Na manhã seguinte, quando Fernanda acordou Gabi ainda estava dormindo, esta levantou e sentiu uma forte dor de cabeça, foi até o banheiro onde a avó guardava as aspirinas, no caminho tomou cuidado para não fazer barulho, tomou a aspirina e olhou no relógio da cozinha, dez para as sete, naquele local, o sol nascia as sete horas em ponto, ela já que não ia mais dormir, se trocou e foi até o lago ver o nascer do sol.

O espetáculo foi incrível, as luzes se irradiaram primeiro em um amarelo alaranjado, depois passaram para o vermelho e em seguida o amarelo canário, o sol daquela região trazia uma beleza que as outras regiões não tinham, principalmente a luz que irradiava trazia um prazer tão imenso a alma, Fernanda se aproximou da água iluminada e se ajoelhou olhando seu reflexo, a água se mexeu um pouco e a garota de vestido rosa claro se mostrou assustando Fernanda que se afastou na defensiva, a garota do reflexo não se mexia mesmo Fer já estando afastada da água o suficiente para ela não refletir mais o seu rosto, a bela Genevive, o que havia acontecido com ela, tudo tinha ficado preto e se ela houvesse...

–Acordada a essa hora Fernanda?

Alice também era outra que amava observar os shows que a natureza proporcionava, ela também tinha acordado cedo e vindo para o lago, se surpreendeu ao ver a neta na beira do lago às sete da manhã.

–Acordei e olhei no relógio, como ainda dava tempo vim dar uma olhada no pôr do sol, ele purifica a minha alma.

–A minha também, pode ficar tranquila não vou te dar um golpe de karatê como a sua mãe faria. Elas riram, a sua avó não tinha preço, no meio das risadas, Fernanda se tornou séria:

–Vó você conhece uma garota assim da minha idade chamada Genevive?

–A minha tataravó chamava Genevive, ela era muito parecida com você nas pinturas, sabia que você tem sangue real?

–Como assim?

–Eu vou te explicar melhor.

Vó e neta voltaram até a chácara onde de seu arsenal secreto de livros a avó tirou um empoeirado com uma capa dourada e letras vermelhas veludo escritas assim:

Livro da família Montique

Alice abriu o livro e o folheou com muito cuidado até achar o seguinte capítulo:

Genevive e Sauro

Fernanda sentiu os pelos se arrepiarem a as pernas falharem, a simples menção do nome Genevive lhe dava calafrios, a avó voltou a folhear até encontrar uma foto:

–Esta aqui é sua tatatataravó Genevive e seu marido, seu tatatataravô Sauro, ela é muito parecida com você sabia, mas porque a curiosidade?

Fernanda não respondeu era a mesma garota que ela viu, mas como? Ok que ela era sua ancestral mas porque ela tinha visto sua tatatataravó?

–Alô!! Planeta Terra chamando Fernanda!! A Avó cantarolou.

Saindo do transe, Fernanda respondeu:

–Hã, desculpe vó, o que você disse?

–Qual é o motivo da sua curiosidade com os nossos ancestrais?

–Hã nada vó, pode me contar um pouco mais de Genevive. Disse Fer sorrindo.

A avó arqueou as sobrancelhas mas não disse nada, voltou a folhear o livro e achou um capítulo muito interessante:

–Sabe amor, diz uma lenda, que Genevive era uma princesa abençoada com um dom,além da beleza, da educação, da doce voz e do carisma, Genevive tinha um mundo só dela, um mundo onde ela criou tudo o que ela sempre imaginava, nunca conseguiu levar seu amado Sauro lá porque ela morreu depois de dar a luz ao seu filho primogênito, João. Mas é claro que é só uma lenda, mas eu juro que se fosse verdade, tem uma escritura deixada nesse livro. Alice abriu uma folha amarelada e esfarelada que Fer não soube como ainda não tinha desmanchado, e leu em voz alta seu conteúdo:

Um mundo onde não existe a violência, onde o amor e o carinho são as essências de vida, nenhum humano sem ser puro poderá entrar, meus descendentes também não, somente aquela que tiver a alma pura de minha essência conseguirá entrar em meu reino onde nunca levei ninguém e onde tudo permanece oculto, os nove cavalheiros que ela levar a ajudarão em sua busca, a busca por quem eu já amei e por quem já foi tirado de mim

Genevive

–Que legal vó. Mas me diz uma coisa, Fernanda não tinha outros filhos?

–Não querida, só João, mas sabe já que você está tão interessada, ela se envolveu romanticamente sim com um homem, seu nome ninguém sabe, só sabemos que ele era um pirata e que tentou Genevive de uma forma que ela não aguentou, ele estava louco por ela, houve até um ocorrido em que ele a sequestrou, mas depois ele foi morto e ninguém nunca soube quem era ele.

–Estranho.

–Tem razão, mas nós não estávamos naquela época para julgarmos ninguém, quando carregava João no ventre, o filho legitimo e único dela, pois os frutos da outra relação não haviam vindo,Genevive sempre pensava muito, ela era muito inteligente para aquela época, manteve oculta sua relação com um pirata, mesmo sendo uma princesa, seria enforcada em praça pública se soubessem.

–Obrigada vó, será que eu poderia ficar com esse livro e essa carta por um tempo?

–Claro minha neta, confio em você,mas tome cuidado toda a nossa história está contida aí.

–Vou tomar vó. Fernanda pegou o livro com a carta da mão da avó cuidadosamente e subiu para o seu quarto.

*

Chegando no quarto, Gabi sentou na cama e sem falar nada, Fernanda já sabia o que ela queria:

–Eu falei ontem durante uma das minhas... Hã... Visões?

Gabi balançou a cabeça afirmando,Fernanda se sentou e perguntou:

–O que eu falei?

–Genevive.

–Genevive! O tom de voz de Fernanda não surpreendeu tanto a amiga.

–Quem é Genevive?

–Nem eu sei direito, mas pelo o que a minha avó me contou e pelo o que eu vi, é a minha tatatataravó.

–Hein? Gabi tinha acabado de não entender nada – o que a sua tatatataravó tem a ver com as suas visões?

–Era o que eu gostaria de saber, ta a fim de descobrir comigo enquanto o trio dorminhoco não acorda? Fernanda balançou o livro e a carta no rosto de Gabi que pegou com cuidado a carta.

Ambas se sentaram na cama e começaram a ler o capítulo de Genevive, Fernanda apontou no livro o baile que ela vira e falou sobre o que sua avó lhe dissera sobre o encontro amoroso com o pirata sem nome, apesar de toda a tensão Gabi achou essa parte romântica.

Fernanda lia com atenção o livro e Gabi lia e relia a carta, quando ela apoiou-a na cama, Gabi gritou:

–Fernanda olha isso!

Novas palavras haviam aparecido na carta mas como?

Sem entender nada, Fernanda leu em voz alta a frase que se formara, era um ponto de localização:

A entrada para o meu reino está onde a magia encontra a realidade,onde romances se formam e amigos brincam, está no lugar onde a água encontra a luz, onde a luz encontra os sonhos.

Genevive

–Ok, sua antepassada era bem misteriosa hein? Perguntou Gabi

–Tirou as palavras da minha boca. Respondeu Fernanda, ambas bem surpresas com a frase.

Elas trocaram de lugar,Gabi começou a ler o livro e Fernanda releu a carta, e acabou descobrindo duas palavras que não faziam sentido:

Lost Dreams

–Devem estar em outra língua. Sugeriu Gabi

–Talvez, em inglês ficariam sonhos perdidos, é isso que está escrito! Mas o que significa?

Gabi deu de ombros e Fernanda baixou os olhos:

–Isso é um enigma sem fim! No mesmo instante, seu corpo amoleceu e a visão se turvou, o baile caótico apareceu com o seu tatatataravô chorando com um pedaço de tecido rosa claro na mão, novamente a visão se desfez e se mostrou o que parecia uma antiga taberna, daquelas que a plebe vai para se divertir, ela começou a atravessar aquilo até uma porta escrita Em letras grandes e negras:

Só Permitidos

A porta se abriu e lá um bando jantava e bebia do que naquela época era o melhor, mais adiante a visão foi ficando mais nítida e uma bela garota agora vestida com um belo vestido negro com entalhes brancos estava acorrentada a uma mesa e ouvia com lágrimas nos olhos um rapaz bonito de olhos tão negros quanto as letras, Fernanda ficou com medo ao vê lo, se aproximando mais identificou que a mulher era Genevive e o garoto, bem ela não sabia quem era.

Genevive estava aterrorizada,ele falava e ria com palavras sórdidas que a assustavam de forma que nunca antes tivera conhecimento, suas palavras eram claras porém Genevive não as entendia por causa do bafo de bebida alcoólica que ele esvaia, ela estava passando mal, ele não era assim antes, era doce, gentil, ela se lembrava, ele não era um pirata por que razão abandonara um futuro promissor para servir aos contra lei, ela não entendia e as meras possibilidades faziam sua alma ficar negra e sua consciência pesada.

Fernanda levantou derrepente, estava deitada na cama e a amiga a chacoalhava com força e assim que ela acordou, Gabi gritou:

–O que foi isso?

–Outra visão. Fernanda respondeu boquiaberta – Genevive sofria, eu podia ver o terror em seu rosto.

Gabi estava mais calma pela amiga estar bem mas ainda um pouco aterrorizada:

–Quem estava com ela?

–Um homem, parecia um pirata, bebia e mesmo em outro espaço e tempo conseguia sentir o bafo, tinha olhos e cabelos negros e a boca me parecia esbranquiçada.

–Era esse homem. Gabi apontou para a tela do computador, era o mesmo homem que Fernanda tinha visto.

–Mas como?

Antes de você cair desmaiada na cama, eu tinha encontrado um nome em outro livro que sua avó veio trazer para você resolvi pesquisar, era um pirata antigo, dizem que era filho de um comerciante com uma nobre, mas abandonou a carreira para servir a pirataria ninguém sabe ao certo o motivo, uns dizem que era a pressão, outros dizem que era a alma negra...

–Tem a possibilidade de ser o amor proibido?

–Pode ser, mas as possibilidades são poucas considerado o número gigante de motivos que poderíamos encontrar, precisamos investigar melhor esse seu amante da sua tatatataravó

–Amante não, ela ainda não estava casada. Ficante é melhor.

Elas riram, finalmente um pouco de alívio para aquele momento de tensão.