Destiny (HIATUS) escrita por Rafaella Nunes


Capítulo 2
O Conselho


Notas iniciais do capítulo

Olá! Tudo bem meus queridos? Quero desejar a todos um feliz dia das crianças! Mesmo para aqueles que não são mais crianças em questão de idade, mas que ainda têm aquela essência desses pequenos anjos.
Agora vou deixar vocês lerem. uma Boa leitura!



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"Confie e sera traido. Descuide-se e será morto. Mate antes que te Matem" - Makoto Shishio

Sentada à mesa, não prestava atenção em nada a minha volta. Não que realmente tivesse algo para prestar atenção, já que o silêncio reinava, a não ser pelo barulho dos copos sendo depositados em seus respectivos lugares e o ranger dos dentes.

Mas eram coisas tão ordinárias que não se faziam suficientes para chamar minha atenção, que neste momento estava voltada para o sonho da noite passada. Não propriamente no sonho, mas no quão real pareceu a experiência e também por ter tido o mesmo sonho por semanas seguidas.

Percebi por minha visão periférica uma cadeira ser arrastada, mais precisamente a de Rick, que se levantou e se dirigiu para fora do cômodo. Aproveitando a oportunidade, fiz o mesmo, precisava de algo que deixasse o sono turbulento que tivera na noite anterior realmente para trás.

Andei até a sala esquecida, espaço um tanto quanto branco, a não ser pelo equipamento que ficava alojado em um canto da parede, se destacando em preto e azul. Naquele lugar podia extravasar e treinar sossegada.

Preparei um saco de pancadas, vesti rapidamente minhas luvas e comecei a fazer o que mais me permitia pensar com mais clareza. As imagens da figura à janela e de seu sumiço misterioso após pular a mesma me vieram à cabeça.

E o que mais intrigava era o quão perturbante aquilo estava sendo para mim, me fazendo perder o sono. Sabia que não passava de uma criativa história formulada por minha mente, mas já estava ficando ridícula a tamanha repetição.

         (...)

O som de uma batida firme na porta ecoou pelo espaço e finalmente parei de lutar contra o objeto inanimado a minha frente, levantando a voz para que a pessoa do outro lado entrasse. Já sabia quem seria, a única pessoa além de mim que ainda vinha aqui.

Meu irmão abriu a porta e sorriu, um sorriso carinhoso, aquele que reservara especialmente para mim. - Tem passado muito tempo aqui, senti sua falta. - Argumentou antes de revelar suas intenções. - Não quer se juntar a mim em uma nova votação? Adoro ter seu apoio.

— Acho que adora mesmo os argumentos que tenho contra aqueles velhos insuportáveis. - Respondi convencida, gargalhando logo após.

— Sim, adoro ver todos eles sofrendo em sua mão, mesmo que não tenha direito ao voto, você sabe entrar na mente deles como ninguém. - Rick se aproximou mais, assim como eu e pude enxergar que ele estava com seu olhar repleto de maldade.

— E eu amo fazê-los comer na palma de minha mão. Mesmo que demore um pouco. - Conclui, conseguindo assim provocar nele uma breve risada.

— Na última reunião você bateu o recorde. Em menos de dez minutos já os tinha convencido do que queríamos. - Falou com orgulho, me dando um beijo na testa.

— Devo isso a meu querido Daros. - Disse com simpatia fingida, mas o sarcasmo era explícito em minha voz.

— Coitado, ainda pensa que um dia vai conseguir algo. - Mesmo com o uso da palavra "coitado" o que via em sua face era zombaria pura.

— Até que ele não é tão ruim... - E na realidade não era, a única coisa que tinha de errado com ele era o fato de querer ser importante demais enquanto era apenas mais um dos velhos nojentos do Conselho, por isso sempre preferi seu irmão e isso o deixava louco.

— Isso não importa, não vou deixar você ficar com aquele idiota e... - Fez uma pausa para olhar em seu relógio de pulso. - Faltam apenas sete minutos para nos reunirmos na biblioteca.

— Antes, preciso me trocar, afinal, não vou ser levada a sério com essas roupas. - Disse apontando para mim.

— Então vamos rápido. Uma das coisas que eles mais abominam é o atraso. - Instruiu-me enquanto subíamos as escadas.

— Tudo bem, mas enquanto faço isso, quero informações. - Exigi, antes mesmo de chegarmos ao último degrau.

— Não é algo novo para você. Lembra-se do acordo que falava sobre os bancos de sangue? Aquele aumento significativo que propusemos? - Este tinha sido um acordo relativamente fácil de conseguir. Apenas dois dos imbecis foram contra, pensando no que poderia acontecer caso pegássemos mais pessoas para extração, mas não conseguiram convencer a maioria.

— Se já foi votado... Qual o problema? - Quis saber, não entendia a mania inútil de sempre voltarem aos mesmos assuntos sem motivo algum.

— O problema é que o cretinino do Keenan e sua mulher fizeram a cabeça deles novamente e vamos ter que voltar a bater nesta tecla.

— Só espero que isso seja discutido pela última vez, pois senão vou ter que tomar minhas próprias providências. - Informei à ele, que apenas abriu um sorriso de lado.

Chegando no quarto, peguei um conjunto mais formal e Rick se deitou em minha cama. - Se eu pudesse escolher não lidar com eles, com toda a certeza não o faria, essas reuniões sempre acabam com meu dia e o pouco de paciência que tenho.

— Nada é tão ruim assim, eu até gosto. - Contrapus enquanto trocava rapidamente.

— Não. Você gosta de fazer uso da manipulação. - Afirmou e eu sorri minimamente. Era clara a minha habilidade para conseguir o que queria e que limites não me seguravam.

— Tem razão, se eu pudesse, já teria enterrado todos. - Lembrei-me de cada um dos que compunham o conselho e também das tantas vezes em que me imaginei degolando, queimando, ou enterrando vivo cada um que se opôs a mim.

— Até mesmo seu querido padrasto? - Perguntou com zombaria. Ele sabia muito bem o que pensava sobre seu pai e o fato de que só nos entendíamos em questões políticas, mas fora isso, era difícil ficarmos no mesmo cômodo.

Me limitei a dar de ombros, tendo a certeza de que isso era suficiente para que ele entendesse, descemos novamente e adentramos à sala onde já se encontrava boa parte das onze figuras arcaicas - que em nada aparentavam a idade. Rick se sentou em uma das pontas, do lado oposto de seu pai e eu fiquei de pé ao seu lado. Assim que Keenan e Tácia me viram, em seus rostos se estampou uma insatisfação tremenda e isso me alegrou ainda mais.

Contive o sorriso que ameaçava se formar e me concentrei ali, precisava escolher desde já minha abordagem, para poder calá-los, acabando com a discussão de uma vez por todas. Observei todos que estavam sentados em seus respectivos lugares, faltando apenas Moritz, Enyra e Amellie.

Começaria apenas escutando e absorvendo informações, até que todos os pontos fossem expostos, isso facilitaria muito no desfecho e na formação de argumentos concretos. Depois, usaria os mais propensos a nós apoiar, o que seria extremamente útil para fazer a cabeça da grande maioria logo após e se isso não desse certo, partiria para uma abordagem um pouco menos convencional e relativamente mais eficiente.

Olhei para Carl, seus cabelos loiros bem penteados e seu rosto com os mesmos traços marcantes que o de Rick davam-lhe um ar jovial e forte e seu semblante sério não negadas posição como chefe do conselho.

Ele me olhou por alguns minutos e pude perceber o fantasma de um sorriso surgir, isso era o máximo que alguém conseguira arrancar dele e nesse caso se devia ao fato de eu estar ali e da reação de Tácia ao me ver.

— Podemos começar? - Indagou Carl, dando início a reunião. - Estamos aqui pela enorme dúvida quanto à decisão já tomada sobre os bancos de sangue. Como todos sabem, o número de nosso povo, mesmo sendo controlado, tem aumentado, inclusive o número de nobres, que precisam de sangue para sobreviver.

— Não é exatamente assim Carl. - Replicou Tácia, com sua arrogância e prepotência de sempre.

— Na verdade é, Sra. Counot. Sabe bem que uma parte considerável do que nos faz o que somos, é o sangue humano, o que nos dá energia o suficiente, diferente dos alimentos que comíamos até nossa transformação.

— Sim, tenho conhecimento de como funciona nosso organismo, Carl, mas o número de nobres não é tão grande para ser necessário tal mudança. - Ela contextou e devo admitir que concordava, na verdade, vendo os dados registrados de nosso povo por todo o mundo, cheguei a conclusão de que o problema não era não ter sangue o suficiente e sim o fato de muitos optarem pela caça, o que era completamente compreensível, já que é um esporte que nos permite liberar nossa verdadeira natureza, além de nos proporcionar um gosto melhor do sangue.

Mas o foco da ideia não era fazer com que isso acabasse, mas sim que com o banco de sangue tendo uma quantidade maior de estoque, nã houvessem mais desculpas para eventuais crimes que pudessem revelar nossa existência e consequentemente, possíveis tentativas de extermínio da taça toda fossem realizadas, porque assim teríamos de matar os humanos e era cômodo mantê-los vivos, pelo simples motivo de precisarmos deles.

— Será que já viu o quanto os crimes graves cresceram? - Foi a vez de meu irmão se pronunciar. - E temos sempre a mesma desculpa, de que os bancos de sangue não são o suficiente, ou ao menos tão saborosos, então nosso dever é solucionar isso.

— Estaríamos nos arriscando também a nos expor se seguirmos essa idéia estúpida. - Rebateu com categoria fazendo com que todos olhassem de Carl para Rick, esperando por alguma reação, me fazendo ter ainda mais certeza do quão inúteis o resto se fazia.

— Acho que não compreendeu a proposta, Tácia. - Pronunciei seu nome com escárnio contido. - Não é como se fossemos começar a entrar nas casas e sequestrar pessoas para usarmos. Há muitas pessoas na rua que podem servir, gente com nada na vida, que não vai fazer falta a ninguém.

Esperei para me certificar que toda a atenção estivesse em cima de mim e continuei. - Além do mais, se o que te preocupa são os brinquedinhos que você e seu marido usam, pode ficar tranquila, a única coisa que irá mudar é que não teremos mais problemas em questão de resolver tantas imprudência.

— Mas que absurdo! Como ousa dizer tal calúnia? Eu e meu maridos nos alimentamos de forma correta. Com que direito afirma isso? E qual o motivo de estar aqui, se nem ao menos tem um lugar no meio de nós? - Disse, me deixando levemente enfurecida e com mais vontade de afronta-la.

O inconveniente de fazer oque eles faziam não era o fato de estarem usando tais humanos, afinal, sempre os usamos, mas a promessa de que iria fazer deles vampiros como nós era algo com que o conselho não concordaria em nada. É muito sério trazer novos integrantes à nossa raça e não se deve nem ao menos insinuar isto, ou revelar para um humano o segredo de nossa existência sem realmente ter em mente transformá-lo ou deixá-lo viver após isso.

— Minha irmã está aqui, porque pedi para que ela viesse e mesmo que não faça parte desse conselho, tem mais direito de estar aqui do que você. - Rick me defendeu, fazendo todos se lembrarem da suspeita dela ter matado o primo para chegar ao poder, ou seja, que ela não tinha o real direito de estar entre eles em questão de linhagem.

— Basta! - Carl ordenou em voz firme. - Vamos esfriar a cabeça um pouco, vou pedir para Ginna nos servir e logo após continuaremos.
Olhei para Rick, comunicamo-nos apenas pelo olhar e o mesmo assentiu, entendendo perfeitamente o que se passava em minha cabeça, era uma conexão devida a anos de convivência e parceria.
Todos, inclusive eu, se levantaram. Diferente do restante, me direcionei para a ala onde ficavam as escadas, indo diretamente para meu quarto, sabia o que ia acontecer, tudo estava de acordo com o plano, inclusive a presença da ruiva logo atrás de mim.

Adentrei em meus aposentos e me olhei no espelho, esperando por ela, que não demorou a adentrar e me observar. Fingi surpresa por sua presença e entrei no papel de desentendida, me virando para encará- la

Sempre tão elegante, nem parecia uma vibora dentro daquele vestido, principalmente se levássemos em conta o rosto angelical. Tínhamos tantas semelhanças, isso não podia ser negado, não só pela cor do cabelo, mas pela personalidade em si, talvez fosse o motivo de não nos suportarmos.

— Oh! Já estão voltando? Acho melhor não nos atrasamos... - Falei, dando alguns passos em direção à porta, mas assim que passei por ela, a mesma me segurou pelo braço, não simplesmente me impedindo de continuar, mas no intuito de me machucar. O único problema era que eu não sentia a dor que Tácia gostaria de me causar, não era como seus empregados, que eram frágeis, ali, éramos iguais, com uma diferença de idade apenas.

— Não quero ouvir a sua voz depois que voltarmos para aquela sala, está me ouvindo garota? Se você não se calar, talvez amanheça definitivamente morta, você não é nada e a não ser por seu irmãozinho, ninguém sentiria sua falta, então não mecha comigo, não sabe do que eu sou capaz. - Sua voz saiu lenta e feroz, contudo, não me atingiu em nada, apenas atiçou minha vontade de acabar com ela.

— Não se preocupe, não falarei mais nada, mas pode ser que um outro alguém fale... - Insinuei, vendo a fúria dar lugar à curiosidade.

— O que quer dizer? Que outro alguém? - Perguntou desconfiada.

— Que tal a Greace? - Ao tocar em seu nome, os olhos de Tácia se arregalaram levemente, me causando um certo prazer. - É esse o nome dela, não? A empregada que acha que vai ser transformada? - Fiz uma pausa para que minhas palavras ecoassem um pouco em sua mente, dando tempo para darem o efeito esperado.

— Ela não abriria a boca contra mim. - Afirmou e meu sorriso irônico se abriu e o medo de que fosse entregue sumiu de suas feições com essa certeza.

— Ela não te contou? Nós viramos melhores amigas. Ela me disse tantas coisas que eu até fiquei abismada. - Respondi com sinismo, pensando em como ela ficaria quando lhe mostrasse o que tinha preparado em nossa última discussão, como garantia caso ela se metesse comigo novamente. - Aliás, gravei uma de nossas conversas e tive um resultado bem interessante, quer ouvir?

Pus o vídeo para que Tácia pudesse compreender melhor e ver que eu não estava blefando. Assim que ouviu a voz da garota se espantou, mas o mais gostoso de se ver foi quando a garota disse que em breve seria uma de nós e comecei a gargalhar.

— Tão ingênua. - Comentei balançando a cabeça de um lado para outro dramaticamente, em desaprovação. - Se isso chegasse às mãos do conselho e eles tivessem que investigar o fato de estar prometendo fazer transformações e revelando o que somos para humanos, seria um desastre.

— Me dê isso sua... - Ela não terminou de falar e fomos interrompidas por Rick.

— Estamos retomando, vamos? - Questionou como se não soubesse de nada do que estava acontecendo aqui anteriormente.

Assenti para ele e passei por ela e antes de me juntar a meu irmão, parei e terminei em voz um pouco baixa. - Nem pense em me desafiar novamente, basta um clique para que todos saibam e você seja exonerada de suas funções. Seria tão bom não ter mais que te ver, então pense bem no que vai fazer, querida.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e que continuem a acompanhar. Logo virá o próximo. Peço que comentem, se possível, seria extremamente bom ter um retorno. Bjs e até o próximo!



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