Clove girou a chave na fechadura, o chaveiro de cachorrinho deu uma pequena volta, ela abriu menos da metade da porta e entrou silenciosamente, fechou a porta com cuidado e girou a chave novamente e a luz acendeu atrás das costas da garota.

Ela virou-se e lá estava uma Katniss vestindo um short preto e uma blusa regada verde com o desenho de um ursinho, uma mão da garçonete estava no interruptor e a outra na cintura.

–Deixa para amanhã, estou com sono. –Clove pediu.

–Onde você estava Sevina? –Vociferou brava.

Clove sabia que estava em maus lençóis porque Katniss havia a chamado pelo sobrenome e isso a deixou nervosa.

–Fui ao parque com as meninas. –Disse tentando transparecer calma.

–Você não foi á faculdade para ir á um parque? –Perguntou indignada.

–É Katniss eu fui á um parque. –Revirou os olhos. –Você precisa se divertir garota. –Colocou o chaveiro na mesinha de centro.

–Você precisa crescer Clove, você já tem dezessete anos. –Katniss cruzou os braços.

–Olha vamos pular para a parte que eu digo sinto muito e não vou mais fazer isso. –Passou pela amiga.

–Você um dia vai entender que eu quero o seu bem. –Katniss trombou no ombro da amiga e entrou no quarto.

O quarto bem espaçoso, metade pertence á Katniss e a outra metade pertencente á Clove. A parte de Katniss não tão enfeitada quanto a da amiga, com uma cama de madeira, lençol e fronha azul celeste com pequenos desenhos de flechas, um pôster da banda Coldplay, duas prateleiras ao lado do pôster, a primeira cheia de livros e a segunda com quatro porta retratos um com uma foto dos pais de Katniss e as outras três fotos eram de Katniss e Clove.

A parte de Clove com uma cama de mogno com lençol e fronha brancos com desenhos rosa, três prateleiras, a primeira com cadernos de poesia e citações, a segunda com fotos de família e a terceira com bonequinhas de porcelana. Um grande banner de fotos ao lado das prateleiras com fotos de Clove sozinha, fotos de família e a maioria dela com Katniss, haviam adesivos colados nas paredes, nas prateleiras e na cabeceira da cama.

Clove esperou que Katniss se acalmasse e depois abriu a porta devagar, Katniss estava deitada e ao ouvir a porta se abrindo fechou os olhos. Clove se jogou de costas na cama.

–Eu conheci um garoto. –Clove disse e Katniss virou-se para encara-la.

–Bonito? –Perguntou curiosa.

–Uhum. –Assentiu.

Katniss pulou da cama e se sentou ao lado da amiga que também se sentou e começou a mexer no anel girando-o em torno do dedo.

–Como ele é? –Katniss perguntou.

–Lindo. –Respondeu.

–Você já disse que ele é lindo, quero saber cor dos olhos, cor do cabelo, forte ou magro. –Sorriu.

–Loiro, alto, olhos azuis tempestuosos e muito brilhantes, porte atlético, do tipo forte. –Suspirou.

–Nome? –Questionou.

–Não deixei ele me dizer. –Contou.

–Sua burra. –Deu um tapa na amiga. –Mas por quê? –Perguntou indignada.

–Porque eu não queria que o nome dele ficasse ecoando na minha cabeça junto com a dúvida de se eu vou ou não vou vê-lo novamente. –Fechou os olhos.

–Você tá apaixonadinha? -Gargalhou.

–Katniss Everdeen você sabe que eu nunca me apaixono. –Gabou-se.

–Para tudo na vida existe uma primeira vez querida Clove. –Se levantou.

–Você me mandou uma mensagem dizendo que tinha conhecido um cara também. –Clove lembrou-se.

–O cabelo dele é como uma ilusão ótica, ás vezes parecia com um castanho bem claro e às vezes um quase loiro, olhos castanho-esverdeado, mede mais ou menos 1,70 ou 1,75. –Disse sorrindo.

–Nome e sobrenome. –Exigiu saber.

–Peeta Mellark. –Suspirou.

–Quero conhecer seu namorado. –Disse.

–Ele não é meu namorado. –Jogou uma almofada em Clove.

–Se é o que você diz. –Deu de ombros.

Clove tomou um banho e vestiu seu amado pijama um short e a blusa com uma xícara de café -Bebida que Clove é viciada-, e se jogou na cama, embrulhou-se até ficar apenas os olhos de fora.

Fechou os olhos e ele apareceu em sua mente como mágica, de repente ele estava lá em sua mente sorrindo para ela e depois indo embora e voltava novamente e depois ia embora á cada segundo sua imagem aparecia na mente dela.

“Eu tô ficando completamente louca!” Pensou consigo mesma.

Logo depois dormiu.

Katniss acordou ás cinco e quarenta da manhã ouvindo o som bem afinado de um violão, mas quem estava tocando? Ela se perguntou se era algum vizinho, mas lembrou-se que Clove sabia tocar. A moça saiu com passos leves e ficou olhando de longe a amiga sentada na varandinha dedilhando o violão roxo.

*

O despertador tocou e Cato já estava vestindo uma blusa cinza de malha, ele nem lembrava mais como era estar em casa.

O quarto enorme e solitário, a cama de solteiro com o lençol preferido dele, a cômoda, o guarda-roupas, os pôsteres de esportes, o skate encostado no canto do quarto, o cheiro de desinfetante, tudo tão diferente da guerra.

O loiro desceu as escadas correndo e nem se quer falou com ninguém, foi direto para a casa de seu melhor amigo, quase irmão.

Tocou a campainha e uma mulher de estatura baixa, olhos castanhos, vestindo um vestido marrom.

–Tia! –Cato ergueu-a pela cintura e rodou a mulher.

–Cato para com isso menino. –A mulher berrou.

–O tampinha tá aí? –Colocou-a no chão.

–Lá no quarto dele e ele vai matar você se o chamar assim novamente. –Advertiu rindo.

Cato de ombros e subiu as escadas. No final do corredor havia uma porta com uma placa de “Não entre sem bater” era sempre a mesma coisa, Cato nunca batia.

–Tampinha. –Se jogou no pufe em frente ao vídeo game e pegou o segundo controle.

–Que parte do “não entre sem bater” você não entendeu? –Peeta perguntou ainda olhando para a tela da televisão.

–Preciso conversar.

–Aconteceu alguma coisa? –Peeta cruzou os braços.

–Eu saí com a Glim ontem. –Contou.

–Não cara. –Peeta bufou contrariado. –Você é idiota? A garota te deu um fora histórico porque você se alistou e foi convocado pelo Exército, você volta para ficar um mês e sai com ela?! –Revirou os olhos.

–Só saí com ela para não ficar sozinho, mas eu a dispensei de vez. –Contou.

–Teve beijo? –Fez menção de vômito.

–Não. –Negou.

–E por que então você está com essa cara de apaixonado? –Arqueou a sobrancelha.

–Não estou com cara de apaixonado. –Cruzou os braços assim como Peeta.

–Conta logo.

–Eu conheci uma garota no parque.

–Como ela é? Nome? –Perguntou parecendo uma garota.

–Baixa, acho que bate no meu ombro. –Tocou o ombro. –Cabelo longo, escorrendo nos ombros, marrenta, ignorante, me odeia e o nome dela é Clove. –Riu pelo nariz.

–Você beijou ela? –Pegou o controle.

–Não, nós brigamos. –Fez o mesmo.

–Brigaram por quê? –Continuou concentrado no jogo.

–Derrubei a pipoca dela. –Riu lembrando-se da cena.

–Clove, a garota da pipoca. –Peeta disse.

–Cala a boca. –Cato enrolou uma blusa e jogou no rosto do amigo.

–Não me diga que você está mesmo apaixonadinho? –Começou a rir.

–Eu não estou. –Colocou o controle no chão.

–Ela é tão linda assim?

–Eu não estou pensando nela e não estou apaixonado por ela. –Cato tirou o controle das mãos de Peeta. –Você que me mandou uma mensagem todo apaixonadinho. –Fez um coração com as mãos.

–Eu fui ao trabalho dela ontem á noite e um cara que trabalha lá não quis me dar nenhuma informação sobre ela, mas tive sorte que outra funcionária me disse que ela estava na faculdade. –Contou.

–Você foi lá?

–Não, é claro que não. –Coçou a nuca.

–Vá lá ao trabalho dela e a chame para sair. –Cato disse sem paciência.

–Será que ela não tem uma amiga para sair com você? –Arqueou a sobrancelha.

–Não preciso sair com ninguém.

–Você precisa tirar a garota da pipoca da cabeça. –Peeta se levantou.

–Você está certo. –Deu de ombros. –Quando voltar passa lá em casa. –Bateu a porta do quarto.

Mais tarde...

Peeta entrou na lanchonete e Katniss o encarou sorrindo, ela não esperava que ele fosse voltar, mas ela queria.

–Bom dia. –Peeta disse.

–Bom dia, deseja alguma coisa? –Sorriu de lado.

–Você quer sair comigo hoje á noite? –Perguntou.

–Convite aceito. –Aceitou prontamente.

–Você não tem uma amiga para te acompanhar não?! –Katniss encarou-o sem entender. –É que meu amigo está precisando sair. –Disse.

–Tenho. –Afirmou.

–Me dá o seu endereço para que eu possa ir te buscar em casa?

Katniss pegou o bloquinho de pedidos e anotou em uma folhinha o endereço e o número do celular.

–Obrigado, nos vemos mais tarde. –Sorriu para ela.

–Vamos onde?

–Onde você quiser.

–Eu conheço um lugar legal. –Sugeriu.

–Então é nele que nós vamos.

–Ás oito? –Perguntou.

–Pode ser. –Assentiu e saiu.

O celular de Katniss vibrou no bolso do avental e ela pegou para atender a ligação.

“Kat?”

“Oi prima, está tudo bem?”

“Está sim, nós estaremos viajando amanhã.”

“Certo, o apartamento é vizinho ao meu e já está desocupado.”

“Tudo bem querida, até amanhã”

“Até”

Desligou a ligação e suspirou aliviada ao perceber que o patrão não havia a visto atender ligações e conversar com um rapaz durante o trabalho.

Peeta estava voltando para casa de moto, a cabeça do rapaz estava tão cheia de pensamentos que quase bateu a moto na traseira de uma Ferrari.

O soldado estacionou a moto na frente de sua casa e foi direto para a casa do melhor amigo, tocou a campainha e logo o loiro apareceu.

–Falou com ela? –Cato perguntou enquanto dava passagem para o amigo entrar.

–Falei e ela vai levar uma amiga. –Avisou.

–E se a garota for chata? –Cruzou os braços.

–Você dá um fora nela. –Deu de ombros. –Só se ela for chata. Não dê um fora na garota porque estará com a senhorita pipoca na cabeça. –Advertiu.

–E quem disse que eu estou com ela na cabeça?

–Eu te conheço desde que me entendo por gente Cato. –Falou como se fosse óbvio.

–Deixa de ser idiota.

–Não posso deixar de ser uma coisa que eu não sou. –Deu ênfase.

–Eu só a vi uma vez na minha vida inteira e você acha que eu estou apaixonado por ela?! –Bufou contrariado.

–Eu disse que você está com ela na cabeça e não que você está apaixonado por ela, mas se a carapuça serviu o problema é inteiramente seu. –Riu.

–Vai dormir para sonhar com a sua amada garçonete. –Zombou.

–Antes garçonete do que viciada em pipoca. –Provocou.

–Como você quer que eu pare de pensar nessa garota se você fala dela á cada cinco segundos?

–Então você está mesmo pensando nela? -Brincou com as sobrancelhas.

–Não foi o que eu disse. –Negou.

–Na verdade... –Abriu a porta para sair. –Foi sim. –Gritou e fechou antes de levar uma surra do loiro.