Robin de Gotham escrita por Renner Nogueira


Capítulo 3
Feliz Aniversário


Notas iniciais do capítulo

Depois de bancar o herói, nosso Robin teve uma bela surpresa na tela de seu computador, mas está tentado se acalmar, e passa a repensar se deve ou não continuar com essa coisa de herói.



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Ele sabia que era uma má idéia.Salvar aquela mulher não foi sensato.Pensou que estivesse pronto para o que iria enfrentar, mas só o medo que aquela mensagem lhe causou, já acabou com sua noite.Algo dizia que aquilo era o começo de algo, e que os hematomas causados na noite anterior, não eram nada, comparado ao que estava por vir.

A tela só parou de piscar com aquela mensagem, quando ele tirou todos os fios do computador, e ele não conseguiu pregar os olhos até que era de manhã.Mas logo o despertador tocou, dizendo que era hora do trabalho.

*

–Ei, John!- chamou o comissário Gordan, ao vê-lo chegar, com os olhos vermelhos e um copo de café- O que aconteceu com você?Você sumiu!- olhou rapidamente o relógio, no pulso- E está atrasado.

–É, eu...- tentou dizer ele, distraído- Eu acabei ficando acordado a noite toda.

Gordon olhou desconfiado.

–O.k, tudo bem.Venha aqui, precisamos fazer uma nova busca.- Gordon o levou até um dos computadores- Você soube do mascarado, não é?- na tela, um desenho amador de Robin, provavelmente feito por alguma testemunha- Aquele que recuperou a bolsa da mulher, ontem a noite.

John tentou não se assustar com o tom que ele usou para pergunta.

–Sei, eu ouvi isso no jornal.- mais uma vez, Gordon olhou desconfiado.

–É que, e acho que sei quem ele é.

–O quê?- disse, um pouco mais exaltado do que queria.Foi sem querer, mas achou que tivesse sido mais cuidadoso, que tivesse sido quase impecável.Pelo jeito falhou.

–Não grite.Olhe...- ele tirou do bolso da jaqueta o morcego enrolado numa corda, o que usou na noite anterior.- Isso pertencia ao Batman, e agora ela estava nas mãos de alguém...- olhou firme nos olhos dele- que está bancando o herói nas ruas.

–Ah, olha Gordon, eu...

–Para.Eu sei.Você não queria me contar, mas eu já sei.Esse morcego só poderia estar em um lugar: na Batcaverna, onde só você e eu sabíamos que existia até então, logo...

–Me desculpe!

–Deixe-me terminar.- disse- Me diga.-John ficou com medo de seu olhar- Quem mais sabe da BatCaverna?- John olhou espantado- Diga, John, você cotou pra mais alguém, e esse alguém está bancando o herói nas ruas!

Um grande peso saiu das costas de John, naquele momento. Achou que tinha sido descoberto.Suspirou.

–Bom, eu não contei pra ninguém.Talvez, alguém tenha descoberto também.

–Tem certeza?

–Tenho.

–Tudo bem.Mas precisamos impedir esse novo vigilante.

–O que?Por quê?- disse, exaltando-se de novo.

–Abaixa o tom, garoto.- John se encolheu- Tente entender, ter um novo vigilante não é bom pra ninguém.Gotham acaba de perder o Bru...- se interrompeu- o Batman.Ainda está em choque com essa coisa de herói.Pessoas se machucam todo dia, mas nós, nem sempre podemos impedir.Esse homem só recuperou a bolsa da mulher, mas creio que ele quer mais.Quer ser o novo salvador de Gotham, e segundo isso,- estendeu o morcego- se inspirando em Batman.Mas acho que nem Gotham, nem esse cara estão prontos pra isso.Não quero prender esse cara.Só quero dizer isso a ele.- olhou fundo em seus olhos- Preciso dizer.Antes que mais alguém se machuque.- John abaixou a cabeça.Gordon se virou, e foi se afastando.

–Ei, Gordon.- chamou, e ele se virou- Você acha que ele se inspira no Batman.Mas o Batman era um herói de verdade.Você o conheceu.Sabe que precisamos de pessoas como ele.

–Sim.Mas olha onde ele parou.

*

John chegou em casa sem saber o que fazer.Tomou um banho e cuidou de suas feridas.A queda da noite anterior havia feito um grande estrago em seu abdômen, peito e costas: uma grande mancha roxa, que doía sempre que se mexia.

Depois sentou de frente ao computador.

Não sabia o que fazer.Tudo dizia não.Não devia continuar com aquilo, não devia ser o herói, aquilo podia causar danos sérios a ele, e aquela mensagem...com certeza era algo ruim.

Ligou o PC, e viu os desenhos do seu novo uniforme.Era preto, enfaixado de azul no peito.Era muito bom.Melhor que o primeiro que ele fez.Seria muito bom fazê-lo.Usá-lo.

Mas tudo dizia não.

De repente, a campainha tocou.

John se levantou e foi até a porta.Quando abriu, uma mulher loira, muito bonita, de boina de lã, estava a sua porta.

–Cameron?- disse abrindo um sorriso enorme.

–Oi, John!Feliz aniversário!

*.

Cameron Forbes era uma velha melhor amiga de John.haviam estudado juntos, e se tornado policiais, mas a vida os separou, e ele não a via a anos.

Agora, ali, em seu aniversário, eles punham o papo em dia.Ela havia trazido um bolo e umas velas.Era muito divertida, gostava de fazer brincadeiras e se animava fácil.

O bolo já estava na metade quando ela perguntou:

–E então, John?O que anda fazendo?- ele demorou um pouco pra responder, e antes disso tomou um gole da sua caneca de café.

–Eu ainda estou na policia.E você?

–O assunto aqui, é você.- disse ela rindo- Por que seus amigos não vêm aqui no seu aniversário?

–Já te falei.Não tenho amigos.

–E o pessoal da policia?

–Não são meus amigos.- disse, com certa culpa, ao se lembrar de Gordan- E eu não contei que um aniversário.

–Sei...- ela o olhou por um momento nos olhos de John- E então, Robin?- ele se assustou quando foi chamado assim, mas lembrou que ela era uma das poucas pessoas que sabiam que esse era seu nome de batismo.E que ela só o chamava assim quando queria a verdade- O que você está fazendo?

Novamente demorou a responder.

–Eu to no num projeto novo.Inovando o que eu fazia antes.

–Como assim?- disse ela rindo.

–Digamos que eu me inspirei em alguém pra fazer o que comecei a fazer, mas...

–Mas?

–Não sei se devo continuar.É muito perigoso.Pra todo mudo que se envolva nisso, principalmente pra mim.

–O que pode ser tão perigoso que meu querido Robin não resolva?- ele tentou rir.

–Eu não sei.E é isso que me assusta.

Ela se ajeitou na mesa, a fim de chegar mais perto dele.

–Olha, lembra quando decidimos entrar na policia?E eu fiquei com medo de acontecer algo comigo, tipo morrer num tiroteio?- disse ela com um sorriso meigo no rosto.

–Eu lembro.- disse, sorrindo também.

–Então, você me confortou.Disse para eu entrar de cabeça, fazer o que eu acreditava, o que me fazia bem.- ela pegou na mão dele, sobre a mesa-E acima de tudo, o que as pessoas precisam.Sei que está pra fazer algo grande, Robin.E eu tenho fé em você.

Ele pensou nisso por um momento.Ela tinha razão.

–Bem, agora que eu disse isso, -ela soltou sua mão- eu queria saber se aqui tem algum lugar pra mim.É que eu acabei de chegar na cidade e não se encontra hotéis baratos a essa hora.

–Claro.Aqui sempre tem lugar pra você.

*

Naquela noite, John conseguiu pensar com clareza.Havia entendido o que realmente devia fazer.Precisava continuar com aquilo.Aquilo era um bem a sociedade, mas aquilo também o fazia bem.Ele se sentia mais vivo, mais seguro do que queria na vida.Mas não podia ficar por isso mesmo.

Seria o Robin, mas havia começado com o pé esquerdo.Agora iria consertar os erros.Não podia simplesmente ser o Robin.Devia também saber ser ele.O Robin tinha que saber lutar, saber lidar com o inimigo, ser calculista.Saltar de grandes prédios pode ser má idéia quando não se tem experiência nisso.Ele precisava de treinamento.E para isso, ele precisaria de ajuda.

*

06:00 da manhã

–Alô- disse John ao telefone.

–Com quem deseja falar, senhor?- disse a secretária.

–Por favor, me conecte com Alfred Crane.


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Notas finais do capítulo

Quem estava com saudade do velho Alfred?
Bom, eu me inspirei a personagem Lexi Branson, da série The Vampire Diaries, para fazer a Cameron, gostaram?Gosto muito dela.
(Criticas, sugestões são completamente aceitas)