Minha aventura escrita por xGabrielx


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

É um tema sobre o qual sem o concurso duvido que eu tentaria escrever. Foi interessante. Não gosto de criar pares entre os personagens, mas, por CASH, né...



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A floresta o envolvia.

Árvores de dez, quinze metros enchiam a maioria da paisagem. Aqui e acolá, algumas de troncos mais grossos e que alcançavam alturas muito maiores também marcavam sua presença. Mais perto da terra, plantas menores viviam da luz que atravessava as folhas e galhos das mais altas – diversas espécies de arbustos e flores, inclusive aquelas que se prendiam aos troncos de árvores grandes o suficiente, enchiam o chão que de outro modo seria apenas terra e, vez ou outra, troncos caídos onde diversos insetos e animais faziam sua morada.

Ercnard escondia-se agachado atrás de uma moita. Era grande o suficiente para cobrir seu corpo, mas também grossa o bastante para não permiti-lo observar seu alvo. Em sua mão direita segurava sua espada, Renascer. A mão esquerda envolvia uma lança apoiada no chão, com um cabo metálico levemente maleável e lâmina avermelhada na ponta. Estava respirando o mais levemente possível, mas iria prender sua respiração e parar por completo. O animal logo chegaria perto o suficiente.

Medindo o tempo mentalmente, soube que a distância entre os dois estava boa. Ajustou sua perna direita mais para trás e saltou. Seus cálculos estavam corretos: o animal, que tinha a forma física de um urso, mas com orelhas talvez grandes demais para seu rosto e longos e grossos bigodes saindo do focinho, estava bem à frente e percebeu rapidamente o movimento vindo da moita. Embora estivesse de lado e de quatro, virou-se sustentando o corpo nas duas pernas a tempo para levar de encontro à ameaça suas presas e garras.

O Sieghart direcionou a lança na direção do animal e impulsionou-a mirando sua cabeça. O animal, no entanto, balançou uma de suas patas, desviando a trajetória da arma e então moveu o outro braço na direção do homem que ainda caía do salto. Fora de equilíbrio, Ercnard ainda conseguiu interpor entre sua cabeça e as afiadas garras a espada, que cortou a pata do animal e o fez retrair dois passos com uma estridente vocalização.

Com um dos joelhos no chão, lançou-se novamente contra a caça. Dessa vez, a lança foi rebatida com tal força que entortou totalmente para o lado. Estava inutilizada, mas não era problema. Atirou a lança para o lado e seguiu para o novo golpe. O salto que Ercnard dera foi pequeno o suficiente para, com um dos pés já no chão, dar um último impulso e perfurar com Renascer a base do pescoço da vítima, que deu, em vão, passos para trás. Novamente, deu um grito estridente, que dessa vez perdurou o tempo que levou para o homem apoiar suas duas mãos no cabo da espada e, antes que levasse um golpe das garras, empurrasse para baixo cortando toda a frente do urso. O animal então caiu de lado e, com seu sangue e provavelmente estômago vazando pelo corte, deu um último suspiro após o que poderia muito bem ser suas últimas palavras – gritos fortes e fracos com diferentes tons de voz e intervalos entre si.

“Passo.” “Entre.” “Torre.” “Penso.” “Teto.” “Pessoa.”

Toda vez era necessário lembrar a si mesmo que nenhum desses animais poderiam ter aprendido as diversas palavras que pensava ouvir ao matá-los. “Meu deus!” pensou o Sieghart “Esse bicho é estranho demais!...”.

Tudo ali era estranho demais – ainda eram muitos os aspectos com os quais não conseguira se acostumar.

Fazia anos que, junto de Mari, saíra de Ernas. Anos que vivia naquele lugar que não era o deles. Anos.

Ainda sentia falta de seu mundo.

Ninguém chamaria aquilo de uma boa despedida.

Existem boas despedidas?

Ninguém poderia chamar de uma despedida.

Os detalhes não importavam.

Ernas seria destruída, e a Grand Chase deveria salvar o mundo. Eles eram os melhores, mas não era por esse motivo. Se tivesse que chamar de algo, seria porque tiveram azar.

Estavam no lugar errado e na hora errada. Nem mesmo os Deuses poderiam fazer algo caso estivessem em seu lugar.

Amy e Ronan morreram na hora. A Pandora, então, foi o suficiente para tornar tudo em um pesadelo: seu potencial infinito acabou por ser usado por mãos mais habilidosas.

Mãos! As chances eram de que, em vez de algum inimigo, aquilo fosse apenas um evento da natureza.

Não importava. Quando pensaram que finalmente o perigo acabara, fissuras dimensionais surgiram onde estavam. Mari disse depois que muito provavelmente era apenas uma reação natural ao fim do evento. Ercnard estava perto dela e Elesis. A última coisa que se lembra de ter visto foi sua neta estendendo a mão. Nunca mais, no entanto, ele voltaria a tocar aqueles dedos que o buscavam.

Nos primeiros dias no novo lugar, Ercnard pensava somente na neta. “Elesis ainda estava em seu mundo.” “Não fora sugada para outra dimensão.” Precisava acreditar nisso.

Logo percebeu que ele e Mari precisavam servir de suporte um ao outro. Não... Ele precisava servir de suporte para ela, e se não o fizesse direito, dessa vez quem morreria era a Mari.

Após costurar o corte com todos os órgãos dentro, Ercnard tentou levantar o corpo do animal. Não moveu um centímetro.

“Idiota.” pensou. Só rolá-lo de barriga para cima já fizera começar a suar. A tentativa fútil de usar mais de sua força só o fez lembrar novamente do lugar onde viviam. Não havia magia. Levou tempo para chegarem a termos com essa ideia, e ainda assim não era nada agradável. Ercnard nunca imaginara que tão pouco de toda sua força era física. A falta de liberdade que sentiu ao ter seus movimentos tão limitados foi enorme. Mas quem realmente sofreu foi Mari – toda a sua vida girava em torno de máquinas, e magia era a fonte de energia. O extenso conhecimento que acumulara em sua vida sobre como construir máquinas que aproveitassem ao máximo aquela poderosa e versátil forma de energia era agora inútil.

Todo o sentido de sua vida tinha ficado para trás, em Ernas.

Bem... talvez não exatamente todo o sentido. Para o bem ou mal, os dois estavam juntos. Antes, junto da Grand Chase, Elesis era a mais importante, mas não aguentaria viver lembrando-se da potencial vida que ela estaria perdendo junto dele nesse mundo.

Poderia ser apenas seu instinto, um desejo vindo somente de sua vontade de viver, mas estava feliz por não estar só. Estava feliz por estar com a Mari. Por ser ela a pessoa junto dele... Por ter sido ela. Nenhuma outra serviria. E ela também, com ele...

...

Mas talvez, ele fosse afinal a razão de todo o sofrimento que ela sentia. Já vivera centenas de anos. Já se acostumara com a perda. Doía, mas conseguira se acostumar. Ela... Era diferente. Primeiro Calnat, e depois a Grand Chase e todo o seu mundo... Talvez fazê-la seguir em frente fosse o mais cruel.

- Chega! – gritou. Já pensara em tudo isso mais de mil vezes. Já se decidira. Esse ano ele saberia.

O animal estava envolvido em plástico e o material, por vez, coberto por galhos e folhas. Agora precisava ir para a cidade chamar os carregadores.

Já começara a ver os dirigíveis. Assim se chamavam os navios de madeira e metal com enormes bolsas de ar quente em vez de velas. Em dias de sorte, conseguia refletir o sol com seu espelho para algum olho no ar e eles viriam buscá-lo. No entanto, não eram muitos os que se aproximavam da floresta, e a maioria o fazia com algum objetivo que não permitiria o desvio de caminho para recolher alguém.

Hoje era um dia de sorte.

O navio que seguia para a cidade virou em sua direção. Uma corda começou a ser baixada e a velocidade do veículo foi diminuindo. Ercnard, que se equilibrava no topo de uma árvore, saltou para outra ao lado e novamente, para o ar, agarrando a corda. Ao segurá-la perto de seu corpo, enrolou-a em suas pernas para sustento e começou a subir.

“Eles estão ficando folgados.” Normalmente os navios paravam quase que completamente e ainda havia o tempo de ajuste para o passageiro conseguir alcançar a corda.

Em pouco tempo os “navegantes” perceberam que não era necessário tanto cuidado com Ercnard.

- Homem dos Ursos! – gritou um dos tripulantes enquanto o Sieghart subia a corda.

Não era exatamente urso, mas era o nome daqueles animais. “Urso” servia.

- Outro hoje? – perguntou outra pessoa.

Ainda subindo, fez sinal positivo com a mão para aqueles no topo e ouviu um grito e depois mais outros diversos gritos de comemoração. “Pelo jeito não vou ter que ir e voltar dessa vez”. Com um último esforço de todo seu corpo e um salto, o homem pousou no navio. Era um navio. De onde quer que se olhasse, era um navio voador. Faltavam as partes de baixo, usadas para mudar a direção, mas as velas e algumas bolsas de ar com buracos para impulso do ar faziam esse trabalho.

- Vamos buscar sua caça! – falou um dos homens. Talvez o capitão. Alguns homens estavam pendurados nas cordas que seguravam as bolsas de ar, outros corriam de um lugar para o outro, mas a maioria estava de olhos na figura que acabara de subir para o navio.

- Muito obrigado. Este é Vannar Bau, não? Tripulação nova?

- Correto! É uma honra que se lembre de nós! E, sim... Infelizmente Valalar está em necessidade de mais pessoas na guerra. O pagamento é bom, mas nós que ficamos aqui passamos por falta de bons braços...

O Sieghart olhou para os rostos novos e então para seus corpos. Realmente, eles pareciam bem menos preparados fisicamente.

- Qual é a direção e a distância? – perguntou o homem do navio.

- Para lá. – disse, após olhar para sua bússola e apontando na direção do norte. – Um dia e meio a pé sem descanso.

Os homens em volta soaram surpresos. Suas feições, pelo menos. Ninguém parecia se atrever a soltar um som.

- Não é muito perto... Que tal quarenta por cento?

Dessa vez o Sieghart foi quem exclamou com os olhos.

- Não acha um pouco demais? Vinte por cento me parece mais justo. – e abriu um sorriso ao percorrer os olhos pelo navio – Ainda mais vendo seus homens...

-Ora, ora... Não os subestime tanto! O que lhes falta em habilidade eles mais do que compensam em esforço! Que tal trinta e cinco por cento?

- Vinte. Minha lança foi quebrada e precisarei comprar outra. Não espera que eu cace outros somente com isso, não? – uns tapinhas na Renascer, embainhada no lado esquerdo de sua cintura atraíram os olhos do homem, que se delongou por um momento na da arma.

- Bem... Escute só... Trinta por cento e ainda tem mais: soube que a Duquesa de Oaroa está querendo um novo casaco de urso. Se a pessoa é você, imagino que ela não vá economizar no pagamento. Você ainda vai poder descansar enquanto buscamos e voltamos para Valalar. Podemos até levá-lo para sua casa depois, se preferir.

Duque de Oaroa. Um dos homens mais ricos da cidade. Sua mulher certamente estaria desesperada para gastar a fração de sua fortuna em uma pele de qualidade. Mas por mais que a oferta do transporte até sua morada fosse atraente, não poderia aceitar.

- Vinte por cento – o homem ia reclamar, mas Ercnard levantou a mão. – pela pele e cabeça. O resto, você fica com oitenta por cento.

Os olhos do homem brilharam. A pele era a parte mais valiosa, mas graças à enorme dificuldade de se encontrar corpos ainda não decompostos desse animal, as inúmeras superstições ligadas à sua raridade e efeitos supostamente místicos chegavam a preços altíssimos no mercado. O perigo e dificuldade de se caçá-lo tinha retorno equivalente em valor de moeda.

- Negócio fechado, então! – respondeu o homem, batendo duas vezes as palmas das mãos uma contra a outra e estendendo uma para aperto de mão. O Sieghart fez os mesmos gestos e retribuiu o aperto.

O animal fora recolhido. Já se passaram três dias desde que saiu – se o tempo continuasse bom, levaria apenas mais um dia para voltar. O festival anual ocorreria em algumas semanas: dessa vez levaria Mari. Era uma das únicas coisas que trazia o sorriso ao seu rosto.

Valalar. Nenhuma outra pessoa parecia perceber sua feiura. Talvez fosse só Ercnard. Talvez fosse porque não é desse mundo.

Sim, havia certa mágica na engenhosidade com que fora construída. Até mesmo ele sentia encantamento pelas construções que resultaram do domínio sobre o vapor. Havia a prova de uma glória do passado.

O que não gostava era a atmosfera. Ao sair da floresta e seguir pelas planícies em direção àquela cidade de pedras e metal, já começava a sentir falta das árvores. O mundo parecia perder sua vida. O alaranjado sem cor do cobre, cinza do ferro, o branco sujo das fumaças que saíam de todos os lugares para onde olhasse... As casas de telhados mortos e ruas imundas das periferias. Os dois castelos imponentes em forma, mas também apáticos na cor. Tudo, tudo à sua volta parecia... não morto, mas sem vida. Como uma máquina que teve seu uso já ultrapassado.

Uma vez compartilhara seus sentimentos com uma mulher que comandava um navio.

“Que ideia mais estranha!” respondeu ela. “Eu vejo como o progresso. O domínio do homem sobre a natureza. Finalmente nos libertamos das nossas limitações e caminhamos em direção a uma era de glória – o escuro, o mar, a terra, o céu. Pouco a pouco dominamos cada um desses aspectos. Veja só: precisamos todos sair e caçar comida? Basta que o homem contribua para a sociedade e ele terá alimento que outro cultivou. ...claro, temos problemas ainda, mas toda mudança leva tempo. Com o avanço suficiente da tecnologia, logo não precisaremos temer mais nada! A não ser... Bem... Talvez superemos até mesmo a morte, não acha?”

A morte.

Por mais de 600 anos Ercnard estava vivo. Já recebera ferimentos que o teriam matado não fosse a bênção da imortalidade.

Foi definitivamente uma bênção. Poder ver seus descendentes e novamente proteger Canaban... Vermécia... Seu mundo. Valeu a pena viver todo aquele tempo.

Mas valia mesmo a pena continuar a viver?

Segundo Mari eles completariam dez anos desde que vieram para este mundo. Mais que um terço da vida dela. Ela contava todos os dias ali.

Apesar de não existir magia, o Sieghart não parecia envelhecer. Se ele ainda podia sobreviver a ferimentos mortais, era outra questão. Mas, assim como Valalar, seu tempo provavelmente também já fora ultrapassado.

Os dois andaram por muito tempo até ficarem em um lugar. Os olhos diferentes de Mari também dificultaram muito sua viagem. O cabelo azul poderia ser escondido com capuz, mas em nenhum lugar qualquer acessório – óculos ou lentes parecia existir. Olhos vermelhos não faziam parte dos habitantes desse mundo. Logo os dois perceberam que a própria aparência de Mari, e em menor grau a de Ercnard, atraía o mau ânimo dos habitantes do lugar.

Como viriam a saber, a população do local onde viveram o primeiro ano era extremamente xenófoba em razão de inúmeras guerras e instâncias de exploração por outros povos. A rejeição era tão grande que qualquer tecnologia diferente era rejeitada.

“Preferem morrer a aceitar mudanças.” comentou Mari certa vez.

A diferença entre as regiões era tremenda. Ao chegarem ao país onde depois passaram a morar, encontraram enormes cidades de metal. Mari agora evitava qualquer contato possível com outras pessoas a não ser Ercnard. Foi ela quem quis morar na floresta, longe de todos. Se consentir com sua vontade fora a decisão certa, o Sieghart não saberia, mas não queria privá-la de mais decisões.

As máquinas, no entanto, tomaram toda a atenção da tecnomaga. Caiu sobre as costas do Sieghart o papel de trazer livros e materiais para estudo e construção de itens dos mais diversos tipos. Os dois anos seguintes consistiram no aprendizado da língua do novo mundo por ambos. Não que ela fosse tão complexa, mas o pouco contato por parte de somente um deles com outras pessoas, e ainda mais por tempo limitado, pois Ercnard temia, e muito, deixar Mari só por muito tempo, atrasou em grande quantidade o avanço da aprendizagem.

Vapor não chegava nem perto do potencial da magia, mas Mari estudava com tanta voracidade quanto fossem a mesma coisa. Talvez o que importante para ela fosse a construção e não necessariamente a utilidade do resultado. Ou talvez ela estivesse mergulhando nos livros e ainda mais nas máquinas para esquecer o mundo além das paredes.

O lugar onde construíram sua casa era tão longe de tudo que a não ser que alguém o seguisse, Ercnard tinha certeza absoluta que nenhum humano os encontraria. Como Mari precisava de espaço para seus experimentos, mas não poderiam arriscar chamar atenção, a alternativa foi expandir para debaixo da terra. Tempo, havia de sobra.

Só havia um motivo pelo qual Mari aceitava ir para a cidade: o Carnaval. Um festival anual, segundo as pessoas de Valalar, feito em comemoração à prosperidade do homem. Parecia antes ter sido em virtude de alguma religião, as o motivo atual agora era o homem em si.

A primeira vez que presenciaram o festival é a primeira vez que Ercnard se lembra de tê-la visto sorrir nesse mundo. O sol estava se pondo quando chegaram à cidade de metal, e as comemorações já tinham iniciado – as pessoas usavam máscaras dos mais diversos tipos, que eram distribuídas para todos da cidade, e perucas com as mais diferentes cores. Os adornos que acompanhavam as roupas e máscaras eram coloridos, brilhantes e demonstravam diversas formas.

No céu, fogos de artifício começavam a ser soltos e juto das explosões de múltiplas cores e infinitas formas de vermelho, azul, verde, amarelo; diversas músicas de ritmo animado podiam ser ouvidas de todo o lado.

E as máquinas! Em diversas ruas, vários robôs avançavam enquanto se moviam imitando o corpo humano, carros de metal seguiam com máquinas em cima mostrando movimentos complexos e dançarinos em volta realizavam variadas coreografias com suas roupas construídas por artistas.

Eles passariam aquela viajando entre o mar de pessoas nas ruas e pulando pelos telhados de diversas casas, e o Sieghart nunca se esqueceria do fascínio com que a tecnomaga observava os movimentos de todos aquelas construções que passavam pelas ruas, das diversas cores das explosões no céu tomando por momentos o espaço da luz da lua em sua pele, dos brilhos em seus olhos, e dos sorrisos que vez ou outra tomavam seus lábios ao avistar algo ainda mais fascinante...

- Leve isto. – disse Everel. O único amigo neste mundo. Também a pessoa a quem Ercnard confiava a venda dos corpos dos “ursos”.

Ele estendia uma caixa de madeira com mostradores de diversos tipos e um objeto com alguns buracos ligado por fio à caixa.

- Um rádio? – perguntou o Sieghart. Os dois sentavam em lados opostos da mesa de um bar. Ercnard recusou o objeto. – Obrigado, mas sabe que não gosto dessas coisas...

- Tem certeza? Lhe pouparia bastante tempo para trazer os ursos à cidade.

- Bom, eu levo isso aí quando vocês largarem essa superstição quanto à floresta. “Amaldiçoada”! Sabe quantos anos eu já vivo lá?

- Isso é porque você não é de Valalar! – respondeu o homem com um sorriso. – Tem sorte de ser um dos únicos estrangeiros... O que você faria se todos nós entrássemos lá com nossos rifles?

- Ainda ia caçar os ursos. Eles ouviriam vocês a centenas de metros e nenhum de vocês veria sequer um vivo!

- Talvez... Ou talvez você se surpreendesse com a nossa força.

- Já vi coisas e vivi por mais tempo do que você imaginaria, amigo. Seria difícil me surpreender...

- Não duvido. – após, uma pausa, ele continuou – Você seria uma grande ajuda para Valalar na guerra.

- Como pode dizer isso? Já me viu lutar?

- Não, mas não preciso. Homens como você... Consigo ver esse ar diferente. Sei que veio ao mundo para fazer coisas grandiosas.

O Sieghart forçou um sorriso.

- ...Faça o favor! Sou só um homem vivendo na floresta. Nada mais!

- Bem, saiba que a remuneração para quem luta pela cidade é muito maior por caçar ursos.

- Como se você desejasse isso! Sou eu quem mais faz você ganhar dinheiro!

- Sem dúvida! Mas você também tem sua mulher com quem se preocupar, não? E quando tiverem filhos? Certamente não deseja criá-los em meio às árvores!

- Deixe que eu me preocupe com isso. Vamos falar de algo mais interessante antes de eu ir embora... Quais são as novidades do mundo?

Tudo o que ouvira foi insignificante frente a uma notícia no máximo irritante para uma pessoa qualquer. Para Ercnard, o mundo podia muito bem estar acabando nos próximos dias que a situação seria bem melhor.

Novamente, não haveria o Carnaval. Todos os construtores estavam ocupados fazendo os equipamentos para a guerra, e seria desonroso utilizar as mesmas máquinas dos outros anos no próximo festival. Normalmente, tudo o que fora construído e utilizado na festa seria desmontado e reciclado para o próximo ano. Com a guerra, no entanto, houve mudanças nas prioridades. Obviamente, comemorações em diversas datas ainda ocorriam, mas o Carnaval era diferente. Nenhuma das outras datas se comparava em tamanho, e também o significado que carregava para os dois...

Ano passado também não ocorrera o festival. Coincidindo com o fato, Mari passou a sair menos e menos até da casa em que moravam. Não eram poucas as horas que Ercnard perdia imaginando quanto tempo fazia que Mari não via a luz do Sol e como poderia convencê-la a sair de seu salão, onde fazia inúmeros experimentos e construía todas as suas máquinas.

Nos últimos meses, principalmente, ela passou a não deixá-lo entrar no lugar. Por que depois de todo esse tempo ela começaria a agir assim? Ela nunca se privara de sua companhia por tanto tempo, com tanta veemência, sem explicar o porquê. Fazia semanas que ele não a via diretamente. Mesmo as refeições era preciso deixar em frente à porta e depois recolher.

Ercnard sabia que à noite ela saia de casa. Ela era humana, no final das contas, e seres vivos têm necessidades... universais. Uma vez ele tentou confrontá-la quando ela voltava para a casa, mas a única resposta que conseguiu foi o tapa mais forte que já recebera em toda sua vida.

Toda sua esperança estava depositada no festival. Sem isso...

Sem o festival, não sabia o que poderia fazer.

“Não há o que fazer.” pensou Ercnard.

Ele observava uma trilha de formigas. As formigas desse mundo eram parecidas com as de Ernas. Poderiam ser só uma espécie diferente, mas tinham seis pernas e todo o resto que tem de se ter em uma formiga. Os humanos também eram, até onde sabia, exatamente iguais. Será que isso tinha algum significado maior? Vai ver as deusas criadoras tivessem criado todos os universos, afinal.

Se fosse o caso, por que diabos tiveram de separar um dos outros? Se era para fazer assim, que fizessem direito!

Um pequeno grupo das formigas carregava um inseto maior similar a... um besouro qualquer. Sua casca era de um verde-musgo brilhante, metálico. Ele ainda se mexia de vez em quando enquanto as formigas o despedaçavam para caber no buraco do formigueiro.

“Olha eu ali...”.

Conseguia distrair-se com qualquer coisa para passar o tempo. Precisava distrair-se. Não aguentava mais isso.

Após saber que não haveria o festival, acabou por ficar alguns dias em uma estalagem nos arredores da cidade. Não queria novamente enfrentar a sua realidade, mas, “Quem estou querendo enganar!...”. A única coisa que tinha espaço em sua mente era Mari.

Quando finalmente voltou para a casa, encontrou-a na sala a que dava a entrada de seu lar.

Não sabe por quanto tempo; não foi muito, mas Ercnard ficou na base da escada observando seu rosto. Fazia tanto tempo que não se deleitava na apreciação de suas feições... Sua cabeça apoiada nos braços cruzados acima da mesa, cabelo extremamente desarrumado, seus olhos fechados e sua boca entreaberta... com saliva escorrendo. “Não muito elegante.”

- Nem parece... – disse, ao lembrar de sua idade: trinta e quatro anos.

Não falara tão alto. Nem tinha pensado em falar, mas as palavras acabaram por sair de sua boca e acordaram a mulher adormecida.

Com um tranco, ela pôs-se ereta na cadeira e com os olhos mais fechados que abertos, limpou a boca com a roupa em seu braço. Ao ver Ercnard, ela levantou da cadeira e saiu correndo em sua direção, abraçando com toda a sua velocidade e empurrando-o com toda a força de costas para as escadas.

- Ai! – gritou o Sieghart. Não achava ter quebrado algum osso, mas era certamente desconfortável estar pressionado contra os cantos dos degraus. – Que golpe, hein!

Ela não respondeu. Seus braços estavam envolvendo-o por baixo dos seus e o rosto dela estava pressionado contra seu peito. Ficaram assim por alguns segundos até que ela se levantou com olhos lacrimejados.

- Onde estava?! – inquiriu.

- Onde... Onde estava? Caçando, ué! Eu não tinha avisado?

- Você leva em média cinco dias e três quintos da saída até a volta. Dessa vez foram no mínimo nove dias. E isso não inclui o tempo que eu fiquei... aqui... dormindo... – sua voz foi lentamente morrendo. Talvez não pensasse que devia ter mencionado a última parte.

- À minha espera? – completou Ercnard com um sorriso e tom de sabichão.

- Obviamente. – respondeu Mari, já recomposta. – Por quem mais acha que eu esperaria? Sabe muito bem que somente nós dois moramos aqui.

O silêncio que seguiu não foi muito confortável. Ercnard perdeu o sorriso e acabou mudo perante o que Mari dissera e ela acabou olhando para baixo e para os lados antes de finalmente anunciar, agora com os olhos já secos:

- Voltarei para o salão. Não me atrapalhe. – ela se direcionou para uma porta no fundo do corredor, no lado oposto da escada para o exterior, abriu-a e antes de adentrá-la, virou-se para o Sieghart – E desligue a lâmpada. Sabe como precisamos economizar energia elétrica.

- Porque você usa tudo! ...e foi você que ligou! – respondeu Ercnard.

A porta tinha fechado antes e não houve resposta. Agora só na sala, ele se direcionou a um pequeno botão pendurado por um fio debaixo da lâmpada e ao encostar de seu polegar, fez com que o local perdesse toda a luz. No escuro, puxou uma outra cadeira ao lado da mesa em que Mari estivera há poucos momentos dormindo, sentou-se e deixou o resto de seu corpo cair em cima da mesa. Todo esse tempo, ela estivera preocupada com sua segurança. Mais preocupações, e tudo por causa de seu egoísmo. Todos esses anos, e ele ainda não aprendera... Todos esses anos, e ele ainda a fazia...

“Que merda eu estou fazendo?!” quis gritar, segurando os lados da cabeça com as mãos, mas logo relaxou e deixou seus pensamentos dissolverem na escuridão.

Agora observava formigas para passar o tempo. Escolhia uma e a seguia até que voltasse para o formigueiro. A data do festival seria daqui a poucos dias. Precisava voltar e dizer a ela que novamente não poderiam ir.

E, se ela desejasse, darem fim à sua estadia nesse mundo...

Ao chegar em casa, no entanto, foi surpreendido – Mari estava lá, esperando-o.

Ela estava linda. Ela usava um vestido razoavelmente simples. Talvez fosse uma camisa modificada de algum modo. As mangas chegavam quase até o cotovelo e embora fossem largas, não pareciam ser largas demais. Onde a parte da camisa terminaria, na cintura, agora camadas de tecido desciam cobrindo o resto da perna até o calcanhar.

Seu rosto era... estonteante. O Sieghart não saberia definir o quê, além dos cabelos, agora arrumados para descerem ordenadamente até a altura das mangas da roupa, estava mudado, mas ela estava... diferente. Embora a reconhecesse, parecia ser outra pessoa.

Ela disse para segui-lo até o salão. A entrada dava saída a uma trilha formada por... parafernálias. Infinitos objetos metálicos atirados desordenadamente. Finalmente a tralh... trilha terminava e, à frente, uma máquina de enormes dimensões se erguia. Não era terrivelmente alta, mas pelo menos ele sabia para o quê ele tivera que cavar tanto quando fez o salão. Não que soubesse o propósito, mas essa dúvida seria também respondida, pois ela lhe disse que sentasse em uma de duas cadeiras ligadas de algum modo à máquina e levantadas o suficiente para os pés não alcançarem o chão.

“Sua determinação.” pensou Ercnard. Ao vê-la sentar-se ao seu lado, percebeu que era essa a fonte de toda essa nova beleza.

A máquina então começou a funcionar; a realizar seu propósito.

Ercnard Sieghart quase não acreditou.

Quantos meses ela passara planejando e construindo tudo isso?

“Sua boba!” repreendeu. Não pôs em palavras. Não... Ela não merecia.

“Como pude ser tão...” Suas mãos tremiam. Seu corpo todo tremia.

“Talvez eu tenha sido exageradamente reservada.” pensou Mari, lembrando os últimos meses. Ela observava a escada para o exterior. “Quando ele vai chegar?”

A última vez que se viram foi duas semanas atrás, quando ele levou dez dias para voltar da caça.

Não queria que ele a tivesse visto daquele jeito. Nos últimos meses estivera extremamente ocupada, de modo que cuidados com sua aparência ficaram negligenciados. Dessa vez tivera tempo para se preparar. Ele disse que ia caçar outra vez, mas não seria necessário por pelo menos mais três semanas. Já tinham se passado três dias, o tempo que normalmente ele fica fora. Voltaria a qualquer momento, e então...

Estava exausta. O dia todo estivera esperando por sua volta, e seu coração não desacelerara por um minuto sequer. A culminação de todos os meses de trabalho... Já checara tudo várias vezes. Funcionaria. Não tinha um problema sequer. Dizia para si mesma repetidamente que não havia nada com o que se preocupar, ainda assim, não conseguia livrar-se do nervosismo e tensão que sentia. “Que irracional!” pensou, com raiva.

Se tudo realmente funcionaria, no entanto, era somente parte do nervosismo. O real motivo era o medo da resposta. E se...

Uma luz adentrou a sala pela escada. Ele tinha voltado. Já via seus pés. Pernas, mãos... Mari levantou-se e andou em sua direção.

- Erc. – chamou.

- ...hein? – perguntou o Sieghart, visivelmente surpreso.

- Há um assunto sobre o qual precisamos discutir.

- ...Sim?

- Mas antes, desejo mostrar algo a você.

Mari começou a andar em direção ao seu salão, mas virou-se. Sieghart não a seguia.

- Venha.

- Ce.. Certo. – respondeu, e começou a andar.

O importante estava mais à frente; todo o resto fora amontoado perto da entrada para dar espaço. Fora deixada uma pequena trilha por ponde passar.

Estavam lá as duas cadeiras. Fez sinal para que Ercnard sentasse, puxou a alavanca da máquina e pulou para a segunda cadeira.

As lâmpadas espalhadas no local se apagaram.

Uma placa ergueu-se em frente aos dois, com as palavras iluminadas por uma lanterna que atirava a luz por baixo. “Minha aventura”, estava escrito. Em letras bem menores, “Para efeito de apenas somente os detalhes mais importantes serão mostrados.” também fazia sua presença, mas a placa desceu antes que Ercnard pudesse terminar de ler.

As cadeiras começaram a avançar nos trilhos e se viraram para um lado. Outra placa levantou, esta representando Calnat. Ao descer, outra veio mostrando Calnat explodindo e depois Mari em uma cápsula. O Sieghart soube somente graças às legendas. O melhor elogio que ele poderia dar era que os desenhos pareciam bastante abstratos, mas as próximas imagens foram melhorando progressivamente.

“Anos se passaram.”

Seu encontro e criação de interesse pelo Imortal.

Desde a travessia por Xenia e Arquimídia a todo resto da aventura até serem separados da Grand Chase, e então tudo pelo que passaram no mundo em que estão: a inexistência da magia, inutilidade das WDW e sua conversão na Renascer por um ferreiro que cobrou duas das lâminas pelo serviço, a expulsão pela vila em que um dos médicos acusou Ercnard de usar bruxaria para não envelhecer, a vez em que um tipo de abelha gigante ferroara o Sieghart no braço e levou um mês para a inflamação voltar ao normal... Tudo a partir da separação e a vinda para o novo mundo parecia ter sido mostrado nos mínimos detalhes, todos acompanhados de frases, parágrafos...

No meio do “trajeto”, Mari sentiu Ercnard buscar suas mãos, pousadas no colo, e agarrar uma delas. Estava, a princípio, tremendo, mas ele apertou mais e mais. Ela não reclamou – estava bom assim. Ela retribuiu o aperto. Há tanto tempo que não sentia sua pele; seu calor...

Finalmente chegaram a Valalar. As pessoas, as máscaras, as máquinas... os fogos. O Carnaval. Uma música começou a tocar de algum lugar e Ercnard percebeu com os cantos dos olhos luzes de várias cores ascendendo e apagando. Embora quisesse saber o que ocorria, não queria perder uma outra palavra sequer das descrições que Mari inscrevera nas placas. Tudo o que ela pensara, tudo o que ela sentira, seu coração... Ela se abrindo para ele ali, naquele momento...

Estavam chegando ao final. Uma placa mostrando Mari martelando uma máquina... Construindo. “Últimos meses” e “Me desculpe”.

Outra maior se ergueu. Estava basicamente resumindo o que dissera em outras mensagens.

“Sem você ao meu lado, eu teria desistido na primeira oportunidade. Graças a você, pude descobrir e aprender diversas novas coisas. Levei tempo demais para perceber isso, mas agora que sei, quero também estar ao seu lado do mesmo modo que esteve ao meu.”

Então, as cadeiras pararam. Viraram novamente para frente, e dava para ver que o caminho dividia-se em dois, mas nenhum deles continuava. Estavam no fim do caminho. Uma última placa apareceu mais à frente.

“Continuar?”

Mari, olhando para o chão à sua frente, esperou alguns segundos para falar.

- Quis terminar de construir antes do festival, mas não daria tempo, então decidi acabar aqui. Basicamente eu forneceria um controle para que você desse uma resposta positiva ou negativa. – Mais segundos de silêncio – A pergunta não está exatamente correta, agora que penso melhor... O que quis perguntar foi se desejava continuar a explorar... – Sua mão, que ainda segurava a de Ercnard, começaram a suar e tremer de vez em quando – Digo... Você parece ter retido a imortalidade; pelo menos não dá indícios físicos de envelhecimento, portanto talvez haja algo ou alguém nesse mundo que possa ter retido características de outro universo ao “cair” aqui, ou talvez esta mesma dimensão possua os meios necessários para voltarmos, o único obstáculo sendo o fato de ninguém possuir o conhecimento de sua existência. Ainda... Ainda somos parte da Grand Chase, então... Sigamos perseguindo!... – Sua voz morreu. Toda sua compostura fora despedaçada pelo seu monólogo e a enorme vergonha que sentia. – C-claro, também podemos viver aqui! Digo... Na cidade, se quiser. Sua capacidade no fornecimento de estabilidade financeira já foi provada pelos diversos anos...

- Mari... – Ercnard interrompeu-a. As duas sílabas diziam muito mais que a palavra, e ela, percebendo, virou seus olhos para o Sieghart.

Ele estava chorando. Nunca o vira chorar. Até chegara a imaginar se ele podia chorar, dado a suposta quantidade de dor que ele sentira diversas vezes. Talvez nem possuísse glândulas lacrimais? Mas seria absurdo. De outro modo seus olhos não seriam lubrificados. A não ser que...

- Você sempre esteve ao meu lado. – a declaração interrompeu seus pensamentos, mas fez seu coração bater ainda mais rápido.

Mari pensou em respirar profundamente para se acalmar, mas foi abraçada, o que certamente não ajudou. Aquele calor... seu cheiro... Há quanto tempo que...

- Só... – a voz de Ercnard, agora tão próxima dos ouvidos, ainda saía tremida e abafada, e ele também soluçava vez ou outra – Só não some mais que nem os últimos meses... tá? ...Tá?

- ...tá. – respondeu Mari, envolvendo seus braços nele, finalmente retribuindo o abraço.

Talvez tivessem ficados minutos assim. Foi o suficiente para ela se acalmar.

- Eu... Eu disse que não estava terminado, mas... – o Sieghart a abraçava, então ela forçou levemente suas mãos contra o peito dele.

Ele soltou-a e viu que ela buscou na cadeira onde se sentara um objeto dois botões, um escrito “Sim” e outro “Não”.

- Apertá-los não ativará nada, mas... Bom... Se quiser responder agora... Mas se quiser pensar antes, também...

Ercnard sorriu e limpou seu rosto com as mãos e braços. E o que havia para pensar? Podiam estar separados, mas ainda eram Chasers. A resposta era só uma.


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Notas finais do capítulo

Se tiver qualquer crítica a fazer, eu adoraria ouvi-la! (figura de linguagem!)

Eu gostaria bastante saber se consegui ou não executar com sucesso o tema. (Se teve algum trecho na história em que a progressão ficou estranha, por exemplo.)



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