Liana estava mais uma vez no mesmo lugar, em baixo de uma arvore morta de mais de 100 anos que a reitora Duran – sua mãe - não cortava por ser um bando de coisas que ele nunca prestava atenção enquanto ela falava. Respirou fundo e se aproximou dela, teria que aguentar uma garota como aquela, sem vida e sem amor próprio até completar a maldita aposta.

– que esta lendo? – perguntou sentando-se ao lado dela, aquilo fugia de seus métodos de conquista, mas quem se importava com isso estaria fazendo um favor a ela.

– um livro.

– isso sei, quero saber o nome do livro

– Harry Potter e as relíquias da morte.

– é fã também? Já assistiu ao filme?

– não, sim.

– não e sim o que?

– não para a sua primeira pergunta e sim para a segunda.

Ela tinha dom natural para ser irritante ou estava se esforçando para isso?

– você já deve ter lido a biblioteca toda da faculdade, né?

– isso seria impossível

– por quê? Dois anos aqui e você esta sempre lendo, ao menos lá deve ter lido um estante inteira.

– isso também seria impossível

– só se você não lê os livros de forma certa

– creio que não há outro modo de ler um livro, se não de modo como todos os fazem, é impossível ler uma biblioteca ou uma estante, pois são objetos, no entanto ler os livros que os preenche seria mais adequado.

Se levantou e foi para o dormitório. Ele sorriu.

...

Batiam na porta, ela se levantou da cama e foi ver quem era, tinha tanto a fazer não tinha tempo para quem quer que fosse.

– o que deseja? – perguntou colocando a cabeça para fora da porta, era Rafael

– posso falar com você?

– já esta falando

– posso entrar para conversar com você?

– pode – ela abriu a porta para ele passar e fechou.

– queria que você me acompan... – perdeu a voz quando se virou, na sua frente não estava Liana feia, de óculos escuros, cabelos despenteados e roupas folgadas, estava Liana de cabelos presos em um rabo de cavalo, de saia preta justa e top claro na parte de cima, com uma barriga e cintura bem delineadas.

– continue falando que estou ouvindo – disse quando foi até o espelho e começou a pintar os cílios com máscara preta.

– Liana? Você esta diferente.

– não, sou a mesma, seu modo de me ver que esta diferente.

– vai sair?

– vou – ela fechou sua bolsa de maquiagem e foi para a porta – se viesse mais cedo teria tido tempo para ouvi-lo, sabe onde me encontrar, quando sair tranque a porta e me entregue a chave amanha.

Ficou no quarto a noite toda, eram duas da manha quando ela saiu e não havia voltado, foi para a sua casa que era no campus, após as aulas da manha foi ver se Liana havia retornado, não conseguira se concentrar em nada pensando no que vira noite anterior, ela era sem duvida uma mulher formidável, mas por que diabos se escondia atrás daquele mostro de roupas largas? Manteria aquilo em segredo, teria ela o máximo de tempo possível.

– então Rafa, conseguiu o vídeo? – Douglas seu amigo vinha correndo atrás dele, havia se esquecido da aposta.

– ainda não, tenha paciência, aquela coisa é mais difícil que aparenta.

– não esta fugindo da missão está?

– claro que não, quando fui que eu fugi? – teria que arrumar um motivo para não mostra-la a eles.