19:57

A campainha tocou e Katniss quase correu para atender, a loira olhou pelo olho mágico e viu Peeta passando a mão na nuca esperando impacientemente que ela atendesse a porta.

O som da tranca foi ouvido e a porta se abriu.

–Boa noite. –Katniss cumprimentou cordialmente.

–Você está linda. –Estava quase babando.

Katniss sorriu. A loira usava um vestido branco com a parte de cima bordada com desenhos pretos e a cintura bem marcada, o sapato preto com um pequeno salto, as unhas pretas, um anel de flecha combinando com os brincos com o mesmo motivo, os cabelos soltos estavam cheios de cachos feitos com babyliss.

–Onde está a sua amiga? –Peeta perguntou.

–Ela já está vindo. –Respondeu ao garoto.

–Katniss este é Cato Hadley. –Apresentou.

Katniss esticou a mão e Cato apertou, ela não queria dar beijo no rosto do amigo do rapaz que ela estava afim.

–Sevina. –Katniss berrou.

–Já estou indo. –A voz feminina disse. Cato estremeceu. –Estou aqui Kat. –A garota disse ajeitando o pingente de asas.

Clove vestia um vestido azul marinho todo de renda,sandália de salto preta com dourado, um anel com uma pedra preta enorme, uma bolsa á tira colo e segura um casaco branco.

–Peeta essa é Clove Sevina, minha melhor amiga. –Apresentou e a baixinha levantou a cabeça sorrindo.

–Não. Não. –O sorriso se desfez e a garota virou de costas.

Clove entrou em pânico, Katniss sorriu para os dois rapazes e virou de costas para falar com a amiga.

–O que está acontecendo Sevina? –Perguntou brava com o comportamento infantil da amiga.

–Lembra-se do garoto do parque? –Perguntou.

–O loiro? –Clove assentiu e Katniss esbugalhou os olhos. –Uma palavra para vocês dois. –Clove estreitou os olhos. –Destino. –Clove revirou os olhos.

Peeta olhou para Cato que estava com um sorriso no canto dos lábios, o loiro fazia esforço para prender o sorriso.

–O que foi Cato?

–A garota da pipoca é a amiga da sua namoradinha. –Contou.

–Eu disse que você estava apaixonado. –Pigarreou.

–Eu não estou. –Insistiu.

Katniss obrigou Clove a virar-se de frente e ela revirou os olhos ao olhar para o loiro que sorria sinicamente para ela.

–Acho que os dois já se conhecem. –Katniss disse sem graça.

–Ela não quis saber meu nome. –Cato provocou.

–Ah então, Clove esse é Cato Hadley. –Katniss obrigou a amiga a pegar na mão do loiro.

–É melhor irmos. –Peeta chamou.

Os quatro desceram e Clove entrou em pânico ao constatar que haviam duas motos estacionadas na frente do prédio.

–Nós vamos de moto? –Encarou o loiro.

–O tampinha vai com a sua amiga e você vai comigo. –O loiro sorriu.

–Eu não vou. –Teimou.

–Você vai sim. –Insistiu.

Katniss e Peeta assistiam os dois se alfinetarem.

–Nasceram um para o outro. –Katniss disse.

–Apoiada.

Enquanto Katniss e Peeta esperavam pacientemente, Cato e Clove ainda discutiam.

–Eu não vou e ponto final. –Clove bateu o pé.

–Por bem ou por mal? –Cato ameaçou.

–Você não seria capaz. –Clove recuou um passo.

–Quer ter uma prova de que eu seria?

–Não. Me dá a droga do capacete. –Clove foi vencida.

As motos pararam na frente de um restaurante, os dois casais entraram. Clove sentou de frente á Cato, Peeta ao lado do loiro e de frente á Katniss.

–Quem vai começar a falar? –Katniss perguntou.

–Katniss quantos namorados você já teve? –Peeta começou.

–Um, quando eu tinha uns doze anos eu namorei meu melhor amigo.

–O Gale? Você namorou aquele mané? Por que não me contou? –Clove virou-se inconformada.

–Namorei, mas hoje somos apenas amigos. Não te contei porque você o odeia e quando eu te contasse você iria usar esse seu olhar “Olá eu sou uma maluca psicótica ciumenta”. –Katniss riu.

–E você? -Cato virou-se para Clove.

–Nenhum e antes que perguntem... Porque o amor é apenas uma besteira inventada pelo cérebro humano para nutrir, e ou substituir, seus instintos egoístas e melancólicos. E a carência, é claro. –Tomou um gole de suco de melancia.

–Uau! Grande filosofa. –Cato fingiu bater palmas.

–E você Arranha Céu? –Clove perguntou á Cato.

–Eu tive uma única namorada, a Glimmie, você a conheceu no parque Wall-e. –Deu ênfase ao apelido que acabara de dar a baixinha.

–Por que Wall-e? –Perguntou.

–Porque ele é pequeno e chato para caramba. –Respondeu.

–Ele não é chato, arranha céu! –Reclamou.

–Olha que fofo Katniss, eles já tem apelidos um para o outro. –Peeta zombou.

–Casem-se. –Katniss começou a rir.

–Próxima rodada de perguntas. –Clove mudou de assunto.

–O que você faz da vida Clove? –O loiro alto perguntou.

–Eu estudo Jornalismo com a Kat. –Disse.

–E não trabalha? –Os olhos azuis ficaram enormes.

–Não, não preciso. –Sorriu de lado.

–Papai sustenta? –Cato provocou e Clove mostrou a língua.

–Vamos fazer assim cada um de nós vai contar um pouco sobre si. Comece Arranha Céu. –Clove determinou.

–Se faz tanta questão. –Pigarreou. –Cato Hadley, dezenove anos. Nasci aqui nessa bela cidade, eu sou o único filho biológico da família, tenho uma irmã adotiva, Taylor, ela tem uns quinze anos no máximo. –Começou.

–Doze. –Peeta corrigiu.

–Que seja. Continuando. –Respirou fundo. –Sempre fui o preferido da família, até ela chegar, mas tudo bem porque eu a amo. Terminei os meus estudos, me alistei no Exército e fui convocado e hoje eu sou Cabo Hadley. Minha vida amorosa dispensa comentários. –Sorriu.

–Então você vai embora quando? –Clove perguntou.

–Daqui á quinze dias. –Respondeu.

Clove assentiu e desviou o olhar. Mal havia o conhecido, mas já iria ter que deixar de vê-lo.

–Peeta Mellark, dezoito anos e meio. –Começou. –Filho único porque algumas coisas aconteceram na minha vida. Namorei uma garota da Escola uma vez, mas não consigo me lembrar do nome dela porque ela era uma chata e meu cérebro a apagou da minha memória. Assim como o loiro bonitão aqui. –Apontou para o Cato. –Sou soldado, só soldado mesmo. Nada de Cabo. Soldado Mellark. E a minha vida amorosa é meio complicada. –Terminou.

–Katniss Everdeen, dezessete anos. Estudante de jornalismo, garçonete, tenho uma irmã chamada Primrose, não me dou muito bem com a minha mãe e meu pai faleceu e eu até gosto do meu padrasto. Fã de Coldplay, mas nunca fui á um show deles e é um dos meus sonhos e eu tenho uma lista de desejos na porta do meu guarda roupas. Solteira e a minha vida amorosa se resume á isso. –Suspirou sorrindo.

–Clove Sevina, dezessete anos. Filha única, a menina linda do papai e a amiga de compras favorita da minha mãe. Não tenho problemas familiares, nunca namorei sério com ninguém, amo quebrar corações de garotinhos idiotas que tenham quebrado corações de garotinhas inocentes. Estudante de jornalismo, e não estou nem aí para isso também porque se eu não quiser nada da vida meu pai me sustenta. Minha vida amorosa... Ah! Eu não tenho vida amorosa. –Disse gabando-se.

–Você vai se apaixonar por alguém e isso vai ser arrebatador e você vai pagar a sua língua. –Cato jogou a praga.

–Que volte para você. –Clove devolveu.

O resto da noite passou em um piscar de olhos.

–Leve-a direto para casa. –Peeta disse á Cato.

–E para onde eu iria levar ela? –Arqueou a sobrancelha.

–Para um rio e afoga-la, você disse lá dentro. –Peeta riu.

–Pode deixar. –Levantou as mãos em rendição.

–Vai demorar? –Clove colocou a mão na cintura.

–Nem um pouquinho, vossa majestade. –Cato reverenciou.

Cato parou a moto em frente ao prédio.

–Está entregue.

–Obrigada.

Entregou o capacete ao loiro e começou a andar.

–Espera aí. –Cato desceu da moto.

–O que foi? –Perguntou áspera.

–Eu ainda vou te ver até voltar para guerra? –Perguntou.

–Eu te tratei mal a noite inteira e você ainda quer me ver?

–Quero.

Clove retomou a caminhada e quando chegou à portaria olhou para trás.

–Amanhã á tarde me espere aqui. –Sorriu de lado.

–Esperarei.

Peeta parou a moto em um parque.

–Eu nem acredito que conheci a melhor pessoa do mundo e ele vai embora para uma guerra. –Katniss suspirou pesadamente.

–Pois é. –Abaixou a cabeça.

–Peeta...

–Katniss...

–Fala você primeiro. –Peeta disse.

–Fale você.

–Se eu fizer uma coisa, você vai me bater? –Crispou os lábios.

–De maneira alguma.

Ele deu três passos até ela, colocou as mãos envoltas na cintura bem desenhada da loira, e delicadamente a trouxe para perto dele e beijou-a de uma maneira perfeita. Tudo se encaixava e o mundo ao redor havia sido desfeito.

–Me leve para casa agora. –Katniss tentava disfarçar a tremedeira.

–Como quiser. Mas amanhã eu posso... –Começou.

–Passa na lanchonete. –Sorriu de lado.

Os olhos dois brilhavam. Era impossível se apaixonar tão rápido, mas seja lá o que fosse aquilo, era bom.