e puxou da tomada.

OLHA! TINHA UMA TOMADA.

Mais palmas para o gênio.

Ele estava ofegante assim como eu. Jake olhou para mim e balançou a cabeça negativamente como se eu tivesse feito uma arte.

Bem... Eu tinha.

Ele sentou-se do meu lado. Pegou a calça jeans e puxou o que tinha sobrado do dinheiro.

— Bom... Pelo menos as moedas ficaram brilhantes — eu respondi com um sorriso torto.

Ele deu uma risada pelo nariz, veio até mim e selou nossos lábios. O beijo não durou muito, então eu fiz menção de beijá-lo de novo. Ele, fingindo que ia me beijar novamente, pegou uma mão cheia de sabão e jogou em mim.

— As coisas que eu passo por sua causa — ele disse com um sorriso travesso no rosto.

Logo a lavanderia tinha virado uma guerra entre nós dois de bolhas de sabão. E tenho que afirmar que foi novamente engraçado ver Jake escorregando.

Quando a guerra acabou nós deitamos no meio do sabão, ofegantes e... Inteiramente ensaboados e com bolhas.

Comecei a fazer uns penteados com a bolha para ele, enquanto ele fez uma barba de sabão em mim. Eu estava imitando o Papai Noel quando uma das senhoras da área de limpeza entrou na lavandeira com uma expressão de horror.

— O que aconteceu aqui?! — ela exclamou com uma voz irritante.

Bem... Sabe o que é... Eu não sei lavar roupa...