– Ok Percy. Você sabe o fazer, você treinou para isso. – Percy disse a si mesmo.

Estava parado do lado de fora dos fundos de uma casa, onde uma grande festa acontecia. Ele tinha esperado 4 anos por essa noite e se ele não fizesse isso hoje, não faria nunca mais. Era o agora o nunca.

Se você procurasse a “friendzone” no dicionário, você encontraria uma foto de Percy com sua melhor amiga Rachel, porque talvez não existisse palavra melhor no universo para descrever a situação de Percy.

Ele era o típico melhor amigo, que ouvia Rachel falar sobre todos os garotos com quem já tinha namorado, e como todos eles era idiotas, e como ela queria alguém diferente, que fosse mais gentil, assim como Percy era. E logo em seguida, Percy tinha que ouvir aquela odiosa frase: Eu te amo como um irmão.

Mas isso tudo ia mudar naquela noite. Em poucos instantes, ele entraria na festa, encontraria Rachel, e diria tudo o que sentia por ela. E Percy realmente tinha esperanças de ser correspondido.

– Só preciso de mais 5 minutos para me concentrar, então eu vou entrar. – Percy disse.

Os 5 minutos, se transforam em 20. Suas mãos suavam, suas pernas tremiam um pouco e seu coração estava muito acelerado.

– Vamos Percy, vamos! – ele disse pela quinta vez.

– Você sabe que está ai parado, falando sozinho, a quase meia-hora? – disse alguém a sua direita.

Percy quase deu pulo, devido ao susto. Na calçada oposta a dele, estava uma garota, sentada na guia, na parte menos iluminada.

– Wow, você me assustou! – ele disse.

– Desculpe, não foi minha intenção – ela disse. – Mas para falar a verdade, ver você ai parado também foi um pouco assustador.

– Só estou tomando um pouco de coragem para entrar – ele disse aproximando.

Ela usava um vestido azul com um casaco, seu cabelo era loiro e seus olhos eram cinzas. Era bonita. Não era nenhuma super modelo, mas tinha uma tipo de beleza comum.

– A festa não está tão ruim assim. Acho que você vai conseguir enfrenta-la – ela disse.

Ela parecia estar entediada e aborrecida.

– Não é para isso que eu preciso de coragem. – Percy explicou. – Se a festa não está tão ruim, por que você está do lado de fora?

– Sei lá, acho que não é meu tipo de festa.

– Qual é o seu tipo de festa?

– Normalmente, eu vou a festas de pessoas que eu conheço – ela respondeu.

– Você estuda na minha escola? Eu não tenho certeza se te conheço – Percy disse, sentando-se do lado dela na guia. – Eu estudo na Goodie.

–Eu não estudo lá. Eu me mudei para cá alguns meses atrás. Na verdade, eu nem queria vir nessa festa, mas minhas amigas ficaram enchendo o saco. E agora elas devem estar se agarrando com algum estranho, enquanto eu estou aqui.

– Por que você não está fazendo isso? Se agarrando com algum estranho.

– Eu não vim aqui procurar um namorado. Eu tenho um. Quer dizer, acho que somos namorados.... enfim, você entendeu.

– Acho que sim – era mentira, ele não tinha entendido . - Qual é o seu nome?

– Annabeth. O seu?

– Percy.

– Então, Percy, você precisa de coragem para fazer o que?

– Tem essa garota, ela é minha amiga, e eu gosto dela. Muito.

– Qual é o nome dela? Será que eu conheço?

– Rachel Elizabeth Dare.

– Não, não conheço.

– Então, ela está nessa festa, acho que ela vai ficar com um garoto, Josh Milles.

– Oh, minha amiga já ficou com ele. Josh é um gato.

– Você não esta ajudando.

– Desculpa.

Annabeth não sabia exatamente o que estava fazendo. Sentada na calçada conversando com um estranho. Não era comum, mas também não parecia errado. Percy era um pouco mais alto do ela, usava uma camisa xadrez verde, que combinava com seus olhos incrivelmente verdes. No começo ela o achou estranho, mas agora, pensando bem, ele era até que fofo.

– Eu acho melhor eu entrar. Procurar minhas amigas.

– Ok. – ele disse.

Annabeth se levantou e começou a andar, mas logo ouviu Percy a chamar.

– Ei, espera – ele pediu.

– O que?

– Você acha que existe algo que possa dizer que impeça ela de ficar com ele e se apaixonar por mim?

– Eu realmente não acho que você vá conseguir fazer as duas coisas. O que você tem em mente?

– Eu.. hum... meio que escrevi uma carta para ela. – ele disse tirando um pedaço de papel do bolso.

– Isso é tão fofo... quando você está na quarta-serie – disse Annabeth.

– Quer ouvir ou não?

– Ok, leia.

– “Rachel, você é minha melhor amiga. Minha vida parece um dia nubloso e frio a todos os momentos, e tudo é tão confuso que eu não consigo me concentrar. Mas então você aparece, e é como se você os primeiros raios de sol depois de uma tempestade, você aquece meu coração e faz toda a confusão desaparecer....”

– Para de ler – Annabeth pediu.

– Ah que droga – disse Percy, mostrando leves sinais de desespero. – Ficou uma merda não é? Pode dizer, eu sei que ficou...

– Não, não é isso, é que....

– Meu Deus, como eu tive coragem de ler isso para você?! Eu nem acredito que eu ia ler isso para Rachel. Nossa, que droga!

– Percy, relaxa. Ficou bonito, mas...

– Mas?

– Eu não acho que é isso que ela quer.

Annabeth não conhecia Rachel, mas ela conhecia o tipo de garotas que ficavam com Josh Milles e sabia que com esse jeito doce e gentil, Percy nunca conseguiria nada com ela.

– O que você quer dizer?

– Eu quero dizer que... como eu posso explicar... você tem que se aproximar dela de outro modo. Garotas que ficam com caras como Josh Milles não se importam muito com palavras bonitas.

– Está dizendo que eu tenho que ser como esse cara?

Percy tinha certeza que se a resposta fosse “sim” ele nunca ficaria com Rachel.

– Não! Eu só acho que você precisa de menos palavras e mais atitudes, entende? O que você escreveu é lindo, mas não vai ser isso que vai fazer com que ela se apaixone por você. – Annabeth disse da melhor forma que conseguiu.

– Você realmente não está me ajudando – Percy disse, voltando a se sentar na guia.

– Você pediu minha opinião!

– Você está certa, é que... eu gosto tanto dela e tanto tempo... eu só acho que eu merecia uma chance. Não é justo.

– Acho que aos 17 anos, você já devia ter aprendido que a vida não é justa – disse Annabeth se aproximando dele.

– Pois é... acho que sim.

– Bem Percy, eu realmente preciso tentar encontrar minhas amigas, então, eu acho que vou indo...

– Tudo bem. Foi legal te conhecer Annaeth.

– Igualmente Percy – ela disse, com um pequeno sorriso. – E boa sorte com Rachel.

– Obrigado – disse Percy – eu vou precisar – acrescentou mentalmente.

Annabeth se afastou menos de 10 passos de Percy, então uma multidão saiu da casa, correndo em todas as direções, alguém esbarrou em Annabeth, fazendo-a cair.

– Acho que a policia está aqui? – disse Percy correndo na direção de Annabeth e ajudando-a a se levantar.

– É mesmo Percy? - disse Annabeth com sarcasmo.

– Acho melhor a gente correr.

– Também acho.

Então os dois começaram a seguir a multidão em direção rua, e continuaram a correr até se afastarem o bastante da casa. Pararam, ofegantes e rindo.

– Viu? Te falei que a festa não estava tão ruim. Até a policia marcou presença – disse Annabeth, com o braço apoiado no ombro de Percy.

– Seu joelho, está machucado – Percy disse, quando viu as marcas de sangue na perna de Annabeth.

– Acho que foi quando eu cai.

– Está doendo?

– Não.

– Você se separou das suas amigas, como vai para casa?

– Eu moro a 5 quadras daqui. E você, como vai para casa?

– Hum... eu não sei. Eu vim com um amigo, mas acho que ele já deve estar bem longe nesse momento.

– Gostaria de me acompanhar? – ela perguntou.

– Parece uma boa ideia.

Agora eles andaram em um ritmo mais calmo, as únicas luzes vinham dos postes, alguns estabelecimentos, e carros que passavam ocasionalmente.

– Você está no ultimo ano? – perguntou Percy.

– Yep. Finalmente.

– Já sabe para qual faculdade você vai?

– Oxford.

– Oxford? Inglaterra?

– Isso mesmo.

– Então você é algum tipo de gênio?

– Não... não! Eu sou normal. Meu avô estudou lá. Eu ainda vou fazer a prova de admissão.

– Quando vai ser a prova?

– Daqui a dois meses mais ou menos. Quarenta dias para ser mais exata.

– E o que você quer fazer?

– Arquitetura. Eu quero construir prédios inimagináveis, que durem séculos.

– Você parece saber bem o quer.

– Acho que sim... E você?

– Eu? Bem eu... espero conseguir uma bolsa de estudos por causa da equipe de natação.

– Então você é um nadador.

– Exatamente.

– Dos bons?

– Não querendo me gabar mas...

– Tarde demais, você já está se gabando – Annabeth disse rindo. – Aqui é minha casa.

Era uma casa grande, com dois andares e um jardim bem cuidado.

– Sua casa é bonita.

– Hum... você... quer... entrar? – Annabeth convidou.

O que? Sério? Annabeth realmente estava convidando uma pessoa que ela acabou de conhecer em uma festa para entrar na sua casa? Se sua mãe descobrisse, ela com certeza, mataria Annabeth sem pensar duas vezes. Mas naquele momento, Annabeth não se importou muito com isso.

Percy era um companhia agradável, e além disso, ela talvez nunca mais visse ele novamente nessa vida, então porque não aproveitar essa amizade repentina?

Percy não fazia essas coisas. Ele não entrava na casa de garotas que acabara de conhecer, e se os pais dela descobrissem e chamassem a policia? Mas por outro lado, ele não tinha nada realmente legal ou interessante para fazer além da longa caminhada para casa, já que Nico havia o abandonado na festa. E além de disso, ele realmente estava gostando de conversar com aquela garota, ela distraia sua mente do fiasco que noite foi, já que ele não conseguiu se declarar para Rachel, e ela, provavelmente estava ocupada com Josh Milles.

– Sim, claro – ele disse.