Vida Difícil escrita por PrisTchonga


Capítulo 14
Capítulo 14- Assim não dá!




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Capítulo 14   Assim não dá!


            Com aquela indecisão, acabei chegando atrasada.

           Fui correndo ao meu armário e peguei os livros dos três primeiros tempos de aula que iria precisar. Graças a Deus nós do Prado não precisamos levar peso nas costas iguais a burros de carga.

             Fechei o armário e sai correndo, hoje estou na correria!

                Quando virei o corredor para subir a escada, e chegar ao andar de cima onde ficam todas as salas, dei de cara com alguém.         

          Não consegui ver quem me derrubou de tão rápido e repentino que foi o "encontro". Na minha visão se formou um vulto e por um momento não consegui exergar...

      O impacto foi tão forte, que cai com meu traseiro gordo no chão e meus livros voaram em direções opostas.

Antes de conseguir me recuperar do susto e da própria queda, pois, também fiquei tonta. Visualizei entre os meus cabelos que tampavam minha visão, uma mão que parecia oferecer ajuda.

Ao longe, comecei a escutar uma voz que não me era estranha... Ela parecia pedia desculpas, mas, desculpas excessivas que estavam começando a irritar.

Sem olhar, pois meu cabelo ainda me impedia de enxergar acima, aceitei a ajuda da mão desconhecida. Levantei limpando a bunda e quando tirei os cabelos da frente o vi...

        –Haaa... É você! Retiro minhas desculpas. Atrasada como sempre! O que tem na sua cama?–Deboxou.

        –Mal educado. –Retruquei.

        –E aí? O que tem na sua cama? Você não respondeu... Será que é uma foto minha? Ou um de meus presentes...? Não já sei é o  meu perfume! –Ele parecia se divertir com suas teorias.            

           –Deixa de ser convencido, o que tem na minha cama não te interessa...      

        –Hiii... Calma Fla, não me diga que está de TPM?

       –Ahh garoto, não enche vai, vê se eu to na esquina, me deixa passar, que como você observou estou mega atrasada. –Falei o empurrando.

       –Ta bom, ta bom... Passa senhora! Mas vê se não esquece os seus livros...! Falou ele apontado para a bagunça no chão.

              –SENHORA é sua mãe, imbecil... -Ai que vontade de esganaaar... Que ódio.

Luis ria, me observando pegar os livros, de braços cruzados sem mexer um músculo para me ajudar. Custava ele me ajudar?

            –Hoje tu ta de mais em gatinha... –Riu ele de sua própria piada, muito ruim por sinal.

        Até então estava tudo em sua perfeita harmonia, como deveria ser. Eu brigando com o Luis e nenhuma alma viva para nos ver no corredor. Os corredores costumavam ficar assim quando a inspetora chegava e  colocava ordem no galinheiro.

Mas eis que um certo rapaz, como se caisse do céu igual ao capeta, chega com pretexto de beber água no pior momento de sua vida... É gente esse é o Fernando, infelizmente...

–Fla o que você tá fazendo aqui? E ainda com esse cara? Quer disser que se eu não venho beber água você provavelmente...

 –Nando, por favor, não é nada disso... – Tive que interromper seus pensamentos devaneados, porque ele com certeza estava prestes a falar algo que não deveria, algo que só serviria de alimento para o ego gigantesco do idiota do Luis.

–É esse o Imbecil?–Perguntou Luis virando-se pra mim. –Sabe, quando ela me falou seu nome pensei que fosse o cara do terceiro ano, é estou vendo que me enganei. Flávia, minha linda,  me trocar por um imbecil desses é de mais! Chega a ser até constrangedor... Ele é uma moça! -Luis olhou para Fernando- Aposto que eu te quebro.

-O quê? Ele está falando comigo mesmo? - Nando estava estranho... Parecia descontrolado.

–Tem alguma outra moça do seu lado? Não, né? Vamos tornar as coisas melhores? Ao meu ver mais interessantes! Aposto o amor da donzela no "duelo". Se eu ganhar fico com ela e se você ganhar... O QUE NÃO VAI ACONTECER... Você fica com ela.

–CALA A BOCA... -Gritou Fernando.

Cade a inspetora nesse momento? Alguém?

Nossa, já vi que isso não vai dar certo.

Eu preciso falar... Se não eu desabo!

-Luis você esta pesando que eu sou o quê? UM TROFEUZINHO, O "PREMIO" DE UM DE VOCÊS? Eu tenho sentimentos... E o que você está propondo é simplesmente ridículo.

Sentiram o desespero? Eu tremia, por dentro e por fora temendo o que pudesse acontecer.

      –Deixa que eu calo a boca dele. –Falou Fernando descendo as escadas.

O menino desceu tão rápido que se fosse eu teria rolado escada abaixo... Só deu tempo de Luis me empurrar para me tirar do caminho, porque antes de chegar no ultimo degrau, Fernando pulou e acertou um soco certeiro na boca do Luis. Gente, minhas pernas tremiam tanto que onde parei, fiquei. E os dois rolando no meio do chão... E eu ali estatua... Eu tinha convicção que não podia com os dois.

Então meu primeiro pensamento, até pra não nos ferrar chamando mais atenção, foi o de não gritar apesar de estar morrendo de vontade porque os dois estavam reproduzindo grunhidos altos de dor que partiam meu coração.

Respirei fundo e ainda tremendo igual vara verde corri como se estivese fugindo da briga em direção a sala do zelador. Quem visse de fora com certeza perguntaria: "Essa menina tá mesmo correndo?"

Ta gente provavelmente eu não estava correndo e sim me arrastando rápido... Se é que vocês me entendem... 

Cheguei em frente à sala e bati com toda minha força na porta. Mais que depressa Robson abriu:

–Menina? A senhorita quer derrubar a porta? –Respondeu lentamente.

 –Robson! Pelo amor de Deus me ajuda a separar os garotos! AJUDA! – Putz, eu estava tão nervosa que minha voz tremia.

–Quem ta brigando? Onde eles estão? Fala menina! –Robson, do nada mudou da água para o vinho... Me segurou pelos ombros e ao ficar nevorso porque eu não conseguia falar mais nada me sacudiu.

Como a porta abria pra fora, ele não conseguia ver a briga que estava acontecia a menos de 10 metros dali, então apenas apontei.

Vi o Robson ficar branco. Na mesma hora o homem saiu correndo.

Novamente recuperei o fôlego e me arrastei rápido, obrigando minhas pernas a sairem do lugar.

Como eu tremia! Dessa vez não eram só as pernas, mas sim o corpo inteiro.

De trás, vi “seu” Robson agarrar e levantar Nando, enquanto Luis levantava e partia pra cima de novo, pude ver o estrago que aquela briga havia provocado nos dois. O Nando com a boca e o nariz sangrando.

O Luis com o supercílio cortado, jorrando sangue pra todos os lados, e um olho vermelho. Quanto sangue meu Deus! O rosto do Luis, mais parecia uma mascara vermelha, e o rosto do Nando? Saia tanto sangue do seu nariz que faziam desenhos vermelhos pelo chão a fora .

Finalmente cheguei perto, na verdade era perto, mas quanto mais eu "corria" mais longe o local se tornava.

Robson coitado não conseguia conter a raiva dos garotos, tentava sem êxito afastar Luis que batia em Fernando que não conseguia se defender. De repente Nando se soltou de Robson, defendeu um chute, deu um soco em Luis e desabafou:

–Quem é o imbecil? QUEM É A MOÇA? FALA IDIOTA! Se liga, a garota não te quer! –Falou enquanto era novamente imobilizado por Robson.

–É O QUE VEREMOS! –Luis levantou esbravejando, cuspindo sangue e encarando Fernando que retribuía o gesto enquanto Luis passava do seu lado indo em direção ao pátio.

–Solta, me solta! –Pediu Nando.

–Você não vai atrás dele? –Perguntou Robson.

–Não, cara! Pode me largar!

Soltando Fernando, Robson correu pra sua sala pegou um esfregão, um balde com água e com agilidade começou a limpar toda aquela bagunça.

Eu ainda pasma com que havia acontecido, fui em direção ao Nando quando inesperadamente ouvi:

–Não! Não chega perto me deixa!– Sua voz era irritada.

–Mas Nando... –Procurei seu olhar.

–Viu o que você me fez fazer?– Que estranho porque ele estava gritando comigo? Por acaso ele está colocando a culpa em mim?

–Eu? Como assim? Quem te disse que eu queria que isso acontecesse?

     –Eu desço e vejo você aqui com ele. O cara estava cheio de graça contigo e você lá dando assunto.

Ouvir aquilo me deu uma raiva... E ela só aumentou quando ele passou por mim, me dando as costas no meio da converça, indo em direção ao portão que dá acesso ao jardim dos fundos. O observei com cara de tacho andar pelo corredor e vira a direita empurando o portãozinho de ferro.

      Não perdi tempo fui atrás. Quando empurrei o portão o vi sentado no primeiro banco.

É agora:

–Caramba, você sempre chega na hora errada, eu não estava dando mole pra ninguém! Ele me insultou e eu apenas respondi...Errado foi você em cair no joguinho dele. O que você viu só aconteceu porque eu cheguei atrasada e na pressa quando virei o corredor dei de cara com ele, não foi nada combinado! Eu não sei o porque você quer que eu te de explicações? Nós não demos um tempo? Poxa Fernando você está sendo infantil...

Um peso de 180 quilos parecia ter saído de mim. Fernando estava sentado olhando pra baixo e assim permanesceu. 

O sangue que saia de seu nariz estava me encomodando, mas ele não parecia encomodado... O ritmo com que o sangue caia, o silêncio e aflição do momento estavão me deixando nervosa. A blusa branca estava começando a ficar ensopada.

Sem me olhar, como se não tivesse coragem, balbuciou:

 –Por favor, passa na minha sala e pega minha mochila.- Falou ele esfregando o nariz em sua manga.

  –Por quê? Pra quê?

–Não quero que ninguém me veja assim. Além disso quero ir embora.

–Tudo bem, mas antes você vai passar na enfermaria pra cuidar desse rosto. Promete? Se não prometer, não pego a mochila. –Falei rindo.

–Ta eu vou. –Sua voz havia melhorado o tom frio tinha uma pitada de humor.

–Vamos!


                                                     ***


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